quinta-feira, 19 de abril de 2012

NO CAMINHO DA RIO+20


*Profa. Guilhermina Coimbra

Na tentativa de agradecer, honrando o convite de participação, resumimos e transmitimos alguns tópicos de interesse publico, por abordarem sob o ângulo da sustentabilidade, economia verde, mudança climática, sociedade e infra-estrutura biológica - as seguintes informações sobre o Seminário “No Caminho da Rio+20, Componentes de um Mundo Sustentável”, promovido pela Fundação Konrad Adenauer Stiftung (há mais de 40 anos acompanhando, junto com redes de institutos de pesquisas, organizações parceiras, representantes da sociedade civil do Brasil e da mídia) e pelo O  Estadão/Agencia Estado, representados por Thomas Knirsch e por Marcelo Beraba – realizado na Cidade do Rio de Janeiro (16-17, 2012).

O evento de alto nível foi prestigiado pela participação ativa da Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, representada por Nelson Moreira Franco, do representante da Alemanha no Brasil- Embaixador Wilfried Grolig e do CEBRI, representado pelo Embaixador Marcos Castrioto de Azambuja, de Acadêmicos, Professores-Doutores das Universidades brasileiras, Consultores Técnicos, Empresários, profissionais liberais das diversas áreas do conhecimento cientifico.

Entendendo o conhecimento do pensamento dos brasileiros como um dos objetivos do congraçamento – permito-me inserir, por entender relevantes, alguns argumentos fundamentados em pesquisas e pareceres.

Assim, questionando-se o consumismo dos recursos naturais, foi dito o que se segue:
- se a temperatura da terra continuar a subir 4,6º C, a vida na terra deixara de existir, haverá seca, escassez de água, ou, enchentes, acompanhadas por levas de refugiados;
- se crescimento e o desenvolvimento são importantes se a sociedade quiser manter-se solidaria, porem, jamais com o esgotamento dos recursos naturais – essa, a condicionante para que possa haver desenvolvimento;
- não se aceita o consumismo da natureza sem compromisso com as gerações futuras;
-a UE unificou-se e manteve voz comum, mas, se a Europa consumir menos CO² do que a China, o problema vai continuar;
- a Alemanha, único Estado industrializado que mudou o sistema de combustível nuclear para o de energias alternativas;
- esforçam-se para criar - na ONU e nos moldes da AIEA - uma Agencia para o Desenvolvimento Sustentável.

Nesse ponto, lembramos:
- como as reações químicas processadas nos oceanos são reversíveis, chega-se à conclusão de que a concentração de dióxido de carbono na atmosfera é controlada pelo grau de acidez dos oceanos, vez que a reversibilidade atua como um circuito de realimentação negativa, bem sintonizado para equilibrar os ciclos de oxigênio e de carbono na atmosfera. No fundo do mar, todavia, a idade máxima dos sedimentos é da ordem de 150 milhões de anos, como resultado da sucção contínua das placas tectônicas pelas fendas-sumidouros existentes nas fossas abissais. Portanto, o tempo de residência do carbono, no maior dos seus "reservatórios" é da ordem de 150 milhões de anos, fato que confere excepcional estabilidade ao sistema;
- existe ainda uma outra fonte de dióxido de carbono: a atividade vulcânica. Anualmente, as erupções vulcânicas descarregam na atmosfera 5,5 x 1015 moles de dióxido de carbono. Para contrabalançar tal descarga, tornando a atmosfera estável, entra em ação um ciclo que opera lenta, mas, continuamente, ao longo da escala geológica de tempo, envolvendo a intemperização dos silicatos. Os efeitos gerais desse processo, alimentado por duas reações químicas são,a transferência de carbonatos, depositados nos continentes, para o fundo dos oceanos e a conversão de silicatos em carbonatos. Como resultado da intemperização dos silicatos (dependente das intempéries) ocorrerá um pequeno aumento na alcalinidade dos oceanos, que suscitará um aumento na absorção de dióxido de carbono da atmosfera, para que as águas voltem ao seu estado normal, ligeiramente ácido. São, portanto, os oceanos, os pulmões do mundo, os quais controlam os ciclos naturais do oxigênio e do dióxido de carbono. E, não, a Amazônia Natural – que não consegue oxigenar nem a ela própria, face à densidade da floresta fechada;
- sabido que, alterada substancialmente uma floresta, alterar-se-á o clima, com conseqüências desastrosas para a região e para o país. Os mecanismos naturais de balanceamento da atmosfera não estão compensando esse excesso de CO2 produzido pela nova fonte, porque, como o consumo desses combustíveis cresce constantemente, os tais mecanismos de realimentação vêm perseguindo o balanceamento sem jamais alcançá-lo;
- mas, a queima de combustíveis fósseis é hoje a responsável por 97% da energia total consumida pela humanidade, e, é também culpada pelo despejo na atmosfera de 10 x 1014 moles de dióxido de carbono por ano (Emissão anual medida no final da década de 70 que já aumentou bastante, eis que o consumo dos combustíveis fósseis vem crescendo à razão de 7,5% ao ano).
- o mesmo levantamento revelou que uma terça parte da Humanidade, residente nos países desenvolvidos, contribuiu com 3,9 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, isto é, 73,6% do total mundial. Os sete maiores poluidores do mundo são: EUA, com 1.224 milhões de toneladas dióxido de carbono; União Soviética, com 1.013,6 milhões;  Europa Ocidental, com 791,6 milhões; China, com 555,2 milhões; a Europa Oriental, com 365,7 milhões, e o minúsculo Japão, com 247,5 milhões de toneladas. Despejaram, tão somente, 229,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, menos do que os japoneses o fizeram. Os brasileiros têm a responsabilidade pelo lançamento de 50,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono, ou seja, apenas 0,94% do total mundial. Os dados são derivados do conhecimento científico dos cientistas brasileiros, fundamentados em pesquisas de documentos de geólogos da Marinha do Brasil (razão da certeza sobre a neutralidade cientifica, que não chega a ser uma Bíblia, mas, nela se pode confiar, com todo respeito aos interesses contrariados.).
Lembramos, também, que a Alemanha foi o Estado Europeu que procurou a França, naquele tempo, sua arquiinimiga, propondo o primeiro sistema de salvaguardas nuclear, o EURATOM, objetivando mercado comum de minerais nucleares, desenvolver as pesquisas nucleares e tornar a Comunidade proprietária do material nuclear; a Alemanha somente passou a dispor da parte fecunda de minerais nucleares existentes na RDA, depois de unificada, porque na parte da RFA inexistia minerais nucleares; e lembramos que a Alemanha assinou o Tratado de Kioto/89, o Tratado que aprovou o uso da energia nuclear, considerando-a a energia mais limpa, de modo algum poluente, mais segura e a mais barata. Portanto, carece de fundamento racional, ou, baseia-se em mais uma propaganda enganosa utilizada pelo marketing da paralisação dos concorrentes programas nucleares ao redor do mundo - a “mudança do sistema de combustível nuclear para o de energias alternativas” na Alemanha. A retirada dos EUA, Japão, Canadá e Rússia do Protocolo de Kioto deve-se ao fato de que tanto os EUA, quanto o Canadá serão beneficiados com o derretimento das geleiras do Alasca, tornando férteis terras inférteis pelo aquecimento global. A Rússia, também não tem o menor interesse nos termos do Protocolo. E o Japão, hiper dependente da energia nuclear
 (O EURATOM foi previsto na Conferencia de Messina, em 1955, e finalmente criado pelo Tratado de Roma, 1957, resultante do alto preço da pesquisa nuclear, como fuga da tutela exercida pelos EUA, sobre os minerais nucleares, via acordos bi-laterais e como modo de fugir ao beneficiamento de toda e qualquer novidade ou material nuclear dos EUA- tem aspecto fundamentalmente político institucional e foi fundamental para unificar a Europa.). Portanto, a propagada paralisação do programa energético nuclear da Alemanha, enganoso, por mostrar-se inócua, face as mais de 60 usinas da França, vizinhas e fronteiriça com a Alemanha e face a todas as vantagens da utilização da energia nuclear na calefação, gerando eletricidade barata para os lares e as industrias alemãs.
- nenhum país do mundo remete sua base energética as energias renováveis em uma proporção muito grande, a não ser que o consumo total seja pequeno, o que não é o caso do Brasil. Não há  como aceitar-se que a população brasileira  fique à mercê do clima, isso é totalmente inseguro e demanda investimento em reservas operacionais (usinas térmicas).
- os brasileiros estão bem informados e os que não estão percebem que as eólicas dependem do vento: a que hora vai ter vento? De quanto vai ser esse vento? Só uma brisa não adianta! E as solares dependem do sol alem de não gerar a noite, ou com nuvens cobrindo o céu, com a agravante de que as eólicas e solares tem um grande problema, a disponibilidade da sua fonte. Ao há como concordar que o Governo do Brasil coloque a população brasileira à mercê do clima, isso é totalmente inseguro e demanda investimento em reservas operacionais (usinas térmicas). Assim, ou o sistema elétrico fica exposto, vulnerável e com produção oscilante, ou então se usam mais térmicas para compensar estes efeitos. Nenhum país do mundo remete sua base energética aos renováveis numa proporção muito grande, a não ser que o consumo total seja pequeno, o que não é o caso do Brasil;
 - quanto à criação da Agencia para o Desenvolvimento Sustentável, se criada, tornar-se-á mais uma agencia de monitoramento para impedir o desenvolvimento econômico dos Estados em permanente subdesenvolvimento, vale dizer, uma agencia de espionagem tecnológica mineral-industrial. Para o Brasil, mais uma despesa a ser suportada pelos  contribuintes brasileiros, em manter representantes fora do Brasil, sem voz nem voto no Conselho da ONU.

O Embaixador brasileiro, na palestra, informou:

- a cada 10 anos a sociedade faz uma pausa para refletir e estudar as questões ambientais (em Estocolmo/72, na Eco-Rio’92, nem Johanesburgo’2002 e agora na Rio+20);
- meio-ambiente não pode ser dissociado do desenvolvimento: sem crescimento não há renda, sem renda não há produção, sem produção não há comercio, sem comercio não há arrecadação de tributos etc..;
- o Brasil desconfiou do cronograma do Clube de Roma, que, afinal se cumpriu, relativamente aos esgotamento dos recursos naturais e de espécies em extinção e o PNUMA/ONU/Nairóbi, enfatizou a extinção dos elefantes etc.;
-tudo se ajusta atualmente a questão central, ou seja, a questão climática, com a tendência a acelerar as negociações, ou, a retardá-las;
-governança significa o uso do tempo em favor da boa causa e diplomacia depende de tempo. No Rio de Janeiro surgiu convergência entre os Governos Federal, Estadual e Municipal;
-o Brasil se associou a tudo, mas, não será associado se   perceber que as idéias da economia verde descriminaliza ricos e pobres;
- a sociedade civil brasileira convenceu-se no sentido de que há que se preservar o meio-ambiente;
- o Brasil desconfia de que não vai poder haver nova agenda ambiental;
- há necessidade de se entender o verdadeiro tamanho da Amazônia brasileira, porque o território da Amazônia Natural não abrange o da Amazônia Legal, criada por decreto para fins de incentivos fiscais objetivando o desenvolvimento de varias áreas dissociadas da Amazônia natural por causa dos biomas diferentes dessas áreas.
   
Com muita diplomacia e bastante claramente, o Embaixador brasileiro fez a defesa dos interesses do Brasil, sobre a qual, por oportuno, fazemos as seguintes observações:

-há que ser abandonada a ficção jurídica denominada “Amazônia Legal”, delimitação convencionada para a concessão de incentivos fiscais, sendo substituída pela divisão em função das regiões naturais do país, cada qual bem caracterizada como domínio morfoclimático e fitogeográfico;
-há que se reduzir o tamanho da Amazônia para 4 milhões de quilômetros quadrados, em números redondos, porque nela estão  incluídas as áreas de biomas diferentes, ocupadas pelo Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, além das faixa do Mato Grosso situada acima do paralelo de 12o S, onde terminam as zonas de contato entre a vegetação amazônica e os cerrados do Brasil Central, e mais um triângulo encravado no novo estado do Tocantins, com base no paralelo de 6o S, tendo como lados o curso do rio Araguaia, a leste, e a linha de cumeada da serra do Estrondo, a oeste. Na verdadeira Amazônia, a Amazônia Natural, seriam aplicados os dispositivos previstos para a Amazônia Legal, os quais deveriam ser estendidos ao domínio do Pantanal Mato-grossense, com os seus delicados ecossistemas, todavia muito ricos na flora e na fauna;
- isto significa que o nosso País não planta soja na Floresta, nunca plantou. O plantio se dá no Cerrado e no máximo na zona de transição;
- a Amazônia Legal nem sempre significa Floresta, e o Cerrado queima muito antes da descoberta do Brasil, faz parte de seu ecossistema. A diminuição das queimadas se deu exatamente pelo plantio de soja em larga escala nos cerrados, que agora sim, tem de fato a troca na fotossíntese pois caule não faz fotossíntese, apenas as folhas;
-em relação à Amazônia Natural, a verdadeira, os brasileiros entendem a necessidade de tratar, com destaque especial, da tipologia vegetal denominada “Campinarana”, que recobre os solos do tipo “podzol hidromórfico”, totalmente arenosos, presentes em 70 mil quilômetros quadrados do alto rio Negro, por ser este o mais frágil ecossistema da região;
-todo o domínio da “Campinarana” deveria ser destacado para compor uma grande unidade de conservação, onde seria permitida a prática do extrativismo, mas proibida qualquer alteração na cobertura florística;
- os geólogos, engenheiros florestais e outros especialistas brasileiros do ramo, entendem haver necessidade de tratar da conservação do que resta do domínio da “Mata Atlântica”, com a proibição da substituição da vegetação arbórea remanescente e, também, com o estabelecimento de normas para a restauração progressiva dessa importante formação florestal, reduzida, hoje, a apenas 10% da dimensão original;
- o estabelecimento de uma reserva legal de 35%, em todas as propriedades privadas localizadas nos limites históricos da “Mata Atlântica”, para restauração da floresta, no prazo de 10 anos, seria a ação recomendada para tal fim.
- nas áreas do “Domínio dos Cerrados”, do Brasil Central, e da “Zona do Cocais”, do Maranhão, destacadas da Amazônia, há que prevalecer as porcentagens, para composição das “Reservas Legais”, iguais àquelas estabelecidas para as demais regiões do país;
- a supressão de vegetação em áreas de preservação permanente é inaceitável no que tange à vegetação protetora das nascentes e “olhos d’água”. Não há interesse social ou caso de utilidade pública que justifique a supressão desse tipo de proteção natural, uma vez que a água é um bem essencial à vida e cada vez mais escasso;
- há que se adotar novo limite para a Amazônia e da inclusão do Pantanal Mato-grossense como área merecedora de tratamento especial;
 -conservar o patrimônio florístico e faunístico da nossa Amazônia e, ao mesmo tempo, fazê-lo render bons dividendos para os brasileiros é a solução de compromisso que os brasileiros assumem, no afã de harmonizar a exploração econômica com a integridade ambiental;
- há que se conservar a natureza, aproveitando-a, em benefício do Brasil e de seus parceiros-amigos, desde que em ciclo;
- quanto ao contestável vocábulo “preservação” é de domínio público, que ele significa “preservacionismo” e imobilismo do desenvolvimento econômico do território brasileiro, o que prejudica os residentes no Brasil. Preservar subsolo rico em matéria-prima básica é inaceitável, como doutrina de Estado, a preservação não existe, em nenhum Estado, os Estados desenvolvidos que o digam: Austrália, Cana­dá, RDA, entre outros. Usufruir, sem depredar é o corre­to entendimento dos brasileiros;
- não há como aceitar a condenação do Brasil ao subdesenvolvimento, limitado nas medidas compensatórias e poupadoras do consumo de energia e recursos naturais, assim como não há como vender o direito inalienável de desenvolver o Brasil através da venda de créditos de carbono a que o Brasil faz jus.

Entre outros diversos e interessantes conhecimentos, pesquisas, visões e opiniões expostos no Seminário, também, destacamos:

- há dificuldade de se encontrar consenso, mas a ciência não esta dividida, governos obrigam-se a aderir as informações da ciência, todos estão no mesmo barco, há possibilidade de desenvolver com mudanças de habito de consumo etc.;
- as negociações avançam na medida de suas possibilidades e na mesa de negociação há que se ter noção do custo-benefício, transparência em perdas e ganhos;
- a energia solar, muito dispendiosa, torna-se inviável no Brasil, também, porque as moradias são todas urbanas, não existem telhados, todos residem e trabalham em edifícios;
- consumidores e compradores brasileiros podem tomar decisões ecológicas e podem ser grandes aliados na conservação do meio-ambiente, se devidamente informados, nos produtos habitualmente consumidos sobre o impacto ambiental dos produtos, mas, os produtos não contem essa informação;
- há consolidação da tendência de valorizar o entendimento internacional e o formador de opinião tem que informar, para valorizar o entendimento                                             do Brasil, porque, no momento não há como ver a situação ambiental fora do âmbito da economia; 
-há que se encontrar solução para a utilização dos créditos de carbono: Brasil esta carente de saúde, educação, saneamento básico;
- o mercado, funciona brilhantemente bem, mas, como instrumento. Não se pode pedir ao mercado valores éticos e morais. A liberdade de mercado indispensável tem que ser regulada para impedir o impulso descontrolado, a concorrência desleal nos mercados relevantes;
- importante o elemento ético porque ele se preocupa com a sobrevivência  do ser humano;
- Brasil tem 40% de energia limpa e renovável, marca considerada no exterior e crescer economicamente permitindo maior distribuição de vida com melhor qualidade.    O Rio de Janeiro tem 25% do transporte na Zona Oeste feito por bicicletas, sendo a 2ª Cidade da America Latina, com maior quilometragem de ciclovias, só perdendo para Bogotá, com 300 kms. Os incentivos que foram dados as siderúrgicas instaladas na Zona Oeste poderão  causar problemas ao meio-ambiente, mas, já existe projeto de lei obrigando que percentual seja canalizado para a conservação ambiental;
- a Rio+20 não será deliberativa, nem terá a presença dos governos dos EUA e da França, em razão das eleições nos respectivos países mas, trará grandes benefícios para o Brasil, há expectativa muito grande de mobilização da sociedade brasileira com conscientização;
- Decreto Federal de 9.4.2002 obriga a sustentabilidade com qualidade social nas contas publicas brasileiras.
As observações finais remetem para o fato de que o Brasil amigo e inclusivo - parceiro comercial e mercado consumidor inigualável – aguarda:

- o reconhecimento e o respeito de seus parceiros comerciais, do mesmo modo que tais parceiros respeitaram e respeitam as decisões do Canadá, Austrália, China e Índia, quanto ao exercício do direito de autodeterminação em prol de seus respectivos desenvolvimentos e quanto ao poder dissuasório dos dois últimos: doeu, mas, passou;
- o respeito ao direito do Brasil amigo e inclusivo não permitir que façam da parte fértil de seu território uma reserva de mercado relevante a disposição do mercado internacional de “commodities” e minerais energéticos (hidrocarbonetos e nucleares).
*Curriculum Lattes; Mestrado em Direito e Desenvolvimento/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/PUC/RJ, Brasil; Doutorado em Direito e Economia/UGF/Rio de Janeiro, Brasil;  Professora-Adjunto de Direito Constitucional, Teoria Geral do Estado, Direito Internacional, Instituições de Direito Público e Privado, Legislação Profissional e Social, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ, Brasil, 1988-2012; Professora-Assistente de Direito Teoria Geral do Estado e Introdução ao Estudo do Direito da Universidade Candido Mendes/Prof. Jose Baptista de Oliveira Jr., R.J, Brasil, 1983-1988 ; Advogada da Divisão Trabalhista da Cia. Docas do Rio de Janeiro, 1983-1985; Membro Coordenadora da Comissão Permanente de Direito Internacional/Presidente Dilermando de Castello Cruz; Membroda Comissao Permanente de Direito Constitucional/Presidente Bernardo Cabral e Celio Borja; e Membro da Comissão Permanente de Direito Ambiental/Presidente Adherbal de Meira Mattos, todas do Instituto dos Advogados Brasileiros/CPDI/CPDA/IAB, RJ, Brasil, comissao@iabnacional.org.br ; www.iabnacional.org ; Membro da International Nuclear Law Association/INLA/Bruxelas, Bélgica, desde 1979; Presidente do Instituto Brasileiro de Integração das Nações-IBIN, Advogada, Escritório: Rua Debret, n.23 - grupo 801-802, Castelo, Rio de Janeiro, Brasil - CEP 20030-080 - /RJ, Brasil; Membro do Conselho da Federação Interamericana de Advogados desde 1997, Washington, D.C.; Membro do Conselho Editorial do International Journal of Nuclear Law, Paris, França; Livros publicados, “Urânio Enriquecido, o Combustível do Século”, “O Direito da Integração Europeia e do MERCOSUL na Defesa da Concorrencia Comercial e Fiscal”, Ed. Lumen Juris;   Participações  em Livros, E.mail: coimbra@ibin.com.brr      Home page: www.ibin.com.br


Adendo: 09 maio, 2012

Rio+20 pode perder substância política

Sérgio Abranches
As preliminares da Rio+20 mostram uma fieira de impasses e dificuldades e justificam o temor de que a reunião fracasse. O sucesso seria, hoje, uma surpresa inesperada. A conjuntura mundial é desfavorável. Há risco de esvaziamento político da cúpula.
Ontem o Parlamento Europeu disse que não enviará delegação por causa do preço dos hotéis. Não tem muita importância. Mas soma-se à onda ceticismo sobre a possibilidade de se ter um bom resultado, que leve a ações concretas pra a transição para uma sociedade sustentável.
A consequência mais direta dessa decisão do Parlamento Europeu é sobre as expectativas em torno da cúpula e negatividade para a imagem do Rio e da Rio+20. O problema de hospedagem é grave mesmo e as explicações oficiais não convencem. Tenho conversado com delegados de outros países que não conseguem, por exemplo, encontrar informações confiáveis sobre ofertas de quartos e apartamentos fora da rede hoteleira. O governo reservou quartos suficientes para os principais chefes de estado ou governo que virão. Mas a oferta de quartos não é suficiente para atender a todas as delegações, aos ambientalistas e aos cientistas. Uma cientista importante das Academias Nacionais de Ciências do EUA, com pesquisa de longo prazo no Brasil, me disse que ela e seus colegas estão com dificuldades para encontrar alojamento.
No plano político, a reunião de Nova York terminou em impasse e novo encontro foi convocado para o final do mês e princípio de junho. O objetivo é conseguir retirar um documento de no máximo 50 páginas, que reflita um consenso de substância, de mais de duzentas páginas, com quase todos os pontos relevantes entre colchetes, isto é, a discutir ou sem consenso. Para chegar a esse documento há dois caminhos. O mais difícil, é escolher alguns temas centrais, pôr o foco neles e lutar arduamente pelo consenso para obter uma resolução ambiciosa, que defina um caminho pelo qual negociadores com mandato concreto e explícito desenhem um sistema de metas de desenvolvimento sustentável e de governança global da sustentabilidade em um prazo curto de tempo. O mais fácil, negociar um mínimo denominador comum e escrever uma resolução sem substância, apenas para constar.
A Rio+20 está claramente ameaçada de esvaziamento político. Pode acabar se transformando em uma reunião do primeiro escalão dos países em desenvolvimento e das potências emergentes, assistida pelo segundo escalão dos países desenvolvidos.
Angela Merkel confirmou, por meio de sua assessoria, que não virá. Está mergulhada na crise europeia e perdendo todas as eleições estaduais importantes. Está balançando no cargo. A Social Democracia e os Verdes estão avançando eleitoralmente e é provável que venham a governar a Alemanha em coalizão no futuro. Deve vir no lugar da chanceler, como chefe de delegação, o ministro do Meio Ambiente, Norbert Höttingen, que deve ser candidato – provavelmente perdedor – nas eleições para ministro-presidente da Renânia do Norte-Vestfália. Está com a cabeça mais nesta eleição, em princípio perdida, do que na Rio+20.
David Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, já havia dito que não viria. Também balança no cargo e está ameaçado de perder as eleições nacionais para os trabalhistas. Sofre oposição dentro do próprio partido Conservador, onde parlamentares pedem que ele deixe o cargo, para que outro primeiro-ministro tente salvar o partido de uma derrota eleitoral.
Obama, em campanha para a reeleição, nunca disse que viria e é pouco provável que venha. Em Copenhague, no seu primeiro ano de mandato, fez forfait até a última hora. Foi o último a chegar, ficou pouco, mas acabou tendo um papel importante nas negociações que levaram ao Acordo de Copenhague que, apesar de muito aquém das expectativas, terminou sendo um divisor de águas no rumo das COPs do clima, interrompendo décadas de impasses sucessivos. Agora, em campanha, é menos provável ainda que deixe o palanque para vir ao Rio.
François Hollande, recém-eleito presidente da França, tem agenda muito cheia. É pouco provável que consiga encaixar a Rio+20 nela. Toma posse no dia 15, logo em seguida tem reunião do G8, na sequência reunião da OTAN e foi convidado pela chanceler alemã para ir à Alemanha, assim que tomar posse. Em junho, serão as eleições parlamentares francesas começam no dia 10 e terminam no dia 17, na véspera da Rio+20. Hollande já está em campanha em busca da maioria ou, pelo menos, da possibilidade de uma coalizão programaticamente coerente e que possa ter estabilidade. Conhecidos os resultados, começam as negociações para escolha do primeiro-ministro e formação do governo. Afinal a França é um regime híbrido, parlamentarista, com primeiro-ministro como chefe de governo, e presidente forte, como chefe de estado e a cargo das relações internacionais.
A China, vive um momento difícil de sucessão na sua cúpula dirigente – o Politburo do Comitê Central do Partido. Embora a escolha dos sucessores de Hu Jintao e Wen Jiabao já pareça decidida, há grande conflito no Comitê Central, para definição dos nove membros do Politburo. Ontem começaram a circular rumores de que os dirigentes estão pensando em adiar o 18o Congresso do Partido por alguns meses. Alguns analistas dizem que essas dificuldades são ainda repercussão da queda de Bo Xilai, um influente e tradicionalista dirigente, demitido recentemente em um escândalo que envolve corrupção, sequestro e assassinato.
Parte dos problemas da Rio+20 têm a ver com a conjuntura. Em muitos países, há preocupações sérias e mais urgentes. Os países da União Europeia estão todos atolados na crise que começou no EUA, mas atingiu duramente o equilíbrio fiscal e financeiro da Europa. Ironicamente, o EUA já está se recuperando, mas o fallout da crise da subprime continua produzindo efeitos desastrosos na economia mundial, especialmente na europeia. Na maioria dos países mais importantes há problemas políticos domésticos ou estão em pleno processo sucessório.
Nessa conjuntura econômica e política difícil, com líderes enfrentando eleições ou sucessões difíceis e outros balançando no poder, só muito empenho e muita habilidade conseguirão fazer da Rio+20 um item importante da agenda global e levá-la a um final de sucesso.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Por que estamos tão pobres?



Rui Nogueira   
O Brasil é um país rico!
Isso ouvimos desde a infância. Porém, amargo contraste, temos 50 milhões de
brasileiros entre a pobreza e a miséria. Por quê?

A exuberância acha-se patente nas selvas, na água, na extensão territorial, no litoral, nos minérios, na capacidade de produzir alimentos. Qual a razão de a grande maioria dos brasileiros ser constituída por gente tão empobrecida?

Há cinco séculos, as classes dominantes da Europa Ocidental instalaram portos comerciais (predatórios) protegidos por fortes, fortalezas e contingentes militares que submeteram e dizimaram populações inteiras na Ásia, África e na recém-descoberta América. No caso do Brasil, chegavam ao nosso litoral, retiravam o pau-brasil e o levavam para o exterior. Pura extração predatória. Sucederam-se ciclos de exploração com total vantagem para os estrangeiros. Para os nativos, nada! Saíam a madeira, os diamantes, o ouro. Ficava apenas buraco e miséria. O regime de escravidão tinha o endosso doutrinário e religioso.

Os negros e os índios (combustível abundante, energia muscular utilizada na produção) eram considerados "sem alma". Jamais houve qualquer prurido ético ou religioso com relação às atrocidades cometidas pelo colonizador, responsável pelo mercantilismo colonial.

TRANSFORMAÇÃO COLONIAL

Em meados do século 19, a exportação de mercadorias cedeu lugar à exportação de capital, agravando-se a exploração da força de trabalho. Passo seguinte: a forma colonial avançou no mundo, do ponto de vista da espoliação econômica e da dominação política sempre mais sofisticadas, em condições nunca vistas anteriormente.

Os métodos novos de espoliação da nação — que não podem existir sem que se acentue a exploração da força de trabalho nativa e a dominação política — fizeram aprofundar o sistema colonialista moderno (semicolonialismo), impedindo a nacionalização dos monopólios estrangeiros. Cresceram de forma espantosa a "ajuda" ao país colonizado em condições econômicas e políticas determinadas, através de acordos desiguais, de tal forma que deixaram de existir assuntos internos, economia nacional e sistema de governo autenticamente brasileiro.

Em consequência, a pilhagem de matérias primas evoluiu para a rapina mais descarada e mil vezes mais desastrosa. As relações semifeudais e semicoloniais foram acentuadas e o velho Estado apodreceu de vez.

Os espoliadores externos, no seu processo de apodrecimento, sempre se consideraram "salvos", os entes superiores; os "escolhidos"; os que "estão com o bem". Os outros, fora do conluio com os seus desígnios, "estão com o mal": podem ser massacrados, torturados, dizimados com pólvora, tiros, tecnologias militares superiores ou com bloqueio de alimentos, medicamentos e mesmo fechamento das fronteiras comerciais. Muita covardia social.

Os escolhidos, os "do bem", podem de toda maneira penalizar os que são donos das riquezas naturais que eles precisam!

Observem! Permanecemos subjugados num sistema de exploração colonial.

E VIVA A EXPORTAÇÃO

Os sucessivos ciclos econômicos sempre têm atendido o interesse externo: cana-de-açúcar, pedras preciosas, metais, café, soja. Exportar é a solução: exportar matéria prima e bruta; o que tivermos do melhor, até exaurirem completamente nossas reservas. Tudo.

Não devemos esquecer. Exportar todas as coisas com preços estabelecidos pelos dominantes importadores, que nunca permitem aos que trabalham diretamente na produção ter condições para criar os filhos com dignidade e exercer o direito de levar a vida usufruindo as riquezas que possuem e produzem.

Somente neste sórdido convívio internacional os compradores é que estabelecem os preços para os "vendedores"!

A geração de riquezas é controlada pelos estrangeiros monopolistas.

Tudo o que visa o mercado interno é dificultado, inclusive a agricultura de subsistência. O que envolve uso de tecnologia é sistematicamente bloqueado, para persistir na dependência dos países dominantes.

Extraíamos diamantes para eles, mas até as ferramentas necessárias tinham que vir de fora. Na época da primeira colônia, foi proibido haver teares no Brasil para, obrigatoriamente, comprarmos tecidos no exterior (Inglaterra).

Na atualidade, o que é fabricado no Brasil está passando cada vez mais para mãos estrangeiras. Estamos agora apenas embalando produtos vindo do exterior. Isso mesmo! Pilhas, canetas, baterias, produtos farmacêuticos etc.

Sórdido mercantilismo colonial que nos limita a exportar minérios, matérias-primas, bens naturais, a preço vil — antigamente, por imposição dos países coloniais; hoje, rigidamente controlados por grandes corporações financeiras transnacionais.

POVO DO TRABALHO

O Brasil indígena foi invadido, e nele se instalou uma colonização fortemente controlada pela "Europa civilizada".

E pensar que nesta terra desenvolveu-se uma extraordinária nacionalidade universal, resultado da mistura de todas as raças, sem predomínio de nenhuma! Confiar nesse povo não é esperança sem fundamento. Temos todos os pré-requisitos para a empreitada de construir uma grande nação. O Brasil é rico: dos 21% de água potável do mundo, 15% estão na Amazônia. Mesmo no restante do país há um imenso potencial hidrelétrico. Temos a maior biodiversidade do planeta; as maiores reservas florestais do mundo; enormes extensões de terras agricultáveis, propiciando várias safras no mesmo ano; recursos minerais gigantescos: 98% do nióbio usado no mundo saíram do Brasil. A nossa superfície, coberta de vegetação e água em abundância, sob o sol que a atinge inteiramente, forma o grande e mais econômico reator do mundo. Por isso, somos a Nação do Sol.

Mas o Brasil está sendo invadido. E o invasor estrangeiro não faz uso ostensivo de tropas nem de armas. Tampouco precisa oficialmente fincar sua bandeira de chita no alto do Corcovado, embora o faça em vários lugares, comercialmente... A invasão e a ocupação já ocorreram sem muito alarde para os cúmplices coloniais, subjugando importantes setores do nosso sistema produtivo.

Episódio simbólico ocorreu na privatização do Banespa. Mal terminara a negociação, a bandeira do Estado de São Paulo, no topo do edifício sede, foi substituída pela da Espanha, de onde procedia o comprador. O fato repetiu-se com uma indústria cafeeira, na cidade mineira de Três Corações. Assim invadidos, empobrecemos cada vez mais. Salários em queda, empresas desaparecendo, desemprego aumentando, obsessão por arrecadação para o pagamento de juros.

Os alimentos de produção local — batata-doce, cuscus, cará, tapiocas — foram substituídos pelo trigo importado.

O biscoito que comíamos na infância não é mais brasileiro — é francês.

A manteiga natural que podia ser feita em casa, ou por qualquer cooperativa rural, agora dá lugar a misturas de sebos, recebendo o nome de margarina, com marcas registradas, sendo reconhecidas a propriedade e a fabricação estrangeira.

A gordura de coco e a banha de porco, tão ao gosto dos mineiros, foram substituídas pelos óleos refinados das empresas internacionais de alimentos.

SOLUÇÕES PARA ELES

Há toda uma propaganda voltada para a saúde. Mas não é intrigante o fato de uma solução, qualquer que seja, caminhar em benefício das grandes corporações transnacionais e estrangeiras?

As grandes corporações estrangeiras, juntamente com o sistema econômico e político que conseguiram criar no Brasil, desprezam as sementes selecionadas e o uso de sementes naturais para obrigar a aquisição de sementes transgênicas — as que não dão descendência nas mãos de corporações transnacionais.

Só plantaremos aquilo que determinarem e pelo preço que quiserem. Se resolverem não fornecer sementes suficientes, com a estrutura de produção de sementes naturais destruídas, o que acontecerá? Teremos mais fome em nosso país!

A água é o bem essencial da vida. Somos 70% de água. Pois há uma sistemática campanha contra o abastecimento de água ainda estatal. Querem que só haja água industrializada — purificada e adicionada de sais — na mão de transnacionais (Nestlé-Vivendi, Coca-Cola). Chegam ao absurdo de desmineralizar águas nobres e terapêuticas (São Lourenço) para adicionar sais e terem uma marca registrada, vendida mais cara que a gasolina. Estamos pagando ao estrangeiro para beber a nossa água.

E vão remetendo cada vez mais lucros para o exterior e nos empobrecendo.

ESCRAVIDÃO (QUASE) OCULTA

Nesse processo, há necessidade de sempre mais dólares, adquiridos por empréstimos a juros extorsivos, venda das nossas reservas de matérias primas a preço vil e a alienação das empresas nacionais.

Os bancos, cada vez mais dominados pelo capital estrangeiro, atuam até no varejo. Hoje, esses bancos chegam a ter agência em subúrbios. Essas operações jamais foram da competência dos negócios transnacionais, mas hoje são utilizadas para recolher até a nossa poupança interna. As taxas cobradas pelos serviços são extorsivas. E o desemprego entre os bancários é enorme.

O Banespa, agora Santander, tem a custódia dos recursos do estado mais rico do país. Numa palavra, todo o dinheiro do Estado de São Paulo é depositado em banco estrangeiro, que paga os funcionários estaduais e municipais e os mantém reféns de imenso esquema de empréstimos.

O estrangeiro, fazendo as vezes de banco estadual, recebe impostos e recolhe, como explica o Dr. Adriano Benayon1, 1,6 bilhão de reais provenientes da poupança dos paulistas, por mês. Lucro enorme auferido aqui, com todas as regalias, transformado em dólar e remetido para o exterior.

Então, exportar beneficiando quem? Solução, progresso, para quem?

Toda a exportação tem total isenção de impostos. Qual o benefício que esse tipo de exportação traz para a vida do brasileiro? Nenhum. Sai a riqueza, ficam o buraco e a miséria.

As usinas siderúrgicas, próximas de Belo Horizonte, produzem ferro gusa, quase todo exportado. Consomem a lenha das nossas matas e esvaem as nossas reservas de minério para beneficiar apenas o empresário e as corporações estrangeiras.

Se um brasileiro compra ferro gusa ao lado de uma siderúrgica, paga quase 30% de impostos. O que foi exportado: nada!

Até quando vamos suportar esta política perdulária e imbecil?

Suco de laranja exportado não paga imposto, mas recolhe 30% de taxa na entrada do USA. Ou seja, o nosso país não se beneficia em nada para investimentos e melhoria da vida dos brasileiros. Mas o governo do USA se apropria de fortes valores do esforço de produção dos brasileiros. Por isto empobrecemos. Produzimos muito, trabalhamos cada vez mais, enquanto a riqueza se esvai sempre mais de nossa terra.

Há uma dupla exploração que chega a ser sórdida. Os preços do que exportamos são aviltados e o "comprador" nos obriga a receber apenas o que está disposto a nos pagar. Onde existe isto? Se o leitor for comprar um pãozinho na esquina, não poderá impor o preço de meio centavo, por exemplo. O padeiro jamais venderia.

Simples. É que no cenário internacional inventaram uma balela, um dito sem fundamento, um tal de "mercado" dominado pelas corporações financeiras e legitimado pela força — que estabelece os preços para as mercadorias dos países dominados e espoliados.

O minério de ferro de Carajás, com teor de mais de 60%, é exportado pelo preço do minério com 30% de teor — a 7 dólares a tonelada — com total isenção de impostos. Navios gigantescos estão transferindo enorme quantidade de minérios para depósitos criados no USA e próximo ao Japão, estocando reservas estratégicas que são nossas.

O manganês do Amapá, oriundo da Serra do Navio, com o elevado teor de 46%, foi todo transferido e estocado em território do USA. O nióbio — que quase só existe no Brasil, sendo fundamental para fabricar turbinas e foguetes — é exportado a 17 dólares a tonelada. Mais de 90% do nióbio mundial saem do Brasil.

Até o final da Segunda Guerra, praticamente todos os rádios do mundo tinham cristal de quartzo brasileiro, o de melhor qualidade. Pois ele é exportado a 35 centavos de real, o quilo, com isenção de impostos.

O melhor exemplo para mostrar o nefasto mercantilismo colonial, que nos é imposto pelas lideranças políticas, é o café. O preço da saca, tipo exportação (de melhor qualidade) oscila; mas, como todos os produtos primários, segue uma tendência baixista. Uma saca de 60 quilos, exportada a 40 dólares, com isenção de impostos, ao ser torrefada reduz-se a 48 quilos de café em pó. Vendida como café expresso no USA, a 1,75 dólar a xícara, rende 11.760 dólares à cafeteria. Lá, os assalariados, embora explorados também, sobrevivem em condições muitas vezes superiores aos dos nossos trabalhadores, até o limpador de latrina. Aqui, o brasileiro que colheu o café ganha dois reais por dia, salário de miséria. Para o sistema empresarial, é uma situação mais lucrativa que possuir escravos, pois não têm que fornecer roupas, abrigo e comida ao trabalhador. Que estranha liberdade é essa de ser trabalhador num país colonizado! 

Dr. Rui Nogueira, freqüentemente solicitado para proferir palestras em todo o país, é médico e escritor. Autor de Servos da moeda; Petrobras, orgulho de ser brasileiro e Nação do Sol. www.nacaodosol.org.br
1 Adriano Benayon, doutor em economia pela Universidade de Hamburgo, Alemanha, autor de importantes artigos e livros sobre economia. Assíduo colaborador de A ND.

terça-feira, 17 de abril de 2012

A Corrupção o que provoca em um país



Interessante comparar o que ocorreu com o Brasil, a China e o Japão nos últimos 60 anos. Um exemplo muito didático está em:

Roberto Marinho a Rede Globo apoiou fervorosamente a Campanha de Desarmamento no Brasil

A melhor solução contra a criminalidade e contra os tiranos é uma população que tenha todos os meios necessários para se defender. 
Pouco antes do Referendo de 23 de Outubro de 2005, circulou por toda Internet uma notícia dando conta de que, a razão pela qual a Rede Globo apoiava fervorosamente a Campanha de Desarmamento , seria o fato de que essa empresa teria se associado a Glock, fabricante  austríaca de pistolas semi-automáticas, para dominar o mercado de segurança privada em todo o País. Com o cidadão proibido de ter armas e com a segurança pública praticamente falida, a Rede Globo criaria uma gigantesca empresa de segurança particular e a Glock por sua vez,  forneceria as armas com exclusividade.

Na época, tal idéia parecia absurda! Alguns afirmaram que era um simples boato ou invenção dos defensores do NÃO! Ora, como uma empresa de armas de fogo estrangeira se instalaria em um País cujo Governo estava em franca campanha contra o comércio de armas de fogo?


Pois agora a verdade veio a se confirmar. Acaba de ser inaugurada a Glock do Brasil S.A. na Av. Cidade Jardim, 400 em São Paulo/SP.  

Uma distribuidora oficial das pistolas Glock em solo brasileiro. E agora a surpresa; quem teria dado suporte político para mais essa falcatrua? Ele mesmo, o mentor do desarmamento brasileiro, o senador antiarmas Renan Calheiros!
Renan , segundo notícias que somente agora vazaram, teve a canalhice de, na época em que começaram a fermentar as primeiras propostas de desarmamento, ameaçar a diretoria das Forjas Taurus do Rio Grande do Sul ( maior fabricante de armas leves da América do Sul), 
com a seguinte proposta criminosa: ele exigia três milhões de reais da empresa para, não apenas engavetar o então projeto do Estatuto do Desarmamento, como continuaria usando as pistolas Taurus nas Forças Nacionais de Segurança.
o austríaco Gaston Glock, dono da conhecida fabricante de pistolas Glock, se envolveu em uma verdadeira batalha judicial com sua ex-mulher, informa a imprensa austríaca. Segundo o jornal "News", Helga Glock, de 75 anos, exige "dezenas de imóveis", avaliados em 100 milhões de euros (R$ 240 milhões), além de uma parte do império industrial de seu ex-marido, cujas pistolas são umas das mais vendidas no mundo.
Como a Taurus recusou-se a fazer tal negociata, Renan Calheiros e sua comparsa Rede Globo ("Senador das laranjas" Renan Calheiros!) levaram a cabo seus planos, iniciando aquela brutal campanha contra o comércio de armas de fogo no Brasil. É verdade que o povo brasileiro não engoliu todas aquelas mentiras e eles acabaram sendo derrotados no Referendo com uma carraspana de 64,93% de NÃO! Hoje está comprovado que tudo era verdade. Aliás, o próprio presidente da Glock do Brasil, Luiz A. Horta declarou:

"... o maior garoto propaganda de nossas armas é o próprio Presidente Lula, pois todos os agentes de segurança do Governo e os homens do Serviço Secreto, tiveram suas pistolas Taurus trocadas por Glocks novinhas em folha".


Se, após tomar conhecimento de mais essa vergonha, você, mesmo não gostando de armas, ficou indignado, repasse o mais possível essa mensagem. Vamos fazer com que todos saibam de mais essa sujeirada. 

"Quando todas as armas forem propriedades dos governos  ou dos bandidos estes decidirão de quem serão as outras propriedades" - Benjamim Franklin 

"Todos os profetas armados venceram e os desarmados foram destruídos" – Niccolo Maquiavel

Eike Batista fortuna com aumento de 50.000%. Grande mistério! ou Eike Batista é o laranja, de quem?

TODO BRASILEIRO PRECISA SABER. 
Foi a maior entrega da história do Brasil.
Ou a população brasileira se dá conta do que está em jogo, ou o processo vai ser o mesmo de sempre. 
               *Por e-mail, via resistência democrática
Seria bom que todos os brasileiros patriotas, soubessem como Eike Batista se tornou  um Midas de um dia para o outro. Quando conseguiremos desvendar o  grande mistério por trás de tudo?

Há algumas semanas (21 de Janeiro 2012), a matéria de capa da respeitada VEJA foi sobre Eike Batista, o ídolo dos novos bilionários brasileiros. Só que a revista foi muito parcial e não publicou tudo que devia, o que nos leva a concluir que até ela já se bandeou para as fileiras do lulopetismo e seus previlegiados. 

Como todo leitor de VEJA li toda a matéria com interesse, pois eu queria matar uma curiosidade: saber como uma pessoa que, até meados da década passada, possuía patrimônio declarado inferior a 200 milhões, de repente aparece com mais de uma centenade bilhões. Um aumento de 50.000%.

Infelizmente, isto VEJA não explicou. Provavelmente, muitos de vocês tinham a mesma curiosidade - e com ela continuaram.
Mas tive a curiosidade saciada nesta semana, quando fui a São Paulo e na USP, me foi entregue um material publicado na  revista da Associação de Docentes da USP, com entrevista de Ildo Sauer. Para quem não se lembra, Ildo Sauer é petista fundador do partido (daquele tempo em que o Lula era terminantemente contra a criação do partido, já que ele queria ser suplente de senador do FHC!), e que foi Diretor da Petrobrás no primeiro mandato de Lula. A saída dele da Petrobrás nunca ficou clara. Eu o conheço pessoalmente, trocamos emails de quando em vez, mas ele nunca tocou no assunto. Embora discorde de algumas posições dele, preciso reconhecer: é um professor sério e comprometido. E fiel ao voto de pobreza: seu patrimônio é condizente com o salário de professor da USP.

Acho que esta entrevista dele explica as duas coisas: como Eike Batista enriqueceu 50.000% entre 2006 e 2010 e porque um companheiro fiel, de carteirinha, com DNA do PT, foi mandado embora da Petrobrás.

As denúncias aseguir são muito sérias. Se forem falsas, o companheiro Ildo Sauer arrumou encrenca para o resto desta vida e parte da vida eterna. Como ele é muito sério e inteligente, acho que as denúncias são verdadeiras, posto que facilmente comprováveis por fatos do dia a dia.

Ildo Sauer denuncia como José Dirceu "entregou" o Pré-Sal para Eike Batista. ENTREGOU? 

Publicamos hoje a segunda e última parte da  importantíssima entrevista do professor Ildo Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP concedida a Pedro Estevam da Rocha Pomar e Thaís Carrança, da revista da Associação dos Docentes da USP (Adusp).

Considerado um dos maiores especialistas em energia do país, ex-diretor da Petrobrás no primeiro governo Lula, Sauer conta como foi descoberto o Pré-Sal e denuncia o lobby feito por José Dirceu para entregar a Eike Batista a maior parte das reservas.

Revista Adusp: Você ainda estava na Petrobrás, quando o Pré-Sal foi descoberto?

Ildo Sauer - Eu ajudei a tomar essa decisão. Nós tomamos essa decisão, não sabíamos quanto ia custar. O poço de Tupi custou US$ 264 milhões, para furar os 3 km de sal e descobrir que tinha petróleo.
 O Lula foi avisado em 2006 e a Dilma também, de que agora um novo modelo geológico havia sido descoberto, cuja dimensão era gigantesca, não se sabia quanto. Então,obviamente, do ponto de vista político, naquele momento a nossa posição, de muitos diretores da Petrobras, principalmente eu e Gabrielli, que tínhamos mais afinidade política com a proposta do PT de antigamente, a abandonada, achávamos que tinha 
que parar com todo e qualquer leilão, como aliás foi promessa de campanha do Lula.

Na transição, ainda a Dilma disse: não vai ter mais leilão. Mas se subjugaram às grandes pressões e mantiveram os leilões. Fernando Henrique fez quatro, Lula fez cinco. Lula entregou mais áreas e mais campos para a iniciativa privada do
petróleo do que Fernando Henrique.

Um ex-ministro do governo Lula e dois do governo FHC foram assessorar Eike Batista. O que caberia a um governo que primasse por dignidade? Cancelar o leilão. Por que não foi feito? Porque tanto Lula, quanto Dilma, quanto os ex-ministros, estavam nessa empreitada.

Revista Adusp: Mas Gabrielli era contra e acabou concordando?

Ildo Sauer - Não. A Petrobrás não manda nisso, a Petrobrás é vítima, ela não era ouvida. Quem executa isso é a ANP  [Agência Nacional do Petróleo], comandada pelo PCdoB, e a mão de ferro na ANP era da Casa Civil. Então a voz da política 
energética era a voz da Dilma, ela é que impôs essa privatização na energia elétrica e no petróleo. Depois do petróleo já confirmado em 2006, a ANP criou um edital pelo qual a Petrobrás tinha limitado acesso. Podia ter no máximo 30% ou 40% dos blocos, necessários para criar concorrência. Porque, em 2006, Tupi já havia sido furado e comunicado. O segundo poço de Tupi, para ver a dimensão, foi feito mais adiante, esse ficou pronto em 2007. Só que o Lula e a Dilma foram 
avisados pelo Gabrielli em 2006.

Muitos movimentos sociais foram a Brasília, nós falávamos com os parlamentares, os sindicatos foram protestar. O  Clube de Engenharia, que é a voz dos engenheiros, mandou uma carta ao Lula, em 2007, pedindo para nunca mais fazer leilão.

Em 2005-6, o [Rodolfo] Landim, o queridinho do Lula e da Dilma, saiu da Petrobrás. Porque o consultor da OGX, do grupo X, do senhor [Eike] Batista, era o ex-ministro da Casa Civil (José Dirceu), e ele sugeriu então que Eike entrasse no petróleo. 
Aí ele contratou o Landim, que começou a arquitetar. Como o centro nevrálgico da estratégia da Petrobras é a gerência executiva de exploração, o geólogo Paulo Mendonça, nascido em Portugal, formado aqui na USP, e o Landim, articularam 
para em 2007 criar uma empresa nova, a partir dos técnicos da Petrobrás. E o senhor Batista queimou alguns milhões de dólares para assinar os contratos e dar as luvas desses novos cargos, que estavam dentro da Petrobrás mas, desde que o Landim foi trabalhar com o senhor Batista, ele já estava lá para arrancar de dentro da Petrobrás esses técnicos.

Aí chegou o fim de 2007, todos nós pressionando para não ter mais leilão, o Lula tira 41 blocos? Mas vamos voltar a 2006. 
Em 2006, quem anulou o leilão foi a Justiça, por discriminação contra a Petrobrás fazer essas coisas. Ouvi isso da Jô Moraes, num debate na Câmara dos Deputados.

Só que aí se criou o seguinte imbróglio: um ex-ministro do governo Lula e dois do governo Fernando Henrique, Pedro Malan e Rodolpho Tourinho, foram assessorar o Eike Batista. Ele já tinha gasto um monte de dinheiro para criar sua 
empresa de petróleo. Se o leilão fosse suspenso, ele ia ficar sem nada, e já tinha aliciado toda a equipe de exploração e produção da Petrobrás.

O que caberia a um governo que primasse por um mínimo de dignidade para preservar o interesse público? Cancelar o leilão e processar esses caras que saíram da Petrobrás com segredos estratégicos. Por que não foi feito? Porque tanto Lula, quanto Dilma, quanto os ex-ministros, os dois do governo anterior e um do governo Lula, estavam nessa empreitada.

Revista Adusp: Quem era o ex-ministro?

Ildo Sauer - O ex-chefe da Casa Civil, antecessor de Dilma.

Revista Adusp: José Dirceu?

Ildo Sauer - É, ele foi assessor do Eike Batista, consultor. Para ele, não era do governo, ele pegou contrato de consultoria, para dar assistência nas negociações com a Bolívia, com a Venezuela e aqui dentro. Ele [Dirceu] me disse que fez isso. Do ponto de vista legal, nenhuma recriminação contra ele, digamos assim. Eu tenho (recriminação) contra o governo que permitiu se fazer.

E hoje ele [Eike] anuncia ter 10 bilhões de barris já, que valem US$ 100 bilhões. Até então, esse senhor Batista era um milionário, tinha cerca de US$ 200 milhões. Todo mundo já sabia que o Pré-Sal existia, menos o público, porque o governo 
não anunciou publicamente. As empresas que operavam sabiam, tanto que a Ente Nazionale Idrocarburi - ENI, da Itália, pagouUS$ 300 milhões por um dos primeiros poços leiloados em 2008. Três ou quatro leilões foram feitos quando o leilão foi suspenso pela Justiça. Até hoje, volta e meia o [ministro] Lobão ameaça retomar o leilão de 2008, 2006. A oitava rodada. Para entregar. 
Tudo em torno do Pré-Sal estava entregue naquele leilão e no seguinte, o governo insiste em leiloar. E leiloou. E na franja do Pré-Sal é que tem esse enorme poderio.

Como é que pode? A empresa dele (Eike) foi criada em julho de 2007. Em junho de 2008 ele fez um Initial Public Offering, arrecadou R$ 6,71 bilhões por 38% da empresa, portanto a empresa estava valendo R$ 17 bilhões, R$ 10 bilhões dele. Tudo que ele tinha de ativo: a equipe recrutada da Petrobrás e os blocos generosamente leiloados por Lula e Dilma. Só isso. Eu denunciei isso já em 2008. Publicamente, em tudo quanto é lugar que eu fui, eu venho falando para que ficasse registrado antes que ele anunciasse as suas descobertas. Porque fui alertado pelos geólogos de que lá tinha muito petróleo.

Foi um acordo que chegaram a fazer, numa conversa entre Pedro Malan, Rodolpho Tourinho e a então ministra-chefe da Casa Civil (Dilma), em novembro, antes do leilão. O Lula chegou a concordar, segundo disse o pessoal do MST e os sindicalistas, em acabar com o leilão. Mas esse imbroglio, de o empresário ter gasto dezenas de milhões de dólares para recrutar equipe e apoio político nos dois governos fez com que eles mantivessem. Tiraram o filé-mignon, mas mantiveram o contra-filé. O contra-filé é alguém que hoje anuncia ser o oitavo homem mais rico do mundo.

E tudo foi mediante essa operação no seio do governo. Contra a recomendação dos técnicos da Petrobrás, do Clube de Engenharia, do sindicalismo. Foi a maior entrega da história do Brasil. O ato mais entreguista da história brasileira, em termos econômicos. Pior, foi dos processos de acumulação primitiva mais extraordinários da história do capitalismo mundial. Alguém ai do nada e em três anos tem uma fortuna de bilhões de dólares.

A Petrobrás durante a vida inteira conseguiu descobrir 20 bilhões de barris de petróleo, antes do Pré-Sal. Este senhor, está no site da OGX, já tem 10 bilhões de barris consolidados. Os Estados Unidos inteiros têm 29,4 bilhões de barris. Ele anuncia queestará produzindo, em breve, 1,4 milhão de barris por dia o mesmo que a Líbia produz hoje.

É esse o quadro. Ou a população brasileira se dá conta do que está em jogo, ou o processo vai ser o mesmo de sempre. 
Do jeito que foi-se a prata, foi-se o ouro, foram-se as terras, irão também os potenciais hidráulicos e o petróleo, para essas negociatas entre a elite. O modelo aprovado não é adequado. Mantém-se uma aura de risco sem necessidade, para justificar que o cara está correndo risco, mas um risco que ele já sabe que não existe.

Qual é a nossa proposta? Primeiro, vamos mapear as reservas: saber se temos 100 bilhões, 200 bilhões, 300 bilhões de barris. Segundo, vamos criar o sistema de prestação de serviço: a Petrobras passa a operar, recebe por cada barril de 
petróleo produzido US$ 15 ou US$ 20, e o governo determina o ritmo de produção. Porque há um problema: a Arábia Saudita produz em torno de 10 milhões de barris, a Rússia uns 8 milhões de barris, depois vêm os outros, com 2 a 4 milhões de barris por dia: Venezuela, Iraque, Irã. O Eike Batista anuncia a produção de 1,4 milhão de barris, a Petrobras anuncia 5 milhões de 
barris e pouco. Significa que o Brasil vai exportar uns 3 ou 4 milhões de barris. Já será o terceiro ator. Não se pode fazer mais isso. 
Leiam a entrevista completa do professor  Ildo Sauer  no link abaixo:
http://www.adusp.org.br/files/revistas/51/r51a01.pdf
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