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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Aqüífero Guaraní (1) - O Brasil não está isento da guerra

   Os brasileiros têm que romper o trato que sempre tiveram com a ilusão de que ser pacífico é garantia permanente de viver em paz.
         Os militares brasileiros têm no pórtico de seus quartéis a máxima que garante a paz permanente, “se queres a paz, prepara-te para a guerra” (si vis pacem para bellum).


Está na hora dos brasileiros conquistarem a verdadeira garantia de paz, investindo nos avançados 
equipamentos de guerra, tais como armamentos e submarinos nucleares, e preparo de ferozes 
guerreiros das três Forças Armadas, em consonância com o seu gigantismo e potencial 
de influência, dirigidos à manutenção da 
paz na Humanidade.

           O Brasil tem que sair da indiferença. Há necessidade da tomada de decisão imediata, ou assumimos 
a posse da Amazônia como território brasileiro ou, a entregamos logo, sem pestanejar, para os países hegemônicos que a cobiçam e nos livramos de uma vez por toda deste problemão.

      A defesa das águas brasileiras está na Constituição Federal, no Artigo 20, que 
trata dos bens da União. Em seu Inciso III , a legislação determina que rios e quaisquer correntes de água no território nacional, inclusive o espaço do mar territorial, 
pertencem à União. Isso é complementado pela Lei 9.433/1997, que trata da Política Nacional de Recursos Hídricos, em seu Artigo I , Inciso II, que estabelece ser a água recurso
 limitado, dotado de valor econômico, e determina que o poder público seja responsável pela licença para uso dos recursos hídricos, “como derivação ou captação de parcela 
de água”. A ingerência estrangeira nos recursos naturais da Amazônia tem aumentado significativamente nos últimos anos. Seja por ação de empresas 
multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos 
ou pelas missões religiosas internacionais.

 Que fique bem sabido que, se decidirmos pela sua integração à Federação, temos que investir maciçamente nas Forças Armadas, tanto em efetivos militares e equipamentos de guerra, para que possamos encarar qualquer tentativa de tomada da região pela força das armas desencadeada por forças internacionais coligadas invasivas. Porém, ainda resta a opção dos covardes e traidores, entregar a região aos cobiçosos países, europeus e americano, e viver em paz, confortavelmente com a bolsa-Amazônia.

No futuro, Água será causa de guerras

:: Edvaldo Tavares (*) ::
Esse mineral líquido, surgido no início da
formação do planeta Terra, permitiu o aparecimento da vida na sua superfície.
         Os primeiros seres vivos que se estabeleceram no planeta há 3,8 bilhões de ano, iniciaram a sua existência nos oceanos primitivos. De bactérias e algas azuis unicelulares, evoluíram e se reproduziram ao longo do correr dos milhões de anos e se espalharam por todo o seu ambiente.
       Não pode existir vida sem a água, pelo menos esta forma conhecida. Esse precioso bem é indispensável à existência humana, tornando-se, portanto, imperiosa a sua economia, preservação e uso zeloso.
       Apesar de ser o bem mais precioso para a humanidade, é tratada de forma negligente, sem salvaguarda da sua pureza e reservatórios naturais, não somente no Brasil, mas no mundo todo. O planeta Terra por ter dois terços de sua superfície coberta pela água, distribuída nos oceanos, mares e rios, poderia apropriadamente ser chamado de planeta “Água” – sem mencionar a existente no subsolo.
         Esbanjando privilégios, o Brasil tem quase 15% da água doce, não congelada, correndo na Amazônia, concedendo a região o status de reserva do mineral líquido do planeta para os vindouros mil anos. A situação torna-se mais dramática se for entendido que a água doce representa apenas 3% de toda a água que existe no planeta e que destes menos de 1% pode ser utilizado.

                                      
Como se formam os aquíferos

 O restante cobre os picos das grandes cordilheiras, formam as geleiras polares e é subterrânea constituindo os aqüíferos, sendo que 90% dos 3% compõem o conglomerado branco do continente antártico.
        O Brasil, de natureza privilegiada, podendo ser denominado como “O Rei das Águas”, tem o aqüífero Guarani na região centro-leste da América do Sul, em azul, abrangendo os Estados brasileiros de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. era considerado o maior do mundo, tendo a sua maior localização em território brasileiro. Após descoberta bem recente dos pesquisadores da Universidade do Pará de um aqüífero, maior ainda, localizado no Pará, Amapá e Amazonas a segunda posição.
         O planeta Terra com predominância da cor azul, representando 97,2%, dois terços, da sua cobertura em água, visto do espaço. No pólo norte, de cor branca, está o continente Ártico e no pólo sul, igualmente de cor branca, está o continente Antártico com suas geleiras.
             A importância da água para os árabes e o descaso do brasileiro
         Em 1932, após conquistar a maior parte da península arábica com a ajuda dos guerreiros islâmicos de Muhabe, Iben Saud cria o reino da Arábia Saudita. Em 1933, a casualidade contribui para a descoberta de petróleo quando o objetivo de uma expedição americana era encontrar água, iniciando, então, a produção comercial com a autorização do rei, sendo formada em 1938, a primeira companhia entre a Arábia Saudita e os Estados Unidos (Arabian American Oil Company – ARAMCO).
         A água para os países árabes é um problema dramático. Debaixo das areias do deserto, em busca constante de água, nas perfurações do solo, em vez de brotar o precioso líquido, jorra o petróleo, ao contrário do que ocorre no Brasil. Diversos países do Oriente Médio, entre eles Israel, Kuwait e Arábia Saudita, quando dão a sorte de encontrar água no subsolo, é salinizada exigindo procedimento caríssimo para a dessalinização.
Escassez de água na África. Sudaneses bebendo água

         A foz do rio Amazonas, costa do Estado do Amapá, vem sofrendo captação da água por petroleiros estrangeiros no processo de contrabando internacional típico da hidropirataria. Isto ocorre nas barbas das autoridades brasileiras que não tomam a iniciativa de estabelecer rigorosa fiscalização na área. Para as empresas da Europa e do Oriente Médio, a água contrabandeada do rio Amazonas, embora no estado bruto, tem o custo do beneficiamento do metro cúbico mais barato do que o tratamento de retirada do sal da água obtida dos lençóis subterrrâneos e dos oceanos.
Rios, a benção divina que os brasileiros ainda não souberam agradecer.

                                           O contrabando de água brasileira
         Missões religiosas, empresas multinacionais e pesquisadores estrangeiros têm contribuindo com interferências externas, coletas de dados e transporte da água brasileira para o exterior. Segundo publicação na revista Veja, edição 2036, de 26 de novembro de 2007, na seção O apelo exótico da selva, página 106, foi veiculada a matéria A guerra contra a água mineral. A revista afirma que a água mineral Equa é originária do meio da floresta amazonica brasileira e que passará a ser distribuída nos USA a partir de abril de 2008. Análises efetuadas em laboratórios americanos dão a essa água de origem amazônica como sendo a água mineral mais pura do mundo. Esta é mais uma questão que tem que ser bem avaliada pelo governo brasileiro.
            Equa Water: a mais nova água superpremium (artigo do blog Manalais)
           O empresário americano, Jeff Moats descobriu que vender água pode ser muito lucrativo. Ele está investindo US$ 12 milhões para lançar um nova marca de água mineral na categoria superpremium: a Equa Water. E advinhem da onde vem essa água? A fábrica está sendo construída uma área de 1.500 hectares perto de Manaus, no coração da nossa Amazônia. Jeff quer extrair a água de um aquífero muito antigo situado 200 metros abaixo da superfície. Segundo ele, a água desse aquífero tem o maior grau de pureza do mundo, porque está envolto por quartzo rosa, que atua como um guardião da pureza da água.
                  A idéia é posicionar a marca como a mais pura dentre as águas da terra e explorar na comunicação o mistério que envolve a Amazônia, uma das últimas fronteiras exploradas pelo homem. Ele sabe e irá construir sua marca com base em três pilares: pureza da água, design da garrafa (minimalista) e no branding, este último fundamental. Mas mesmo assim, a tarefa não vai ser fácil, pois a Equa Water terá que competir com outras águas superpremium, como a Evian, a Tynant, a Fiji e a Vittel. Mas acredito que o exotismo da origem da água pode dar um bom empurrãozinho. Como os americanos adoram a Amazônia, pelo menos na terra do Tio Sam as chances de sucesso são boas. O mercado de água mineral cresce a uma taxa de 25% ao ano e já é um mercado que movimenta US$ 60 bilhões no mundo. Que tal você tomar a água mais pura, mais cristalina e mais misteriosa do mundo?
             
A guerra que a carência da água causará no mundo
 
Dos círculos de debates internacionais sobre os bens comuns, entre eles as florestas e a água doce, pode ser extraído futuras ingêrencias na Amazônia para gerenciamento da região por potências estrangeiras.
            A Global Business Network, californiana, especializada em tendências de negócios, apontou o rio Amazonas como palco de guerra, em futuro próximo, por causa da água. Esta afirmação consta do relatório de 2004 encomendado pelo Pentágono.
O Brasil não está isento da guerra.
                                                              
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(*) Edvaldo Tavares  é autor do livro: "SUCESSO na Vida é para Qualquer Um. Inclusive para Você!" Membro da Associação Médica de Brasília (AMBr) e da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET). Ex-Diretor do Hospital de Guarnição de Tabatinga, Tabatinga/AM. Diretor Executivo do Sistema Raiz da Vida. www.raizdavida.com.br ehttp://twitter.com/raizdavida  

terça-feira, 14 de julho de 2009

MP 458 Mangabeira Unger manipulou 67 milhões de hectares de terras na Amazônia são terras devolutas, câmara incrementou, senado aprovou, Lula transformou em Lei!, e Lei Inconstitucional


Povo Brasileiro
Senhores Parlamentares

Toda a Lei aprovada sem ser criteriosamente analisada, corre o risco de tornar-se inconstitucional; - aonde a República perde o tempo para outras ações, e os valores, que podem ser destinados a outras prioridades; - como aconteceu com a tão questionada , contestada e criminosa MP 458 idealizada pelo NÃO nacionalista carioca Ministro de "Assuntos Estratégicos" Mangabeira Unger, que se tornou Lei aprovada na íntegra pelo Sr. Presidente Lula da Silva, aonde grileiros mancomunados com funcionários do Incra e donos de cartório, conseguirão apossar-se de 67 milhões de hectares de terras na Amazônia; - agora, esses 67 milhões de hectares são terras devolutas que o Estado brasileiro já havia conseguido reaver e registrar como terra de domínio público, nos cartórios de registro de imóveis. Os Senhores acreditam que seja possível fazer as trapaças tão grande sem conivência de juízes, desembargadores, deputados, governadores ministros de Estado?. O Estado ao invés de processar criminalmente os infratores, revolveu premiá-los com a possibilidade de adquirem as terras que  estão grilando a preços irrisórios.


O afilhado do Sarney, senador por  Roraima Amazônia convidou  Mangabeira Unger para discutir "propostas"!!!
O empenho rápido e sinistro do Ministro Mangabeira Unger ter passado como trator por cima de tudo e de todos com a finalidade da aprovação na íntegra da MP 458 que antes da aprovação na câmara o deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA), acrescentou outro dispositivo na MP para autorizar a participação mediante processo licitatório de a pessoa jurídica que tenha propriedade rural de qualquer tamanho fora da Amazônia. 

A Medida abriu caminho para a fazenda Santa Bárbara de Daniel Dantas que possui 510 mil hectares de terra, distribuída em 28 fazendas a maioria no Pará, com criação de gado, a MP favoreceu apadrinhados, americanos e ingleses, “donos do poder” grilando através dos laranjas as terras aqui existentes; -  para realizar a grande empreitada exportadora, a preparada da estratégia  entreguista para  doar 67 milhões de hectares, ao grande capital transacional pondo em risco a própria soberania da Amazônia, assim como de seus povos nativos que serão aproveitados como mão de obra barata, e escravizada.; -  Assim que a MP 458  transformou-se em Lei o Sr. Mangabeira Unger Ministro dos assuntos "estratégicos", retornou para a Harvard nos EUA aonde é mestre,  professor, ministra a política do  descaminho para altos políticos e CEO americanos, europeus, explicando como usando os incompetentes gestores brasileiros, deixou as portas da Amazônia aberta e gratuitamente,  para a exploração do agronegócio, e futuramente, extraindo delas o Nióbio, Urânio, Ouro, terras raras, enfim tudo o que PODERIA servir  como estratégico para o futuro do Brasil.

É necessário estudar, analisar o Pacto de Princeton, o DI, a CFR, o Fòro de São Paulo, o Art.4 Parágr.Único da Cf/88 Pátria Grande, o "fim" da comunista União Soviética, um interligado ao outro em parceria, os presidenciáveis não nacionalistas, comunistas disfarçados de "nova direita" obedecendo os globalistas internacionais,  entregando os bens mais preciosos  da terra tupiniquim. 

O Artigo 13 da Lei 11952/2009 por “facultar” a vistoria prévia nas áreas também é inconstitucional.

O Brasil não possui gestão firme organizada. Um Governo com muitos desentendimentos e apadrinhamentos não terá como acompanhar as normas, exigências, prazos, dos países emergentes que compõe o consenso dos G20; - se não cumpridos no tempo as multas serão altíssimas e a cobrança “daqueles” que exigem mas não oferecem o bom exemplo poderá ser desastrosa para o Brasil comprometendo sua soberania. O G20 aumenta a exportação de soja, álcool da cana de açúcar, carne bovina, madeira; - que após os lucros partirão para seu sub solo extraindo os minérios ali existentes..

Enquanto isso, os povos que vivem na Amazônia, não tem o direito de ir e vir pela dificuldade de locomoção; - índios, quilombos e nativos isolados, excluídos, sem mobilidade, sem condições de frequentar escolas, devido as estradas estarem em péssimo estado de conservação, e sem projeção de o Estado em fazê-lo, principalmente os residentes no Acre, que quando doentes, já debilitados, são levados de moto ao posto de saúde, “quando conseguem este tipo de transporte, e quando funciona o posto de saúde”.

O Estado deve adotar a postura de oferecer a seu Ministério o poder de cobrar, decidir, e executar medidas com respeito a cidadania e a soberania do País não, enviá-las ao STF aproveitando o pretexto de que lá no STF, os processos se acumularão, e as decisões e respostas da Justiça passam a ser longas, dando tempo aos especuladores endossados pelo Estado de agir a favor de seus próprios interesses, sendo esta estratégia aplicada por aqueles que se apoderam das riquezas dos países sempre em desenvolvimento sem qualquer respeito ao Patrimônio Público que pertence só e unicamente a sua cidadania.

Os governantes seguem o consenso do proletariado  implantado no Brasil pelo Senhor Fernando Henrique & equipe e os demais que virão também o seguirão.

Com respeito e preocupação pelo futuro do Brasil,
Marilda  Oliveira
Cidadã Brasileira 

NOTA:

- Mangabeira Unger brasileiro, carioca com sotaque americano, se filiou ao PRB partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.  Professor da Universidade de Harvard (EUA) há mais de 40 anos;   Até 14/06/2007, UNGER era  funcionário do grupo Opportunity de Daniel Dantas, "Trust Agreement" (procurador judicial) da Brasil Telecom de 2003. Mangabeira era (ou é) o trustee dessa empresa, e como tal era (ou é) responsável pela independência de algumas ações judiciais da Brasil Telecom que envolvem seus acionistas ligando com o roubo do Banestado. O "trustee" é uma figura jurídica que existe nos EUA mas não é reconhecida no Brasil e trabalha para um beneficiário com um determinado fim. 

Em 19/06/2007, Mangabeira Unger assume como Ministro de “Assuntos Estratégicos” no governo Lula da Silva, favorecendo a política de “expansão” no Norte do país. Ele admitiu inclusive a possibilidade de renúncia. Reunindo sob sua alçada o Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Deixou a SAE em 30 de junho de 2009, alegando não ter conseguido renovar sua licença na Universidade de Harvard e correr o risco de perder sua posição de professor titular, caso não retornasse às funções acadêmicas.

2008: Desmonte da política ambiental: Revogou uma legislação da década de 1990 que protegia as cavernas brasileiras para colocar em seu lugar um decreto que põe em risco a maior parte de nosso patrimônio espeleológico. A justificativa foi que a proteção das cavernas, que são bens públicos, vinha impedindo o desenvolvimento de atividades econômicas como mineração e hidrelétricas.  Diante desse clima de desmonte da legislação ambiental, a bancada ruralista do Congresso Nacional, com o apoio explícito do Ministro da Agricultura Reinhold Stephanes PSD-PR, se animou a propor a revogação tácita do Código Florestal, pressionando pela diminuição da reserva legal na Amazônia e pela anistia a todas as ocupações ilegais em áreas de preservação permanente, o seu primeiro produto, foi  a aprovação do chamado Código Ambiental de Santa Catarina, que diminui a proteção às florestas que preservam os rios e encostas, justamente as que, se estivessem conservadas, poderiam ter evitado parte significativa da catástrofe ocorrida no Vale do Itajaí no final do ano passado. O Decreto 6848, que, ao estipular um teto para a compensação ambiental de grandes empreendimentos, contraria decisão do Supremo Tribunal Federal, que vincula o pagamento ao grau dos impactos ambientais, e rasga um dos pontos principais da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, assinada pelo País em 1992, e que determina que aquele que causa a degradação deve ser responsável, integralmente, pelos custos sociais dela derivados (princípio do poluidor-pagador).

2009: De Mangabeira Unger, a MP 458. A medida irá permitir que 67,4 milhões de hectares de terras públicas da União na Amazônia - equivalente aos territórios de Alemanha e Itália somados- sejam doados ou vendidos sem licitação, até o limite de 1.500 hectares. Facilita o acesso a títulos de propriedade de terra permanentes a posseiros, há um risco de que a facilitação no acesso a títulos de propriedade possa de alguma forma, estimular a demanda (por terras) na floresta virgem, queimando-as, destruindo-as, para não serem mais virgem, em vez de beneficiar somente a população carente, gerará inúmeras distorções. MP transfere posse de terra na Amazônia para seus ocupantes. Disse Mangabeira que, a grilagem é feita na Amazônia por máfias que se beneficiam da falta de regularização. Em debate no Congresso, durante reunião com deputados e senadores da Amazônia, Mangabeira classificou a MP como revolucionária e disse que, quando a "confusão fundiária se dissipar", as grandes propriedades ficarão expostas e alguns terrenos poderão ser retomados pela União, conforme relatou a Agência Câmara. Segundo a MP, os terrenos da União de até 100 hectares serão regularizados por meio de doação e aqueles entre 100 e 400 hectares terão a venda subsidiada. Para os terrenos entre 400 e 1,5 mil hectares, será levado em conta o preço de mercado sem licitação. Para aqueles entre 1,5 mil e 2,5 mil hectares vai continuar tendo licitação e, para terrenos maiores de 2,5 mil hectares, será necessária autorização do Congresso Nacional.[4]  https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1501200618.htm

http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/unger-mangabeira

https://www.camara.leg.br/noticias/126059-mp-transfere-posse-de-terra-na-amazonia-para-seus-ocupantes/

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Alemães no Jari Amazonas 1935

 A Amazônia resiste. Os alemães sempre tiveram um interesse especial pela terra brasileira; Euclides da Cunha, em "Os Sertões", mostrou como eles cartografaram detalhadamente a geologia e geografia nacionais havia muito tempo. Também é germânica a descoberta de que Goiás tem o solo mais antigo do planeta. Além dos nazistas, os capitalistas tentaram a sorte na Amazônia e foram derrotados: em 1927, Henry Ford comprou cerca de um milhão de hectares na selva, junto ao rio Tapajós, e iniciou uma gigantesca plantação de borracha, a Fordlândia. O projeto durou 18 anos até ser tragado pela selva.Em 1967, o homem mais rico dos EUA, Daniel K. Ludwig, também fracassou com sua fábrica de celulose flutuante denominada Projeto Jari. O "príncipe" Charles é sempre visto no Amazonas em Santarém porque será não? Os gringos estão desviando nossas reservas hídricas para a Europa... Esses que traiçoeiramente utilizam do que pertence ao alheio, ou melhor a Mãe Natureza, não podem se esquecer... que a cobrança virá.


Entre a foz do Rio Jari, no Amazonas, e sua deslumbrante Cachoeira de Santo Antônio, há uma cruz de madeira, medindo três metros de altura por dois metros de largura, que há alguns anos é explorada como atração turística no Amapá. Debaixo dela jaz o teuto-brasileiro Joseph Greiner, ali sepultado em janeiro de 1936, vitimado pela selva. Feita sacrário, hoje a cruz é protegida por um telhado e encabeçada pelo entalhe de uma suástica - a cruz gamada de origens indo-tibetanas, popularizada como ícone incendiário do nazismo. Lápide improvisada, o necrológio da cruz explica: "Joseph Greiner morreu aqui em 2/1/36, a serviço da pesquisa alemã, vitimado pela febre - Expedição Alemã do Jary, 1935-1937".


Setenta anos de intempérie se encarregaram de esmaecer um dos pouquíssimos marcos de uma insondável aventura na Amazônia.

Meu envolvimento com a história que segue começou em 2003, por meio de uma página encontrada por acaso nas profundezas da internet, intitulada "A rota do nazismo na Amazônia", em referência ao livro sobre uma misteriosa expedição alemã. Minha primeira reação foi a lembrança da teoria da conspiração tramada no livro A crônica de Akakor (Editora Bertrand, 1977) do correspondente da rádio alemã no Brasil, Karl Brugger - assaltado e assassinado no final de 1983 à saída de um restaurante no Leblon, Rio de Janeiro. Nele Brugger ecoava a invencionice contada nos anos 1970 por um falso índio, de uma "expedição nazista à Amazônia", ocorrida no final da 2ª. Guerra Mundial - crônica esdrúxula reciclada em 2007 por Steven Spielberg. Plágio bilionário, o cenário apoteótico de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é a "cidade perdida" de Akator, supostamente uma "base subterrânea de nazistas na Amazônia". No curso destes anos resisti à publicação do que sabia sobre o Jari para não comprometer um projeto cinematográfico há muito acalentado. Contudo, o episódio atraiu o interesse da revista alemã Der Spiegel, cujo correspondente no Brasil resolveu adiantar-se, publicando o livro Das Guyana-Projekt (O Projeto Guiana). Resisti em lê-lo para não me deixar influenciar, mas a publicidade dada ao assunto na Alemanha justifica, agora, a abertura de uma modesta janela no Brasil.

No inferno das selvas
Num sebo da internet encontrei o tal livro sobre a expedição. Folheando-o, dei-me conta que tinha nas mãos a encomenda errada, porque sua edição era a de 1953. Demorei em entender que são duas as versões sobre a aventura no Amapá: uma oficial, de 1953, e outra, de 1938, nem tanto. Publicado pela Deutscher Verlag em 1938, plena ditadura nazista, o livro original Rätsel der Urwaldhölle" - Mistérios do inferno da selva, que eu adquiri mais tarde, tem 60 fotografias a mais que a versão pós-guerra. Suas ilustrações mais escancaradas são duas suásticas: uma, na cabeça da cruz, e outra, tremulando alegremente na popa de uma canoa, sobre o Jari. Símbolo proibido pela constituição democrática alemã, do pós-guerra, as fotos com as suásticas nazistas foram banidas da edição de 1953.

Índios diante da cruz onde foi enterrado o teuto-brasileiro Greiner
Capricho germânico, o livro é um diário making of do filme homônimo, estreado e distribuído pela Universum Film AG (UfA) em 1938, depois misteriosamente desaparecido. Em seu lugar, surge na década de 1970 o inofensivo documentárioSobre o cotidiano dos índios da selva amazônica - relatos de uma viagem de pesquisas, 1935 - 1937, distribuído pela WBU, produtora de filmes educativos, fundada na década de 1960 pelo geógrafo dublê de documentarista, Otto Schulz-Kampfhenkel.

O apoio brasileiro
Conta a versão oficial da aventura que em outubro de 1935 desembarcam em Belém do Pará três jovens aviadores alemães, acompanhados de 11 toneladas de bagagem, cuja lista e sofisticação extrapolam abusivamente os limites desta crônica. Risível nota de rodapé é que além do inexplicável arsenal trazido, os alemães não abriram mão do conforto, em plena selva amazônica, de cobertores de pelo de camelo e roupa de cama. Eram eles Gerd Kahle, Gerhard Krause e o líder da expedição, Otto Schulz-Kampfhenkel. Ao contrário da informação, falsa, veiculada pela imprensa internacional, Joseph Greiner, sepultado sob a cruz do Jari, não foi integrante do Esquadrão de Pesquisas Schulz-Kampfhenkel, vindo da Alemanha, mas, provavelmente, contratado no Rio de Janeiro. Explica o líder da expedição: "Neste meio tempo Gerd (Kahle) manda um cabo do Pará, informando que lá não é possível encontrar nenhum 'capataz'. Mas já que eu estou no Rio de Janeiro, tento encontrar algum landsmann (patrício), criado no País e versado em Português. Depois de muito procurar, eis que encontro o sujeito certo: Joseph Greiner, auslandsdeutscher(alemão criado no exterior), jovem marinheiro, empreendedor e confiável, que se soma como quarto integrante ao nosso grupo expedicionário, onde terá a função de mestre-bagageiro, capataz e encarregado das provisões. Contratado, ele embarca no primeiro navio de cabotagem rumo ao norte, no Pará". (Rätsel der Urwaldhölle, Berlim, 1953.)
Kampfhenkel (2º à esq.), gal. Daltro Filho e o governador Malcher
Antes de receber a permissão para subir o Jari, Schulz-Kampfhenkel gastou mais de dois meses com extenuantes despachos aduaneiros e expedientes burocráticos no Rio de Janeiro. Credenciado pelos mais prestigiados institutos de pesquisa e museus de história natural da Alemanha, Schulz-Kampfhenkel conseguiu facilmente a adesão do Instituto Emilio Goeldi, em Belém, e do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Contudo, o apoio mais importante seria o das Forças Armadas brasileiras, que em 1935 ainda não estavam divididas em facções pró-Alemanha e pró-EUA. Por isso, em Belém, o governador José Carneiro da Gama Malcher e o general Manuel de Cerqueira Daltro Filho prestigiaram o comando alemão com sua visita.

Alemães no Jarí
Os alemães retribuíram a gentileza com um teste do hidroavião modelo "Seekadett", burlescamente batizado de "Águia Marinha", especialmente equipado com flutuadores de compensado e instrumentos de navegação, tudo inédito para os embasbacados dignatários brasileiros. Talvez o entusiasmo brasileiro se devesse à expectativa de lucrar com o componente mais importante da missão: o levantamento topográfico da bacia do Jari até suas cabeceiras, mapeamento até então inédito, mas previsto nos mínimos detalhes pelo geógrafo Schulz-Kampfhenkel.

Expedições nazistas
A expedição ao Jari coincidiu com um capítulo insólito da história do nazismo. Chefe de um "Estado dentro do Estado" - o famigerado Departamento Central de Segurança do Reich, subordinado à SS -, o sombrio e esotérico Heinrich Himmler tinha uma obsessão: acreditava na fantástica "civilização de Atlântida", cujos descendentes, "de raça pura", presumiu no Tibet e na América do Sul. Na origem de seu esoterismo estavam "ariósofos" sinistros, antissemitas e também seu fascínio pelas pesquisas do mitologista Otto Rahn, sobre as fabulações do Santo Graal. Reciclando o Santo Graal como mistério pagão para a SS, Himmler inaugurara uma série de expedições para os recônditos do planeta, onde seus homens deveriam encontrar vestígios genéticos da "raça ariana".

Barco destruído durante arriscada viagem até a Guiana Francesa
Em 1934 Himmler indica o jovem geógrafo Otto Schulz-Kampfhenkel, recém-filiado ao partido nazista NSDAP, como participante da primeira expedição alemã ao Tibet. Otto não embarcou e safou-se de uma tragédia, pois a maioria dos integrantes morreu na Nanga Parbat, depois do Everest, a nona montanha mais alta do mundo. A terceira expedição alemã, ocorrida em 1939, celebrizou-se com o livro Sete anos no Tibet, de Heinrich Harrer, oficial da SS (protagonizado por Brad Pitt, no filme de Jean Jacques Annaud). Outra expedição de Himmler teria como destino a Amazônia, mas ocorreu apenas na imaginação fértil das confrarias esotéricas. Himmler e Schulz-Kampfhenkel voltariam a se encontrar, mas quem patrocinou a expedição ao Jari, como mentor do geógrafo, foi Hermann Göring, aviador durante a Primeira Guerra Mundial na esquadrilha de Manfred von Richthofen, o Barão Vermelho, logo promovido a ministro da Aeronáutica de Hitler. Muito bem articulado com o complexo industrial-militar e os grandes bancos alemães, Göring já apadrinhara expedições anteriores de Schulz-Kampfhenkel, aviador como ele, e mais uma vez abriu-lhe as portas para a expedição ao Rio Jari.

Berlinense de origem abastada, Schulz-Kampfhenkel estudara geografia e ciências naturais, especializando-se na caça de animais africanos para jardins zoológicos alemães. Mas do que gostava mesmo era de voar. Com sua paixão pela zoologia, em 1934 participou ativamente da "arianização" ocorrida na DGS (Sociedade Alemã de Pesquisas em Mamíferos) - centro de excelência mundial. Como a maioria dos militares alemães, o geógrafo se insurgiu contra o Tratado de Versalhes, imposto aos alemães por sua derrota na Primeira Guerra Mundial, e que, entre outras retaliações, lhes proibia pesquisas científicas no exterior. Schulz-Kampfhenkel não via a hora de violar o tratado com sua expedição ao Jari.

Contra a correnteza
Jari, final de 1935. Apesar da contratação de uns 30 caboclos-mateiros, familiarizados com a selva, foi uma operação tumultuada. Que o Jari era um imenso tapete pedregoso, repleto de cachoeiras, sem superfície de pouso para o hidroavião, era detalhe que os alemães já intuíam, apostando em condições mais apropriadas rio acima.

Enquanto Gerd Kahle, no comando da expedição, desafiava a lei da gravidade, forcejando contra a correnteza, na retaguarda Schulz-Kampfhenkel e Gerhard Krause chocaram os flutuadores do "Águia Marítima" contra toras de árvores submersas, entre Gurupá e Arumanduba, e o hidroavião espatifou-se sobre o Amazonas. Agarrados a um dos flutuadores, a mais de um quilômetro da margem amapaense do Amazonas, os dois alemães estavam sendo arrastados pela maré. Foram salvos por remadores caboclos, que Schulz-Kampfhenkel louva como "heróis da selva". Estava gravemente comprometido o principal objetivo da expedição: o mapeamento aéreo da bacia do Jari.

Barcos sobrecarregados e rio raso demais, o geógrafo determina a instalação de subacampamentos, dividindo sua equipe. O inverno amazônico se aproximava, chovia copiosamente. Explorando um rio, Schulz-Kampfhenkel foi surpreendido por uma súbita enchente, perdendo seu barco com todo o equipamento - câmeras, material de cartografia, armas, provisões e roupa. Durante uma semana errou sozinho pela selva. Foi resgatado e safou-se da morte pela segunda vez.

Em janeiro de 1936 alcançaram a grande aldeia dos índios Aparaí, no médio Jari. O capataz e mestre-bagageiro Joseph Greiner desce novamente o rio, para apanhar as provisões guardadas em Santo Antônio. Mas os índios que o acompanhavam retornaram sozinhos. Krause, o mecânico do avião e operador de som, saiu em seu encalço, mas não conseguiu salvá-lo. Então Krause o sepulta, ergue aquela cruz de madeira e faz os entalhes legíveis até hoje. Depois envia uma mensagem ao comando da expedição, na aldeia Aparaí, informando que, surpreendentemente, o estoque de quinina de Greiner estava intocado. Ele não havia tomado um comprido sequer, obviamente confiando exageradamente na "imunidade" do seu organismo.

No "inferno verde"
Tudo indicava que o lendário Curt Nimuendaju Unkel, alemão que vivia em Belém e era ligado ao Instituto Emilio Goeldi, havia sido convidado para guiar a expedição, e neste caso poderia ter evitado grande parte do descalabro. Mas Schulz-Kampfhenkel menciona com frieza seu encontro com o indigenista conterrâneo, provavelmente porque Nimuendaju desprezava o nazismo. Desde 1910 ele atuava no recém-fundado Serviço de Proteção ao Índio (SPI), mas entraria para a história do cinema como consultor de pelo menos quatro produções cinematográficas na Amazônia.

Aliás, o "inferno verde" parecia dar o troco, cobrar tributos por velhos pecados alemães, jamais expiados. Como o caso dos índios levados em 1820 para a Alemanha pelo naturalista Carl Friedrich Phillip von Martius: três adultos faleceram durante a travessia do Atlântico, e os dois curumins Isabella Miranha e Yuri Comás estão sepultados no Cemitério Sul de Munique. Morreram de frio durante o inverno de 1820 /21. Outra aberração: os crânios dos índios Botocudos, caçados por exploradores alemães, entre eles o príncipe Maximilian zu Wied, para compor o macabro acervo dos darwinistas de plantão - prática absolutamente dentro da etiqueta, pois ninguém menos que D. Pedro II, durante uma visita à Alemanha, tirou da bagagem, de presente, um crânio de silvícola.

Mas eram exatamente esses melindres que atiçavam o frenesi alemão, atraindo mais de 20 produções cinematográficas alemãs à Amazônia, entre 1920 e 1941. Sua maioria explorava a forte demanda por enredos exóticos. Com uma exceção: o longa-metragem de ficção Kautschuk / O inferno verde, inspirado no emblemático episódio do contrabando de 70 mil sementes de seringueira pelo agente britânico Henry Wickham, em 1870. Com um set de mais de 60 pessoas em plena selva amazônica, a produção ocorreu na mesma época em que Schulz-Kampfhenkel se penitenciava no Jari.

Os Aparaí do "Führer"
Era 1936, ano das Olimpíadas em Berlim, Schulz-Kampfhenkel não estava interessado em cultura, apenas em "raça". Insensíveis à religiosidade Aparaí, os alemães abateram e descarnaram uma enorme sucuri, que nadava à flor d'água e não os ameaçava, juntando seu couro ao butim de centenas de peles, crânios, ossos, dentes, plumagens e órgãos conservados em álcool, prometidos aos museus de ciências naturais da Alemanha. Mas não havia ali ciência alguma, o galpão "científico" dos alemães mais se assemelhava a um gigantesco açougue. Apesar disso, o relacionamento com os hospitaleiros Aparaí foi mais do que pacífico: índios e alemães tornaram-se muito bons amigos. Os indígenas naturalmente não entendiam os objetivos do alemão. A sexualidade brotou entre hóspedes e anfitriões. Mas, obviamente, não há nos livros de Schulz-Kampfhenkel qualquer pista de seu envolvimento com a formosa Macarrani, filha do cacique Aocapotu. Assumi-la teria significado admitir a inadmissível fraqueza da carne germânica, "superior", e uma traição da doutrina racial, cujo rosário o alemão desfiava com fervor. Ao despedir-se dos Aparaí em 1937, o alemão deixou para trás uma mulher grávida. Sua filha, nascida entre 1937 e 1938, foi batizada de Cessé, também conhecida por "alemoa": tinha a tez clara e os olhos azuis de seu pai "ariano". Contou-me Cristóvão Lins, ilustre pesquisador e autor da História do Jari, que pouco tempo atrás morreu José Pinheiro, líder dos caboclos de Schulz-Kampfhenkel. Com isso foi-se a última testemunha viva do nascimento de Cessé.
Alemão coletando dados sobre os Aparaí
Operação Guiana
Início de 1937, perto da Guiana Francesa. Os alemães não tinham cruzado o Atlântico com toda aquela parafernália para testar bobagens. O que Schulz-Kampfhenkel queria experimentar era a aerofotogrametria, técnica que revolucionou a cartografia moderna. Já com o avião fora de combate, teve de se contentar com suas medições feitas em terra. Apesar de extenuados "seus" índios e caboclos, o alemão insistiu teimosamente em mapear as cabeceiras do Jari, a pouca distância da Guiana Francesa. O mapa da fronteira era a chave de ouro para fechar seu plano da colonização do território francês por grandes contingentes alemães, apoiados numa forte "coluna indígena". Com a invasão da França pela Alemanha, em junho de 1940, o geógrafo não teve dúvidas: submeteu-o a Heinrich Himmler. Recomendou a selva (do Amapá e da Guiana Francesa) como território privilegiado pela natureza, com baixíssima densidade demográfica, excelente para a exploração como "colônia tropical", que "não deveria ficar nas mãos de povos, que, comparados à Alemanha ou à Inglaterra, são inferiores, do ponto de vista racial e civilizatório". Porém, o chefe da SS repeliu a idéia com uma aritmética muito simples: para quê todo o esforço hercúleo, de subir o Jari, se a França estava sendo ocupada e a Guiana Francesa seria "alemã" por tabelinha?

O espião do Saara
No início dos anos 1940 a "operação Guiana" era página virada da história. O "Esquadrão Schulz-Kampfhenkel" - integrado por geólogos, geógrafos, hidrólogos e botânicos, e devidamente incorporado à SS - leva a cabo uma missão especial no norte da África. O grupo deverá produzir mapas para a avaliação de terreno, o que faz com incursões rápidas e mediante a cartografia aérea. É quando o expedicionário do Jari vive seus dias de glória: da cabine de seu avião, Schulz-Kampfhenkel mapeia o relevo do Saara, para determinar as trilhas apropriadas aos pesados blindados do Afrika-Korps do marechal Erwin Rommel.

Chamado de volta à Alemanha e promovido a capitão da SS em maio de 1943, Otto é nomeado "Delegado Especial para Missões Geocientíficas do Conselho de Pesquisas do Reich", executando operações de inteligência geográfica sobre o território da União Soviética. Mas, perdida a guerra, ele foi preso pelas tropas norte-americanas e duramente interrogado pela OSS, precursora da CIA. Com o "desmanche" da Alemanha, os EUA levaram consigo milhares de técnicos e cientistas. E apesar de liberado em 1946, o geógrafo-aviador continuou figurando como "nazista a serviço da inteligência militar norte-americana", na letra "S" do arquivo "Top Secret decimal file, Records of Army General Staff, RG 319, NA", tornado público há poucos anos.

Otto Schulz-Kampfhenkel, o "nazista da Amazônia", terminou seus dias levando a vida que tinha pedido a Deus. Viajando, dirigiu dezenas de documentários educativos e científicos. Conta-me Falko Ahsendorf - diretor de fotografia em várias produções de Otto sobre a África e o Oriente Médio, nas décadas de 1960 e 1970 - que Mistérios do inferno selvagem, o filme sobre a expedição do Jari, estreado em 1938, tornou "próspero" o geógrafo-aviador, morto em 1989, aos 78 anos de idade. Mas de seu pai rico, a índia Cessé Schulz-Kampfhenkel nada sabia. E é onde começa outro filme sobre a aventura, agora contada de trás para frente.

*Frederico Füllgraf é Mestre (MA) em Comunicação Social pela FUB - Universidade Livre de Berlim e ex-aluno da DFFB - Academia Alemã de Cinema e Televisão, também em Berlim. É escritor (A bomba 'pacífica'- o Brasil e outros cenários da corrida nuclear, Brasiliense, 1988), roteirista e diretor de cinema, e desde 1985 atua como produtor associado da ARD (TV Alemã, Canal 1). Selecionado pelo MinC para a edição 2006 do projeto DOC TV, sua produção mais recente é Maack, profeta pé na estrada, estreado pela TV Cultura, em 2007. Seu mais novo projeto é o livro O cinema do inferno verde, atualmente em processo de criação para a editora Record