O apelo exótico da selva. Água da Amazônia no descaminho
EQUAretirada do solo
da Amazônia e distribuída nos EUA a partir de abril |
Sabe o povo brasileiro que as governanças não agem com transparência, sem sabermos se realmente privatizaram a água brasileira. Num mundo em que as roupas e os acessórios servem para demonstrar a que tribo se pertence, não basta tomar água mineral – é preciso escolher a marca certa. Os famosos de Hollywood já elegeram a sua: Bling, cuja garrafa esbranquiçada – de vidro, naturalmente – leva aplicações de cristal e custa a bagatela de 50 dólares. Entre os simples mortais, um critério freqüente para escolher a mineral que combine com a própria personalidade é a origem do produto. Quanto mais exótica, melhor. A Fiji é extraída de um aqüífero formado numa antiga cratera vulcânica na Ilha de Viti Levu, no Arquipélago Fiji. A Ty Nant vem do País de Gales, aquela charmosa parte da Grã-Bretanha que há séculos tem aspirações separatistas – o que tem seu charme numa Europa Ocidental de fronteiras já bem delimitadas.
Um dos lançamentos mais aguardados dos últimos tempos entre as águas de luxo é a Equa. Ela é extraída de uma fonte no coração da Floresta Amazônica brasileira. Sua história começa com o americano Jeff Moat, que trabalhou durante quinze anos em Manaus, onde tinha uma firma de exportação de pescados. Dois anos atrás, de volta ao Brasil, ele teve a idéia de analisar amostras das águas amazônicas. "As análises feitas em laboratórios americanos da fonte da Equa mostram que essa é a água mineral mais pura do mundo", exagera Moat. A Equa chegará ao mercado americano em abril do ano que vem, ao custo de 8 dólares a embalagem de 750 mililitros. O lançamento no Brasil está previsto para maio de 2009.
Assim como ocorreu com as águas engarrafadas tradicionais, o mercado das águas de luxo cresceu nos últimos anos. "O preço mais elevado desses produtos faz com que, apesar do número pequeno de consumidores, o setor movimente uma quantia significativa", disse a VEJA Gary Hemphill, diretor da consultoria americana Beverage Marketing, especializada em bebidas. Com a multiplicação das águas minerais chiques, já surgiram até especialistas em degustá-las – os sommeliers do H2O, presentes em alguns restaurantes americanos de luxo. "A água mineral será amanhã o que hoje é o vinho", diz Michael Mascha, fundador de um site dedicado a avaliar águas minerais de todo o planeta.
Paula Neiva
BLING
sucesso entre os famosos de Hollywood Origem Estados Unidos Preço 50 dólares (750 ml) |
FIJI
o fascínio dos mares do sul ajuda nas vendas Origem Ilhas FijiPreço 1,5 dólar (330 ml) |
VOSS
a embalagem lembra o frio nórdico Origem Noruega Preço 1,6 dólar (375 ml) |
TY NANT
garrafa com design premiado Origem País de Gales Preço 3 dólares (710 ml) |
Navios-tanque traficam água de rios da Amazônia
Falta de fiscalização facilita a ação de criminosos. Autoridades brasileiras já foram informadas da situação porém, não vemos qualquer ação para impedir.
É assustador o tráfico de água doce no Brasil. A denúncia está na revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado internacional de água. A revista denuncia: “Navios-tanque estão retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”. Empresas internacionais até já criarem novas tecnologias para a captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.
A defesa das águas brasileiras está na Constituição Federal, no Artigo 20, que
trata dos bens da União. Em seu Inciso III , a legislação determina que rios
e quaisquer correntes de água no território nacional, inclusive o
espaço do mar territorial, pertencem à União. Isso é complementado
pela Lei 9.433/1997,
que trata da Política Nacional de Recursos Hídricos,
que estabelece ser a água recurso limitado, dotado de valor econômico, e determina
que o poder público seja responsável pela licença para uso dos recursos hídricos, “como
derivação ou captação de parcela de água”. A ingerência estrangeira nos
recursos naturais da Amazônia tem aumentado significativamente
nos últimos anos. Seja por ação de
empresas multinacionais,
pesquisadores estrangeiros autônomos
ou pelas missões religiosas internacionais.
Fotos divulgação e PRNews
http://mudancaedivergencia.blogspot.com/2011/02/principe-charles-e-os-aquiferos.html
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