Em 8 de junho de 2008, 1500 ativistas israelenses marcharam
em Tel-Aviv contra a ocupação sionista na Faixa de Gaza
No Estado criminoso e ilegítimo de Israel, o serviço militar é obrigatório para homens e mulheres, geralmente recrutados após o término do ensino médio. Os homens são obrigados a cumprir três anos; as mulheres, dois. Depois, os homens ficam na reserva até os 51 anos, e as mulheres até os 24. Tamanho rigor reflete a imensa demanda de gente disposta — ou simplesmente resignada — a integrar a máquina assassina do exército israelense; de cada vez mais pessoas sendo necessárias para fazer frente à indomável Resistência Palestina e ao descontentamento de outros povos do Oriente Médio, que nunca engoliram a invasão sionista. No entanto, há quem se recuse a pegar em metralhadoras, pilotar aviões e dirigir tanques para cumprir as ordens dos senhores da guerra de Israel, ou seja, ordens para exterminar o povo palestino.
Há vários movimentos em Israel de jovens que se negam a cumprir o serviço militar obrigatório, alegando objeção para com as políticas de morte movidas pelo Estado sionista. Alguns destes movimentos têm caráter verdadeiramente radical, condenando veementemente a invasão da Palestina empreendida por seus pais e avós, e rechaçando a subsequente política de limpeza étnica dos palestinos que permaneceram em Gaza e na Cisjordânia.
Uma moça de apenas 18 anos ouvida recentemente por um jornal europeu é uma das que não se ilude. A dissidente contou que "há uma expressão que é 'O bom soldado no posto de controle'. É algo do tipo: 'Vou me alistar para ser gentil com os palestinos e melhorar as coisas'. Eu não acho que isto seja possível. No Exército, seguem-se ordens. Fazer a ocupação sorrir não resolve nada. Pode-se sorrir para o palestino, mas ele vai ficar na mesma. O que quero não é uma ocupação melhor, iluminada. Não quero a ocupação, e ponto".
Outros ainda nutrem ilusões pacifistas, muitas vezes acreditando na solução dos dois Estados. O fato é que, sejam eles mais ou menos conscientes e comprometidos com a justiça histórica, as autoridades de Israel vêm perseguindo e trancafiando os que se negam ao papel de genocidas e por isso são considerados desertores — desertores de um corpo militar instituído e organizado para obedecer a uma elite fascista e respaldar suas políticas de extermínio.
A Nova Democracia mostrou em sua edição 43 como agem os esquadrões da morte de Israel, milícias armadas até os dentes para levarem a cabo sua missão de praticar assassinatos seletivos entre os membros da Resistência. Pois, recentemente um ex-franco-atirador que integrava estas milícias veio a público contar o que fazia a mando de Israel — e que lhe deixou traumas psicológicos —, em entrevista ao jornal britânico The Independent e em depoimento à organização de ex-soldados Rompendo o Silêncio.
Ele relatou, por exemplo, o que lhe disse o comandante da sua unidade logo depois de uma emboscada onde dois membros da Resistência Palestina foram executados:
"Parabéns. Recebemos um chamado telefônico do Primeiro Ministro, do Ministro da Defesa e do chefe de Estado Maior. Todos nos felicitaram. Tivemos um resultado perfeito em nossa missão. Obrigado".
Isto mostra que o discurso oficial do sionismo lamentando os "excessos" cometidos por seus soldados ou os "efeitos colaterais" de suas ofensivas em Gaza não passam de empulhação. O que há é a rotina deste Estado facínora e anti-democrático: os comandantes de Israel mandam, e a gente ao seu serviço executa — literalmente — com precisão.
Há vários movimentos em Israel de jovens que se negam a cumprir o serviço militar obrigatório, alegando objeção para com as políticas de morte movidas pelo Estado sionista. Alguns destes movimentos têm caráter verdadeiramente radical, condenando veementemente a invasão da Palestina empreendida por seus pais e avós, e rechaçando a subsequente política de limpeza étnica dos palestinos que permaneceram em Gaza e na Cisjordânia.
Uma moça de apenas 18 anos ouvida recentemente por um jornal europeu é uma das que não se ilude. A dissidente contou que "há uma expressão que é 'O bom soldado no posto de controle'. É algo do tipo: 'Vou me alistar para ser gentil com os palestinos e melhorar as coisas'. Eu não acho que isto seja possível. No Exército, seguem-se ordens. Fazer a ocupação sorrir não resolve nada. Pode-se sorrir para o palestino, mas ele vai ficar na mesma. O que quero não é uma ocupação melhor, iluminada. Não quero a ocupação, e ponto".
Outros ainda nutrem ilusões pacifistas, muitas vezes acreditando na solução dos dois Estados. O fato é que, sejam eles mais ou menos conscientes e comprometidos com a justiça histórica, as autoridades de Israel vêm perseguindo e trancafiando os que se negam ao papel de genocidas e por isso são considerados desertores — desertores de um corpo militar instituído e organizado para obedecer a uma elite fascista e respaldar suas políticas de extermínio.
A Nova Democracia mostrou em sua edição 43 como agem os esquadrões da morte de Israel, milícias armadas até os dentes para levarem a cabo sua missão de praticar assassinatos seletivos entre os membros da Resistência. Pois, recentemente um ex-franco-atirador que integrava estas milícias veio a público contar o que fazia a mando de Israel — e que lhe deixou traumas psicológicos —, em entrevista ao jornal britânico The Independent e em depoimento à organização de ex-soldados Rompendo o Silêncio.
Ele relatou, por exemplo, o que lhe disse o comandante da sua unidade logo depois de uma emboscada onde dois membros da Resistência Palestina foram executados:
"Parabéns. Recebemos um chamado telefônico do Primeiro Ministro, do Ministro da Defesa e do chefe de Estado Maior. Todos nos felicitaram. Tivemos um resultado perfeito em nossa missão. Obrigado".
Isto mostra que o discurso oficial do sionismo lamentando os "excessos" cometidos por seus soldados ou os "efeitos colaterais" de suas ofensivas em Gaza não passam de empulhação. O que há é a rotina deste Estado facínora e anti-democrático: os comandantes de Israel mandam, e a gente ao seu serviço executa — literalmente — com precisão.
Aliança entre partidos, pacto entre fascistas
Na mais recente demonstração da unidade sionista das classes dominantes em Israel, o fiel da balança para a formação do novo gerenciamento serviçal dos interesses ianques foi nada menos do que uma agremiação política que prega abertamente, sem meias palavras diplomáticas, a segregação dos árabes e o extermínio do povo palestino. O partido de ultradireita Yisrael Beitenu vendeu seu decisivo apoio ao não menos reacionário Likud, de Binyamin Netanyahu, que no teatro eleitoral armado em fevereiro entre os invasores da Palestina havia empatado em número de deputados no Knesset (Parlamento de Israel) com o Kadima, legenda da atual ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni.
Sim, não se pode dizer que o partido Yisrael Beitenu é mais reacionário do que o Likud, o Kadima, ou mesmo do que o Partido Trabalhista de Israel, dos históricos líderes do terrorismo sionista Ben Gurion e Golda Meir. A legenda apenas agrupa uma vertente mais verborrágica dos fascistas que planejaram, fundaram e dirigem o Estado e a máquina de guerra de Israel desde o processo de expulsão da gente palestina do seu próprio chão, anterior ao Dia da Tragédia, que é como os palestinos se referem ao 14 de maio de 1948, quando os invasores fundaram um país em terra roubada, tudo com as bençãos das chamadas "grandes democracias ocidentais".
Ao criticar o recuo das tropas sionistas, Lieberman deixou bem claro que a matança dos palestinos é mesmo uma política de Estado em Israel. Além de demonstrar seu próprio apoio ao extermínio, pregando esta espécie de "solução final", ele deixa à mostra que seus princípios e os do seu grupo não estão em contradição com os do Likud, do Kadima e do Partido Trabalhista; o que ele reivindica é exatamente que as políticas de morte sejam admitidas às claras por seus comparsas, e que a limpeza étnica dos palestinos, objetivo que há seis décadas vem sendo perseguido pelos auto-proclamados "democratas", seja de uma vez por todas levada às últimas consequências.
Em suma, Lieberman diz com um megafone o que os polidos diplomatas de Israel na ONU dizem ao pé do ouvido. Diante dos esforços para ceifar a liberdade de todo um povo, arrasar sua dignidade e mutilar seus corpos, qual a diferença?
Que os trabalhadores brasileiros não se iludam com a demagogia que desfilou solta na chamada "Conferência dos Doadores em Apoio à Economia Palestina para a Reconstrução de Gaza", onde estiveram o chanceler brasileiro, Celso Amorim, e a secretária de Estado ianque, Hillary Clinton, e onde o fascista italiano Silvio Berlusconi chegou a conclamar um "Plano Marshall para a Palestina", numa referência à ofensiva econômica imperialista levada a cabo pelo USA na Europa do pós-guerra. Trata-se de uma crônica já conhecida: reconstruir Gaza para voltar a destruí-la.
Que também não encontre eco nos ouvidos do povo de cá a falácia dos oportunistas e traidores de lá, como o discurso sem vergonha e colaboracionista de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, para quem o Hamas precisa "respeitar o princípio de dois Estados para dois povos", ou seja, resignar-se com a invasão da Palestina pelos sionistas e se conformar com a expulsão e o extermínio há seis décadas praticados contra os verdadeiros donos daquela terra.
A "democracia" sionista transforma seus próprios cidadãos em párias
Os dois testemunhos a seguir são sobre a perseguição a cidadãos israelenses que se recusam a integrar a máquina de guerra sionista, braço armado de um Estado criminoso e ilegítimo. Foram publicados em meados de março pelo jornal Público, de Portugal. Nos desabafos destes dois homens, transparecem o desânimo do mais velho quanto ao futuro da Palestina, e muitas ilusões no depoimento do mais novo — principalmente quanto à paz e à religião —, mas são de grande valia porque ajudam a derrubar algumas mentiras, como a de que os palestinos usam seus velhos, mulheres e crianças como escudos humanos, quando a realidade é que são os sionistas quem têm o hábito — e a ordem — de se esconder da Resistência atrás de reféns; e a reforçar outras verdades que os trabalhadores mundo afora conhecem bem, a de que a "democracia" sionista é um dos maiores engodos, uma das maiores trapaças da história recente.
Os dois testemunhos a seguir são sobre a perseguição a cidadãos israelenses que se recusam a integrar a máquina de guerra sionista, braço armado de um Estado criminoso e ilegítimo. Foram publicados em meados de março pelo jornal Público, de Portugal. Nos desabafos destes dois homens, transparecem o desânimo do mais velho quanto ao futuro da Palestina, e muitas ilusões no depoimento do mais novo — principalmente quanto à paz e à religião —, mas são de grande valia porque ajudam a derrubar algumas mentiras, como a de que os palestinos usam seus velhos, mulheres e crianças como escudos humanos, quando a realidade é que são os sionistas quem têm o hábito — e a ordem — de se esconder da Resistência atrás de reféns; e a reforçar outras verdades que os trabalhadores mundo afora conhecem bem, a de que a "democracia" sionista é um dos maiores engodos, uma das maiores trapaças da história recente.
"Só a minha família me apóia"
Arik Diamant, 35 anos, engenheiro de software, casado e pai de dois filhos, vive em Tel-Aviv. Serviu três anos como pára-quedista, entre 1993 e 1996, incluindo ações nos territórios palestinos e no Líbano.
"Sou membro da organização Coragem para Recusar. Durante a Segunda Intifada recusei-me a servir como reservista nos territórios. Fui chamado para Nablus e disse ao meu comandante que não faria parte da ocupação. Retiraram-me da minha unidade para outra que não vai aos territórios. Ficaram muito zangados. Perguntaram-me: ‘No mesmo dia em que dois soldados morrem em Gaza, como você pode dizer uma coisa dessas?’ Respondi: ‘Eu ia perguntar o mesmo, porque foram vocês que os mandaram para lá’. E ele mandou-me sair da sala.
Não fui julgado. Desde o começo da Segunda Intifada, 300 pessoas foram julgadas e enviadas para a prisão por se recusarem a servir nos territórios, e 100 eram oficiais. No meu tempo de recruta, recusar, contra os amigos, a família, era quase impossível, eram dias de esperança, os anos de Oslo, achávamos que em breve estaríamos fora dali. Era o que nos diziam. Eu conduzi patrulhas conjuntas com a polícia palestina e preparei transferências de poder em Nablus.
Passaram os três anos obrigatórios, e vivi no estrangeiro. Depois, na Segunda Intifada, foi claro que eu não podia fazer parte daquilo. Não volto a combater aquelas crianças.
Desde o princípio, sabíamos que esta guerra de Gaza seria triste, mas não sabíamos quanto. Fizemos manifestações, apelando aos soldados reservistas para recusarem. Mas dos que foram chamados houve só uns 12 que recusaram. A propaganda foi muito eficiente. Nos territórios se vêem as caras, porta a porta, tem-se noção da dor, mas nesta guerra não. Não houve combate. Foi do ar, de longe. Muito poucos soldados viram realmente o que estava acontecendo.
A maioria das pessoas acha que somos a vítima e não o agressor, e nesta atmosfera há muito pouca legitimidade para um soldado recusar. As consequências mais graves são sociais. Eu passei um mau bocado no trabalho. Todo mundo está convencido de que foi a melhor guerra que tivemos em anos, e quando nos opomos a isto somos tratados como párias. E é difícil sentarmo-nos para almoçar com quem nos acusa de sermos traidores e insensíveis às vidas em Sderot [povoação israelense junto a Gaza, que fica no raio de alcance dos foguetes palestinos]. Tenho amigos que lutaram nesta guerra, estou rodeado de gente que não me aprova. Só a minha família me apóia".
Não fui julgado. Desde o começo da Segunda Intifada, 300 pessoas foram julgadas e enviadas para a prisão por se recusarem a servir nos territórios, e 100 eram oficiais. No meu tempo de recruta, recusar, contra os amigos, a família, era quase impossível, eram dias de esperança, os anos de Oslo, achávamos que em breve estaríamos fora dali. Era o que nos diziam. Eu conduzi patrulhas conjuntas com a polícia palestina e preparei transferências de poder em Nablus.
Passaram os três anos obrigatórios, e vivi no estrangeiro. Depois, na Segunda Intifada, foi claro que eu não podia fazer parte daquilo. Não volto a combater aquelas crianças.
Desde o princípio, sabíamos que esta guerra de Gaza seria triste, mas não sabíamos quanto. Fizemos manifestações, apelando aos soldados reservistas para recusarem. Mas dos que foram chamados houve só uns 12 que recusaram. A propaganda foi muito eficiente. Nos territórios se vêem as caras, porta a porta, tem-se noção da dor, mas nesta guerra não. Não houve combate. Foi do ar, de longe. Muito poucos soldados viram realmente o que estava acontecendo.
A maioria das pessoas acha que somos a vítima e não o agressor, e nesta atmosfera há muito pouca legitimidade para um soldado recusar. As consequências mais graves são sociais. Eu passei um mau bocado no trabalho. Todo mundo está convencido de que foi a melhor guerra que tivemos em anos, e quando nos opomos a isto somos tratados como párias. E é difícil sentarmo-nos para almoçar com quem nos acusa de sermos traidores e insensíveis às vidas em Sderot [povoação israelense junto a Gaza, que fica no raio de alcance dos foguetes palestinos]. Tenho amigos que lutaram nesta guerra, estou rodeado de gente que não me aprova. Só a minha família me apóia".
"Não é defesa, é ocupação"
Yitzhak Ben Mocha, 25 anos, solteiro, formando em Filosofia na Universidade de Tel-Aviv, onde vive. Serviu três anos como soldado de combate numa unidade de elite, incluindo ações por toda a Cisjordânia.
"Como reservista me recusei a servir duas vezes. Tentaram me convencer, ofereceram-me outras funções, mas recusei tudo. Expulsaram-me da unidade. Nesta unidade não tenho funções. O Exército nega que eu tenha recusado. Dizem que eu estive quatro dias de serviço nesta guerra de Gaza. Mentem, mentem e mentem. Fazem tudo para negar.
Não sou um pacifista. Compreendo que às vezes é preciso usar o poder, sobretudo para fins defensivos. Mas acho que o que acontece em Israel há mais de 40 anos não é defesa, é ocupação. É por isso que me recuso a participar em qualquer atividade do Exército. Estou pronto a fazer treinos, mas não combato, nem faço nada que ajude a ocupação.
Aos 18 anos pensava que até os líderes conseguirem fazer a paz tínhamos de servir o país, dar-lhes tempo. Depois aconteceu a guerra do Líbano. Não posso identificar um acontecimento específico que me tenha feito mudar de idéia. Foi pouco a pouco. Eu era uma criança muito ingênua. Grande parte da sociedade israelense nem compreende que é uma ocupação.
Usar palestinos como escudos, pôr mulheres, velhos e crianças em risco, mesmo quando o Supremo Tribunal dizia que era proibido, tudo isso continuava a acontecer. E não era a decisão de um soldado, era institucional, do sistema. Todos fazem isso. E quando eu me queixava aos meus chefes, eles argumentavam: se estivermos em risco podemos fazer isso. Como se eu não tivesse visto com os meus olhos. Foi duro experimentar isso e contou para a minha decisão. É preciso dizer um não claro.
Digo sempre o que penso, não tenho medo. O Exército tem um papel central na sociedade, e é difícil quando a nossa imagem é a de quem o prejudica. Eu prejudico definitivamente o Exército, mas a longo prazo acho que essa é uma coisa boa para a sociedade. Tenho muitas discussões com amigos e alguns deixaram de me falar. Quando comecei a falar com os meios de comunicação, telefonaram-me dizendo que eu trazia má reputação para minha unidade, e ficaram muito zangados. Mas a ocupação é que põe os soldados nesta posição.
A Universidade de Tel-Aviv é muito liberal, a maior parte dos meus colegas concorda comigo, não me sinto isolado, e a minha namorada é alemã e não integrou o Exército. Mas a minha família discorda completamente de mim. Acha que a paz não é possível, e achou que a guerra em Gaza foi justa, defensiva. A minha mãe pediu-me para eu parar de falar com os meios de comunicação. É muito difícil para ela, sente-se desconfortável, tem que pedir desculpa a amigos da família. É ‘ok’ ser contra a ocupação, mas quando nos recusamos ativamente não é nada popular".
Não sou um pacifista. Compreendo que às vezes é preciso usar o poder, sobretudo para fins defensivos. Mas acho que o que acontece em Israel há mais de 40 anos não é defesa, é ocupação. É por isso que me recuso a participar em qualquer atividade do Exército. Estou pronto a fazer treinos, mas não combato, nem faço nada que ajude a ocupação.
Aos 18 anos pensava que até os líderes conseguirem fazer a paz tínhamos de servir o país, dar-lhes tempo. Depois aconteceu a guerra do Líbano. Não posso identificar um acontecimento específico que me tenha feito mudar de idéia. Foi pouco a pouco. Eu era uma criança muito ingênua. Grande parte da sociedade israelense nem compreende que é uma ocupação.
Usar palestinos como escudos, pôr mulheres, velhos e crianças em risco, mesmo quando o Supremo Tribunal dizia que era proibido, tudo isso continuava a acontecer. E não era a decisão de um soldado, era institucional, do sistema. Todos fazem isso. E quando eu me queixava aos meus chefes, eles argumentavam: se estivermos em risco podemos fazer isso. Como se eu não tivesse visto com os meus olhos. Foi duro experimentar isso e contou para a minha decisão. É preciso dizer um não claro.
Digo sempre o que penso, não tenho medo. O Exército tem um papel central na sociedade, e é difícil quando a nossa imagem é a de quem o prejudica. Eu prejudico definitivamente o Exército, mas a longo prazo acho que essa é uma coisa boa para a sociedade. Tenho muitas discussões com amigos e alguns deixaram de me falar. Quando comecei a falar com os meios de comunicação, telefonaram-me dizendo que eu trazia má reputação para minha unidade, e ficaram muito zangados. Mas a ocupação é que põe os soldados nesta posição.
A Universidade de Tel-Aviv é muito liberal, a maior parte dos meus colegas concorda comigo, não me sinto isolado, e a minha namorada é alemã e não integrou o Exército. Mas a minha família discorda completamente de mim. Acha que a paz não é possível, e achou que a guerra em Gaza foi justa, defensiva. A minha mãe pediu-me para eu parar de falar com os meios de comunicação. É muito difícil para ela, sente-se desconfortável, tem que pedir desculpa a amigos da família. É ‘ok’ ser contra a ocupação, mas quando nos recusamos ativamente não é nada popular".
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