sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Dívida Pública brasileira... Que Dívida é esta?

Enquanto o governo alardeia a comemoração sobre a redução da Taxa Selic para 7,5% ao ano??, o custo médio efetivo da dívida pública federal está em nada menos que 11,3% ao ano (Tabela do Tesouro Nacional – Quadro 4.1), pois justamente quando a Selic passou a cair o Tesouro passou a vender os títulos lastreados em taxas fixas bem superiores à Selic, e atualmente apenas 24,57% da dívida mobiliária de responsabilidade do Tesouro Nacional está atrelada à Selic.


Brasil! Que futuro, com este passado?Adriano Benayon

Endividamento Público Brasileiro– Maria Lúcia Fatorelli
Favor participar enviando a carta no link abaixo, para os endereços indicados:

Anatomia de uma  fraude à Constituição – Adriano Benayon

partido nazista e fascistas no Brasil, ex-escravos lembram rotina

 
BBC World Service, Campina do Monte Alegre (SP) 25 janeiro 2014 HISTÓRIA A rotina diária era marcada pelo trabalho forçado no campo (acima). A suástica estava presente no time de futebol ()
Rocha Miranda, uma família de industriais ricos do Rio de Janeiro. Três deles - o pai, Renato, e dois filhos, Otávio e Osvaldo - eram membros da Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de extrema direita simpatizante do Nazismo, formaram
em uma fazenda no interior de São Paulo, 160 km a oeste da capital, um time de futebol posa para uma foto comemorativa. Mas o que torna a imagem extraordinária é o símbolo na bandeira do time - uma suástica.
Alguns dos descendentes da família Rocha Miranda dizem que seus antepassados deixaram de apoiar o Nazismo antes da Segunda Guerra Mundial. Maurice Rocha Miranda, sobrinho-bisneto de Otávio e Osvaldo, também nega que as crianças eram mantidas na fazenda como “escravos”.
Em entrevista à Folha de São Paulo, ele disse que os órfãos na fazenda “tinham de ser controlados mas nunca foram punidos ou escravizados”. O historiador Sidney Aguillar Filho, no entanto, acredita nas histórias dos sobreviventes.
A foto, provavelmente, foi tirada após a ascensão nazista na Alemanha, na década de 1930.
"Nada explicava a presença dessa suástica aqui", conta José Ricardo Rosa Maciel, ex-dono da remota fazenda Cruzeiro do Sul, perto de Campina do Monte Alegre, que encontrou a foto, por acaso, um dia.
Mas essa foi, na verdade, sua segunda e intrigante descoberta. A primeira tinha ocorrido no chiqueiro.
"Um dia, os porcos quebraram uma parede e fugiram para o campo", ele disse. "Notei que os tijolos tinham caído. Achei que estava tendo alucinações".
Na parte debaixo de cada tijolo estava gravada uma suástica.

Direito de imagemBBC WORLD SERVICE

É sabido que no período que antecedeu a Segunda Guerra, o Brasil tinha fortes vínculos com a Alemanha Nazista. Os dois países eram parceiros comerciais e o Brasil tinha o maior partido fascista fora da Europa, com mais de 40 mil integrantes.
Mas levou anos para que Maciel, com o auxílio do historiador Sidney Aguillar Filho, conhecesse a terrível história que conectava sua fazenda aos fascistas brasileiros.

Ação Integralista

Filho descobriu que a fazenda tinha pertencido aos Rocha Miranda, uma família de industriais ricos do Rio de Janeiro. Três deles - o pai, Renato, e dois filhos, Otávio e Osvaldo - eram membros da Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de extrema direita simpatizante do Nazismo.
A família às vezes organizava eventos na fazenda, recebendo milhares de membros do partido. Mas também existia no lugar um campo brutal de trabalhos forçados para crianças negras abandonadas.
"Descobri a história de 50 meninos com idades em torno de 10 anos que tinham sido tirados de um orfanato no Rio", conta o historiador. "Foram três levas. O primeiro grupo, em 1933, tinha dez (crianças)".

Aloysio SilvaDireito de imagemBBC WORLD SERVICE
Image captionAloysio Silva era conhecido apenas pelo número 23

Osvaldo Rocha Miranda solicitou a guarda legal dos órfãos, segundo documentos encontrados por Filho. O pedido foi atendido.
"Ele enviou seu motorista, que nos colocou em um canto", conta Aloysio da Silva, um dos primeiros meninos levados para trabalhar na fazenda, hoje com 90 anos de idade.
"Osvaldo apontava com uma bengala - 'Coloca aquele no canto de lá, esse no de cá'. De 20 meninos, ele pegou dez".
"Ele prometeu o mundo - que iríamos jogar futebol, andar a cavalo. Mas não tinha nada disso. Todos os dez tinham de arrancar ervas daninhas com um ancinho e limpar a fazenda. Fui enganado".
As crianças eram espancadas regularmente com uma palmatória. Não eram chamadas pelo nome, mas por números. Silva era o número 23.
Cães de guarda mantinham as crianças na linha.
"Um se chamava Veneno, o macho. A fêmea se chamava Confiança", conta Silva, que ainda mora na região. "Evito falar sobre esse assunto".

Direito de imagemBBC WORLD SERVICE
Image captionAté as vacas da fazenda recebiam a suástica

Argemiro dos Santos é outro dos sobreviventes. Quando menino, foi encontrado nas ruas e levado para um orfanato. Um dia, Rocha Miranda veio buscá-lo.


"Eles não gostavam de negros", conta Santos, hoje com 89 anos.
"Havia castigos, deixavam a gente sem comida ou nos batiam com a palmatória. Doía muito. Duas batidas, às vezes. O máximo eram cinco, porque uma pessoa não aguentava".
"Eles tinham fotografias de Hitler e você era obrigado a fazer uma saudação. Eu não entendia nada daquilo".
Alguns dos descendentes da família Rocha Miranda dizem que seus antepassados deixaram de apoiar o Nazismo antes da Segunda Guerra Mundial.
Maurice Rocha Miranda, sobrinho-bisneto de Otávio e Osvaldo, também nega que as crianças eram mantidas na fazenda como "escravos".
Em entrevista à Folha de São Paulo, ele disse que os órfãos na fazenda "tinham de ser controlados mas nunca foram punidos ou escravizados".
O historiador Sidney Aguillar Filho, no entanto, acredita nas histórias dos sobreviventes. E apesar da passagem do tempo, ambos Silva e Santos - que nunca mais se encontraram desde o tempo em que viveram na fazenda - fazem relatos muito parecidos e perturbadores de suas experiências.
Para os órfãos, os únicos momentos de alegria eram os jogos de futebol contra times de trabalhadores das fazendas locais, como aquele em que foi tirada a foto onde se vê a bandeira com a suástica. (O futebol tinha papel fundamental na ideologia integralista.)

Direito de imagemBBC WORLD SERVICE
Image captionArgemiro Santos ainda guarda a medalha de ouro que ganhou

"A gente se reunia para bater bola e a coisa foi crescendo", diz Santos. "Tínhamos campeonatos, éramos bons de futebol."
Mas depois de vários anos, ele não aguentava mais.
"Tinha um portão (na fazenda) e um dia eu o deixei aberto", ele conta. "Naquela noite, eu fugi. Ninguém viu".
Santos voltou ao Rio onde, aos 14 anos de idade, passou a dormir na rua e trabalhar como vendedor de jornais. Em 1942, quando Brasil declarou guerra contra a Alemanha, Santos se alistou na Marinha como taifeiro, servindo mesas e lavando louça.
Depois de trabalhar para nazistas, Santos passou a lutar contra eles.
"Estava apenas prestando um serviço para o Brasil", explica. "Não sentia ódio por Hitler, não sabia quem ele era".
Santos saiu em patrulha pela Europa e depois passou um período, ainda durante a guerra, trabalhando em navios que caçavam submarinos na costa brasileira.
Hoje, Santos é conhecido, na comunidade onde vive, pelo apelido de Marujo. E se orgulha de um certificado e uma medalha que recebeu em reconhecimento por seus serviços durante a guerra.
Mas ele também é famoso por suas proezas futebolísticas, jogando como meio de campo em vários grandes times brasileiros na década de 1940.
"Naquela época, não existiam jogadores profissionais, éramos todos amadores", diz. "Joguei para o Fluminense, Botafogo, Vasco da Gama... Os jogadores eram todos vendedores de jornais e lustradores de sapatos".
Hoje, Santos vive uma vida tranquila com a esposa, Guilhermina, no sudoeste do Brasil. Eles estão casados há 61 anos.
"Eu gosto de tocar meu trompete, de sentar na varanda e tomar uma cerveja gelada. Tenho muitos amigos e eles sempre aparecem para bater papo", conta.
As lembranças do tempo difícil que passou na fazenda, no entanto, são difíceis de apagar.
"Quem diz que sempre teve uma vida boa desde que nasceu está mentindo", diz Santos. "Na vida de todo mundo acontecem coisas ruins".
Nazismo tropical? O partido Nazista no Brasil; por Ana Maria ...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

AS DIFERENÇAS ENTRE USINAS NUCLEARES DO BRASIL E DO JAPÃO


Profa. Guilhermina Coimbra.*
“O irracional respeito à autoridade é o maior inimigo da verdade”. Albert Einstein.
Decodificar o discurso significa trabalhar em benefício de todos, tentando fazer compreender os discursos competentes de autoridades nacionais, internacionais e da mídia, na melhor das hipóteses, desinformada. Decodificar o discurso significa tentar esclarecer em linguagem didática, fornecendo argumentos para que, devidamente esclarecida a população brasileira possa mudar o curso das políticas que os discursantes pretendem para o Brasil.
Como professora, pesquisadora, formadora de opinião, tenho tentado fazer o meu melhor, graciosamente, rechaçando todos os argumentos falsos, falaciosos, compromissados e tendenciosos a paralisar o desenvolvimento do Brasil, impedindo-o a dar destino útil aos seus minérios energéticos nucleares.
Face à defesa de interesses contrários ao desenvolvimento do Brasil, através da paralisação de mais de 80 anos de trabalho perseverante e ininterrupto dos técnicos brasileiros, visando dar destino útil aos minérios energéticos minerais que jazem no subsolo do país (urânio: o combustível do Século) publicada em artigo (“O Globo” Opinião, “Subsídio Nuclear”, p. 7 , 23.11.2011) o qual, para atender aos clientes interessados na paralisação, utiliza os mesmos argumentos utilizados pelos que não se conformavam com o Brasil produtor de petróleo (na época, motivadores da campanha ”O Petróleo é Nosso”) e  apela para o terror nuclear, exemplificando com o incidente nas usinas nucleares japonesas - fazemos as seguintes comparações entre as usinas brasileiras e as usinas japonesas.
Para bom entendimento, esclarecemos que o famoso “Mellting” do filme Síndrome da China (devem reprisá-lo, como parte da propaganda enganosa do terror nuclear) não tem possibilidade de ocorrer, pois a reação em cadeia nuclear foi encerrada; o reator de Chernobil era a céu aberto (sem prédio de contenção) e com o moderador de grafite nuclearmente puro. E quanto à diferenças  entre os acidentes Chernobil e Fukushima 1Chernobil, esclarecemos: em Chernobil, o reator em funcionamento, o combustível estava em reação em cadeia no estado crítico, a explosão dentro do reator propriamente dito foi um acidente nuclear mas, em Fukushima 1 o que ocorreu  foi um acidente radiológico, porque, o reator estava parado, o combustível estava em estado de decaimento do calor, e a explosão foi entre as duas contenções.
Comparando as usinas no Brasil e as do Japão, relativamente ao acidente de Fukushida, anotamos as seguintes diferenças: 1) No Brasil a usina tem dois circuitos fechados com dois trocadores de calor (condensador e gerador de vapor). Só o gerador de vapor entre primário e secundário permitiria arrefecer a temperatura do núcleo; No Japão, a usina de Fukushida tem um só circuito fechado e um só trocador de vapor; 2) O prédio dos reatores PWR do Brasil, fica dentro de uma construção de concreto enriquecido de 1 metro de parede mais 10 cm de aço. Dentro dele, fica todos componentes do circuito primário, inclusive o trocador de calor. (vide planta mais abaixo); no Japão, nos BWRs de Fukushima I Daiichi somente o reator fica dentro da contenção, a qual se constitui de duas partes, chamadas de contenção primária (aço) e secundária (concreto).  Mesmo juntas são muito mais fracas do que as usinas de Angra dos Reis; 3) No Brasil, todos os componentes do circuito primário estão dentro do prédio de contençãono Japão, só o reatorestá dentro do prédio de contenção4) No Brasil, não se depende de energia de fora para acionar as bombas, principalmente, Angra1 que possui uma turbo-bomba acionada pelo vapor do circuito secundário. Já Angra2 possui de modo suplementar, quatro bombas acionadas por motores a Diesel em local muito bem protegido e à prova d’água; No Japão, tinha apenas dois geradores que não eram abrigados, protegidos e nem à prova de inundação; 5) No Brasil, o local onde foram construídas as usinas nucleares,  é livre de terremotos e “tsumanis”, entretanto, toda a atenção é preciso para se abortar a sabotagem às usinas nucleares brasileiras, porque, se houver a possibilidade zero da sabotagem ocorrer, ela ocorrerá (haja vista, o ocorrido na Ilha de Alcântara, Maranhão: razão pela qual, há que se prever os métodos aéticos e insanos dos concorrentes, nessa área); no Japão, o território é sujeito a terremotos e tsumanis, o terremoto de grau 8,9 foi acima do máximo esperado que o de 8,2 do projeto (ou seja, sete vezes maior). Perdeu-se a energia que vinha de fora para energizar as usinas, mas esta foi mantida pelos geradores emergenciais diesel, desta forma, as refrigerações do núcleo e da piscina continuaram normalmente. Estaria aí encerrado o incidente nuclear. Porém, as usinas de Fukushima I Daiichi foram atingidas por um Tsunami (Tohoku-Kanto) superando o maior esperado para a região minutos depois (máximo esperado 5,7 metros, o acontecido 14 metros). Por efeito deste, as bombas colapsaram.  Assim, as bombas que fazem circular a água dentro dos circuitos primários dos reatores ficaram sem energia e pararam. Esta água tem a finalidade de refrigerar o reator e ao mesmo tempo levar o calor para os trocadores de calor e assim dissipar o calor. O mesmo aconteceu com a água que circula para esfriar as piscinas; 6) No Brasil (e em todos os Estados que utilizam a energia nuclear) qualquer problema na proximidade ou de operação de um reator, ele é imediatamente e automaticamente desligado, numa operação de segundos que se chama “Shutdown” (desarme). Trata-se da inserção de barras contendo substâncias (Índio, Cádmio, Boro) de absorção de nêutrons que são “venenos” para a reação sustentada de fissão. Consiste, pois, de um desligamento do reator em modo emergencial. Em pouquíssimo tempo não existe mais uma fissão sequer, acaba aí, o incidente nuclear propriamente dito; no Japão, ocorreu um prolongamento do incidente como um todo, teve um acidente civil, químico, físico (caso de dissociação da água em oxigênio e de hidrogênio, explosão e incêndio) seguido de um acidente radiológico: fruto de causas externas causadas por um terremoto e um “tsunami” fora de escala. Logo o que ocorreu no Japão nenhum não pode ser rotulado cientificamente como acidente nuclear; 6) No Brasil, existe um grande reservatório de água com uma cota de mais de 100 metros e nascentes que em último caso tem condições de serem utilizados para arrefecimento usando apenas a gravidade; no Japão, nada existe parecido; 7) No Brasil, a decisão feita por técnicos competentes e cônscios de sua responsabilidade não levará a decisão das ações a chefes neófitos apadrinhados políticos. Deste modo a medida pró ativa que se fizer necessária, será realizada de modo mais rápido; no Japão, o escalão é longo e altamente hierarquizado; 8) No Brasil, o prédio da contenção do reator é muito, muito mais robusto do que o prédio da usina do Japão; g) No Brasil, a usina está construída no meio da Placa Tectônica Sul Americana; no Japão, a usina está construída à beira de cinco Falhas Geológicas. No Japão, se não tivesse havido o Tsunami acima do maior previsto em projeto, o fato de ter havido um terremoto sete vezes maior que o previsto não teria causado grande dano (o incidente estaria controlado). Enquanto a Planta Nuclear Fukushima I Daiichi teve o incidente nuclear transformado em um acidente radiológico de grande proporção devido ao Tsunami de imensa dimensão, a planta Nuclear Fukushima II Daini (10 km ao sul) se reteve a um incidente nuclear rapidamente sanado que sequer teve luzes da imprensa internacional. Ademais, o Japão possui 54 usinas e uma em construção, das quais visitei três. Existem cerca de 440 construídas ou em construção no mundo. Elas fornecem 30% da energia elétrica consumida no Japão. 
O Japão possui dois tipos de usinas 50% aproximadamente de cada: 28 BWR (Boiled Water Reactor) que é de água fervente e
27 PWR que é de água pressurizada, como às de Angra. 
   A vantagem determinante de um tipo de usina é as PWR são as mais seguras e de concepção muito mais moderna. Das 65 usinas nucleares, no momento, em construção, 55 são PWR, 2 são BWR, e 8 são diferentes. 
Além do mais, as normas de usinas são muito rígidas e, no caso do Japão, o entendimento japonês obriga a evacuações preventivas, que, por norma, é feita num raio 2,5 vezes do que seria necessário. (Em incidentes puramente nucleares apenas de um reator a norma internacional de evacuação é de 5 km e uma recomendação de ficar em casa numa área até os 15 km de raio).
Lembro - aos brasileiros esclarecidos não mais dispostos a assistirem “os argumentos das autoridades” trabalharem contra os interesses do Brasil que os remunerou, remunera -  o seguinte: IROSHIMA E NAGASAKI FORAM BOMBARDEADAS COM BOMBAS NUCLEARES E IMEDIATAMENTE RECONSTRUÍDAS, AS RESPECTIVAS POPULAÇOES DE CADA UMA DAS CIDADES DESTRUÍDAS NUCLEARMENTE VOLTARAM PARA AS SUAS CASAS IMEDIATAMENTE APÓS A RECONSTRUÇÃO – SEM O MENOR PERIGO DE RADIOATIVIDADE A SAUDE DE NENHUMA DELAS!
Finalmente, para não nos alongarmos, tomo a liberdade de transcrever, in limine (anexo) informações técnicas necessárias ao conhecimento do brasileiro, contribuinte de fato e de direito de todos os investimentos no país. Contribuintes, desde 1935, das pesquisas objetivando transformar em energia, através da utilização do manancial de mineráis nucleares que jazem no território brasileiro (Almte. Álvaro Alberto-Getúlio Vargas).

Curriculum Lattes; Mestrado em Direito e Desenvolvimento/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/PUC/RJ, Brasil; Doutorado em Direito e Economia/UGF/Rio de Janeiro, Brasil;  Professora-Adjunto de Direito Constitucional, Teoria Geral do Estado, Direito Internacional, Instituições de Direito Público e Privado, Legislação Profissional e Social, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ, Brasil, 1988-2012; Professora-Assistente de Direito Teoria Geral do Estado e Introdução ao Estudo do Direito da Universidade Candido Mendes/Prof. Jose Baptista de Oliveira Jr., R.J, Brasil, 1983-1988 ; Advogada da Divisão Trabalhista da Cia. Docas do Rio de Janeiro, 1983-1985; Membro Coordenadora da Comissão Permanente de Direito Internacional/Presidente Dilermando de Castello Cruz; Membroda Comissao Permanente de Direito Constitucional/Presidente Bernardo Cabral e Celio Borja; e Membro da Comissão Permanente de Direito Ambiental/Presidente Adherbal de Meira Mattos, todas do Instituto dos Advogados Brasileiros/CPDI/CPDA/IAB, RJ, Brasil, comissao@iabnacional.org.br ; www.iabnacional.org ; Membro da International Nuclear Law Association/INLA/Bruxelas, Bélgica, desde 1979; Presidente do Instituto Brasileiro de Integração das Nações-IBIN, Advogada, Escritório: Rua Debret, n.23 - grupo 801-802, Castelo, Rio de Janeiro, Brasil - CEP 20030-080 - /RJ, Brasil; Membro do Conselho da Federação Interamericana de Advogados desde 1997, Washington, D.C.; Membro do Conselho Editorial do International Journal of Nuclear Law, Paris, França; Livros publicados, “Urânio Enriquecido, o Combustível do Século”, “O Direito da Integração Europeia e do MERCOSUL na Defesa da Concorrencia Comercial e Fiscal”, Ed. Lumen Juris;  Participações  em Livros, E.mail: coimbra@ibin.com.br     Home page: www.ibin.com.br

domingo, 26 de agosto de 2012

Brasil! Que futuro, com este passado?


Adriano Benayon – 26.08.2012
No clássico samba Chão de Estrelas, de Orestes Barbosa, o verso fala em “palhaço de perdidas ilusões”. No tango  Mano a Mano, de Carlos Gardel, este diz à que o deixa por um ricaço: “tenés el mate lleno (a cabeça cheia) de infelices ilusiones” .
2. Mais infelizes são as ilusões em que o sistema de poder concentrador enreda o nosso povo, depois de montar bombas-relógio que têm causado enormes estragos antes mesmo de detonarem.
3. Entre outras, a dívida interna federal, que atingiu, no final de 2011,  R$ 2.536.065.586.017,68 (mais de dois trilhões e meio de reais), e a dívida externa, US$ 402.385.102.828,23 (mais de quatrocentos bilhões de dólares). Esta, em parte privada, acaba virando toda pública em situações como a de 1982.
4. A soma passa de três trilhões e seiscentos bilhões de reais e corresponde a 83% do PIB: o valor da produção interna de bens e serviços nos doze meses do ano.
5. Cerca de 30% dos títulos da dívida interna figuram como “em poder do Banco Central”, mas este os repassa aos bancos nas "Operações de Mercado Aberto". Aplicadores do exterior vendem dólares para comprar desses títulos.
6. O Banco Central fica com parte dos títulos para cobrir, com o rendimento, o prejuízo de R$ 100 bilhões anuais (2011), diferença entre os juros pagos pelos títulos do Tesouro  e os juros auferidos com as reservas brasileiras no exterior.

7. E a tragédia da dívida pública não está só no tamanho dela e no gasto que causa:  R$ 708 de juros e amortizações em 2011.

8. O pior é que mais de 90% provêm de juros, taxas e comissões incorporados ao principal (capitalizados), ao longo do tempo, desde antes de grande parte da dívida externa se ter convertido em interna, nos anos 80, mesmo após o Brasil ter feito enormes desembolsos em dólar.

9. Há mais.  Conforme dados da Auditoria Cidadã da Dívida, as despesas de juros e amortizações (serviço da dívida) totalizaram R$ 2 trilhões durante os mandatos de FHC (1995-2002) e R$ 4,7 trilhões, durante os de Lula (2003-2010).

10. Com as taxas de juros mais altas do mundo e a dinâmica dos juros compostos, a dívida cresce através da emissão de novos títulos em valor maior que os liquidados, porquanto os juros e encargos estipulados ultrapassam o que a União consegue saldar.

11. Nos últimos 17 anos, o serviço da dívida custou R$ 7,4 trilhões. Nos 7 anos anteriores, de 1988 a 1994, ele somou R$ 2,84 trilhões, já aproveitando o dispositivo inserido na  Constituição, através de fraude, o qual privilegia o serviço da dívida no Orçamento

12. O montante da dívida não equivalia então nem a 10% do presente, mas o “governo brasileiro”, aceitando o vergonhoso Plano Baker, emitiu títulos e fez pagamentos em volume espantoso, para cobrir dívidas atrasadas e abusivamente infladas.

13. De fato, em 1989 e 1990 o serviço da dívida custou R$ 1,57 trilhão. Essa média anual, R$ 785 bilhões, em cifras atualizadas a preços de 2011, supera o custo atual, embora o principal fosse naquela época dez vezes menor que hoje .

14. O serviço da dívida, correspondendo atualmente a 45% do total das despesas federais, equivale a 17% do PIB. Nem tudo isso é desembolsado, mas o que não o é, vai elevando o montante da dívida.

15. Seria bem melhor criar moeda e crédito em bancos próprios, para investir produtivamente, que endividar-se para rolar dívidas financeiras e, de resto, nunca auditadas. Portanto, o Brasil poderia quase dobrar os investimentos (19% do PIB), chegando ao patamar dos países de maior poupança, como China, Taiwan e Coreia.

16. Imagine-se o progresso, se não se despendessem -  há mais de 35 anos - verbas absurdas com a dívida.  Mormente, se se investisse certo, em vez de subsidiar as transnacionais, como o Brasil faz há 58 anos, desde 24 de agosto de 1954.

17. Os países citados, com potencial menor que o do Brasil, tiveram resultados incomparavelmente melhores, porque fizeram investimentos estatais, com crescente autonomia tecnológica, e  ajudaram as empresas nacionais, não as transnacionais. Essa política econômica levou-os a tornarem-se credores, enquanto o Brasil ficou refém da dívida.

18. Chegamos aqui à verdadeira origem da dívida. Esta resulta da acumulação dos déficits nas transações correntes com o exterior, os quais, por sua vez, decorrem das remessas oficiais e disfarçadas dos lucros que as empresas transnacionais auferem no mercado brasileiro, que lhes foi entregue a partir de 1954.

19. Além da ocupação do mercado por carteis transnacionais, contribuíram para a explosão da dívida:

a) o financiamento externo dos investimentos na infra-estrutura e nas indústrias de base, realizados em apoio à indústria “nacional”, cada vez menos nacional;

b) os choques dos preços de petróleo (1973 e 1979), quando o Brasil era importador;

c) a elevação dos juros em dólar pelo FED, em agosto de 1979, de menos de 10% para mais de 20% aa.

20. A desnacionalização da economia - causa primordial da dívida e da desestruturação do País - ganhou corpo a partir de 1954,  quando agentes da oligarquia, Eugênio Gudin e Otávio Gouvêa de Bulhões, assumiram o comando da política econômica.

21. Baixaram a Instrução nº 113 da SUMOC, que permitiu às transnacionais (ETNs) importar máquinas e equipamentos usados, registrando-os como se fosse investimento em moedaAssim,  as ETNs puderam produzir a custo zero de capital e tecnologia, pois tais bens de capital estavam mais que amortizados com as vendas no exterior.

22. Evidentemente, as transnacionais não declaravam valor zero.  De 1957 a 1960, sob JK -  que manteve os subsídios e ainda lhes deu maiores facilidades – as montadoras e outras transnacionais registraram quase US$ 400 milhões (US$ 3,3 bilhões, atualizando, conforme a variação, brutalmente subestimada, do IPC dos EUA).

23. Não bastasse, as transnacionais favorecidas por aquela Instrução contabilizavam à taxa de câmbio livre o equivalente, em moeda nacional, ao investimento registrado  e convertiam lucros e repatriações de capital à taxa preferencial, quando das remessas ao exterior. Isso significava mais que dobrar o valor transferido.

24. Florescentes indústrias de capital nacional surgiram em grande número, na primeira metade do Século XX, principalmente na Era Vargas.  Depois de 1954, em vez de serem protegidas, foram prejudicadas pela política econômica.

25. Em 1964, Roberto Campos tornou-se czar da economia. Bulhões, ministro da Fazenda. Que fizeram? Pretextando combater a inflação,  em alta com a desestabilização anterior ao golpe patrocinado pelos serviços secretos estrangeiros, reduziram os investimentos, elevaram os juros e restringiram o crédito: o suficiente para eliminar do mercado grande número de empresas nacionais.

26. Costa e Silva e Médici reeditaram o falso milagre de JK, e   Geisel tentou o mesmo.  A ressaca foi ainda mais dolorida. Em 1960, o endividamento externo quase levou à  inadimplência. No final dos anos 70, ela já era inevitável e aconteceu em 1982, juntamente com a moratória do México e a da Argentina.

27. Delfim Neto, em 1969-1970, instituíra vultosos subsídios às exportações industriais, mais um maná para as transnacionais.  Em 1982, de volta ao governo,  sob Figueiredo,  mostrou-se arredio a qualquer atitude que lembrasse soberania, e desprezou a tentativa argentina de formar o cartel dos devedores.

28. Daí por diante, não cessaram as capitulações, em notável continuidade entre o governo militar e os governos instalados após a Constituição de 1988.

29. Advêm nesse ponto os colossais dispêndios com o serviço da dívida de 1989/1990, ditados pela mágica dos banqueiros mundiais: não deixar acabar a dívida externa – apesar dos vultosos pagamentos – e ainda extrair dela a dívida interna, que cresceu exponencialmente a partir dos anos 80.

30. Entretanto, a coisa não parou aí.  Num processo de retro-alimentação perene: a estrutura de mercado, em poder de empresas estrangeiras, causando  déficits externos e endividamento, e este gerando ocupação ainda maior do mercado por essas empresas.

31. Isso culminou, a partir de 1990, com:

1) as  “privatizações”: entrega de estatais, de valor incalculável, em troca de títulos sem valor (moedas podres), com  desnacionalização imediata ou a médio prazo, em razão da dinâmica do modelo concentrador;

2) a desestruturação do próprio Estado, tornando-o desprovido de instituições capazes de guiar o desenvolvimento econômico e social, e fazendo-o substituir servidores comprometidos com o País por agentes externos.

32. Com a estagnação, acentuada após a crise de 1982,  a taxa de investimento ficou baixa, e os investimentos continuaram mal direcionados. 

33.  Mesmo sem crescimento econômico, os fatores do endividamento continuaram operando, até, em 1999, final do primeiro mandato de FHC, eclodir outra crise externa, ocultada até o desenlace, após a reeleição viabilizada pela corrupção para a emenda à Constituição.

34. Nos mandatos de Lula e no de Dilma, elevaram-se as taxas de crescimento do PIB, com a expansão do crédito, especialmente público, e navegando sobre preços mais altos nas exportações primárias.

35. Então se formaram bolhas e, a cada sinal de exaustão, o governo reage com pacotes que intensificam a deterioração estrutural da economia, em curso desde 1954 e agravada desde 1990. De fato, em 1970 oligopólios de transnacionais já controlavam o grosso da indústria, e depois foi quase todo o restante.

36. Os expedientes para o “crescimento” subordinam-se aos dogmas do Consenso de Washington, tais como parcerias público-privadas, nas quais o dinheiro público financia os empreendimentos e assume o risco, cabendo a gestão e lucro garantido a concentradores privados. Na mesma linha, os créditos subsidiados do BNDES às transnacionais -  e novas isenções fiscais e doações em favor destas -  refletem o estado patológico das relações de poder.

37. FHC fez desnacionalizar como ninguém, mas, segundo a Consultoria KPMG, de 2004 a junho de 2012, mais 1.167 empresas brasileiras passaram para controle estrangeiro.

38. Mais do que as fusões e aquisições, os  investimentos estrangeiros diretos (IEDs) – onde se computa também o reinvestimento de lucros -  são o principal mecanismo da desnacionalização

39. O estoque de IEDs acumulado de 1947 a 2005 montou a US$ 180 bilhões, e só os de 2006 a 2011 superam esse montante, com US$ 192,7 bilhões.

40. No mesmo período, os déficits de “serviços” e “rendas” aumentaram 114%. Somaram US$ 345,4 bilhões nesses seis anos, quantia equivalente a  93% do estoque de IEDs até 2011. 

41. Os IEDs e outras modalidades de capital estrangeiro têm equilibrado o Balanço de Pagamentos, como o uso acrescido de drogas alivia o toxicômano, i.e., agravando a doença estrutural da economia.

42. Assim, se não forem revertidas as regras que o Brasil vem obedecendo cegamente,  as transferências das transnacionais  levarão a uma crise externa incontornável, a qual, se tratada como as anteriores, fará elevar os juros e tornará a dívida pública ainda menos suportável.

43. Está presente também, em função da provável desvalorização do real, a perspectiva de avultar ainda mais a já desbragada venda  – por nada -  de empresas, títulos públicos e terras brasileiras. 

44. De fato, por imposição imperial, acatada por países submissos, o dólar continua valendo como moeda internacional, não obstante ser moeda falsa, aviltada por emissões às dezenas de trilhões, passados aos bancos da oligarquia. O Brasil entrega tudo para ficar com depósitos em dólares, fadados não só a perder valor, mas também a sumir de repente quando se desencadear a fuga de capitais.

* - Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento, editora Escrituras SP.