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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

AS DIFERENÇAS ENTRE USINAS NUCLEARES DO BRASIL E DO JAPÃO


Profa. Guilhermina Coimbra.*
“O irracional respeito à autoridade é o maior inimigo da verdade”. Albert Einstein.
Decodificar o discurso significa trabalhar em benefício de todos, tentando fazer compreender os discursos competentes de autoridades nacionais, internacionais e da mídia, na melhor das hipóteses, desinformada. Decodificar o discurso significa tentar esclarecer em linguagem didática, fornecendo argumentos para que, devidamente esclarecida a população brasileira possa mudar o curso das políticas que os discursantes pretendem para o Brasil.
Como professora, pesquisadora, formadora de opinião, tenho tentado fazer o meu melhor, graciosamente, rechaçando todos os argumentos falsos, falaciosos, compromissados e tendenciosos a paralisar o desenvolvimento do Brasil, impedindo-o a dar destino útil aos seus minérios energéticos nucleares.
Face à defesa de interesses contrários ao desenvolvimento do Brasil, através da paralisação de mais de 80 anos de trabalho perseverante e ininterrupto dos técnicos brasileiros, visando dar destino útil aos minérios energéticos minerais que jazem no subsolo do país (urânio: o combustível do Século) publicada em artigo (“O Globo” Opinião, “Subsídio Nuclear”, p. 7 , 23.11.2011) o qual, para atender aos clientes interessados na paralisação, utiliza os mesmos argumentos utilizados pelos que não se conformavam com o Brasil produtor de petróleo (na época, motivadores da campanha ”O Petróleo é Nosso”) e  apela para o terror nuclear, exemplificando com o incidente nas usinas nucleares japonesas - fazemos as seguintes comparações entre as usinas brasileiras e as usinas japonesas.
Para bom entendimento, esclarecemos que o famoso “Mellting” do filme Síndrome da China (devem reprisá-lo, como parte da propaganda enganosa do terror nuclear) não tem possibilidade de ocorrer, pois a reação em cadeia nuclear foi encerrada; o reator de Chernobil era a céu aberto (sem prédio de contenção) e com o moderador de grafite nuclearmente puro. E quanto à diferenças  entre os acidentes Chernobil e Fukushima 1Chernobil, esclarecemos: em Chernobil, o reator em funcionamento, o combustível estava em reação em cadeia no estado crítico, a explosão dentro do reator propriamente dito foi um acidente nuclear mas, em Fukushima 1 o que ocorreu  foi um acidente radiológico, porque, o reator estava parado, o combustível estava em estado de decaimento do calor, e a explosão foi entre as duas contenções.
Comparando as usinas no Brasil e as do Japão, relativamente ao acidente de Fukushida, anotamos as seguintes diferenças: 1) No Brasil a usina tem dois circuitos fechados com dois trocadores de calor (condensador e gerador de vapor). Só o gerador de vapor entre primário e secundário permitiria arrefecer a temperatura do núcleo; No Japão, a usina de Fukushida tem um só circuito fechado e um só trocador de vapor; 2) O prédio dos reatores PWR do Brasil, fica dentro de uma construção de concreto enriquecido de 1 metro de parede mais 10 cm de aço. Dentro dele, fica todos componentes do circuito primário, inclusive o trocador de calor. (vide planta mais abaixo); no Japão, nos BWRs de Fukushima I Daiichi somente o reator fica dentro da contenção, a qual se constitui de duas partes, chamadas de contenção primária (aço) e secundária (concreto).  Mesmo juntas são muito mais fracas do que as usinas de Angra dos Reis; 3) No Brasil, todos os componentes do circuito primário estão dentro do prédio de contençãono Japão, só o reatorestá dentro do prédio de contenção4) No Brasil, não se depende de energia de fora para acionar as bombas, principalmente, Angra1 que possui uma turbo-bomba acionada pelo vapor do circuito secundário. Já Angra2 possui de modo suplementar, quatro bombas acionadas por motores a Diesel em local muito bem protegido e à prova d’água; No Japão, tinha apenas dois geradores que não eram abrigados, protegidos e nem à prova de inundação; 5) No Brasil, o local onde foram construídas as usinas nucleares,  é livre de terremotos e “tsumanis”, entretanto, toda a atenção é preciso para se abortar a sabotagem às usinas nucleares brasileiras, porque, se houver a possibilidade zero da sabotagem ocorrer, ela ocorrerá (haja vista, o ocorrido na Ilha de Alcântara, Maranhão: razão pela qual, há que se prever os métodos aéticos e insanos dos concorrentes, nessa área); no Japão, o território é sujeito a terremotos e tsumanis, o terremoto de grau 8,9 foi acima do máximo esperado que o de 8,2 do projeto (ou seja, sete vezes maior). Perdeu-se a energia que vinha de fora para energizar as usinas, mas esta foi mantida pelos geradores emergenciais diesel, desta forma, as refrigerações do núcleo e da piscina continuaram normalmente. Estaria aí encerrado o incidente nuclear. Porém, as usinas de Fukushima I Daiichi foram atingidas por um Tsunami (Tohoku-Kanto) superando o maior esperado para a região minutos depois (máximo esperado 5,7 metros, o acontecido 14 metros). Por efeito deste, as bombas colapsaram.  Assim, as bombas que fazem circular a água dentro dos circuitos primários dos reatores ficaram sem energia e pararam. Esta água tem a finalidade de refrigerar o reator e ao mesmo tempo levar o calor para os trocadores de calor e assim dissipar o calor. O mesmo aconteceu com a água que circula para esfriar as piscinas; 6) No Brasil (e em todos os Estados que utilizam a energia nuclear) qualquer problema na proximidade ou de operação de um reator, ele é imediatamente e automaticamente desligado, numa operação de segundos que se chama “Shutdown” (desarme). Trata-se da inserção de barras contendo substâncias (Índio, Cádmio, Boro) de absorção de nêutrons que são “venenos” para a reação sustentada de fissão. Consiste, pois, de um desligamento do reator em modo emergencial. Em pouquíssimo tempo não existe mais uma fissão sequer, acaba aí, o incidente nuclear propriamente dito; no Japão, ocorreu um prolongamento do incidente como um todo, teve um acidente civil, químico, físico (caso de dissociação da água em oxigênio e de hidrogênio, explosão e incêndio) seguido de um acidente radiológico: fruto de causas externas causadas por um terremoto e um “tsunami” fora de escala. Logo o que ocorreu no Japão nenhum não pode ser rotulado cientificamente como acidente nuclear; 6) No Brasil, existe um grande reservatório de água com uma cota de mais de 100 metros e nascentes que em último caso tem condições de serem utilizados para arrefecimento usando apenas a gravidade; no Japão, nada existe parecido; 7) No Brasil, a decisão feita por técnicos competentes e cônscios de sua responsabilidade não levará a decisão das ações a chefes neófitos apadrinhados políticos. Deste modo a medida pró ativa que se fizer necessária, será realizada de modo mais rápido; no Japão, o escalão é longo e altamente hierarquizado; 8) No Brasil, o prédio da contenção do reator é muito, muito mais robusto do que o prédio da usina do Japão; g) No Brasil, a usina está construída no meio da Placa Tectônica Sul Americana; no Japão, a usina está construída à beira de cinco Falhas Geológicas. No Japão, se não tivesse havido o Tsunami acima do maior previsto em projeto, o fato de ter havido um terremoto sete vezes maior que o previsto não teria causado grande dano (o incidente estaria controlado). Enquanto a Planta Nuclear Fukushima I Daiichi teve o incidente nuclear transformado em um acidente radiológico de grande proporção devido ao Tsunami de imensa dimensão, a planta Nuclear Fukushima II Daini (10 km ao sul) se reteve a um incidente nuclear rapidamente sanado que sequer teve luzes da imprensa internacional. Ademais, o Japão possui 54 usinas e uma em construção, das quais visitei três. Existem cerca de 440 construídas ou em construção no mundo. Elas fornecem 30% da energia elétrica consumida no Japão. 
O Japão possui dois tipos de usinas 50% aproximadamente de cada: 28 BWR (Boiled Water Reactor) que é de água fervente e
27 PWR que é de água pressurizada, como às de Angra. 
   A vantagem determinante de um tipo de usina é as PWR são as mais seguras e de concepção muito mais moderna. Das 65 usinas nucleares, no momento, em construção, 55 são PWR, 2 são BWR, e 8 são diferentes. 
Além do mais, as normas de usinas são muito rígidas e, no caso do Japão, o entendimento japonês obriga a evacuações preventivas, que, por norma, é feita num raio 2,5 vezes do que seria necessário. (Em incidentes puramente nucleares apenas de um reator a norma internacional de evacuação é de 5 km e uma recomendação de ficar em casa numa área até os 15 km de raio).
Lembro - aos brasileiros esclarecidos não mais dispostos a assistirem “os argumentos das autoridades” trabalharem contra os interesses do Brasil que os remunerou, remunera -  o seguinte: IROSHIMA E NAGASAKI FORAM BOMBARDEADAS COM BOMBAS NUCLEARES E IMEDIATAMENTE RECONSTRUÍDAS, AS RESPECTIVAS POPULAÇOES DE CADA UMA DAS CIDADES DESTRUÍDAS NUCLEARMENTE VOLTARAM PARA AS SUAS CASAS IMEDIATAMENTE APÓS A RECONSTRUÇÃO – SEM O MENOR PERIGO DE RADIOATIVIDADE A SAUDE DE NENHUMA DELAS!
Finalmente, para não nos alongarmos, tomo a liberdade de transcrever, in limine (anexo) informações técnicas necessárias ao conhecimento do brasileiro, contribuinte de fato e de direito de todos os investimentos no país. Contribuintes, desde 1935, das pesquisas objetivando transformar em energia, através da utilização do manancial de mineráis nucleares que jazem no território brasileiro (Almte. Álvaro Alberto-Getúlio Vargas).

Curriculum Lattes; Mestrado em Direito e Desenvolvimento/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/PUC/RJ, Brasil; Doutorado em Direito e Economia/UGF/Rio de Janeiro, Brasil;  Professora-Adjunto de Direito Constitucional, Teoria Geral do Estado, Direito Internacional, Instituições de Direito Público e Privado, Legislação Profissional e Social, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro-UFRRJ, Brasil, 1988-2012; Professora-Assistente de Direito Teoria Geral do Estado e Introdução ao Estudo do Direito da Universidade Candido Mendes/Prof. Jose Baptista de Oliveira Jr., R.J, Brasil, 1983-1988 ; Advogada da Divisão Trabalhista da Cia. Docas do Rio de Janeiro, 1983-1985; Membro Coordenadora da Comissão Permanente de Direito Internacional/Presidente Dilermando de Castello Cruz; Membroda Comissao Permanente de Direito Constitucional/Presidente Bernardo Cabral e Celio Borja; e Membro da Comissão Permanente de Direito Ambiental/Presidente Adherbal de Meira Mattos, todas do Instituto dos Advogados Brasileiros/CPDI/CPDA/IAB, RJ, Brasil, comissao@iabnacional.org.br ; www.iabnacional.org ; Membro da International Nuclear Law Association/INLA/Bruxelas, Bélgica, desde 1979; Presidente do Instituto Brasileiro de Integração das Nações-IBIN, Advogada, Escritório: Rua Debret, n.23 - grupo 801-802, Castelo, Rio de Janeiro, Brasil - CEP 20030-080 - /RJ, Brasil; Membro do Conselho da Federação Interamericana de Advogados desde 1997, Washington, D.C.; Membro do Conselho Editorial do International Journal of Nuclear Law, Paris, França; Livros publicados, “Urânio Enriquecido, o Combustível do Século”, “O Direito da Integração Europeia e do MERCOSUL na Defesa da Concorrencia Comercial e Fiscal”, Ed. Lumen Juris;  Participações  em Livros, E.mail: coimbra@ibin.com.br     Home page: www.ibin.com.br