segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Te enganarei por mais quatro anos...

e-mail - Enviado: Dom 05/08/12 21:15
Se eu sumir da tua tela
É sinal que já parti
Vou levar a minha alma
De volta pro Cacequi
Gaúcho e Matungo Velho
Que tem sentido e tenência
Ao dar com a cola na cêrca
Retorna prá sua querência

domingo, 5 de agosto de 2012

Manipulação da história porque nós não fomos colonizados, e sim explorados

Temos que ter em mente que nossas concepções pessoais estão e sempre estarão envolvidas em tudo o que escrevermos, dissermos ou pensarmos, mas não podemos deixar que elas (que são os nossos paradigmas) nos retirem do eixo que deve ser o fundamental de cada trabalho sério e, sendo assim, científico: a busca da verdade.

A busca da verdade é ingrata, pois, como eu disse, por mais que a busquemos, tudo o que encontraremos será nossa própria construção do que é real. É de ensandecer, mas o real não existe, tudo depende de como encaramos, só não podemos deixar que nossos índices de parcialidade nos ceguem a ponto de fazer com que manipulemos o que estamos vendo de modo a que a visão nos agrade, pois isso não é científico,mesmo sem deixar de ser ideológico.


A elite do século XVII manipulou a história para criar uma ilusão, uma prisão para nossa mente.

Toneladas e toneladas de recursos naturais saíam anualmente do Brasil em direção a Portugal, enquanto recebíamos em troca presos e exilados políticos submetidos ao fisco da Coroa Portuguesa. Já nos Estados Unidos, a colonização Inglesa despejava pessoas que buscavam liberdade religiosa. Esse estilo de colonização ajudou na geração de líderes e intelectuais como os chamados Founding Fathers, que criaram uma Constituição no século XVII focando na liberdade do indivíduo e no poder das idéias. Em outras palavras, empreender, crescer e progredir.
Brasil investimentos baixos em P&D. 
Justamente pela falta de uma elite intelectual que permeie toda a sociedade – e não a elite sócio-econômica que povoa os top 5% da nossa pirâmide de renda – o Brasil não sente a necessidade da inovação. Não existe aqui dentro o impulso para se tornar uma das maiores nações do mundo.Sim, os americanos exageram bastante, misturando P&D com seus interesses próprios de supremacia política… Mas no Brasil investe-se muito pouco em pesquisa, e é sempre muito difícil conseguir patrocínio, bolsas ou investimentos do governo para projetos inovadores. Se alcançarmos uma melhor distribuição de renda nos próximos 50 anos, talvez tenhamos uma cultura massificada de investimentos em pesquisa e novos produtos.
G.Hofstede (1991:4-6), adotando uma visão cognitiva,
define cultura como uma “programação mental”,
o “software da mente”, produzido no ambiente social
 em que a pessoa cresce e adquire suas experiências.

Segundo o autor, é essa “programação coletiva da mente,
que distingue os membros de um grupo ou categoria de pessoas de outro”
(nível nacional, regional, sexo, geração, classe social etc.)


Os mestres das escolas dos mistérios levaram os povos a prisão invisível toda a sua vida, criaram uma ilusão, uma prisão para a nossa mente.

Biblioteca do Vaticano
Em 1950, Immanuel Velikovsky, psiquiatra e arqueólogo amador foi ridicularizado pela ciência quando propôs que os cometas tinham sido a principal causa de repetidos eventos cataclísmicos na Terra, como o mais recente  de 3.500 aC. (dilúvio de Noé)
Immanuel Velikovsky foi estudioso independente, de origens judaicas, russo naturalizado americano, respeitado psiquiatra e psicanalista, ganhou notoriedade com seus livros controversos que re-interpretam os acontecimentos da história antiga da humanidade. Velikovsky escreveu o best-seller -Mundos em Colisão, publicado em 1950 e Humanidade em Amnésia (1982).

Seus livros comparam a mitologia a antigas fontes literárias (incluindo a Bíblia) para argumentar que aTerra sofreu um catastrófico evento nos tempos antigos.

Velikovsky alegou que os efeitos eletromagnéticos desempenham um papel importante na mecânica celeste. Ele também propôs uma cronologia revista para o antigo Egito, Grécia, Israel e outras culturas do antigo Oriente Próximo.

A cronologia foi revista para explicar a chamada "idade escura" do leste do Mediterrâneo (1.100 - 750 aC) e reconciliar a história bíblica com a arqueologia tradicional e cronologia egípcia.

Como era de se esperar as teorias de Velikovsky foram vigorosamente rejeitada ou ignorada pela comunidade acadêmica. Quando se chega perto demais da “verdade”, eles jogam o cara na sarjeta.

Suas teorias foram baseadas quase inteiramente em todos os registros antigos possíveis, dos Vedas, maiasegípcioshebreussumérios, astecas e índios americanos entre muitos outros.

Voltaremos a era do escambo isso é fato.
E o que você tem a oferecer de informação sem um maquinário tecnológico de apoio? Sem uma máquina, uma calculadora, registradora por perto?


Desemprego recordes. Entre 18-28 anos de idade muitos têm formação universitária em inutilidades para um mundo caótico e sem “empregabilidade”... e tende a piorar. Eles farão tudo para que isso seja uma realidade.

É hora de fazer uso de multidicisplinas. Saber assobiar, cantar, sapatear e chupar cana, será um bom diferencial. Pense nisso.

Todo esse ambiente é fabricado pela nossa mente.
Precisamos apenas de um SCRIPT, um protocolo que cada um perceba e aceite como sendo verdade. O Campo é puro pensamento.

ética, justiça e moralidade que você tanto prega e “luta” para ser implantada são apenas construções humanas decorrentes de velhas doutrinas, de velhas “leis” estabelecidas por “eles” e de difícil compreensão, pois são apenas “conceitos” definições que não se encaixam em todas as culturas desse planeta.

A busca pela definição dessas palavras cabe a cultura de cada um, a interpretação que cada um tem sobre o que entende de uma existência justa e prazerosa 

Enquanto a “democracia de superfície” parece ser o melhor dos mundos para as ovelhas, a DEMOCRACIA no seu estado real é uma perversaforma de governo, porque o povo ignora a estratégia por trás da palavra.

Os fundadores da nova “versão” da democracia ou da “visão democrática” apostaram na incompetência humana para chegar a origem dos símbolos que rotulam suas vidas e apostaram todas as fichas na manipulação da massa apenas orquestrando aquilo deveria ser “demo ocracy”.

“Quando você quiser que alguém faça o que você deseja,
faça-o pensar que a idéia foi dele

A palavra demos significa multidão, povo.
Ocracy vem da palavra grega para "regra" ou "autoridade".
Demos ocracy ou democracia, significa regras do povo.
Isso é democracia. A regra da máfia que manipula o povo.

"A democracia não é nada mais do que a regra da máfia, em que 51% das pessoas podem tirar o direito das outras 49%"
Thomas Jefferson

Einstein, Tesla, e tantos outros que se destacaram na ciência sabiam demais, por isso nos deixaram as pistas, mas temos que nos esforçar na pesquisa, pois a coisa é tão ridiculamente visível que não conseguimos ver, mesmo que estejam na palma de nossas mãos... http://bloglaurabotelho.blogspot.com.br/2011/06/protocolos-regras-e-leis.html

terça-feira, 31 de julho de 2012

Resfriamento Global. Mudanças Climáticas, Camada de Ozônio, e Governança Global

"Quando você olha os livros didáticos, diz lá que o nível do mar vai subir... Isto está errado! 
 O que nós estamos fazendo? Educação ou lavagem cerebral?", questiona Molion.
Luiz Carlos Baldicero Molion*

Um resfriamento global, com invernos rigorosos mais frequentes e má distribuição de chuvas, é esperado nos próximos 20 anos, em vez do aquecimento global antropogênico (AGA) alardeado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). O AGA não passa de uma hipótese sem base científica sólida e suas projeções do clima futuro, feitas com modelos matemáticos, são meros exercícios acadêmicos, inúteis quanto ao planejamento do desenvolvimento global. Seu pilar básico é a intensificação do efeito-estufa pelas ações humanas emissoras de dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) por meio da queima de combustíveis fósseis e de florestas tropicais, das atividades agrícolas e pecuária ruminante.  Porém, o efeito-estufa jamais foi comprovado e sequer é mencionado nos textos de Física. Ao contrário, há mais de 100 anos, o físico Robert W. Wood demonstrou que seu conceito é falso.
As temperaturas já estiveram mais altas, com concentrações de CO2 inferiores às atuais. Por exemplo, entre 1925 e 1946, o Ártico, em particular, registrou aumento de 4°C com CO2 inferior a 300 ppmv (atualmente 390 ppmv). Após a Segunda Guerra, quando as emissões aumentaram significativamente, o clima global resfriou até metade dos anos 1970.Ou seja, é obvio que o CO2 não controla o clima global e reduzir suas emissões, a um custo enorme para a sociedade, não terá impacto algum no clima. Como mais de 80% da matriz energética global dependem dos combustíveis fósseis, reduzir emissões significa reduzir a geração de energia elétrica e condenar países subdesenvolvidos à pobreza eterna, aumentando as desigualdades sociais no planeta. Esta foi, em essência, a mensagem central da carta aberta entregue à Presidenta Dilma Rousseff antes da Conferência Rio+20, assinada por 18 cientistas brasileiros, entre os quais este autor.
A trama do AGA não é novidade e seguiu a mesma receita da suposta destruição da camada de ozônio (O3) pelos clorofluorcarbonos (CFC) nos anos 1970 e 1980. Criaram a hipótese que moléculas de CFC, 5 a 7 vezes mais pesadas que o ar, subiam a 40-50km de altitude, onde ocorre a formação de O3, e cada átomo de cloro liberado destruiria milhares de moléculas de O3, reduzindo sua concentração e permitindo maior entrada de radiação ultravioleta na Terra, o que aumentaria os casos de câncer de pele e eliminaria milhares de espécies de seres vivos. Reuniões com cientistas, inclusive de países subdesenvolvidos, foram feitas para dar um caráter pseudocientífico ao problema inexistente, foi criado o Painel de Tendência de Ozônio no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), composto de representantes de governos, e elaborado o Protocolo de Montreal em 1987, que foi assinado pelos países subdesenvolvidos sob ameaças de sanções econômicas caso não o fizessem. O Brasil também assinou para ter sua dívida externa renovada. Em 1995, os autores das equações químicas,que, alegadamente, destruíam o O3, receberam o Nobel de Química. Porém, em 2007, cientistas do Jet PropulsionLaboratory da NASA demonstraram que suas equações não ocorrem nas condições da estratosfera antártica e que não sãoa causa da destruição do ozônio.O AGA seguiu os mesmos passos, com as reuniões científicas, a criação do IPCC, o Protocolo de Kyoto e o Nobel (da Paz?) para o IPCC e Al Gore. Essas foram duas tentativas de se estabelecer uma governança global. Qual será o próximo passo?  A Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas da Biodiversidade e Serviços (IPBES)?
Luiz Carlos Baldicero Molion é Físico pela USP, PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin, EUA e Professor Associado da UFAL, Maceió, AL.
folha de S.Paulo, dia 31/07, Seção Opinião p. A 3
Méritos: Professor Fendel

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Toda velhice será castigada com a redução brutal dos benefícios da Previdência




Falta de vontade política e acordos espúrios já nos levam a pagar duas vezes para aposentadoria
 Anote aí: muito em breve, o regime público de aposentadorias e pensões será reduzido ao que não puder ser eliminado. E para os lobistas da previdência privada tudo pode ser eliminado, desde que a opinião pública seja induzida a acreditar que aposentados e pensionistas são  os sanguessugas  dos cofres públicos,  como se suas contribuições por toda a vida não cobrissem as despesas que dão quando se tornam inativos.
 

 Apesar de seguidas "reformas" que já nos submeteram à tortura e ao castigo, atingindo principalmente os servidores públicos, tem mais bala na agulha: já está fechado o projeto que vai acabar com as pensões. Isso mesmo, agora a pensionista é a bola da vez: a primeira idéia é impedir que a viúva (ou viúvo) receba como aposentada pelo que foi desconta da em seu salário e como pensionista pelo que o cônjuge foi descontado.

Veja quanto cinismo: se o marido trabalha e a mulher, não - da sua contribuição poderia sair o dinheiro da pensão. Mas se o outro também trabalha e também contribui, aí no caso da morte de um e de sua aposentadoria teria que optar por um dos benefícios.Qualquer aluno do primário sabe que essa matemática é fajuta.
 
Não é um argumento sério, não é uma "solução" lógica, mas é o jeito mais hipócrita de levar os brasileiros a engrossarem os fundos privados complementares, que de tanto faturarem vão transformar em complementar a previdência pública.

O diabo é que quando se fala em garfar benefícios de aposentados, os da ativa pensam que isso não lhe diz respeito. E, ironicamente, serão eles os grandes perdedores, aquele que terão de pagar duas previdências, como já acontece com 40 milhões de brasileiros que pagam impostos para a saúde e, ao mesmo tempo, morrem numa grana preta nos planos privados.
 
O discurso de que é preciso refazer as contas da previdência pública vem numa escalada voraz. No fundo, no fundo, tudo o que se quer é carrear contribuintes para os fundos privados, que atraem quem quer viver com mínimo de dignidade na velhice, cobrando taxas administrativas exorbitantes.

É como se tudo tivesse sido negociado. E foi. A destruição da previdência pública será engolida pelas lideranças classistas com a promessa de que o governo facilitará a criação de sistemas próprios nos sindicatos e, principalmente, nas centrais sindicais, à semelhança do que acontece nos Estados Unidos, onde a máfia controla poderosas centrais, como a dos transportes, através dos seus planos de aposentadoria.

A memória curta é uma praga que faz a festa dos especuladores. Poucos se lembram das arapucas montadas durante o regime militar. Milhões de brasileiros foram induzidos a comprar planos de entidades como Montepio da Família Militar, Capemi, Goboex e outros que usavam o lastro dos quartéis para oferecerem aposentadorias mirabolantes aos incautos. E olha que naquele tempo não havia a desculpa do suposto déficit previdenciário. Antes, pelo contrário: robusta, a Previdência mandou dinheiro para a construção de Itaipu e da Ponte Rio-Niterói, entre outras generosidades que agora sobram pra gente pagar.

Hoje o mote é culpar os idosos porque estão vivendo mais. Na impossibilidade de declarar mortos os maiores de 70 anos, ou de executá-los pelo crime de "durarem mais da conta", os matemáticos de encomenda acenam com o risco de falência da Previdência Pública se não reduzirem seus benefícios, nivelando os aposentados por baixo ao salário mínimo e extinguindo as pensões.

A tendência é reduzir ao mínimo os benefícios previdenciários, gerando mais uma bitributação para as classes assalariadas, que passam a poupar diretamente nos planos de previdência privada. Esta passou a ser o filé mignon dos bancos, porque numa primeira fase só representa faturamento.

domingo, 29 de julho de 2012

O custo da desnacionalização


Adriano Benayon* – 29.07.2012

1. Venho mostrando que a desnacionalização está na raiz das travas ao desenvolvimento econômico e social do País, que  se traduzem em suplícios diariamente vivenciados pela imensa maioria dos brasileiros.

2. Entre os aspectos da vida em que nossa população é mais sacrificada está o transporte para ir ao trabalho e de lá voltar, em que se perde, em muitos casos, seis horas diárias, ademais de passá-las em extremo desconforto.

3. Isso atinge mais duramente os que dependem totalmente dos meios de transporte públicos, mas não poupa os que têm veículo próprio, emperrados no trânsito urbano e nas estradas deficientes e congestionadas, ou exploradas por concessionárias vorazes na extorsão dos pedágios exorbitantes.

4. Esses prejuízos e os decorrentes dos preços dos veículos mais altos do mundo - que, por vezes, passam do dobro do que pagam os consumidores de outros países -  são os mais visíveis, mas não são os únicos nem os maiores.

5. As colossais transferências de recursos financeiros que as subsidiárias das transnacionais efetuam em favor de suas matrizes são a causa principal dos déficits das contas externas e o fator básico do endividamento.

Dívida Pública

6. Este,  por seu turno, deu lugar aos abusos que fizeram exponenciar a dívida pública, através da composição de juros extorsivos e de numerosas e injustificáveis taxas, sem falar na estatização de dívidas privadas.

7. Assim, nos últimos 30 anos o “serviço da dívida” come a parte do leão das receitas públicas, fazendo minguar os investimentos na infra-estrutura, na saúde e na educação.  Para cúmulo, a insuficiência quantitativa é grandemente agravada pela escolha “errada” em onde investir e como investir.

8. Quanto ao onde, priorizou-se, entre os transportes, o rodoviário. Mas quem induziu ao erro? Há erros tão grosseiros, que não podem ocorrer só por ignorância: alguém exerceu poder para que eles fossem cometidos. Esse é o fulcro da maior – e menos comentada – corrupção existente no País.

9. Os juristas da Roma Antiga recomendavam procurar a quem o crime aproveita. A quem, senão  à indústria automotiva e ao cartel do petróleo, cujos interesses, em âmbito mundial, são, em grande parte, os mesmos?

As verdadeiras causas do “custo Brasil”

10. Quanto ao como, os investimentos são feitos antes para propiciar ganhos às grandes empresas mundiais que em proveito do País. Omitindo as verdadeiras causas do “custo Brasil”, os que reclamam dos impostos altos, energia e transportes caros não sabem do falam, ou fingem não saber.

11. De fato, não fosse a dívida inflada por obra do modelo dependente, não teríamos, como hoje, de usar quase metade da receita de  impostos e contribuições  no serviço dessa dívida.  Além disso, as alíquotas poderiam ser reduzidas para a metade das atuais, gerando  o dobro da receita, se tivessem ficado no País e fossem investidos sensatamente os recursos apropriados e transferidos ao exterior pelas transnacionais.

12. Quanto à energia o  Brasil tem todas as condições naturais para que seja barata, e assim seria se não se importassem, com enormes sobrepreços, as turbinas e outros equipamentos dos cartéis mundiais, sob o esquema da dependência financeira e tecnológica. Depois, a dívida resultante subiu para estratosfera.

13. A energia seria muitíssimo mais barata se se tivesse desenvolvido corretamente a da biomassa, com óleos vegetais substituindo o diesel de petróleo e o álcool combinado com a agropecuária.  Mesmo sem isso, seria muito mais módica, se FHC não tivesse favorecido as estrangeiras British Gas, Shell e Enron com os contratos para importar gás da Bolívia, destinado a antieconômicas termelétricas. Seria ainda mais competitiva sem  as corruptas privatizações e concessões.

Projeto “Ilha do Brasil”

14. O Brasil é superdotado em recursos aquaviários, base da modalidade mais econômica dos transportes: extensíssima costa marítima e abundância de rios navegáveis, ou transformáveis em tal, e interligáveis por canais. Há 70 anos, o Prof. Affonso Várzea elaborou o projeto “Ilha do Brasil”, que incluía a ligação entre as bacias do Prata e do Amazonas. E, até hoje, nada!

15. Se tivesse investido em ferrovias e material rodante, prosseguido com as estatais e estimulado o desenvolvimento de tecnologia, não se teria aprofundado a desvantagem em que o País se encontrava há 56 anos, quando a política passou a exacerbar as falhas da malha ferroviária, ao invés de corrigi-las.

16. Veículos automotores em excesso atravancam as vias urbanas, pois faltam densas linhas de metrô nas metrópoles, enormemente infladas em suas periferias pela migração decorrente da estrutura fundiária e da baixíssima renda das massas, gerada pelo modelo. Nos transportes interurbanos e interestaduais dá-se problema semelhante.

Nenhuma marca nacional

17. Conforme estudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), as transnacionais montadoras servem-se da pesquisa tecnológica, feita aqui, para remeterem, como despesa, seu lucro real às matrizes, muitíssimo mais que introduzir inovações em processos produtivos.

18. O IPT observa:"O Brasil tem no mundo o maior número de marcas produzidas internamente, mais até que os Estados Unidos.”  Aduz O pesquisador do IPT, Mário Sérgio Salerno: “Isso não é bom para o produto, porque cria uma pulverização, e essa indústria depende de escala para ser competitiva".

19. O engenheiro Carlos Ferreira comenta: “4º  maior mercado de veículos e 6º maior montador. Nenhuma marca nacionalEntretanto, fartura de subsídios às transnacionais, que aqui produzem veículos de baixa tecnologia,  e remessas de bilhões para suas matrizes no exterior. Algumas delas já teriam desaparecido sem este “eldorado dos trópicos”.

20. Como aponta Salerno, as montadoras realizam, em geral,  testes, e não, pesquisa e desenvolvimento (P&D), já que a parte substantiva dos modelos é projetada nas matrizes. Assim, o País paga elevados royalties em favor delas, que contabilizam, como investimento em P&D, numerosas horas de engenharia aplicadas nos testes.

“poder público”presenteia as montadoras, das isenções  e reduções fiscais

21. Essa é, portanto, uma das rubricas usadas pelas transnacionais para remeter ganhos ao exterior, obtidos com os elevados preços do mercado brasileiro, acrescidos dos subsídios que o “poder público” brasileiro presenteia as montadoras, ademais das isenções  e reduções fiscais.

22. Os insumos importados a preços superfaturados são outro grande conduto de recursos para o exterior, resultando, ao mesmo tempo, no preço final elevadíssimo no mercado brasileiro.

23. Os mais importantes deles são os motores, que não são desenvolvidos no Brasil. Fabricam-se aqui, mas sempre por transnacionais, como ocorre com a maior parte das autopeças, indústria que, até os anos 70,  era controlada em cerca  de 80% por empresas de capital nacional.

O atraso é espantoso

24. Esses são dados da realidade  demonstrativos de que, embora tenha crescido quantitativamente, a produção no Brasil decaiu qualitativamente. O atraso é espantoso não só em relação aos países asiáticos - que se industrializaram muito depois do Brasil - mas também em relação aos progressos havidos, enquanto teve governo passavelmente autônomo, i.e., na Era Vargas.

25. A Fábrica Nacional de Motores (FNM), fundada em 1942,  produziu motores aeronáuticos, tendo o primeiro avião com motor FNM saído em 1946. Embora a tecnologia fosse norte-americana, Curtiss-Wright, a produção sob controle nacional viabilizaria o desenvolvimento de tecnologia brasileira.

26. Com a deposição de Vargas em 1945, deu-se o primeiro retrocesso, convertendo-se a produção para motores de eletrodomésticos. Em 1949, a FNM iniciou a fabricação de caminhões, retomada em 1951, em associação com a estatal italiana Alfa-Romeo, com Vargas de volta.

27. Depois, a fábrica de Xerém, RJ, produziu novo modelo do exitoso caminhão FNM e depois o automóvel de passeio Alfa-Romeo JK, mas, em 1968, o governo do novo golpe militar fez alienar a FNM para a empresa italiana, mais tarde privatizada em favor da Fiat.

Abertura radical à globalização, iniciada por Collor

28. A política econômica do modelo dependente promoveu a crescente apropriação do mercado interno brasileiro pelas transnacionais, inclusive através das barreiras à importação. A partir da abertura radical à globalização, iniciada por Collor, os veículos produzidos no Brasil foram tendo conteúdo decrescente de insumos locais, e cresceram as importações de veículos. 

29. O resultado disso espelha-se na balança comercial do 1º quadrimestre de 2012: as exportações de automóveis somaram US$ 1,2 bilhão, enquanto as importações atingiram US$ 3,3 bilhões.

30. Segundo o estudo do IPT, Volkswagen, General Motors e Fiat desenvolveriam alguma tecnologia local, em produtos aqui concebidos, como o Fox, da Volks, e a Meriva, da GM.

32. Mas não são desenvolvimentos significativos.  Pior: em qualquer caso, pode-se ter certeza que eles se tornam propriedade das transnacionais, protegida por patentes.

BNDES – com “N” de “Nacional” 

33. Na realidade é para isto que a Volkswagen ganhará mais um subsídio: o financiamento pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no montante de nada menos que R$ 342 milhões, para “desenvolver” um subcompacto e um sedã, e  “modernizar” modelos existentes.

34. Como assinala o economista Paulo Kliass, em artigo publicado em 13.07.2011, “Prioridades do governo, BNDES e indústria do automóvel”, trata-se de modelos já vendidos em outras praças, como o supercompacto “Up”. O crédito, da linha “Proengenharia” do BNDES, serve para gerar valor agregado no exterior.

35. Aduz Kliass: “Os projetos chegam aqui prontos e acabados”. Lembra, ainda, que o  BNDES já havia favorecido a Renault, em projeto semelhante, com R$ 374 milhões para “adaptação de veículos ao clima e às condições de ruas e estradas do País. Uma loucura!”

36. Poder-se-ia concluir que o BNDES – com “N” de “Nacional” – dissipa recursos fazendo de conta que as transnacionais sejam brasileiras, por ocuparem os mercados do País e exercerem poder sobre o “governo”.


Transnacionais obriga a aceitar Estado ajuda Liberalismo de brincadeirinha

37. Leonardo Sakamoto, em 03/07/2012, no seu blog,  apud Folha SP informa que as montadoras planejam demitir, apesar do aumento de vendas trazido pela redução de IPI. GM e Volkswagen abriram programas de demissão voluntária, e a GM estuda fechar a linha de montagem em São José dos Campos e extinguir 1.500 vagas, segundo o sindicato de metalúrgicos local.


38. Cita, ademais, matéria do Estado de São Paulo, conforme a qual, desde a crise internacional, o governo brasileiro abriu mão de R$ 28 bilhões em impostos para a indústria automobilística, e esta enviou, ao exterior, no período, US$ 14,6 bilhões. Saliento que essa cifra não inclui o grosso da transferência real dos lucros.

39. Sakamoto assinala que, na lógica que as transnacionais impingem ao “governo”, o Estado ajuda as empresas, mas estas não devem sofrer intervenção alguma: “um liberalismo de brincadeirinha, com o Estado atuante, mas subserviente ao poder econômico, em que o (nosso) dinheiro deve entrar calado ...”
40. Recorda  Gabriel Barros, do Instituto Brasileiro de Economia da FVG: “A indústria automotiva do Brasil tem 60 anos e a da Coreia do Sul, 35, e eles são tão mais competitivos, que o consumidor consegue perceber isso simplesmente entrando no carro”.  Ele não explica, porém, que na Coréia do Sul a indústria  é de capital nacional.

41. Nos âmbitos estadual e municipal, os subsídios não são menos escandalosos que na esfera federal. Ancelmo Gois, em O Globo,  de 20.06.2012, informa que Andrea Calabi, secretário de Fazenda de São Paulo ficou “escandalizado” com o incentivo fiscal dado a duas montadoras por Sérgio Cabral, “governador” do Rio de Janeiro:

“O governo fluminense vai financiar 80% do ICMS em 50 anos, com 30 de carência, para Nissan e PSA (Peugeot/Citroen).  Juntos, os benefícios chegam a R$ 10 bilhões.  A medida é insana.  Outras empresas e setores vão querer as mesmas condições...” 

* - Adriano Benayon é doutor em economia e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento, editora Escrituras SP.
grifos meu

domingo, 22 de julho de 2012

A república de São Bernardo

O prefeito Luiz Marinho, o ministro Ricardo Lewandowski, o empresário Laerte Demarchi e o ex-presidente Lula fazem parte do mesmo círculo de amigos – e voltaram a ser muito próximos

ALBERTO BOMBIG E VINÍCIUS GORCZESKI
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O Prefeito (Foto: Nilton Fukuda/AE)
Em janeiro do ano passado, o município de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, ganhou um morador ilustre: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele ocupa a cobertura de um edifício residencial na Avenida Prestes Maia, no bairro Santa Teresinha, próximo ao centro da cidade em que se projetou, nos anos 1980, como líder do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. De lá para cá, a visibilidade do município – e sua prosperidade – só tem crescido. É de São Bernardo o prefeito Luiz Marinho, escolhido por Lula para ser o articulador político de seu grupo dentro do PT. No dia 5 deste mês, Marinho recebeu a visita de Dilma Rousseff na inauguração de uma unidade de saúde – ele foi o único prefeito petista candidato à reeleição que teve a oportunidade de posar para uma foto com a presidente. Marinho é amigo do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, que nasceu no Rio de Janeiro e foi criado em São Bernardo. Lewandowski foi o revisor do processo do mensalão e participa do julgamento que mobilizará o país a partir do dia 2 de agosto. Os três – Marinho, Lewandowski e o próprio Lula – são frequentadores do restaurante São Judas Tadeu e amigos do dono, Laerte Demarchi, um são-bernardense da gema. Laerte se orgulha de ter assistido, no estabelecimento famoso pelo frango com polenta, ao nascimento do partido político que há dez anos governa o Brasil.
Marinho, Lewandowski, Demarchi e Lula pertencem a um mesmo círculo de amigos – e o relacionamento dos quatro vem se estreitando nos últimos tempos. O prefeito Marinho é um homem afeito a celebrações públicas. Nos últimos dois anos, organizou três homenagens a Lewandowski, cuja família fez história em São Bernardo. Lewandowski esteve presente a todas. A mais recente foi no dia 28 de março, na Faculdade de Direito de São Bernardo, controlada pelo município. Lewandowski, com Marinho a seu lado, deu uma aula magna a um auditório lotado e foi saudado como o mais ilustre ex-aluno e ex-professor da faculdade. Um mês antes, Marinho inaugurara uma escola de educação infantil com o nome da mãe do ministro, Karolina Zofia Lewandowska, morta em 2010. Em 2011, Marinho já homenageara Lewandowski por ele ter sido o primeiro presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (Compahc) do município.

Lewandowski ingressou na vida pública pelas mãos dos Demarchis. Quando Walter Demarchi, irmão de Laerte, era vice-prefeito de São Bernardo, entre 1983 e 1988, ele convidou o então advogado a ocupar a Secretaria de Assuntos Jurídicos. O então prefeito, Aron Galante, mal conhecia Lewandowski. Ele recorda: “Foi a família Demarchi que indicou o secretário jurídico. Disseram: ‘Nós temos o Lewandowski’. Eu respondi: ‘Traz ele aqui’. Nem o conhecia direito”.

As famílias Lewandowski, de origem suíça, e Demarchi, sobrenome italiano, se conheceram em São Bernardo no final do século passado e se estabeleceram no mesmo pedaço de terra que hoje abriga o bairro Demarchi. Os Lewandowskis tinham um sítio onde fica hoje o condomínio de alto padrão Swiss Park, ao lado do restaurante e onde os Lewandowskis mantêm uma casa. A família Demarchi se orgulha de ter sugerido o nome de Lewandowski quando surgiu uma vaga no Supremo. “O único favor que pedimos ao Lula, que foi meu irmão Laerte quem pediu, foi para que ele colocasse o Ricardo como ministro, porque não sei que ministro ia se aposentar (era Carlos Velloso). O Lula falou: ‘Tudo bem’”, afirmou Walter Demarchi a ÉPOCA. E Lewandowski se tornou ministro em 2006.
O juiz (Foto: divulgação)
Quis o destino que ele fosse o revisor do processo do mensalão, o maior escândalo político do governo Lula. ÉPOCA passou quase um mês visitando a cidade e conversando com interlocutores do presidente, do prefeito e de seus amigos. Todos reverberam a “preocupação do Lula e do Marinho com o uso político” do julgamento – e relatam a pressão, de forma direta ou indireta, sobre Lewandowski. Laerte Demarchi diz que a família do ministro anda preocupada com a pressão sobre “Ricardo”. Ele relatou uma conversa que teve com Anita Lewandowski no dia 30 de junho, quatro dias depois de o ministro ter apresentado seu voto revisor do mensalão após uma reprimenda pública do presidente do Supremo, Carlos Ayres Brito. Anita desabafou: “Vocês viram o que estão fazendo com o Ricardo?”.
Laerte respondeu: “Mas não é isso o que ele queria, ser ministro do Supremo? Agora, aguenta. Por que ele está preocupado? Se não tem nada (para condenar os réus), então não tem nada. Não vai ter problema”. A conversa foi relatada por Laerte a ÉPOCA numa mesa do restaurante. Ele torce pela absolvição do ex-deputado José Dirceu, um dos réus no processo: “Podem falar o que quiserem, mas eu realmente acredito nesse homem”. Sobre o julgamento, Walter Demarchi afirmou: “Lewandowski não passará um réu no moedor de carne sem ter certeza de sua culpa”. ÉPOCA perguntou aos irmãos Laerte e Walter se haviam conversado com o amigo Lewandowski sobre o assunto. Os dois disseram que não. Apesar de as famílias se frequentarem e os Lula da Silva também serem próximos de Lewandowski e de sua irmã. Lula e Laerte Demarchi também passaram juntos parte das férias de julho numa chácara.

Prosperidade
O município de São Bernardo, que ostenta em sua bandeira a figura de um bandeirante e de um indígena, vive um bom momento não apenas pelo protagonismo de seus filhos e moradores ilustres na vida pública brasileira. Há também prosperidade na área das verbas públicas. No primeiro semestre deste ano, São Bernardo ganhou R$ 79,3 milhões em transferências da União, R$ 20 milhões a mais que Guarulhos, cidade também administrada pelo PT, porém com quase 500 mil habitantes a mais que o município comandado por Marinho.
Lewandowski não passará um réu no moedor sem ter certeza de sua culpa "
WALTER DEMARCHI 
Além de dinheiro, Marinho tem poder. Ele foi encarregado por Lula de cuidar das costuras políticas com os diretórios do PT e aliados. Foi ele quem ajudou a convencer Lula a posar para a já famosa foto ao lado do deputado federal Paulo Maluf em São Paulo. Marinho também negociou a aproximação do PT com Gilberto Kassab (PSD), seu parceiro em São Bernardo. Segundo um dirigente do PSD ouvido por ÉPOCA, Marinho “aproximou” Kassab a Lewandowski no momento em que o STF analisava o pedido do partido de Kassab para ter direito ao tempo gratuito de TV nas eleições neste ano – a causa foi vitoriosa. Transformar Marinho num líder nacional do PT é hoje uma obsessão de Lula. Foi ele quem pediu a Dilma que ela participasse da inauguração de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no dia 5 deste mês. O evento conferiu o prestígio que faltava a Marinho, hoje identificado dentro do partido como “o homem que conversa com o Lula”. À medida que ele, ex-sindicalista como Lula, se fortalece como administrador e articulador, o ex-presidente ganha um ator fiel a seu projeto de não perder o controle do PT para o grupo rival – aquele que começa a se formar em torno de Dilma e tem como estrelas os ministros mais próximos da presidente, como Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Aloizio Mercadante (Educação). Marinho também é uma opção de Lula para a disputa do governo de São Paulo em 2014.

O conselheiro (Foto: reprodução)
A aliança entre Lula e Marinho causa desconforto em petistas paulistanos, que não aceitam a intromissão de Marinho no comando da candidatura de Fernando Haddad a prefeito de São Paulo. Segundo eles, Lula quer impor um líder assim como impôs Haddad candidato. A confiança de Marinho na própria reeleição é tamanha, e seus projetos tão mais amplos, que ele diz: “Abro mão da presença dele, Lula (na minha campanha), para que ele possa ir a Santo André, Mauá e São Paulo”. Se o projeto de Lula e Marinho der certo – e se o voto de Lewandowski acompanhar os vaticínios dos irmãos Demarchi –, a vitória poderá ser creditada à “República de São Bernardo”.
http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2012/07/republica-de-sao-bernardo.html