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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Marechal Henrique Teixeira Lott: A opção das esquerdas

Há um "pacto de silêncio" dos governos civis com os militares -mantido por TODOS os presidentes civis desde Tancredo até o atual, Jair Bolsonaro- evitando investigações que mostrem a atuação do PARTIDO MILITAR dentro da política civil que a mantém refém dos tanques enquanto os civis são sistematicamente criminalizados ao mesmo tempo que vai sendo ampliada a aura "mitico-salvífica" das FA como se fosse, ela mesma, a "única representante e símbolo" do Brasil.
Os militares (do partido militar) são o maior poder desestabilizador da vida política nacional, alerta há décadas o historiador José Murilo de Carvalho
Jair Bolsonaro e os militares entreguistas são mentirosos cínicos porque o problema do projeto de esquerda nesse hemisfério não é executado pelo Foro de São Paulo, de modo exclusivo. O FSP é tributário da PÁTRIA GRANDE, que está inserida no parágrafo único do artigo 4 da CF88. Jair Bolsonaro, se quisesse eliminar esse projeto trabalharia junto com o Congresso para eliminar esse parágrafo. O que ele faz é bravata e politicagem distópica, porque, ele trabalha para ajudar a concretizar a PÁTRIA GRANDE.
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https://www.historia.uff.br/stricto/td/1236.pdf?fbclid=IwAR2lEaql2P6ANfI4LsLq7xGdPyUI_C_0jNaCdSOXIVxdQOXyI- Karla Guilherme Carloni

O passado e o futuro, ou seja, a memória e o projeto, se articulam na tentativa de estabelecer coerência para o presente, ou sejam a identidade. Assim, só podemos entender a reconstrução da memória dos oficiais brasileiros a respeito do seu passado articulando os seus projetos e a sua atual identidade na sociedade.

Ao acionar a memória coletiva dos militares, verifica-se que há um comprometimento com a construção da imagem atual das Forças Armadas, incluindo aí o papel, ainda mal definido dos atuais Estados democráticos da América Latina. E a preocupação dos militares com a construção da memória a seu respeito:  Na lógica dos militares que apoiaram os golpes na América Latina, o dever de manter a ordem é o elemento que justifica e respalda os regimes autoritários.

Após a implementação do Regime Militar, em abril de 1964, historiadores, sociólogos e cientistas políticos brasileiros e estrangeiros debruçaram-se sobre a história das relações entre as Forças Armadas e o Estado em busca de explicações para os capítulos autoritários da vida nacional.

DECLARA O MARECHAL TEIXEIRA LOTT: LIBERDADE CONSTITUCIONAL DEVE SER MANTIDA NO PAÍS A QUALQUER PREÇO  e se posicionou contra os seus antigos inimigos. Mais uma vez publicamente desqualificado por seus pares e confinado ao isolamento.

A saga dos três personagens, esquecidos pela História, retrata dramaticamente importantes passagens da História do Brasil durante o século XX. Três gerações da família Lott: marechal Henrique Teixeira Lott, sua filha Edna Lott e seu neto Nelson revoltdo envolvido com a guerrilha foi torturado e morto pelo regime militar; atuaram em importantes episódios da história política brasileira, durante as décadas de 1950, 1960, e 1970, e todos foram renegados ao esquecimento social .

o "marechal do povo". O livro evoca um chefe militar que antagoniza com o quadro de autoritarismo que estava sendo montado por seus companheiros de farda.

Para Milton Senna, o marechal Lott perdeu a disputa eleitoral não por alguma falha de sua imagem pública, como muitos apontavam, mas, justamente pelo contrário, por não aceitar nenhum tipo de acordo com grupos políticos da época. A atitude de integridade teria feito com que os políticos do PSD, principalmente os seus coronéis, e do PTB, esvaziassem a sua campanha, pois temiam a insensibilidade do marechal aos acordos políticos e a sua "incorruptível  honradez.

Lott teria sido vítima de uma trama política, uma traição; "(...) os dois partidos que dispunham de maior contingente eleitoral do país deixaram de fazer o seu presidente, para entregar a cabeça de Lott, como a de joão Batista, ao Herodes da UDN"
Por que o mito de "salvador" foi revivido? Por que se construiu uma lenda em terreno tão árido? Na realidade, Lott em nada se envolveu com o destino dado ao seu neto torturado e assassinado pelo regime.

praticamente todos os oficiais apontam como grave problema das Forças Armadas, a existência de militares, desde a década de 1950, ligados ao comunismo e a políticos agitadores que alimentaram a indisciplina e a quebra da hierarquia no seio militar
Os militares de esquerda são fundamentais para entender o desenvolvimento dos acontecimentos pré e pós 1964. Na historiografia brasileira, há pouca coisa publicada a respeito deste vasto e heterogêneo grupo.

Na década de 1950 e início de 1960, a conscientização sobre a realidade brasileira e a infiltração dos ideais das esquerdas políticas nos quartéis possibilitou aos soldados a construção de identidades alternativas ao padrão da hierarquia militar.


Livro
LUGAR NENHUM - MILITARES E CIVIS NA OCULTAÇÃO DOS DOCUMENTOS DA DITADURA, Lucas Figueiredo
É preciso abrir os arquivos militares do Brasil e as FA não tem e, nunca tiveram interesse nisso. Ao contrário, alegam que os arquivos foram "destruídos". Por quem? Pois nenhum governo civil fez isso.
"No Brasil, afirma o jornalista e escritor Lucas Figueiredo, o poder militar mente há 30 anos sobre o paradeiro de documentos sigilosos da ditadura, enquanto todos os presidentes civis – de Tancredo a Dilma - ajudaram a manter esses arquivos no escuro." (Fonte: BBC Brasil)
A acusação de Figueiredo é grave, pois, imputa à Comissão da Verdade ter sido, ao cabo e fim, um palco pró-militar disfarçado de "revisão historiográfica". E foi mesmo. A reação da esquerda face à acusação de Figueiredo foi sintomática, segundo a BBC: " o último coordenador da CNV, Pedro Dallari, disse à BBC Brasil que não se manifestaria sobre o livro de Figueiredo por desconhecer seu conteúdo. Afirmou, contudo, que a professora da UFMG Heloísa Starling, que trabalhou com Figueiredo na CNV, teve acesso a todos os textos do relatório final da comissão antes da publicação." Este "silêncio" de Heloísa Starling (uma esquerdista notória) é bem falante. Ela é autora de um recente e exótico livro sobre a Coroa Portuguesa que tem o curioso título "Ser Republicano no Brasil Colónia".
Há um "pacto de silêncio" dos governos civis com os militares -mantido por TODOS os presidentes civis desde Tancredo até o atual, Jair Bolsonaro- evitando investigações que mostrem a atuação do PARTIDO MILITAR dentro da política civil que a mantém refém dos tanques enquanto os civis são sistematicamente criminalizados ao mesmo tempo que vai sendo ampliada a aura "mitico-salvífica" das FA como se fosse, ela mesma, a "única representante e símbolo" do Brasil.
"Os anos de pesquisa sobre repressão política no Brasil lhe trouxeram a convicção de que todos os presidentes civis desde 1985 promoveram "silêncio complacente" em relação aos arquivos da ditadura. Nenhum escapa das críticas do jornalista.
O pai da criança é o Tancredo (Neves), que fala abertamente que não vai investigar. (José) Sarney entrou vendido porque era muito fraco, ele se escorava nos militares. Depois Collor e Itamar fazem vistas grossas. FHC e Lula colocam a União para combater a abertura dos arquivos na Justiça, que é uma postura mais grave. E você tem a Dilma que é de uma passividade absoluta, porque as Forças Armadas mentiram descaradamente para ela durante a CNV e ela não fez nada", resume
É graças a esse "pacto de silêncio" da ingerência ilegal dos militares dentro da política nacional que os militares brasileiros nunca foram a julgamento como foram os outros militares politiqueiros da América Latina.
Militares não devem se intrometer na política, nem aqui, nem em qualquer governo, disse outro dia acertadamente Augusto de Franco.
Os militares (do partido militar) são o maior poder desestabilizador da vida política nacional, alerta há décadas o historiador José Murilo de Carvalho.
O caos político nacional tem digitais militares desde o Império. A história precisa ser relida e conhecida.

CRÉDITOS: Loryel Rocha

COMPANHIADASLETRAS.COM.BR


domingo, 13 de março de 2016

Semipresidencialismo ou semiparlamentarismo, O golpe

 Há um golpe no forno 
"novamente em 2019!"


Deve-se à Constituição de 1988 a independência do Ministério Público e, graças a ela, existe a Lava-Jato. Alguns dos larápios apanhados são grandes empresários. Outros, servidores de empresas estatais. Além deles, o procurador-geral Rodrigo Janot pediu a abertura de inquéritos envolvendo 22 deputados e 12 senadores. Pela primeira vez desde que Cabral deixou um degredado no Brasil, a oligarquia política, burocrática e empresarial foi ferida, exposta e encarcerada.

A Constituição de 1988 e o regime democrático permitiram o impedimento do presidente Fernando Collor, a posse de Itamar Franco e, anos depois, a nomeação de Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Fazenda, iniciando um período de reformas que restabeleceu o valor da moeda e modernizou alguns setores da vida nacional.

A Carta de 1988 tem defeitos e passou por mais plásticas que a atriz Kim Novak, mas funciona. Ela é clara: as eleições presidenciais realizam-se a cada quatro anos e assume quem tiver mais votos. Assim assumiram Fernando Henrique Cardoso, Lula e a doutora Dilma. Se o Congresso resolver encerrar o mandato do presidente, assume o vice. Assim foi com Itamar Franco. Hoje, assumiria Michel Temer.

A Constituição também determina que o Tribunal Superior Eleitoral pode cassar o mandato de uma chapa eleita e há um processo em curso nesse sentido. Se as acusações prevalecerem, Dilma e Temer vão para casa e, em até 90 dias, elege-se um novo presidente, com o voto de todos os brasileiros. Nada mal. (Caso a cassação ocorra no ano que vem, a eleição será indireta, votando apenas senadores e deputados.)

Desde a semana passada, com o agravamento da crise política e econômica, surgiu a ideia de uma reforma do regime, chegando-se a um parlamentarismo ou a uma excentricidade chamada de “semipresidencialismo” ou “semiparlamentarismo”. Algo tão vago quanto uma “semibicicleta”. A proposta foi enunciada de forma genérica e superficial, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Outro defensor da tese é o vice-presidente, Michel Temer, que acumula a condição de pretendente ao trono (no caso do impedimento) com a de cliente da lâmina (no caso da cassação).

É golpe.
O parlamentarismo já foi rejeitado pelos brasileiros em dois plebiscitos, em 1963 e 1993, sempre por maioria acachapante. Com 77% a 17% dos votos num caso e 55% a 25% no outro.

Corre por aí que o semipresidencialismo replicaria a experiência francesa. O paralelo é falso como um depoimento de comissário petista. Na França existia um regime parlamentar puro e caduco, até que em 1958, no meio de uma guerra perdida e depois de um levante militar, o general De Gaulle tornou-se primeiro-ministro, com poderes emergenciais. Passados três meses, ele submeteu um projeto de Constituição ao povo francês e conseguiu 79,2% dos votos. A reforma de De Gaulle fortaleceu o presidente e enfraqueceu o Congresso. Ela entrou em vigor depois do referendo, não antes. O contrário do que se quer fazer no Brasil. (Quem souber o nome do atual primeiro-ministro francês ganha uma viagem à Disney.)

Em condições normais de temperatura e pressão, a manobra do semiparlamentarismo é inconstitucional. Ela precisa buscar na crise a legitimidade da emergência. O que se quer não é copiar as instituições francesas, mas reciclar uma gambiarra do andar de cima brasileiro. Pretende-se replicar 1961, quando no meio de uma crise política e militar aprovou-se em poucos dias o regime parlamentarista para mutilar os poderes de João Goulart. Foi golpe.

Quando se respeita a Constituição, as crises ajudam a fazer grandes mudanças. A posse de Itamar Franco e a eleição de Tancredo Neves são dois exemplos recentes. Havia a crise, preservou-se o regime e foi-se em frente.

Recuando-se no tempo, o vagão da crise reformadora entra num trem fantasma. Em 1968, uma crise das ruas foi usada por uma conspiração palaciana para jogar o país na ditadura escancarada do AI-5. Recuando mais um pouco, chega-se a 1964. O marechal Castello Branco achava que a crise colocara-o na Presidência para fazer grandes reformas. As fez, mas a anarquia militar que cavalgou legou ao país o desastroso governo de Costa e Silva. Viveu o suficiente para perceber a armação do colapso de sua ditadura envergonhada.

O caroço do golpe está no desejo de se dar o poder a quem não tem voto. De Gaulle mostrou que os tinha. Se a ideia é boa e se Dilma e Temer forem cassados, qualquer cidadão brasileiro pode se eleger presidente propondo sua plataforma reformista. Durante a campanha eleitoral de 1994 Fernando Henrique Cardoso elegeu-se propondo reformas, inclusive a da Previdência, e a fez, com o apoio da CUT.

O semiparlamentarismo daria mais poderes a um Congresso de 594 deputados e senadores. Deles, 99 têm processos à espera de julgamento do Supremo Tribunal Federal. São 500 os inquéritos em andamento, inclusive os que tratam dos atuais presidentes da Câmara e do Senado.

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Nesse cenário, ficam duas hipóteses: numa, Dilma sai pelo impeachment e assume Temer; noutra, Temer escapa da lâmina do TSE. Nos dois casos atende-se ao desejo da oligarquia ferida pela Lava-Jato e evita-se a escolha do novo presidente pela via eleitoral direta.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/ha-um-golpe-no-forno-18864070#ixzz42p5YMmOx
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