quinta-feira, 23 de julho de 2020

racismo

 (VILLA DO PRÍNCIPE, 1835)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ...MNUM - MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO MENTALAnúncio de resgate de escravos publicado nos classificados do jornal 'O Estado…Anúncios em jornal vendendo escravos.... - Comunica Que Muda ...
Pela cidade, educabilidades (Príncipe, Rio Grande do Norte - século XIX)
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602014000100013
Castelos no Brasil ver barões:
https://www.noivacomclasse.com/2018/08/todos-os-castelos-do-brasil-brasileiros-para-casar-casamentos-e-festas--brazilians-castles-in-brazil-list.html
 No entorno de Todos os Santos: tráfico ilegal e revoltas escravas no Recôncavo (Bahia: 1831-1850).
http://books.scielo.org/id/jy7mt/pdf/caroso-9788523211622-06.pdf

Os Órfãos da Independência no Brasil


Por Que a Elite da População Brasileira Tinha Medo da Abolição da Escravatura? Qual Era o Tamanho da Estrutura Escravagista no Brasil? Por Que nas Negociações Para o Reconhecimento da Independência, a Abolição do Tráfico se Tornou Uma Questão de Honra Para o Governo Britânico?

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Em 1824, o mineiro Felisberto Caldeira Brant Pontes – futuro Marquês de Barbacena – defendia a importação de mercenários europeus, “homens altos e claros” para promover o branqueamento da população brasileira. Brant se preocupava com “a peste revolucionária” que poderia se propagar em um “país de tantos negros e mulatos”.
Documentos revelam o clima de medo entre a parcela mais privilegiada da sociedade brasileira na Independência. No confronto de opiniões e interesses observado no período, a ameaça de uma rebelião escrava era vista como um perigo mais urgente do que todas as demais dificuldades. Esse era o inimigo comum que pairava no horizonte do jovem país. E contra ele se uniram os nascidos de aquém e além-mar, monarquistas e republicanos, liberais e absolutistas, federalistas e centralizadores, maçons e católicos, comerciantes e senhores de engenho, civis e militares.
De todos os problemas brasileiros na Independência, a escravidão foi o mais camuflado e mal resolvido e também serviu para expor uma estranha contradição no pensamento dos mais revolucionários da época. Os documentos e discursos falavam em liberdade e direitos para todos, mas seus autores conviviam naturalmente com a escravidão, como se a defesa dessas ideias não dissesse respeito aos negros.
Em comunicação secreta ao ministro britânico em dezembro de 1823, o cônsul-geral da Inglaterra no Rio de Janeiro – Henry Chamberlain – dizia-se surpreso com a força do tráfico de escravos no Brasil: _ “Não há 10 pessoas em todo império que considerem esse comércio como crime ou o encarem sob outro aspecto que não seja o de ganho e perda. Acostumados a não fazer nada, a ver só os negros trabalharem, os brasileiros em geral estão convencidos de que os escravos são necessários como animais de carga, sem os quais os brancos não poderiam viver”.
A pergunta é: _ Se, um ano após a Independência, até o imperador era contra a escravidão, por que ela continuou a existir no Brasil por tanto tempo? A resposta mostra que nem sempre a vontade de quem está no poder é suficiente para mudar o curso da História. Existem pressões sobre os governantes que limitam suas decisões e o Brasil estava de tal forma viciado e dependente da mão de obra escrava que, na prática, sua abolição na Independência se revelou impraticável.
O tráfico de escravos era um negócio gigantesco, o qual movimentava centenas de navios e milhares de pessoas dos dois lados do Atlântico. Incluía agentes na África, exportadores, armadores, transportadores, seguradores, importadores e atacadistas que revendiam no Rio de Janeiro para centenas de pequenos traficantes regionais que se encarregavam de distribuí-los para as cidades, fazendas e minas do interior do país. Os lucros eram astronômicos, pois em 1810 um escravo comprado em Luanda por 70 mil réis era revendido em Minas Gerais por até 240 mil. Em 1812, metade dos trinta maiores comerciantes do Rio de Janeiro se constituía de traficantes de escravos.
A raça brasileira for- mou-se do caldeamento destes ,tres elementos: o,portuguez degredado, o negro escravisado e o indio perseguido. Por conseqüência, as características raciaes são a revolta surda, o tédio e a nostalgia. Todos os meios de manifestação collectiva denunciam uma indole formada desses elementos
 As tres raças, condemnadas a uma tortura inexplicavel, uniram-se para uma defesa contra o inimigo commum. Essa defesa, porém, ccnsistia em desabafos que. se para os indios e os escravos deviam ter um caracter mystico-religioso. para os brancos se resumiriam na opposição pela satyra Dahi a mistura das línguas brasileas com as africanas e a portugueza. observada no nosso "folklore".
Dahi a mistura dos rythmos selvagens, das ca- dencias negras e das danças lusas, observadas nas danças primitivas do Brasil. Surgiram, assim, o "còco", a "chegança", o "reisado", o "pastoril", o "quilombo" e o "maracatú" . O " maracatú ", que é uma dança meio guerreira e m:io selvagem, appareceu em Pernambuco na época em que os jesuítas deram por terminada, naquella re- gião, a missão da catechese.
O christianismo. ainda mal comprehendido, era praticado sem o completo desprezo dos rytos e cerimoniaes das religiões barbaras. Dessa confusão é que nasceu o "maracatú", que nada mais é do que o cerimonial religioso para a coroação do rei negro Cada nação escolhia o seu rei. A solemnidade era toda feita durante as danças  de "maracatú", em cujo desenvolvimento estavam previstas todas as cerimonias próprias do acto. Os vice-reis reconhec iam os chefes de nações, aos quaes os maioraes dirigiam uma petição solicitando não só a approvação da escolha, co- mo permissão para a cerimonia da coroação. Despachados todos os papeis, vinha á corte o rei negro e os principaes vassallos. sendo realizada a cerimonia da coroação no pateo da capella da Lampadoza, onde dançavam o "maracatú" em presença do vice-rei e de sua corte Todas as nações reali- zavam idêntica cerimonia.
Eram ellas: "Cabinda velha", "Porto Rico", "Leão Coroado" e outras. Dahi por deante, em todos os actos importantes realizavam-se as danças de "maracatú". Acocorados em volta do terreiro,os tocadores de "ingonos", "tabáques" e "tamborins" davam o rythmo, que era de uma variedade extraordinária, acom- panhando as diversas pha- ses da dança, perfeitamente synchronisadas com as attitudes. Os cânticos, "puxados" por um "tirador" e acompanhados por um cõro de vozes mixtas, eram ailusivos a cada phase de cerimonia e marcados no  inicio, pela attitude descriptiva. Para começar, a "animadora" fazia o gesto de "chamamento" para os tocadores dos instrumentos de percussão. E continua- va como que alimentando o "fogo" do rythmo, que era interrompido pelos gestos da "animadora", em todas as mudanças Seguia-se a attitude do "arrependimento", que queria significar o voto de lealdade e vassallagem ao rei Em seguida, sempre com os cânticos apropriados, cahiam todos na attitude de "entrega do corpo" ao poderio do rei, attitude que repetiam dentro das evoluções, abrindo os braços, como   como para mostrar completa desistência de defesa pessoal contra o rei. Entre uma phase e outra, havia uma evolução adequada a manifestações de alegria, júbilo e enthusi- asmo.Por fim. com um longo preparo de evoluções as mais complicadas da coreographia primitiva, ca- hiam todos em attitude de saudação, levantando c braço esquerdo e baixando, em sentido contrario, o direito, para depois baixar o corpo numa flexão até ao chão do terreiro, que é beijado em toda a extensão do caminho a percorrer pelo rei negro.
JORACy Camargo

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