sábado, 26 de março de 2022

Se você pensou que os nazistas foram exterminados após a Segunda Guerra Mundial, pense novamente

  • Napoleão não foi o primeiro e Hitler não foi o último a cobiçar as incríveis riquezas do império russo. Eles gostam que os países do mundo ocidental liderados pela América simplesmente quisessem saqueá-lo. - Nem todas as buscas motrizes para a conquista da Rússia eram econômicas. Há também forças religiosas, políticas e ideológicas em jogo. - A Igreja Católica sempre quis que a Igreja Ortodoxa Russa fosse dissolvida, se não destruída. Eles desempenharam seu papel no apoio de poderes que se transformariam, mesmo que por meios questionáveis, a Rússia e seu povo no rebanho da Igreja Católica Romana. Os nazistas tinham, portanto, muitos simpatizantes e apoiadores na Ucrânia. Mesmo antes do lançamento de Hitler da Operação Barbarossa para invadir a União Soviética. Esses nazistas adormecidos na Ucrânia tornaram-se altamente ativos, ganharam o controle da Ucrânia e fizeram parte da solução final dos nazistas para eliminar o mundo dos judeus; um milhão de judeus ucranianos foram mortos por nazistas ucranianos e outros 3 milhões de civis, incluindo ciganos e eslavos e um grande número de comunistas. Essas pessoas tóxicas e virulentas agora lideram e controlam o exército ucraniano, o serviço secreto conhecido como Sluzhba bezpeky Ukrayiny) ou SBU. A Rússia exige que a Ucrânia desnazifique, é isso que eles querem dizer! A eliminação dessas pessoas, forças e ideologias da sociedade ucraniana é para proteger não apenas a Rússia, mas também a própria Ucrânia.
  •  Após a proibição do comunismo e do socialismo, militantes de tais linhas políticas que moravam fora da região de Donbass passaram a se envolver na causa separatista, pois este era o único lugar aonde partidos comunistas e socialistas podiam atuar em toda a Ucrânia. Após 2014, criticar o governo na Ucrânia é preso, torturado, e não raro “desaparecido”. Alguém se lembra de uma época em que nosso país também era democrático assim? “a história que a história não conta”, QUEM É o Sluzhba bezpeky Ukrayiny, o serviço secreto ucraniano, doravante referido neste artigo como SBU. Mariupol se tornou um alvo principal para o ódio de milícias extremistas, racistas e xenófobas, com auxílio do SBU. 1991 após a dissolução da União Soviética e independência da Ucrânia, é um sucessor da KGB ucraniana no ramo de inteligência, subordinada ao Presidente da República, A SBU mantinha prisões ilegais em todo o país (inclusive em Mariupol), verdadeiros DOI-CODI ucranianos. Tais arbítrios eram justificados pelo fato destes ucranianos serem “espiões russos”, “agentes russos”, “sabotadores russos”, “pró-Rússia”, “traidores moscovitas”, “agitadores e propagandistas da Rússia”: Ao que parece a mesma mídia que no Brasil chamou o golpe de 64 de “revolução” e garantiu-nos que tal regime era uma democracia bipartidária moderna e civilizada (sem povo), Do século XX para cá, a Europa ocidental tem vasta experiência em manter uma postura altiva e retórica moralista, enquanto é conivente com toda categoria de barbaridade desde que isso lhe beneficie.

 Por: Daniel Albuquerque. 

Em respeito a verdade histórica e a memória heróica de todos os camaradas que tombaram batalhando contra a tortura e o terrorismo de estado cometidos contra a população de Mariupol que, enquanto brasileiros, faz sangrar nossas próprias cicatrizes e aflora em nós o internacionalismo proletário.

Muitas pessoas acreditam que a Ucrânia seja um país democrático e que é absurdo considerá-la um país autoritário. Mas será mesmo? Tudo o que a mídia hegemônica  fala sobre esse país desde 2014 é que o povo se “insurgiu contra a corrupção”, “combateu o estatismo” e o “apoio e alinhamento a regimes ditatoriais da vizinhança”, “aprovou reformas neoliberais” e vinha melhorando de qualidade de vida e até rumando para finalmente ser aceito na União Europeia. De certa forma, isso te lembra algum acontecimento recente no Brasil?

A Ucrânia, desde 2014, era apresentada-nos como exemplo de uma anti-Rússia. Um modelo para ex-repúblicas soviéticas, que, diferente da Rússia, deveriam aprender a não atrapalhar os interesses dos EUA. Parece até mesmo difícil encontrar alguma crítica ao regime de Kiev que explique o que aconteceu por lá de forma crítica ou oposta… Mas é difícil por um bom motivo: quem critica o governo na Ucrânia é preso, torturado, e não raro “desaparecido”. Alguém se lembra de uma época em que nosso país também era democrático assim?

A coisa pública brasileira, seguindo sua linha editorial de mostrar “a história que a história não conta”, isto é, a história da classe trabalhadora, orgulhosamente apresenta uma extensa investigação jornalística para compreender melhor essa questão. A maior parte das fontes não estão disponíveis em português e a maior parte deste material não foi publicado em nosso país. Acreditamos que o povo tem o direito de ter tais informações para julgar por si próprio os eventos que ocorrem atualmente no leste da Europa.

Não raro a mídia internacional é complacente com os abusos, apesar de farto material documental, parte dele inclusive reconhecido pela Anistia Internacional desde 2016*[1]. Isso ocorre por conta de seus interesses econômicos e sua agenda atrelada aos interesses dos EUA, da União Europeia e da OTAN quanto ao futuro da Ucrânia, que após o golpe de 14 se tornou um pivô na estratégia militar da OTAN em sua expansão às portas da Eurásia. Para compreender melhor, precisamos entender quem é o Sluzhba bezpeky Ukrayiny, o serviço secreto ucraniano, doravante referido neste artigo como SBU.


O que é o Sluzhba bezpeky Ukrayiny (SBU)?

O SBU, criado em setembro de 1991 após a dissolução da União Soviética e independência da Ucrânia, é um sucessor da KGB ucraniana no ramo de inteligência, subordinada ao Presidente da República. Após o golpe de 2014, esta passa por uma reformulação e desenvolve sua perspectiva de segurança nacional com base no combate do inimigo interno. Ou seja, o SBU investigou ativamente os cidadãos ucranianos, fundamentando-se em premissas ideológicas de extrema-direita (supremacia europeia), adotadas pelo Estado-Nacional da Ucrânia após o golpe de 2014 e de uma série de reformas radicais, que alteraram profundamente o espírito da constituição ucraniana. 

Tal processo acabou por criar um aparato formal, jurídico e burocrático, exclusório e característico de um estado policial, dando sustentação e apoio explícito a um aparato ilegal de repressão, tortura, perseguição e assassinato indiscriminados contra opositores políticos e também contra grupos de minorias do país. A SBU mantinha prisões ilegais em todo o país (inclusive em Mariupol), verdadeiros DOI-CODI ucranianos. Tais arbítrios eram justificados pelo fato destes serem “espiões russos”, “agentes russos”, “sabotadores russos”, “pró-Rússia”, “traidores moscovitas”, “agitadores e propagandistas da Rússia”:

“As forças de segurança ucranianas usam tortura contra pessoas suspeitas de simpatizar com o Donbass. O relatório da ONU refere-se a centenas de casos de detenção ilegal e tortura, tanto pela SBU como pelas milícias. Além disso, o relatório refere-se a todo um sistema de prisões secretas nas quais são mantidas pessoas censuráveis ​​ao regime.”

[FONTE, 2019]

Alguém poderia se perguntar: como seria possível ocorrer algo assim e a mídia não denunciar de forma enfática algo tão chocante? E a Europa ocidental, calada? Ao que parece a mesma mídia que no Brasil chamou o golpe de 64 de “revolução” e garantiu-nos que tal regime era uma democracia bipartidária moderna e civilizada (sem povo), apoiou a Lava-Jato e a lawfare, apoiou o golpe de 2016, segue uma linha editorial consistente com sua tradição de capacho da narrativa dos EUA para defender os interesses estratégicos destes, e não poderia não estar nos omitindo uma série de informações importantes.

Além disso, decerto a Europa ocidental pode parecer muito civilizada, uma senhora que é verdadeira déspota esclarecida, ainda hoje, do mundo das ideias. Contudo, não podemos ser ingênuos. Do século XX para cá, a Europa ocidental tem vasta experiência em manter uma postura altiva e retórica moralista, enquanto é conivente com toda categoria de barbaridade desde que isso lhe beneficie. Sobre isso, explicou o jornalista ucraniano Dmitri Kovalevich em entrevista para A coisa pública brasileira[2]: 

“Muitos esquerdistas estão sob controle total da mídia ocidental. Podemos não saber pessoalmente o que está acontecendo na Indonésia ou na Bulgária — por isso tendemos a confiar na mídia de grandes empresas. E os grandes capitalistas investem bilhões em mídia não é em vão — seus investimentos são pagos quando você confia neles e promove sua política. Eles têm um número grande de ferramentas para manipulação. Posso ver agora o influxo em massa de falsificações sobre nosso conflito. Você é bombardeado por milhares deles e todos visam pressionar seus profundos sentimentos humanos. Isso é fácil para manipular a moral das pessoas.”

“Jornalista Dmitri Kovalevich, comunista ucraniano, sobre a situação das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk”, por Cíntia Xavier e Daniel Albuquerque, publicado originalmente na A coisa pública brasileira.

Sobre as violações aos direitos humanos em Mariupol: O que a Rússia, a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk querem encontrar em Mariupol são provas.

Alegada fotografia de uma prisão ilegal do SBU na área do aeroporto de Mariupol reconhecida pela Anistia Internacional — Fonte: https://ria.ru/20190719/1556677870.html

Mariupol é uma cidade localizada no leste da Ucrânia, na região de Donbass. A cidade abriga um importante porto para escoar mercadorias agrícolas, com uma infraestrutura industrial desenvolvida, além de consideráveis reservas minerais. A população de Mariupol, como é comum na região de Donbass, é majoritariamente de língua russa e com fortes ligações culturais com o país e sua história.

Após o golpe sofrido pela Ucrânia em 2014, boa parte da população de Mariupol, como ocorreu em diversas cidades da região de Donbass, se opôs a troca de regime e as suas políticas de discriminação e perseguição as minorias russas e aos opositores do governo golpista, tais quais socialistas, comunistas e toda a sorte de pessoas que realmente incomodam o regime expondo sua hipocrisia e falsidade.

Após o começo da guerra civil ucraniana em 20 de fevereiro de 2014, Mariupol foi retomada pelo governo da Ucrânia que governa desde então a cidade e dá “atenção especial” aos seus cidadãos. No entanto, como o governo ucraniano, com sua política institucionalizada de “desrussificação cultural”, eufemismo para eugenia e intenção de genocídio (aplaudido de pé pelos EUA e pela Europa ocidental, pois tem como uma de suas maiores vítimas, a Rússia e o povo russo) cuidaria de Mariupol? Conforme declarou o jornalista ucraniano Dmitri Kovalevich em entrevista para A coisa pública brasileira explicando como se fundamenta ideologicamente a perseguição na Ucrânia: 

“No caso do nosso conflito civil na Ucrânia podemos ver sim, a questão ideológica. A esmagadora maioria da região altamente industrializada de Donbass preserva principalmente sua mentalidade de classe e pró-soviética. Historicamente sendo trabalhadores de várias origens étnicas, eles resistem à política de estado mono étnico na Ucrânia e suas tentativas de revisionar os resultados da Segunda Guerra Mundial, visto que as autoridades de Kiev promovem oficialmente o culto de fascistas da Segunda Guerra Mundial e conduzem a política de descomunização (proibição de partidos comunistas, símbolos, materiais, postagens na internet, etc.).

O movimento pela independência do Donbass foi desencadeado pelo golpe pró-EUA em 2014. Muitos ucranianos pró-soviéticos ou comunistas/de esquerda se mudaram de Kiev para Donetsk resistindo contra seus antigos vizinhos. Em 2015, foram assinados os acordos de Minsk. Implicaram a reintegração das repúblicas do Donbass de volta à Ucrânia, se isso permitisse que a região possua sua autonomia cultural. Kiev assinou, mas não cumpriu por 7 anos, pois isso seria ruim para impor o nacionalismo étnico.

[…]

O terror da extrema-direita na Ucrânia deve ser interrompido e nossos camaradas devem ter a possibilidade de voltar para casa e trabalhar aqui legalmente. O fascismo e o racismo são uma característica do nosso regime (bem, o presidente Zelensky é apenas um fantoche, um ator contratado atuando como Presidente). Nossa ideologia nacional desde 2014 é baseada em culpar o comunismo e a ideologia de esquerda.”

“Jornalista Dmitri Kovalevich, comunista ucraniano, sobre a situação das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk”, por Cíntia Xavier e Daniel Albuquerque, publicado n’A coisa pública brasileira.

Onde fica Mariupol no mapa da Ucrânia? — Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mariupol#/media/Ficheiro:Mariupol_pos.png

Nesse sentido, desde o ano de 2016 começaram a surgir relatos de que havia algo muito errado ocorrendo na Ucrânia. Pessoas desapareciam, alegavam detenções estranhas, surras e tortura. Pior que isso, o Estado-Nacional não fazia nada para mudar esta triste realidade. A Ucrânia e seu Estado estavam se tornando em algo muito mais autoritário que o habitual, pois organizados em reprimir setores específicos de sua sociedade:

No início do mês, o British Times divulgou declarações do secretário-geral adjunto da ONU para os Direitos Humanos, Ivan Shimonovich, de que o SBU estava detendo massivamente milícias (separatistas de Donbass) e torturando-as sistematicamente. Um relatório sobre o assunto observou “a extensão e a brutalidade do sistema de tortura apoiado pelo Estado [Ucrânia]”, e também aponta para a presença de cinco prisões secretas do governo.”

[FONTE, 2016]

Decerto há semelhanças com o que praticava nossa ditadura militar, que cabe lembrar simulava ser um regime democrático enquanto, na verdade, era um Estado policial, em termos de arbitrariedades e brutalidade, que não se dão apenas por acaso. Provavelmente a inteligência e demais forças de segurança ucranianas, dada a importância de seu papel na política externa dos EUA, devem ter recebido o mesmo “know how” padrão C.I.A./Guantánamo que os torturadores tupiniquins do regime que vigorou a partir de 64 receberam:

Os detidos disseram que foram espancados pelos serviços especiais, usaram choques elétricos, foram ameaçados de estupro, morte e vingança contra suas famílias.”

[FONTE, 2016]  

Existe uma “ligeira” diferença que torna o caso da Ucrânia ainda muito pior, a relação do neonazismo e do neofascismo com esse processo, como braço ilegal, porém institucionalizado, do Estado, o que cabe dizer, reflete de forma trágica na história de Mariupol de 2014 em diante:

“Em Mariupol, havia uma prisão secreta do Batalhão Nacional Azov sob o protetorado tácito do Serviço de Segurança da Ucrânia. Isso foi afirmado por jornalistas após os resultados da investigação. De acordo com uma mulher local que passou 10 dias na prisão, este lugar é um “verdadeiro inferno”, onde os cativos foram espancados até a morte e os cadáveres foram jogados em uma vala cheia de cal. O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) supervisionou a prisão secreta do batalhão nacionalista “Azov” (uma organização proibida na Federação Russa) no aeroporto de Mariupol. Isso é relatado pela RIA Novosti, publicando uma investigação jornalística com depoimentos de ex-prisioneiros do calabouço.”

[FONTE, 2019]

Alegada foto de prisão da SBU em Mariupol. Fonte: https://ria.ru/20190717/1556523534.html

Nesse sentido, sustentado por uma série de fontes anexadas ao fim deste artigo, é que Mariupol, por sua localização, sua importância econômica, bem como por sua bagagem cultural e política, se tornou um dos maiores pontos de repressão em toda a Ucrânia. Cabe ressaltar que o “know how” para tal, foi adquirido no processo golpista de 14, e sobretudo, através da primeira batalha de Mariupol, quando forças de extrema-direita brutalizaram a população da cidade e militantes anti-governo. Pela posição estratégica da cidade, não por acaso, lá é localizada uma das, senão a mais importante, sede do batalhão Azov. Relatos de sobreviventes que conseguiram escapar de tal instalação militar localizada no aeroporto de Mariupol, demonstram como parecia existir uma clara divisão de tarefas.

A SBU executava as prisões e encaminhava os cidadãos para tais instalações secretas. Batalhões e milícias de extrema-direita, como o Azov, praticavam os maiores atos de barbaridade e infâmia, não agredindo apenas indivíduos, mas o conceito de humanidade na totalidade. No caso de Mariupol em especial, se tratava justamente de uma das maiores zonas de atuação do batalhão Azov após 2014. Isso é observável em relatos de uma mulher ucraniana, raptada e torturada severamente em uma dessas instalações:

“Outra prisioneira da “biblioteca”, Olga Seletskaya, disse à agência que o “Azov” torturava pessoas se afogando em um barril e um pano molhado – derramando água sobre as narinas e a boca do prisioneiro.

“A água entra nos pulmões, você perde a consciência. Eles estavam interessados ​​em informações sobre armas, onde está o dinheiro”, disse ela.”

[FONTE, 2019]

Além de pessoas ligadas a RPD e RPL, o SBU e as milícias extremistas que o auxiliavam, constrangeram, perseguiram e prenderam de forma arbitrária uma série de cidadãos comuns, sobretudo se fossem de minoria russa ou não tivessem uma visão de mundo marcadamente anti-russos. A exemplo do Brasil, em nossa ditadura militar que ainda não cicatrizou, até mesmo padres foram perseguidos e levados a prisões ilegais.  No caso ucraniano, tais cidadãos eram colocados em salas de tortura chamadas, na forma de deboche pelos neonazistas, de “geladeira”, como demonstra esse agoniante relato abaixo, também de Mariupol:

“Em abril, o padre da UOC-MP Feofan (Kratirov) disse que ele havia sido sequestrado pelo SBU. Perto de Mariupol, em uma prisão secreta, o padre Feofan foi torturado com água, informa a FAN. “Em 2015, as pessoas foram enviadas para o local do batalhão Azov perto do aeroporto de Mariupol, onde foram colocadas em uma “geladeira”. Este é um lugar terrível. “Geladeira” é uma pequena sala com portas bem fechadas, não há praticamente nada para respirar lá”, disse o padre.  Acrescentou que muitos prisioneiros da prisão de Mariupol foram fuzilados e nas celas notou vestígios de sangue velho.

[FONTE, 2019]

Além disso, a tortura psicológica continuava para muito além da “geladeira”. As celas onde tais detentos presos ilegalmente e ao arrepio da lei ficavam amontoados, eram chamadas pelo SBU de “biblioteca” e seus prisioneiros eram chamados “livros”:

“Foi uma tortura sofisticada. Tive a oportunidade de me comunicar com outras vítimas. Como fomos chamados — “livros”. E o lugar do nosso conteúdo é a “biblioteca”. Me contaram sobre a tortura brutal, sobre o que aconteceu lá… Eu vi muitos no porão da SBU, que também passaram pelo aeroporto de Mariupol… As pessoas foram muito espancadas, aleijadas. Ouvi dizer que eles não retornaram após os interrogatórios”, ela testemunha.” 

[FONTE, 2019]


Alegada foto de guarda da prisão ilegal da SBU no aeroporto de Mariupol. Fonte: https://ria.ru/20190717/1556523534.html

Como explicou o jornalista ucraniano Dmitri Kovalevich em entrevista para A coisa pública brasileira, cujo trecho está disponível acima, existe uma sobreposição da questão cultural com a questão ideológica, no sentido de que as populações orientais da Ucrânia, marcadamente da região de Donbass, além de terem fortes ligações com a cultura e com a língua russa, também possuem fortes ligações com a cultura e forma de pensar o mundo referente a antiga União Soviética.

Após a proibição do comunismo e do socialismo, militantes de tais linhas políticas que moravam fora da região de Donbass passaram a se envolver na causa separatista, pois este era o único lugar aonde partidos comunistas e socialistas podiam atuar em toda a Ucrânia. Não é pequena a perseguição a comunistas e socialistas desde 2014 por parte do SBU na Ucrânia. Uma das localidades onde existem relatos sobre isso é justamente em Mariupol: 

“Tatyana Ganzha, moradora de Mariupol, relembra seu tempo na prisão. Ela passou dez dias lá. Ganzha era membro do Partido Comunista da Ucrânia, que agora está proibido neste país. Ela participou de comícios de protesto em Mariupol, no referendo de 11 de maio sobre o futuro da região de Donetsk. Azov a deteve em outubro de 2014. Segundo Tatyana, dentro da prisão há um corredor iluminado com muitas portas de plástico. “Percebi que isso é uma geladeira… Um lugar terrível”, observa Ganzha. Segundo ela, ela passou dez dias no aeroporto, de 30 de outubro a 8 de novembro. 

A mulher afirma que há entalhes na cela onde ela estava. Assim, os presos, para não enlouquecer e pelo menos de alguma forma navegar pelo tempo, marcavam os dias passados ​​na prisão. Também na parede foram pintados elefantes por alguém, simbolizando os dias. Posteriormente, Tatyana soube que eles foram feitos por outra prisioneira, Natalia Myakota. Ganzha descreve o que está acontecendo no aeroporto como “um verdadeiro inferno, um lugar de morte”. Segundo ela, a ponte de seu nariz estava quebrada e sua orelha esquerda não ouvia. A mulher afirma que é difícil lembrar de tudo isso. Mas o “menino do SBU”, que a levou ao banheiro ao longo do corredor malfadado, disse que dois dias antes dela, uma menina, também Tatyana, havia sido espancada até a morte na prisão.

A mulher era constantemente ameaçada com um poço e uma vala em que os corpos dos mortos eram jogados, insinuando que ela logo iria fazer parte de seus números. Eles também ficaram assustados com a tortura psicológica, quando uma pessoa ainda viva é enviada por um tempo para os mortos, e reanimada. Ao ser questionada sobre quantas pessoas foram enterradas nessa cova, Tatyana diz que são muitas, já que pessoas desapareciam sem deixar rastro antes mesmo de ela ser presa. Talvez o número chegue às centenas. Ganzha afirma que “camaradas de Azov” levaram tudo de sua casa – o sistema de aquecimento, janelas, portas. Membros dos “batalhões voluntários” os enviaram para si mesmos como um troféu.”

[FONTE, 2019]

Para quem observa com atenção, está clara a natureza do Terrorismo de Estado aplicado pela Ucrânia, seu governo e Estado-Nacional contra uma parte significativa de sua própria população. Por mais que o SBU chame seus alvos de “russos”, “pró-russos”, isso é falso, tais pessoas são cidadãos ucranianos e o SBU e as milícias de extrema-direita, em seu arbítrio e barbaridade, apenas demonstram o núcleo central de seu critério: o etnocentrismo e a proposta de nacionalismo mono-étnico[3].

Nesse sentido, Mariupol se tornou um alvo principal para o ódio de milícias extremistas, racistas e xenófobas, com auxílio do SBU. A República Popular de Donetsk, que reivindica o território de Mariupol, acusa o governo, a SBU e as milícias de extrema-direita de se vingarem da decisão da população de Mariupol de se separar da Ucrânia, por isso barbarizam com os habitantes da cidade portuária. Tal percepção das coisas é possível de ser constatada no relato de uma das vítimas:

“Um companheiro de cela disse a Bloch que ela foi levada “para levar um tiro” duas vezes, tentando confessar que era uma sabotadora da DPR: “Prometeram me enterrar ali mesmo em uma vala, e ninguém me encontraria se eu não concordasse em trabalhar com eles”, disse Yulia, respirando pesadamente “.

O filho de Flea também ficou impressionado – acabou na cela masculina, onde havia mais oito pessoas. “Alguns deles, segundo o filho, foram severamente espancados. Um podia até ver como as costelas quebradas se destacavam, o outro tinha as pernas quebradas … Que tipo de pessoas eles eram e o que aconteceu com eles em seguida, não sei, só posso adivinhar. Mas uma coisa estava clara, esses caras poderiam realmente desaparecer, como acontece com muitos que são capturados por tais batalhões “voluntários”. 
Deve-se notar que Mariupol foi particularmente reprimida pelos “Setores de Direita” e pelos batalhões nacionais. Afinal, Mariupol foi um dos primeiros a reconhecer a criação da República Popular de Donetsk”, conclui Bloch.” 

[FONTE, 2019]

Embora tais denúncias graves tenham começado a aparecer em 2016, com extensos relatos e testemunhos de vítimas, na época a prisão ilegal de Mariupol já figurava em relatório da Anistia Internacional. Apenas em 2019 isso foi reforçado quando o ex-tenente-coronel da SBU Vasily Prozorov desertou para a Rússia, levando consigo uma série de arquivos e documentos, inclusive as fotos atribuídas a tal instalação militar anexadas a este artigo, que foi possível obter mais informações e começar a compreender melhor essa história:

Em março, em Moscou, no centro de imprensa da agência de notícias Rossiya Segodnya, o ex-tenente-coronel da SBU Vasily Prozorov disse a repórteres sobre uma prisão secreta no aeroporto de Mariupol – a chamada biblioteca. Aqueles que passaram por essas prisões completaram e confirmaram as informações de Prozorov.”

[FONTE, 2019]

Muito embora o ocidente tenha ignorado isso completamente, e nada se saiba sobre tal no Brasil afora algumas matérias publicadas na Sputnik Brasil no ano de 2019, tal cobertura midiática na Rússia foi gigantesca e um verdadeiro escândalo, mobilizando a sociedade russa quanto a questão de Donbass, em uma inclinação em favor das repúblicas separatistas. O que levou a imprensa russa a correr atrás de mais informações, chegando assim a mais ex-funcionários de tais instalações e ao depoimento de mais ex-torturados. Nesse sentido revelou a RIA Novosti em outra matéria no ano de 2019:

“Na terceira parte da investigação, é publicado o testemunho de um ex-funcionário dos serviços especiais ucranianos sobre o trabalho de uma prisão secreta. Ele pediu para não ser identificado por seu nome e cargo por temer por sua vida. Segundo ele, ele estava no trabalho operacional em Mariupol, serviu lá por mais de dois anos e se demitiu em 2017. O ex-oficial da SBU confirmou que as forças de segurança usaram a palavra “biblioteca” não apenas em relação à prisão secreta do aeroporto, mas também quando queriam simplesmente dizer que uma pessoa foi trazida após ser detida. “Biblioteca” não é um lugar específico. Esse era o nome do aeroporto e da base Azov na margem esquerda – este é o distrito Ordzhonikidzevsky de Mariupol, no prédio da escola. Havia também uma casa particular nos arredores de Mariupol, no distrito de Volodarsky (Nikolsky), onde Azov também estava estacionado”, disse ele à RIA Novosti. Segundo ele, a SBU precisava de Azov para “influenciar” os suspeitos – depois de serem torturados na “biblioteca”, os detidos tiveram que ser tratados e eles próprios pediram para serem enviados a um centro de detenção preventiva o mais rápido possível, se só não volta para o aeroporto.”

[FONTE, 2019]

Além disso, tal reportagem é taxativa ao trazer o depoimento de uma vítima que alega ter sido torturada por, e na presença, de parlamentares ucranianos de extrema-direita, com ligações e vínculos com as milícias utilizadas de capatazes pelo Estado Ucraniano:

“A RIA Novosti também encontrou mais dois ex-prisioneiros da prisão secreta. Um deles, Mikhail Shubin, falou em detalhes sobre a tortura a que foi submetido na “biblioteca”. Em particular, eles conectaram uma máquina de solda aos seus genitais, jogaram-no em um poço com os cadáveres dos torturados até a morte.

Os dados do exame médico de Shubin estão à disposição da RIA Novosti. Outro ex-prisioneiro, Kirill Filichkin, disse em entrevista em vídeo à RIA Novosti que foi um dos primeiros a chegar ao aeroporto – em 7 de maio de 2014, quando Azov e as Forças Armadas capturaram a cidade. Segundo ele, os atuais deputados da Rada, Oleg Lyashko e Igor Mosiychuk, o interrogaram pessoalmente, e este último também o torturou. O vídeo dos interrogatórios chegou ao YouTube no outono de 2014 e serviu como uma das provas no caso Filichkin, quando ele foi julgado por seu envolvimento na captura de cinco soldados ucranianos, a quem chamou para se juntar à milícia DPR.

Ao mesmo tempo, Filichkin foi oficialmente detido apenas em 18 de agosto de 2014. Ele passou todos esses meses em prisões secretas. Isso, segundo testemunhas da investigação da RIA Novosti, é uma prática comum para a Ucrânia – ao ser “proibido”, um apoiador da DPR é torturado para torná-lo mais falante, e só então ele é entregue ao SBU e a detenção é formalizada .

Tanto Shubin quanto Filichkin também corroboram vários testemunhos de que houve enterros secretos no aeroporto de Mariupol.

“Conheço cinco túmulos lá. Sob a pista de aviões leves”, disse Shubin à RIA Novosti. Ele foi preso no aeroporto por cerca de duas semanas em agosto-setembro de 2014.”

[FONTE, 2019]

Essas revelações, contudo, não causaram um imenso receio por parte da Ucrânia em ser exposta e condenada. O país já havia se preparado para caso isso ocorresse e continuou a receber apoio veemente de seus aliados internacionais, não sofrendo nenhuma sanção ou reprimenda. Como poderia ter procedido a burguesia ucraniana submissa aos interesses dos EUA, UE e OTAN? Ora, como agem os burgueses em todo o mundo, a exemplo do próprio autoritarismo implantado no Brasil após o golpe de 64 e sua ditadura que nos custou 21 anos:

— Simulando uma democracia teatral por intermédio de apoio da mídia, potências estrangeiras e de mecanismos jurídicos que valem apenas para os pobres, formalizando e legitimando, em simultâneo, a opressão de classe. 

Em outras palavras, a atitude ucraniana diante das denúncias de 2016 não foi a de cessar com a tortura, a violência e o arbítrio. Em 2017 iniciou-se a legalização de  tais prisões e do que nelas acontecem:  

“Além disso, após a publicação do relatório das organizações de direitos humanos, um projeto de lei sobre a legalização de centros de detenção secretos foi submetido à Verkhovna Rada (parlamento local). O texto do documento foi publicado em 29 de maio de 2017 no site do Parlamento ucraniano.

“As mudanças propostas pelo projeto de lei permitirão estabelecer a base legal para o funcionamento das instituições de prisão preventiva realmente existentes do Serviço de Segurança da Ucrânia ”, afirma a nota explicativa do ato normativo. O documento foi elaborado e submetido à Rada pelo Gabinete de Ministros do país.””

[FONTE, 2019]

Ao que parece, os EUA, a Europa ocidental, os aparatos de mídia atrelados a seus interesses econômicos e suas burguesias que, unidas formam o núcleo hegemônico da classe dominante mundial, estão se utilizando das mesmas estratégias que usaram no século XX. Do alto de seu pedestal de “civilizados”, “tutores da moral e costumes” do globo, não apenas fazem vista grossa, mas financiam movimentos extremistas de direita e um estado-policial etnocêntrico, em simultâneo, em que direcionam enormes fluxos de propaganda contra seus inimigos geopolíticos, satanizando-os enquanto se silenciam sobre a real natureza de seu aliado, na esperança que este entre em confronto com um de seus grandes inimigos econômicos, políticos e militares.

No meio disso, porém, não contavam os planos daqueles que dirigem a guerra da burguesia internacional contra os povos do terceiro mundo, com a existência do valente povo de Donbass que da forma que pode, fechando acordos com aliados que eram possíveis (como a Rússia), se insurgiu e se rebelou. Nesse sentido, as declarações de Christelle Néant, militante contra o governo, residente na região e jornalista de guerra do site “Donbass Insider”(provavelmente associado a RPD e LPD), dadas no dia 3 de março deste ano, são revestidas de uma nova compreensão.

Finalmente, após superar o bloqueio midiático e procurar compreender como as pessoas de Donbass e os russos compreendem a guerra que lutam é possível, diferente dos veículos ocidentais e dos institutos do estudo da guerra estrangeiros, entender mais que perfeitamente qual o objetivo das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e da Rússia em Mariupol e o que estes esperam encontrar: Uma viagem para o inferno que é o próprio aeroporto de Mariupol, e um regresso repleto de provas, evidências e  testemunhas, para ser possível condenar os perpetradores daquela que talvez, seja uma das maiores barbaridades do começo do século XXI:

“Após a conclusão do cerco total de Mariupol (no sul de Donbass), e a captura de assentamentos próximos, como Shirokino, pela DPR (República Popular de Donetsk) pela Milícia Popular e pelo exército russo, a batalha pela libertação da cidade agora pode começar.

Por que estou falando de libertação? Bem, como lembrete, em 11 de maio de 2014, a população de Mariupol, bem como Donetsk, Makeyevka, Gorlovka ou outras localidades do oblast de Donetsk votaram esmagadoramente (89%) para deixar a Ucrânia, após o golpe. Desde 2014, a cidade está sob o controle da Ucrânia, país que os habitantes de Mariupol escolheram deixar. Uma cidade onde batalhões neonazistas e SBU instalaram prisões secretas onde usaram tortura em escala industrial (entre outras coisas no porão do aeroporto), estupro de prisioneiras e execuções extrajudiciais, contra qualquer pessoa que apoiasse a DPR ou o LPR (República Popular de Lugansk), ou era suspeito de apoiá-los. E oito anos depois, a milícia popular da RPD e o exército russo lançaram a batalha para libertar Mariupol. A cidade está agora completamente cercada por ambos os exércitos após a captura de Shirokino e Volnovakha pela milícia popular.”

DONBASS – THE BATTLE FOR MARIUPOL HAS BEGUN!”, de 2022.

Observação: Quando a reação do oprimido é igualado a opressão e tirania daqueles que realmente detém o poder:

*: 
O relatório citado, ainda que em menor escala e intensidade, também aponta casos de detenção ilegal, maus-tratos e tortura nos territórios controlados pelas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. O que devemos condenar sem nenhuma reserva. Convém sempre recordar, porém, que estes ainda carecem de estrutura e organização legítima de um Estado-Nacional pleno para poder aplicar a lei e fiscalizar a aplicação desta. Acrescenta-se que estas repúblicas nunca existiram de forma autônoma sem estar em sangrenta guerra civil.

Cabe lembrar também, nenhum grupo insurgente ou guerrilheiro, por mais violentos que possa ser, jamais poderá causar tantos danos quanto o terrorismo de Estado, sobretudo quando este último está organizado de forma racional para espionar, prender, torturar, estuprar, desumanizar, e finalmente,  matar,  um grupo ideológico, etnico, linguístico em particular da população. Temos exemplos disso aqui mesmo, no Brasil como os casos de Marighela e a guerrilha do Araguaia.

E, finalmente, é importante observar de forma crítica o fato de que claramente tal relatório feito em parceria por uma organização inglesa e outra norte-americana, tem certo intuito de forçosamente tentar igualar ambos os “lados” ao analisar apenas 9 casos, em um universo maior de casos,  atribuídos aos dois lados do confronto. Como podemos ver na matéria acima, é difícil de sustentar tal equivalência dos lados do conflito dada a profusão de denúncias e comprovações quanto à extensão do aparato de repressão da Ucrânia e sua forma de atuação subdividida entre operação legais e operações ilegais, mesmo sendo um Estado-Nacional legítimo e signatário de uma série de tratados, acordos, e convenções internacionais.

Notas:

Publicado em A Coisa Pública Brasileira
1:https://www.amnesty.org/en/documents/eur50/4455/2016/en/#:~:text=In%20some%20cases%2C%20the%20detentions,other%20forms%20of%20ill%2Dtreatment.

2:https://acoisapublicabrasileira.wordpress.com/2022/03/05/entrevista-exclusiva-jornalista-dmitri-kovalevich-comunista-ucraniano-sobre-a-situacao-das-republicas-populares-de-donetsk-e-lugansk/

3:https://acoisapublicabrasileira.wordpress.com/2022/03/07/tudo-que-voce-precisa-saber-para-entender-o-que-acontece-em-mariupol-sobre-a-batalha-de-mariupol-ideologia-filosofia-da-historia-e-a-cronologia-dos-ocorridos-em-mundos-paralelos%ef%bf%bc/

https://acoisapublicabrasileira.wordpress.com/2022/03/05/entrevista-exclusiva-jornalista-dmitri-kovalevich-comunista-ucraniano-sobre-a-situacao-das-republicas-populares-de-donetsk-e-lugansk/Fontes:

“ Ativistas de direitos humanos falaram sobre as prisões secretas do SBU.”, de 2016: https://lenta.ru/news/2016/07/21/sbu_prisons/

“Verdadeiro inferno”: como os nazistas torturam as pessoas na Ucrânia.”, de 2019:https://www.gazeta.ru/army/2019/07/17/12504919.shtml?updated

“Biblioteca” infernal: havia uma prisão secreta da SBU no aeroporto de Mariupol” , de 2019:  https://www.vesti.ru/article/1359577

“Como sair da biblioteca? Ex-prisioneiros de Mariupol contaram sobre os horrores da prisão secreta da SBU”  https://ria.ru/20190717/1556523534.html, 2019

“Ex-oficial da SBU falou sobre a tortura de prisioneiros em uma prisão secreta em Mariupol”, de 2019: https://ria.ru/20190719/1556677870.html

“Sputnik revela evidências de existência de prisão secreta na Ucrânia”, de 2019:

https://br.sputniknews.com/20190717/sputnik-revela-evidencias-de-existencia-de-prisao-secreta-controlada-pela-ucrania-14226016.html

“ATUALIZAÇÃO – Sputnik descobre vítimas da prisão da SBU de Kiev enterradas perto da rampa do aeroporto, questionadas por legisladores”, de 2019:
https://www.urdupoint.com/en/world/update-sputnik-learns-kievs-sbu-jail-victi-672828.html

“Secret Jail in Ukraine’s Mariupol Existed at Least Until 2018 – Security Service Report”:, de 2019:https://sputniknews.com/20190718/secret-jail-ukraine-mariupol-security-service-report-1076282385.html

“DONBASS – THE BATTLE FOR MARIUPOL HAS BEGUN!”, de 2022: https://www.donbass-insider.com/2022/03/03/donbass-the-battle-for-mariupol-has-begun/

1. https://caixadeferramentas.org/aeroporto-mariupol/?fbclid=IwAR1_gbGBZGVvQGS9Zixcmx7AvT7af3SLJ1M0premjGkdkWzPv_uQ6NLCTGk

2. https://orangenews9.com/if-you-thought-nazis-are-finished-off-after-world-war-ii-think-again/

Créditos: Chico Júnior

sexta-feira, 25 de março de 2022

Os EUA construíram capacidade de guerra para a Rússia – levando à morte de soldados americanos

 por Jon Rapport

O trecho de hoje de Sutton vem de seu livro de 1986, The Best Enemy Money Can Buy 

A questão é: por que esses homens estão fazendo isso?

“Arquiteto da Ford” na “terra dos soviéticos”

Especialistas americanos dentro de fábrica de automóveis projetada por Albert Kahn em Tcheliabinsk, em 1932

  • Especialistas americanos dentro de fábrica de automóveis projetada pelo americano da Ford Albert Kahn em Tcheliabinsk - Rússia, em 1932.  De acordo com o plano, as fábricas de construção de tratores deveriam produzir não apenas máquinas agrícolas, mas também tanques, que se mostraram eficazes na guerra subsequente contra a Alemanha nazista. 

Eles estão financiando e fornecendo dinheiro para ambos os lados de uma guerra? É porque eles querem igualar os dois lados, na esperança de que um impasse evite uma catástrofe global?

Quando você consegue financiar e fornecer dois inimigos, já está pensando nas consequências, quando o conflito diminuirá ou terminará. Você está planejando construir uma organização que “gerenciará a paz”.

Essa organização terá que ser grande. Muito grande. Que é exatamente o que você quer. Ela assumirá a forma de algo como governança global — tanto governança quanto você puder criar e impor.

E foi por isso que você financiou e forneceu os dois lados no mesmo tempo.

É por isso que vocês são chamados de Globalistas.

(E não estou falando apenas das Nações Unidas. Isso é apenas uma parte de uma estrutura de “gestão” muito maior.)

OK. Agora aqui está o trecho de Sutton:

“Embora a produção militar de [soviéticos] Gorki e ZIL fosse bem conhecida pela inteligência dos EUA e, portanto, por sucessivas administrações, a ajuda americana para a construção de grandes fábricas de caminhões militares foi aprovada nas décadas de 1960 e 1970.”

“Sob intensa pressão política dos cegos surdos-mudos, os políticos dos EUA, particularmente nas administrações Johnson e Nixon sob o estímulo de Henry Kissinger (um funcionário de longa data da família Rockefeller), permitiram que as fábricas de Togliatti (Volgogrado) e Kama River Ser construído."

“A fábrica de automóveis de Volgogrado, construída entre 1968 e 1971, tem capacidade para 600.000 veículos por ano, três vezes mais do que a fábrica de Gorki, construída pela Ford, que até 1968 era a maior fábrica de automóveis da URSS.”

“Embora Volgograd seja descrita na literatura ocidental como a 'fábrica de Togliatti' ou a 'fábrica de automóveis Fiat-Soviética', e de fato produza uma versão do sedã Fiat-124, o núcleo da tecnologia é americano. Três quartos do equipamento, incluindo as principais linhas de transferência e automáticas, vieram dos Estados Unidos. É realmente extraordinário que uma usina com potencial militar conhecido possa ter sido equipada pelos Estados Unidos no meio da Guerra do Vietnã, uma guerra na qual os norte-vietnamitas receberam 80% de seus suprimentos da União Soviética”.

“O contrato de construção, concedido à Fiat SpA, uma empresa intimamente associada ao Chase Manhattan Bank, incluiu uma taxa de engenharia de US$ 65 milhões. O acordo entre a Fiat e o governo soviético incluía:”

“O fornecimento de dados de desenho e engenharia para dois modelos de automóveis, substancialmente semelhantes aos modelos Fiat de produção atual, mas com as modificações exigidas pelas condições climáticas e rodoviárias particulares do país; o fornecimento de um projeto completo da planta fabril, com a definição das máquinas-ferramentas, ferramentais, aparelhos de controle, etc.; o fornecimento do know-how necessário, treinamento de pessoal, assistência à partida da planta e outros serviços similares.”

“Todas as principais máquinas-ferramentas e linhas de transferência vieram dos Estados Unidos. Embora as ferramentas e acessórios tenham sido projetados pela Fiat, mais de US$ 50 milhões em equipamentos especiais importantes vieram de fornecedores norte-americanos. Isso incluiu:

1. Máquinas de fundição e equipamentos de tratamento térmico, principalmente máquinas de moldagem de frascos e núcleos para produzir peças de ferro fundido e alumínio e fornos contínuos de tratamento térmico.

2. Linhas de transferência para peças de motor, incluindo quatro linhas para pistões, tornos e retíficas para virabrequins de motores e máquinas de perfuração e brunimento para camisas de cilindros e carcaças de eixos.

3. Linhas de transferência e máquinas para outros componentes, incluindo linhas de transferência para usinagem de suportes e carcaças de diferenciais, tornos automáticos, máquinas-ferramentas para produção de engrenagens, luvas deslizantes de transmissão, eixos estriados e cubos.

4. Máquinas para peças de carroceria, incluindo prensas de painel de carroceria, endireitadeiras de chapas, peças para instalações de pintura e equipamentos de processamento de estofados.

5. Equipamentos de manuseio, manutenção e inspeção de materiais que consistem em transportadores aéreos tipo Webb de trilho duplo, linhas de montagem e armazenamento, amoladores de ferramentas especiais para máquinas automáticas e dispositivos de inspeção.

“Alguns equipamentos estavam nas listas de Controle de Exportação e Co-Milho dos EUA como estratégicos, mas isso não foi um retrocesso para a Administração Johnson: as restrições foram abandonadas arbitrariamente. As principais empresas de máquinas-ferramenta dos EUA participaram no fornecimento do equipamento: a TRW, Inc. de Cleveland forneceu articulações de direção; A US Industries, Inc. forneceu uma “grande parte” das impressoras; A Gleason Works de Rochester, Nova York (conhecida como fornecedora da Gorki) forneceu equipamentos de corte de engrenagens e tratamento térmico; A New Britain Machine Company forneceu tornos automáticos. Outros equipamentos foram fornecidos por empresas subsidiárias dos EUA na Europa e alguns vieram diretamente de empresas européias (por exemplo, a Hawker-Siddeley Dynamics do Reino Unido forneceu seis robôs industriais). Em tudo,

“Em 1930, quando Henry Ford se comprometeu a construir a fábrica de Gorki, os comunicados de imprensa ocidentais contemporâneos exaltavam a natureza pacífica do automóvel Ford, embora o Pravda tivesse declarado abertamente que o automóvel Ford era desejado para fins militares. Apesar dos ingênuos comunicados de imprensa ocidentais, os veículos militares Gorki foram usados ​​mais tarde para ajudar a matar americanos na Coréia e no Vietnã”.

“Em 1968 Dean Rusk e Wait Rostow mais uma vez exaltaram a natureza pacífica do automóvel, especificamente em referência à fábrica de Volgogrado. Infelizmente para a credibilidade de Dean Rusk e Wait Rostow, existe um veículo militar comprovado com um motor da mesma capacidade que o produzido na fábrica de Volgogrado. Além disso, temos a experiência Gorki e ZIL. Além disso, os próprios comitês do governo dos EUA declararam por escrito e detalhadamente que qualquer fábrica de veículos motorizados tem potencial de guerra. Ainda mais, Rusk e Rostow fizeram declarações explícitas ao Congresso negando que Volgogrado tivesse potencial militar”.

“Deve-se notar que essas declarações do Poder Executivo foram feitas diante de provas claras e conhecidas em contrário. Em outras palavras, as declarações só podem ser consideradas falsidades deliberadas para enganar o Congresso e o público americano”.

“…Até 1968, a construção americana de fábricas de caminhões militares soviéticos era apresentada como 'comércio pacífico'. No final da década de 1960, os planejadores soviéticos decidiram construir a maior fábrica de caminhões do mundo. Esta fábrica, espalhada por 36 milhas quadradas situadas no rio Kama, tem uma produção anual de 100.000 caminhões multi-eixos de 10 toneladas, reboques e veículos off-road. Era evidente desde o início, dada a ausência de tecnologia soviética na indústria automotiva, que o projeto, o trabalho de engenharia e os principais equipamentos para tal instalação teriam que vir dos Estados Unidos”.

“Em 1972, sob o presidente Nixon e o conselheiro de segurança nacional Henry Kissinger, a pretensão de 'comércio pacífico' foi abandonada e o Departamento de Comércio admitiu (Human Events, dezembro de 1971) que a planta Kama proposta tinha potencial militar. Não apenas isso, mas de acordo com um porta-voz do departamento, a capacidade militar foi levada em consideração quando as licenças de exportação foram emitidas para Kama.”

“As seguintes empresas americanas receberam grandes contratos para fornecer equipamentos de produção para a gigantesca fábrica de caminhões pesados ​​Kama:

* Glidden Machine & Tool, Inc., North Tonawanda, Nova York — Fresadoras e outras máquinas-ferramentas.

* Gulf and Western Industries, Inc., Nova York, NY — Um contrato de US$ 20 milhões em equipamentos.

* Holcroft & Co., Kovinia, Michigan — Vários contratos para fornos de tratamento térmico para peças metálicas.

* Honeywell, Inc., Minneaspolis, Minnesota — Instalação de linhas de produção automatizadas e equipamentos de controle de produção.

* Landis Manufacturing Co., Ferndale, Michigan — Equipamento de produção para virabrequins e outras máquinas-ferramentas.

* National Engineering Company, Chicago Illinois — Equipamento para fabricação de peças fundidas.

* Swindell-Dresser Company (um subsídio da Pullman Incorporated), Pittsburgh, Pensilvânia — Projeto de uma fundição e equipamentos para a fundição, incluindo fornos de tratamento térmico e equipamentos de sine;ting sob vários contratos (US$ 14 milhões).

* Warner & Swazey Co., Cleveland, Ohio — Equipamento de produção para virabrequins e outras máquinas-ferramentas.

* Engenharia de Combustão: máquinas de moldagem (US$ 30 milhões). Ingersoll Milling Machine Company: fresadoras.

* Empresa EW Bliss”

“Quem foram os funcionários do governo responsáveis ​​por essa transferência de tecnologia militar conhecida? O conceito veio originalmente do conselheiro de segurança nacional Henry Kissinger, que supostamente vendeu ao presidente Nixon a ideia de que dar tecnologia militar aos soviéticos iria moderar suas ambições territoriais globais. Como Henry chegou a este gigantesco non sequitur não é conhecido. Basta dizer que ele despertou considerável preocupação sobre suas motivações. Não menos importante que Henry era um empregado familiar remunerado dos Rockefellers desde 1958 e atuou como presidente do Comitê Consultivo Internacional do Chase Manhattan Bank, uma preocupação dos Rockefeller”.

“Os acordos comerciais EUA-Soviéticos, incluindo Kama e outros projetos, foram assinados por George Pratt Shultz, que mais tarde se tornaria secretário de Estado no governo Reagan e há muito conhecido como proponente de mais ajuda e comércio para os soviéticos. Shultz é ex-presidente da Bechtel Corporation, uma empresa multinacional de engenharia e empreiteira.”

“Os contribuintes americanos subscreveram o financiamento da Kama através do Export-Import Bank. O chefe do Export-Import Bank naquela época era William J. Casey, ex-associado de Armand Hammer e agora (1985) Diretor da Agência Central de Inteligência. O financiamento foi providenciado pelo Chase Manhattan Bank, cujo então presidente era David Rockefeller. Chase é o ex-empregador de Paul Volcker, agora presidente do Federal Reserve Bank. Hoje, William Casey nega o conhecimento das aplicações militares (ver página 195), embora isso tenha sido enfaticamente apontado ao oficial de Washington há 15 anos.”

“Citamos esses nomes para demonstrar o forte entrelaçamento que os proponentes da ajuda militar à União Soviética mantêm nas principais posições governamentais de formulação de políticas.”

“Por outro lado, os críticos da venda de tecnologia militar dos EUA foram implacavelmente silenciados e suprimidos.”

“Durante duas décadas surgiram rumores de que os críticos da ajuda à União Soviética foram silenciados. Na década de 1930, a General Electric alertou seus funcionários na União Soviética para não discutirem seu trabalho na URSS sob pena de demissão.”

“Nas décadas de 1950 e 1960, a IBM demitiu engenheiros que se opunham publicamente à venda de computadores IBM para a URSS…”

—fim do trecho de Sutton—

No clima atual de “cancelar qualquer coisa russa”, os apoiadores dessa campanha deveriam estar pedindo o cancelamento dos americanos indiciados pelo trabalho de Sutton.

Mas é claro, quantas pessoas sabem o que Sutton descobriu?

A ignorância generalizada não é por acaso.

1. https://blog.nomorefakenews.com/2022/03/25/us-built-war-capability-for-russia-leading-to-deaths-of-american-soldiers/?fbclid=IwAR2RqYltovN5EDs_pbvIOWEm-c6UmolBajqCddcvxTBNFWf6MyG766heJ2c

2. https://br.rbth.com/historia/80958-estado-sovietico-obteve-ajuda-ocidente-renegou

3. https://stringfixer.com/pt/Stalingrad_Tractor_Factory

4. https://partisan1943.tumblr.com/post/131258809170/soviet-bmd-1-airborne-infantry-fighting-vehicles

CRÉDITO:  Herbert Dorsey

A esperança, frágil, está na possibilidade de a humanidade voltar a temer o fim da vida no planeta que não soube ocupar.

  • A própria cultura européia – de onde tiramos mais de 90% de nossa visão de mundo – internalizou a monarquia durante quase toda a sua existência. Histórias de reis e príncipes que, por serem líderes naturais de seus povos, são entendidos como os “mocinhos” das histórias de maneira natural, existem desde a Ilíada e a Odisséia até Game of Thrones. Não apenas na monarquia brasileira: em qualquer monarquia desenvolvida no mundo, os reis e a aristocracia prestam muito mais contas à população do que a interminável burocracia do Estadodemocráticodedireito, que é justamente quem permite que políticos se encastelem em Brasília, e burocratas do alto estamento possam mandar no país  nem nenhuma conexão com o povo – exatamente a única coisa que mantém os reis no poder. A proclamação da República no Brasil foi um golpe militar, dado sem nenhum apoio popular, na calada da noite, por um grupo positivista e tecnocrata. Não à toa, o país Brasil passou mais de uma década praticamente sob lei marcial, ditaduras, e vivendo sob risco de guerra civil o tempo todo.

O presidente russo teria concluído que as negociações eram inúteis, e a guerra inevitável, porque os EUA e os europeus não pressionariam a Ucrânia a fazer concessões. Pelo contrário, seguiriam armando aquele país e a acenar-lhe com a possibilidade de ingresso na OTAN, num desafio evidente a ele [Putin], que sempre declarara que isso representaria uma ameaça inaceitável à segurança russa. Quando deu início ao que chamou eufemisticamente de ‘operação militar especial’, Putin declarou como seus objetivos a desnazificação e a desmilitarização da Ucrânia, o que foi entendido como mudança de governo e renúncia à OTAN. Em declarações feitas na última quarta-feira, dia 16/03, em reunião com lideranças regionais russas, para tratar de medidas de apoio econômico e social à população, para protegê-la dos efeitos das sanções econômicas e financeiras já adotadas pelos EUA, a UE e alguns outros países, Putin deu mais uma explicação para sua decisão: atacara militarmente porque tropas e milícias ucranianas, concentradas nas proximidades da região de Donbass, estariam prestes a avançar para tentar recuperar as repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, que desde 2014 estavam sendo submetidas a pesados bombardeios ucranianos, e cuja independência a Rússia acabara de reconhecer”.

O Ocidente erra de rumo ao apostar numa resistência interna desgastando Putin, na medida em que a guerra se prolonga mediante a ação conjugada de EUA/OTAN alimentando a Ucrânia com ajuda econômica e fornecimento de armas e munições. Aliás, é assim que começam os grandes e longos conflitos espalhados mundo afora pelos EUA, como, por exemplo, no Afeganistão.

“os laços culturais e familiares entre russos e ucranianos são muito fortes, e sabe-se que houve manifestações internas contra essa guerra, mas Putin continua com apoio elevado e a oposição não seria expressiva a ponto de ameaçá-lo.” Mesmo os efeitos do bloqueio econômico, financeiro e político imposto dificilmente estabelecerão fissuras no aparelho do Estado, até aqui unificado; muito menos se deve contar com uma insurgência. É também equivocada a expectativa ocidental de que os “oligarcas", como são chamados os milionários russos, venham a provocar, ou contribuir para a derrubada de Putin.

A mobilização para enfrentar os efeitos da guerra, que guarda consequências imprevisíveis, lembra a histórica resiliência daquele povo russo, “que já passou por períodos de grandes dificuldades” (e é bom lembrar, para ficarmos em um só exemplo histórico, a invasão alemã na segunda guerra mundial), “e por isso acredito que suportarão melhor que muitos outros povos os efeitos das sanções econômicas e financeiras que foram adotadas unilateralmente pelos EUA, a UE e alguns outros países, e que terão um efeito bumerangue”. Mesmo numa eventual queda de Putin, imprevisível com os dados de hoje, não acontecerá a possibilidade da absorção da Rússia pelo dito Ocidente.Acontecerá uma Rússia cada vez mais afastada do “Ocidente” e mais próxima da China, “e ambos os países contrários à hegemonia norte-americana”, o vetor dos conflitos do mundo de hoje.

A agressividade militar dos EUA, o cerco ao que sobrou dos territórios da antiga URSS e a beligerância das antigas repúblicas do Leste Europeu são conhecidos. As consequências do crescimento da direita em todo o continente europeu eram previsíveis. O neonazismo forceja por vir à tona em quase toda a Europa, e notoriamente na Itália, na França, na Hungria e na Alemanha. Na Ucrânia, milícias nazistas são incorporadas ao exército e há mesmo suspeitas, por serem confirmadas, da existência de laboratórios aptos à fabricação de armas biológicas.
Sabe-se que nesta rodada foi destinado àquele país o papel que cabe ao molusco na peleja do mar com o rochedo. Trava-se em seu território uma guerra por procuração, e seus soldados, ao defenderem sua pátria, estão também lutando e morrendo pelos EUA, numa guerra pela hegemonia mundial que opõe Washington e Beijing.

O comportamento da Alemanha, possivelmente o vizinho europeu mais prejudicado pelo conflito “A Alemanha sempre foi o membro da UE com relações mais estreitas com a Rússia, mas o novo chanceler, Olaf Scholz, não tem a estatura de Angela Merkel e se alinhou completamente com os EUA. A Alemanha valeu-se da ocasião para anunciar que vai duplicar seu orçamento de defesa. O tempo nos dirá o que significará para a Europa e o mundo o rearmamento alemão.” Esse rearmamento, porém, não é fato isolado. Como vem anunciando a grande imprensa, e a diplomata registra, “é esperado um aumento significativo dos gastos militares nos EUA, e aumentos devem ocorrer também em outros países da OTAN, principalmente no Leste europeu, bem com fora daquela aliança militar, como na Índia, na China e no Japão” - este, um país de trágicas tradições guerreiras e imperialistas. Os americanos, aliás, conheceram a que ponto podem chegar os exércitos nipônicos. No último 23 de março, a OTAN anunciou o envio de armas para as antigas repúblicas do Leste Europeu “de modo a aumentar as forças militares nos territórios aliados da região”, mencionando como primeiro passo “o lançamento de novos batalhões da Otan na Bulgária, Hungria, Romênia e Eslováquia” (CNN Brasil, 23/03/2022).

Breve o mundo será um grande barril de pólvora prestes a explodir. A guerra é o preço que as potências cobram quando a História dita a inexorabilidade da sucessão dos ciclos hegemônicos. Assim hoje, como em 1914 e 1939. A “Guerra Fria” de nossos dias é o preâmbulo do que deverá ser o cotidiano de nosso futuro imediato.

Para muitos países, a invasão da Ucrânia ensejou simplesmente a grande oportunidade para um perigoso rearmamento mundial, e a UE renunciou, talvez definitivamente, à ilusão de uma vida econômica e estratégica autônoma em face dos EUA, por enquanto fortalecidos para o embate de médio prazo com a Eurásia liderada pela China, anúncio de uma nova ordem internacional, política, econômica e militar, impondo um novo desenho ao mundo ditado pela hegemonia anglo-saxã.
“A Ucrânia já sinalizou que aceita renunciar ao ingresso na OTAN, e estariam sendo discutidos os termos da sua neutralidade. Exige que essa seja garantida por países da OTAN, como EUA e alguns europeus, e isso creio que seria aceitável para a Rússia. Mais difícil de negociar é a questão territorial. A posição máxima inicial da Ucrânia, irrealista, é exigir que seja restabelecida sua integridade territorial anterior à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014. Acho, à luz do que tem sido a campanha militar da Rússia, que suas pretensões territoriais máximas não abrangem a anexação de toda a Ucrânia, mas certamente o reconhecimento pela Ucrânia da perda da Crimeia, das repúblicas de Donetsk e Lugansk e também, muito possivelmente, das terras de ligação entre a Crimeia e aquelas repúblicas ao longo do Mar de Azov. A evolução das posições negociadoras das duas partes depende do desenrolar da guerra nas próximas semanas e, principalmente, de conseguirem os russos ocupar o importante porto de Mariupol, no Mar de Azov”.

Mas a paz mundial está definitivamente afastada?

Ela permanece como uma necessidade, sobrevivendo, como agora, em meio a conflitos de toda ordem. Vivemos momento precioso e raro na História: o parto de uma era. Há um novo mundo por nascer e um mundo velho tentando impedi-lo de vir à luz. Chegamos ao nosso Rubicão, e daqui em diante qualquer previsão será temerária. A esperança, frágil, está na possibilidade de a humanidade voltar a temer o fim da vida no planeta que não soube ocupar.

NOTA: No seu boletim de guerra do último dia 23, o “correspondente” da Rede Globo, falando da Polônia para dar notícias da guerra na Ucrânia, foi dominado de emoção ao descrever a dor e a tristeza dos gatinhos e dos cachorrinhos ucranianos vítimas da guerra, muitos visivelmente deprimidos por se haverem separado de seus donos. O repórter recupera o humor ao registrar a solidariedade dos europeus, pois de todos os países chegam pedidos de adoção. Não se sabe, porém, como os generosos europeus estão recebendo as vítimas humanas do conflito, inclusive os civis ucranianos que fogem de milícias sanguinárias, como o famigerado Batalhão Azov.

1. embaixadora Thereza Maria Quintella, Roberto Amaral, Pedro Amaral e Manoel Domingos Neto.
2. https://sensoincomum.org/2019/11/16/proclamacao-republica-maior-erro-politico-ocidente/

quinta-feira, 24 de março de 2022

Taiwan, China e Biden EUA "Estado profundo - OTAN"

  • Ucrânia é parte 1 (de 3) da derrubada da cabala/estado profundo
  • Pt 1 = Ucrânia, Pt 2 = Taiwan, Pt 3 = Israel

No caso da Ucrânia, a tensão está instalada desde 2014, quando a Rússia anexou a região da Crimeia. Na sequência, o leste ucraniano viu a explosão de um novo conflito, que já matou mais de 14 mil pessoas e opõe o governo ucraniano às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com suporte de Moscou.

Taiwan, por sua vez, é uma questão territorial sensível para os chineses. Relações exteriores que tratem o território como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio defendido de “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como parte do território chinês. Diante da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, desde 2020 a China tem endurecido a retórica contra as reivindicações de independência da ilha, e o risco de uma invasão existe.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos países do mundo, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal fornecedor de armas da ilha, o que causa imenso desgosto a Beijing, que tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação.

Exercício militar de Taiwan realizado em junho de 2020 (Foto: Wkimedia Commons)

O presidente americano reiterou que os EUA rejeitam firmemente os "esforços unilaterais" para mudar o status quo de Taiwan ou prejudicar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan. Biden se referiu assim às ameaças da liderança comunista de conquistar Taiwan para a "reunificação".

Pequim considera Taiwan como parte da China, enquanto a república insular de 23 milhões de pessoas se considera independente.

Segundo a Casa Branca, Biden também enfatizou que os EUA ainda se sentem vinculados pela Lei de Relações de Taiwan, de 1979, na qual os EUA se comprometeram com a defesa da ilha através do fornecimento de armas para Taiwan. Pequim reivindica soberania sobre a ilha e prometeu tomá-la, mesmo à força.

Xi também foi muito claro sobre Taiwan: ele alertou Biden contra "brincar com fogo". Pequim tomaria "medidas decisivas" se "forças pró-independência de Taiwan" cruzarem uma "linha vermelha".

Por que a China é a menos confiável  na liberdade na Galáxia?

Conselho dos Cinco, uma organização espiritualmente evoluída [e AQUI ESTA O “PROBLEMA” DE COMUNISTAS ATEUS] , por a China ser “ligeiramente” regressiva e ter muitos interesses próprios. O Conselho dos Cinco teve um papel nos Acordos de Júpiter, e parte desse papel era avaliar a evolução espiritual dos [PSEUDO] líderes na Terra. Isso foi feito, é claro, para garantir a segurança do povo terrestre, pois sabemos que estão sob controle de políticos tirânicos há muito tempo.

https://areferencia.com/asia-e-pacifico/taiwan-ve-paralelo-entre-sua-situacao-e-a-da-ucrania-e-teme-a-indiferenca-dos-estados-unidos/

https://www.brasildefato.com.br/2021/11/16/apoiar-a-independencia-de-taiwan-e-brincar-com-fogo-alerta-xi-em-conversa-com-biden

Enquadramento de Donald Trump em o Estado profundo

Donald Trump EUA movimentou sua comitiva da CIA, para destruir a Venezuela via Caracas-Juan Gaidó. Joe Biden  EUA, se rende a Venezuela tentando negociar petróleo já escasso no ocidente. Faço lembrar a todos, que o porto secreto do Irã em Paraguaná, Venezuela, está a apenas 1.880 quilômetros de  Miami: a 3.095 quilômetros de Washington DC e a só 988 quilômetros da cidade de Bogotá, Colômbia. E lembro mais, a Rússia é parceira da Venezuela.

O coro de louvores é ainda mais perturbador no atual clima internacional, cheio de tensões, quando se sabe que Trump adora(va) ser adulado. Trump é esta mistura de criança birrenta, charlatão narcisista e dotado de um pendor autoritário. Está exasperado, pois a realidade não se encaixa no seu reality-show. No entanto, Trump sem aceitar a realidade, trabalha para se reeleger em 2024.  

Quando um chefe de Estado errático e desinteressado em aprender qualquer coisa que ele ignore comanda o mais poderoso Exército do mundo, todos ficam em alerta. Mas, quando Donald Trump ordenou que seus generais bombardeassem a Síria e se envolvessem em exercícios navais na Ásia, ele foi ovacionado pelos parlamentares norte-americanos, republicanos e democratas, bem como pela quase totalidade da mídia, inclusive a da Europa. Um jornal nacional francês chegou a avaliar que “o ataque na Síria” tinha “qualquer coisa de libertador”.¹ Cinquenta e nove mísseis disparados contra uma base aérea no Oriente Médio praticamente transformaram um presidente afogado na impopularidade, no amadorismo e no nepotismo em um homem determinado, sensível, incapaz de conter sua humanidade diante de fotos de “lindos bebês cruelmente assassinados em um ataque muito bárbaro”.

Em janeiro de 1961, três dias antes de deixar o cargo, o presidente republicano Dwight Eisenhower alertou seus compatriotas contra um “complexo militar-industrial” cuja “influência – econômica, política e até mesmo espiritual – pode ser sentida em cada cidade, em cada estado, em cada administração”. A julgar pela sucessão de reviravoltas do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump esse “complexo” tem estado ocupado nas últimas semanas. No dia 15 de janeiro, a avaliação de Trump era: “A Otan está obsoleta”; no dia 13 de abril: “A Otan não está obsoleta”.  Há alguns meses, ele considerava que a Rússia se tornaria “um aliado”; no dia 12 de abril, ele concluiu que as relações entre Washington e Moscou tinham chegado ao “ponto mais baixo já alcançado”De acordo com o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, assim que “a última névoa eleitoral se dissipou”, Trump foi “quebrado pelo sistema de poder” de Washington. Dominado por um “Estado profundo”, em suma, que não se deixa jamais desviar de suas prioridades estratégicas por causa das mudanças de inquilino na Casa Branca. Os republicanos e os democratas mais nostálgicos da Guerra Fria podem se vangloriar: Trump pode parecer uma marionete, mas não uma “marionete do Kremlin”…² Nesse ponto, ganhou o Estado profundo. Se Eisenhower ressuscitasse, ele certamente acrescentaria a seu “complexo militar-industrial” um componente midiático. Isso porque a informação é apaixonada pela tensão permanente, ela ama a guerra; e os comentaristas famosos assumem com mais boa vontade as proclamações altissonantes quando não são seus filhos os soldados que perecem nos conflitos armados, mas “voluntários”, frequentemente proletários. Os principais jornais norte-americanos publicaram 47 editoriais relacionados aos “ataques” norte-americanos na Síria. Apenas um se pronunciou contra…³ 

1 Libération, Paris, 9 abr. 2017.

2 Ler “Marionnettes russes” [Marionetes russas], Le Monde Diplomatique, jan. 2017.

3 Adam Johnson, “Out of 47 major editorials on Trump’s Syria strikes, only one opposed” [Entre os 47 mais importantes editoriais sobre o ataque de Trump à Síria, apenas um se opõe a ele], Fairness & Accuracy in Reporting (Fair), 11 abr. 2017.

4 https://diplomatique.org.br/o-estado-profundo/