Trecho do capítulo 5 do livro "Mafia Verde: o ambientalismo a serviço do Governo Mundial"
Mais sofisticado que Lutzenberger, o físico José Goldemberg ganhou notoriedade nacional a partir de meados da década de 70, na esteira da oposição de parte da comunidade científica brasileira ao programa nuclear brasileiro, em especial o Acordo Nuclear com a Alemanha. A militância antinuclear e em favor das fontes energéticas alternativas o levaram a aproximar-se dos círculos da ?Nova Ordem Mundial? que promovem o ambientalismo e as restrições tecnológicas. A sua entusiasmada adesão ao catastrofismo ambientalista - condição básica para o ingresso naqueles meios - pode ser constatada com o parágrafo introdutório de seu livro S.O.S. Planeta Terra - o efeito estufa: ?O planeta Terra está ameaçado. O Eden original no qual viveram nossos antepassados distantes - em equilíbrio com a natureza - já não existe mais a não ser em regiões isoladas e protegidas.?
No livro, repleto de informações e dados incorretos sobre os fenômenos atmosféricos, Goldemberg abraça a tese de que os recursos necessários para ?combater as conseqüências do efeitos estufa, ou preveni-las?, sejam gerados pela aplicação de impostos sobre a produção dos derivados do carbono.
Em 1989, ao concluir o seu mandato na reitoria da Universidade de São Paulo (USP), Goldemberg iniciou em grande estilo a sua escalada na hierarquia dos serviçais do Establishment oligárquico. Por intermédio de Yevgeny Velikhov e outros contatos soviéticos, foi convidado a integrar a junta diretora do Fundo Internacional para a Sobrevivência e o Desenvolvimento da Humanidade, entidade sediada em Moscou, cuja finalidade era a de criar um foro de debates Leste-Oeste para a agenda malthusiana-ambientalista. No mesmo ano, ele havia participado do Foro Global de Líderes Espirituais e Parlamentares para a Sobrevivência Humana, também realizado em Moscou, com patrocínio do Fundo. No Foro, Goldemberg foi convidado pela ONG Greenpeace para escrever um dos capítulos do livro Global Warming (Aquecimento global) , publicado no ano seguinte pela organização e o qual constituiu uma das maiores peças propagandísticas em favor das teorias catastrofistas sobre o fenômeno e das drásticas medidas de controle de emissões sugeridas para minimizá-lo, das quais Goldemberg se mostrou um ferrenho adepto.
Os contatos de Goldemberg com Velikhov datam pelo menos de 1986. Sintomaticamente, Velikhov foi também o responsável pelo estabelecimento de um escritório do Greenpeace em Moscou.
Sintomático das idéias de Goldemberg é um artigo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo (29/01/89), intitulado ?Amazônia e seu futuro?. Nele, Goldemberg pergunta: ?Se for possível converter parte da dívida externa em apoio a tais medidas (proteção da Floresta Amazônica - n.a.), por que não usar este instrumento?? Em seguida, ele mesmo propõe: ?Cálculos preliminares mostram que cerca de 30% da Amazônia poderiam ser convertidas em parques e/ou áreas protegidas com um dispêndio de US$ 3 bilhões (atualmente só 2% da Amazônia são parques nacionais). Três bilhões de dólares é menos do que três por cento da nossa dívida externa. Não nos parece nenhuma perda de soberania aceitar estes dólares, o que aliás, seria uma forma de testar a sinceridade (ou hipocrisia) de senadores e outras autoridades da floresta amazônica?.
Em 1990, além da nomeação para o gabinete de Collor, Goldemberg foi convidado pela Fundação Rockefeller para integrar o conselho diretor da Leadership for Environment and Development (LEAD), uma organização destinada a formar ?lideranças ambientais? em países-chave para os propósitos do Establishment anglo-americano, entre eles o Brasil. Em uma década, o programa já treinou milhares de profissionais para difundir o ideário malthusiano-ambientalista em postos governamentais, empresariais e acadêmicos.
Em maio do ano seguinte, a mesma fundação colocou Goldemberg à frente de uma nova fundação internacional, criada para promover a adoção de fontes energéticas ?alternativas? nos países em desenvolvimento. Na ocasião, ele voltou a manifestar a sua insatisfação com os rumos do debate internacional em torno da assinatura de um tratado internacional sobre o controle das mudanças climáticas, previsto para a Conferência de 1992, devido à oposição de alguns países que ?não compreendem o problema?.
Ainda em 1990, Goldemberg ampliou seus vínculos com a cúpula ambientalista ao ser indicado para o conselho diretor do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), ONG baseada em Winnipeg, Canadá. Outro membro do conselho do IISD é ninguém menos do que Maurice Strong.
No Governo, um dos primeiros alvos de Goldemberg foi o programa nuclear desenvolvido pelas Forças Armadas. Em setembro, por insistência sua, Collor protagonizou um dos mais deprimentes episódios de emasculação de um país diante da oligarquia internacional, ao lançar uma pá de cal simbólica num poço existente no campo de provas da Aeronáutica em Cachimbo (PA), o qual supostamente serviria para testes de artefatos nucleares. Ao lado de Collor e Goldemberg, estava José Lutzenberger.
Em 10 de outubro, o New York Times publicou uma entrevista com Goldemberg, na qual este revelou a existência de ?um relatório confidencial de 50 páginas a respeito do projeto da bomba atômica brasileira, entregue ao presidente Collor?. Na entrevista, ele aponta o ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) Rex Nazaré Alves e o brigadeiro Hugo de Oliveira Piva, ex-diretor do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) como os principais responsáveis pelo programa secreto, denominado ?Projeto Solimões? - ao qual descreve, depreciativamente, como ?uma mistura de Irãgate com Sonho de uma Noite de Verão?.
Goldemberg foi também um dos primeiros a propor que os países do Grupo dos Sete (G-7) financiassem um programa para a conservação da Floresta Amazônica. Em sua forma inicial, ele propôs que o G-7 concedesse ao Brasil uma ajuda anual de 2 bilhões de dólares para projetos de reflorestamento.
Igualmente, ele foi um dos pioneiros de um esforço que se desenrolou ao longo de toda a década de 90, no sentido de mudar a matriz energética brasileira - baseada predominantemente na energia hidrelétrica -, para dar maior ênfase ao gás natural. Durante a sua gestão, ele se empenhou pela construção do gasoduto Bolívia-Brasil, o que só viria a ocorrer no Governo Fernando Henrique Cardoso.
Em março de 1991, Goldemberg foi agraciado nos EUA com o Prêmio Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, por suas propostas sobre políticas dos países em desenvolvimento frente às supostas mudanças climáticas.
Com a demissão de Lutzenberger, Goldemberg assumiu interinamente a Secretaria do Meio Ambiente, à frente da qual participou da conferência Rio-92, em junho.
Durante toda a sua participação no Governo Collor, encerrada em setembro (depois de assumir o Ministério da Educação), pouco antes de o presidente ser defenestrado do cargo por acusações de corrupção, Goldemberg atuou como um eficiente agente de influência do Establishment oligárquico. Em grande medida, por influência sua, o Brasil aderiu a todos os acordos internacionais elaborados pelos estrategistas oligárquicos para a escalada rumo ao pretendido ?governo mundial?, tanto na área ambiental como na científico-tecnológica. Entre eles, destacaram-se: o Protocolo de Montreal; o Tratado de Tlatelolco, de banimento de armas nucleares na América Latina; o Acordo Quadripartite de Salvaguardas Nucleares, que estabeleceu a criação de uma agência argentino-brasileira para fisaclizar as atividades nucleares dos dois países; e fez sérios acenos para a adesão ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, que seria efetivada no Governo Fernando Henrique Cardoso. Efetivamente, ele tem feito por merecer os numerosos postos e galardões com os quais tem sido agraciado pelos seus patronos oligárquicos.
José Goldemberg |