De acordo com os pesquisadores, o Aqüifero, localizado sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá, guarda algo em torno de 86,4 quatrilhões de litros de água potável. Os números foram revelados pelo professor André Montenegro Duarte, do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará.
Membro do Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos da Universidade Federal do Pará (UFPA), Duarte é doutorado em Geociências e está investigando a potencialidade das águas na Amazônia. A tese, orientada pelo professor Francisco Matos de Abreu, do Instituto de Geociências da UFPA, indicou números preliminares que ainda precisam de confirmação.
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Ponto estratégico |
Contudo, ainda em fase preliminar, a pesquisa necessita de mais recursos para confirmar os dados obtidos até agora. De acordo com Francisco Matos, um investimento em torno de R$ 500 a 600 mil seria suficiente para estruturar um Sistema de Informações Geográficas sobre o Aquífero Alter do Chão.
“O trabalho duraria cerca de oito meses e teria o objetivo de formar um banco de dados do Aqüífero”, explica. Segundo o professor, o levantamento seria concebido de dados já existentes e serviria como base para um trabalho mais longo, de aproximadamente quatro anos.
“Assim seria conhecida a verdadeira situação da qualidade da água, das recargas, dos riscos e potencialidades de usos”, argumenta Matos. Os dados obtidos até agora tiveram como base no cruzamento de dados provenientes da perfuração de poços para a pesquisa petrolífera e poços de extração de água construídos em Santarém, Manaus e outras localidades.
De acordo com os pesquisadores, Alter do Chão é mais um item que se junta ao gigantismo dos números amazônicos. “Para ficarmos apenas na água, a Amazônia transfere 8 trilhões anuais de litros de água que sustentam um PIB agrícola de aproximadamente 50-60 bilhões de dólares, base do agronegócio que em 2007 correspondeu a cerca de US$ 315 bilhões, ou cerca de 20% do PIB brasileiro”, diz Matos.
Para ele, a pesquisa teria caráter estratégico para o país e para o mundo, dada a importância das águas da Amazônia. “Mas isso ainda pouco compreendido pelos gestores”, afirma. Segundo Matos, a questão precisa ser entendida na sua integralidade, dentro do que os especialistas chama de Ciclo Hidrológico.
“Mesmo longe das áreas mais desenvolvidas, as águas da Amazônia têm uma influência indiscutível sobre todas as regiões do Brasil e têm que ser entendidas nesse contexto”, salientou o pesquisador.
“Passos de tartaruga”
Escolhida como uma das praias mais bonitas do mundo, Alter do Chão empresta o nome ao que pode ser a maior reserva de água doce do planeta. Caso os dados preliminares sejam confirmados, o Aquífero paraense pode superar o até então mais conhecido do Brasil e identificado como maior do mundo, o Guarani, , cujas reservas são estimadas em 45mil Km³.
Matos destaca que pesquisas realizadas no Aquífero Guarani e concluídas no ano passado receberam investimentos de cerca de R$ 35 milhões com o apoio do Banco Mundial. “Se não for feito nenhum tipo de investimento na pesquisa, o Grupo andará a passos de tartaruga”, lamenta.
O Guarani está localizado na região centro-leste da América do Sul, sob quatro países. Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (2/3 da área total), abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O pesquisador acredita que os depósitos de água subterrâneas precisam ser melhor conhecidos para que possam ser “usados com sustentabilidade, protegidos e preservados, por se constituírem patrimônio inalienável da nação brasileira”.
Para Matos, é uma pena que os números apresentados de Alter do Chão só chamem a atenção pela sua grandeza. “Talvez por isso mesmo ofusque a sua real importância estratégica, que só pode ser mensurada com pesquisas e avaliações econômicas precisas, cujo ferramental tecnológico e expertise regional já se encontram disponíveis”, afirma.
Além dos aqüíferos de Alter do Chão e Guarani, há outros menos conhecidos, como é o caso de Pirabas, no nordeste do Pará, segundo Matos, uma reserva estratégica para mais de 50% da população paraense, superior a 3,7 milhões de pessoas.
Além de Francisco Matos e André Montenegro, o Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos da UFPA é integrado ainda pelos pesquisadores Milton Mata (UFPA), Mário Ribeiro (UFPA) e Itabaraci Nazareno (Universidade Federal do Ceará/UFC).
ANA - Agência Nacional de Águas
Avaliar o potencial de aqüíferos na Amazônia já está nos planos da Agência Nacional de Águas (ANA). Segundo o gerente de águas subterrâneas da instituição, Fernando Roberto Oliveira, para o próximo ano está prevista a contratação de estudos para avaliar o Aquífero Alter do Chão e também outros da região.
http://www2.ana.gov.br/Paginas/Biblioteca/Hidropirataria.aspx
Faltam recursos para pesquisa sobre o Aquífero Alter do Chão
A quem pedir?
O Grupo de pesquisa em Recursos Hídricos da UFPA ainda não formalizou nenhum pedido de verba aos governos Federal ou Estadual, ou a qualquer banco porque, segundo Francisco, "não se sabe a quem pedir". "Se não for feito nenhum tipo de investimento na pesquisa, o Grupo andará a passos de tartaruga", afirma o professor.
Uma das possíveis fontes de financiamento citadas pelo professor é o Fundo Amazônia mas, segundo ele, é um fundo restritivo, pois contempla apenas a questão da preservação da floresta e não da água. Outra seria o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ, que fomenta pesquisa. O problema, segundo Matos, é que Centro não tem uma linha específica para financiar um projeto de desenvolvimento de um sistema de banco de dados do Aquífero Alter do Chão. O Grupo tem buscado parcerias com diferentes instituições para viabilizar a pesquisa. - http://pib.socioambiental.org/en/noticias?id=88218
PRIVATIZAÇÃO DOS AQUÍFEROS??
Santarém - O Aquífero Alter do Chão descoberto em 1958, está ameaçado de ter suas reservas de água privatizadas pelo Governo Federal. Até o momento este é o maior aquífero do planeta com o dobro de volume de água do Aquífero Guarani e corre o risco de ser estudado por grupos e empresas estrangeiras. E O PIOR... CORRENDO O RISCO DE SER PRIVATIZADA A PREÇO DE BANANA, "PREÇO DE POLÍTICO", COMO ACONTECEU COM AS DEMAIS PRIVATIZAÇÕES QUE ACONTECERAM NO BRASIL NOS ÚLTIMOS TRINTA ANOS.