Na sexta feira de
13/11/14, BolsoHitler em homenagem
aos 70 anos do desembarque das Forças Expedicionárias do Brasil na Europa, o
tenente Jair Bolsonaro[3] disse: “Queria agradecer as Forças Armadas dos
Estados Unidos (...), apesar do meu
bisavô ser alemão e ter sido soldado de Hitler. Ele não tinha
opção: ou era soldado, ou era paredão”, comentou, sem esconder um ligeiro
desconforto com a ligação histórica. Bolsonaro aproveitou os seus
minutos para exaltar os “heróis de 1964” – como ele se
refere aos militares que comandaram a ditadura militar
no Brasil sob o comando, custeio, e intervenção dos Estados Unidos. Aproveitou
para atacar a Comissão Nacional
da Verdade (CNV), que apura os abusos de autoria dos militares durante a
ditadura militar no Brasil, comparando a Comissão da Verdade, aquela
cafetina, que ao querer a sua biografia escolheu sete prostitutas. E o
relatório final das prostitutas era de que a cafetina deveria ser canonizada.
Essa é a Comissão da Verdade de Dilma Rousseff. Hoje, maio de 2020, infelizmente como presidente eleito pelo
Partido Militar, e o Brasil com a pandemia mundial do Coronavírus, Bolsonaro discursa: A epidemia
vai contaminar quase todos, "quando 60 ou 70% da epidemiaspassa quando as pessoas forem
contaminadas ou vacinadas", 140 milhões de brasileiros serão contaminados, Bolsonaro não defende o isolamento, é para a economia não parar, assim, o governo não
coloca dinheiro, não terão dispendios com o social, as pessoas vão adoecer mesmo, muitos são doentes crônicos, e
vão morrer mesmo, disse Bolsonaro, Ficarão os jovens e
atletas, tem uma lógica na fala de Bolsonaro, isso se chama EUGENIA, de Hitler, continua Bolsonaro, vamos
acabar logo com essa tortura, assim não teremos o decair da economia, seguido do desemprego. Essa é a
fala perversa de Bolsonaro pior do que Hitler. Se Bolsonaro sob o
comando dos militares conseguirem derrubar o Congresso e instaurar uma Ditadura
no Brasil, mandará matar sem dó nem piedade todo cidadão que depende do Estado, inclusive, os bolsonaristas que o seguem, que o aplaude [2].
VEJAM ABAIXO, A PARTICIPAÇÃO DESASTROSA DA FEB - FORÇA
EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA, CRIADA NO CAMPO DE IBUNA NO RECIFE/BRASIL, PELO
QUARTEL-GENERAL NORTE AMERICANO, EM FUNCIONAMENTO DESDE 1942, PARA ATUAREM NA
ITÁLIA À SERVIÇO DOS ESTADOS UNIDOS CONTRA OS ALEMÃES.
O general Dutra trocou a vida dos pracinhas inexperientes na luta contra os alemães, por material bélico para alimentar o exército maçonico entreguista no Brasil.
A idéia de se criar uma força militar para participar do conflito surgiu em fevereiro de 1943, no encontro dos presidentes dos Estados Unidos e do Brasil, Franklin Roosevelt e o ditador Getúlio Vargas, na cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Na ocasião, Getúlio argumentou que o envio de tropas dependeria exclusivamente do reaparelhamento bélico das Forças Armadas Brasileiras.
No início de março de 1943, Getúlio Vargas aprovou proposta do ministro da Guerra, general Eurico Dutra, sugerindo a criação da força expedicionária, mas condicionando-a ao recebimento do material bélico necessário inclusive para as tropas que garantiriam a defesa do território brasileiro. A proposta concretizou-se em 9 de agosto, através da Portaria Ministerial nº 4744, que criou a Força Expedicionária Brasileira, formada pela 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) e órgãos não-divisionários. Sua chefia foi entregue ao general João Batista Mascarenhas de Morais.
Acervo Iconographia/reprodução
Fig 1. Gen Mascarenhas de Moraes e o comando aliado: situação difícil após os reveses no Monte Castello. O capitão Vernon Walters serve como intérprete, à esquerda da foto: — Desejo uma resposta peremptória e positiva do comando brasileiro. A FEB tem ou não capacidade de combate? “as críticas chegaram a tal ponto de alguns oficiais americanos pedirem a retirada das tropas brasileiras da frente”[5].
No apagar das luzes da Segunda Guerra Mundial, entre 1944 e 1945, 25 mil brasileiros lutaram ao lado dos aliados norte-americanos contra efetivos de soldados alemães, em território italiano. Entre eles, 681 militares pernambucanos, todos treinados em um quartel-general ianque montado no Recife. Enquanto as batalhas eram travadas na Europa, Pernambuco vivia tempos de paranoia em relação a ataques aéreos e de racionamento de alimentos e energia elétrica. O povo estava distante do front, mas vivia, assim mesmo, uma guerra de metáfora.
Fig. 4 Generais Mark Clark, Mascarenhas de Morais e Zenóbio da Costa, entre outros, em visita ao Ninho da Águia, residência de Adolf Hitler na Baviera, capturada em 1945[5]
O Exército Brasileiro é Plural? Acredito que SIM.
soldado de Hitler.
Outro texto publicado no site do Exército brasileiro classifica Otto
como "oficial brilhante" e afirma que o major "foi comandante de
um pelotão de blindados na frente Oriental na 2ª Guerra Mundial, sendo
promovido ao posto de 1º tenente, por bravura, em 1943". Consta que ao
término do conflito, Otto foi reintegrado ao posto de capitão em 1955, com a
reativação das Forças Armadas da Alemanha. Ainda segundo publicação do Exército
brasileiro, Otto foi "um sobrevivente da 2ª Guerra Mundial e das prisões
totalitárias soviéticas, cuja vida foi encurtada por um ato terrorista insano e
covarde". Em 1942, após sucessivos ataques de submarinos alemães aos
navios brasileiros no Atlântico, o Brasil declarou guerra à Alemanha nazista,
que junto com Itália e Japão formava o Eixo. A participação brasileira na
Segunda Guerra se deu de forma mais intensiva a partir de julho de 1944, quando
desembarcaram na Itália pouco mais de 25 mil pracinhas da FEB (Força
Expedicionária Brasileira). O saldo do conflito para o Brasil foi de 443 mortos
e cerca de 3.000 feridos[4].
OTIMISTAS E ANALFABETOS
Antes mesmo de os brasileiros chegarem na Itália, os oficiais norte-americanos já se comunicavam por meio de relatórios a respeito dos novos aliados. Nos documentos, registravam como a diferença entre classes e o preconceito racial tinha reflexo nas forças militares. A maior patente alcançada por um negro era a de major. Também teciam comentários diversos sobre o modo de ser dos latinos. Em abril de 1944, um militar dos EUA descreveu: “As pessoas no Brasil são extremamente hospitaleiras, alegres e otimistas. Conversam de maneira dramática, e expressam suas emoções em palavras fortes. Elas fazem e esperam elogios honestos, mas são rápidas em apanhar insinceridades. Os instruídos (há muitos na classe alta) são inteligentes, mentalmente rápidos e bem informados. O grosso da população, contudo, consiste na classe baixa. Eles são, em larga extensão, analfabetos (...) O brasileiro tem senso de humor e é interessado em música, arte etc. Uma vez que ele se torna seu amigo, tudo o que ele tem é seu”.
Quando não desconhecida, a atuação da Força Expedicionária Brasileira é cercada de informações imprecisas, às vezes contraditórias. Não é para menos. A própria guerra dificilmente tem as motivações compreendidas. Poucos têm a dimensão de como os desdobramentos daquele período sombrio se prolongam até hoje, 70 anos depois do cessar-fogo. Para pesquisadores, o fim da batalha global não ocorreu em 1945, mas com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a dissolução do império soviético. A movimentação encontra ecos em episódios atuais, como a guerra civil na Ucrânia e a anexação da Crimeia pela Rússia.
Acervo Iconographia/reprodução
A atualidade das discussões em torno do maior confronto bélico da história, com mais de 100 milhões de combatentes, fez o jornalista William Waack, correspondente de guerra em nove ocasiões, revisar e ampliar investigação jornalística feita há 30 anos, em 1985. No livro-reportagem As duas faces da glória (Editora Planeta, 344 páginas, R$ 41), agora reeditado, são apurados os pontos de vista de aliados e inimigos a respeito da atuação da FEB na Itália. Baseado em documentos e entrevistas, ele revela, por exemplo, como a maioria dos alemães desconhecia a atuação dos brasileiros. Do lado norte-americano, havia dificuldade de se compreender o caráter nacional dos pracinhas tupiniquins.
Para o jornalista, foi uma maneira de driblar a “versão oficial” dos fatos, até então somente narrados e interpretados pelos próprios militares. Na época da primeira edição, a obra foi encarada como “provocação” e "tentativa de denegrir as forças armadas”. Ao longo dos anos, as críticas se multiplicaram, vindas também de pesquisadores como o historiador norte-americano Frank McCann (Waack “violentou a verdade histórica”) e o jornalista Bonalume Neto, autor de A nossa segunda guerra (para ele, o livro do colega é “lamentável” e “uma catilinária anti-FEB").
Wikimedia/reprodução |
QUARTEL NO RECIFE
No Campo de Ibura, no Recife, um quartel-general norte-americano em funcionamento desde 1942 (United States Army Forces South Atlantic – USAFSA) foi essencial para o nascimento da FEB. Em negociações com os brasileiros, o governo dos Estados Unidos deixou clara a necessidade de os militares daqui serem treinados nos padrões de lá. Era essencial conhecer os aliados como povo, sociológica e antropologicamente, além de ter acesso a treinamento político e técnico-militar. Enquanto isso, o caminho inverso era feito por Carmem Miranda, vista como um pedaço exótico do Brasil nas passagens pela terra do Tio Sam.
Credito: Forte.jor.br/reprodução |
FEIJÃO COM SALSICHA
Ex-oficiais alemães entrevistados por William Waack demonstraram total desconhecimento sobre a participação de brasileiros na guerra. Uma exceção foi Klaus Dietrich Polz, segundo-tenente das forças de Hitler. Aos 20 anos, o jovem nazista foi capturado pela FEB em 11 de março de 1945. Depois de receber um prato de feijão com salsicha dos inimigos, não conteve a surpresa ao ver, pela primeira vez, uma pessoa negra. Levou "algumas tapas", mas acabou sendo liberado. Décadas depois, disse ser muito grato aos brasileiros. “Se tivesse sido capturado pelos russos, estaria morto”. O episódio protagonizado pelo veterano nazista havia sido narrado, ainda durante o conflito, pelo escritor e correspondente de guerra Rubem Braga.
Joel Silveira. Editora Objetiva/divulgação |
DIRETO DO FRONT
O também correspondente Joel Silveira definiu o cheiro da guerra como uma mistura de sangue velho e óleo diesel. No inverno gelado daquela região na Itália, o mais rigoroso das cinco últimas décadas, a neve restringia a locomoção e era tão democrática quanto o tédio dos longos dias - combatentes da FEB e jornalistas sofriam na mesma proporção. O corneteiro acordava todos às 5h, na escuridão de um lugar onde o sol só nascia depois das 10h e só se sustentava até 15h ou 16h. Era comum a água disponível para higiene pessoal amanhecer congelada. Em seguida, o café-da-manhã tipicamente norte-americano, com geleias, leite, presunto, bacon do Texas e suco de laranja da Califórnia. Ao sairem, ele e os demais jornalistas levavam consigo as pesadas máquinas de escrever. No caminho, frequentemente eram alvo de granadas atiradas por alemães. A cada explosão, um dos repórteres sempre dizia: “A sorte é que meu relógio é antimagnético”.
Correspondentes de guerra. Credito: Wikimedia.org/reprodução |
FRANZINOS E RESISTENTES
Depois de receberem o reforço brasileiro, os oficiais dos EUA passaram a ter uma visão mais positiva sobre os soldados (“embora franzinos, aguentam de maneira excelente as difíceis manobras de campo (...) Muitos deles poderiam marchar descalços, se necessário”). Uma preocupação dizia respeito à saúde fragilizada dos pracinhas, muitos deles com doenças venéreas. Posteriormente, várias queixas surgiram aos “hábitos desleixados” dos brasileiros.
ELES NUNCA VOLTARAM
Pernambuco enviou 681 militares pernambucanos para compor a divisão do General Mascarenhas de Morais, da FEB. Mas nem todos voltaram dos campos de batalha. Treze foram mortos nos nove meses de combate e enterrados na Itália. Eram homens nascidos no Recife, Cabo de Santo Agostinho, Limoeiro, Igarassu, Catende e Taquaritinga do Norte. Em homenagem a eles, foi erguido em 1971 o Monumento aos Pernambucanos Mortos na Segunda Guerra Mundial, no Parque 13 de Maio, bairro de Santo Amaro.
Karl Schurster Verissimo, pós-doutor em história pela UFRPE, professor da UPE e autor de O Brasil e a Segunda Guerra Mundial (edição esgotada).
Como a imagem da FEB se alterou ao longo dos anos?
Logo após a guerra, houve um processo de heroificação da FEB. Ela se torna a heroína da pátria, convenientemente às vésperas de um governo militar. Nesse período, surgiram muitas biografias e livros de memórias ufanistas. Passada a ditadura, começa um processo de ridicularização da FEB por parte da historiografia brasileira. O combatente passa a ser retratado como banguelo, por exemplo. Surgem relatos de soldados que invadiam casa de italianos para roubar relógio ou de brasileiro que vestiu roupa de alemão e, por isso, foi baleado ao chegar aos Estados Unidos. Foi um processo ridículo. Dizia-se que, como os soldados não conseguiam comer comida enlatada, as forças armadas precisavam mandar carregamentos de feijão e farinha. Acredito que, independente das condições de atuação da FEB, é preciso reconhecer os esforços de uma nação durante a guerra.
As memórias dos ex-integrantes da FEB que ainda estão vivos são fonte de importância histórica?
A história oral dos sobreviventes da guerra fornece indícios maravilhosos, mas essas pessoas geralmente têm uma memória “ressignificada”, até porque as narrativas não foram feitas logo depois de eles voltarem, mas após eles “passarem o passado a limpo”. Entrevistei muitos, e o nível de conhecimento sobre o nazismo é incompatível com a idade que tinham durante a guerra. Eles mencionam informações sobre as quais ninguém tinha acesso, sobre eugenia, práticas alemães. Boa parte dos militares da FEB só entrou na escola depois da Segunda Guerra. Eles voltam em um processo heroico, recebido como heróis nacionais, mas caem em desuso. Há um número imenso de casos de depressão, porque são soldados de front de batalha e, quando retornam ao Brasil, não há mais batalha alguma.
Depois de enviar mais de 600 homens para o conflito na Itália, como a guerra era percebida em Pernambuco?
Mesmo Pernambuco não tendo vivido uma guerra de fato, com bombas sendo atiradas dos céus, as pessoas mudaram seus hábitos, precisaram fazer racionamento de energia, comida, combustível. A imprensa dizia que era necessário se defender em abrigos antiaéreos, ensinava didaticamente como usar, mas não havia nenhum abrigo assim em Pernambuco. Um jornal de 16 páginas passava a ter somente oito, por causa da guerra, assunto que sempre ocupava a primeira página. O tradicional restaurante Leite fechava mais cedo para contribuir com o racionamento, e tudo isso fez parte de um discurso que modificou o comportamento para conviver com uma guerra sem guerra. Se não vivemos o front de batalha, vivemos uma guerra de metáfora. Ouvi pessoas que tinham medo real, viviam para defender a costa brasileira[1].
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