terça-feira, 21 de setembro de 2010

MASSACRE DE WIRIAMU genocídios da guerra fria silenciado durante vinte anos


Portugal planejou um genocídio?

 

Barbara Reis

É um relatório de 1974, mas que nunca foi divulgado em Portugal. Elaborado a partir de um inquérito mandado realizar pelas Nações Unidas depois de conhecido o massacre de Wiriamu, contém terríveis acusações às autoridades coloniais e hierarquias militares da época. Um relatório que vai ao ponto de considera que a actuação portuguesa em Moçambique, nos anos finais da guerra, se aproxima do conceito de genocídio.

Subitamente, num dia de Setembro ou Outubro de 1973, no distrito de Vila Perry, numa área controlada pela Frelimo, centenas de moçambicanos morrem com os sintomas clássicos da cólera, temperatura baixa, vómitos e diarreia. Ao fim do terceiro dia tinham morrido mais de mil pessoas, esperava-se que morressem muitas mais, mas a suposta epidemia acabou. De um modo tão abrupto que os médicos não acreditaram que a cólera fosse a causa das mortes, porque nenhuma epidemia, que começa com uma agressividade destas, acaba assim, em 72 horas.

Esta é a razão médica que, há 22 anos, provocou fortes dúvidas em relação à “cólera oficial”. Mas há, além disso, um conjunto de factores que, na altura, as Nações Unidas juntaram, peça a peça, num relatório. Durante, a “cólera, no distrito de Tete tropas do Sul da Rodésia que apoiavam as portuguesas foram vistas a transportar água pura em pequenas latas, e em Manica e Sofala as tropas portuguesas foram vistas  a viajar com grandes latas também com água, algo que nunca tinha acontecido. Até então, as tropas portuguesas e a Frelimo sempre tinham usado as mesmas fontes de água, e de repente não só estavam a abastecer noutro local, como entre os materiais capturados numa emboscada, a Frelimo encontrou garrafas de água, coisa que também nunca acontecera. Cerveja e vinho era comum, mas nunca água.

Este é um dos “incidentes especialmente sérios” contados no Relatório da Comissão de Inquérito dos Massacres em Moçambique das Nações Unidas, tornado público na Assembleia Geral da ONU em 1974 em Nova Iorque, mas que nunca chegou a ser divulgado em Portugal. “Há fortes suspeitas de que as mortes tenham resultado de envenenamento da água, o que talvez indique uma política de genocídio” por parte do Governo colonial português, escreve a comissão de inquérito.

A comissão diz não ter bases suficientes para tirar uma conclusão 100 por cento segura, mas lendo os anexos do relatório - nos quais são transcritas, na íntegra, todas as entrevistas feitas às 69 testemunhas - não há dúvida de que a ONU tinha, em 1973, fortes suspeitas de que Portugal estava a usar armas químicas, bacteriológicas ou a experimentar alguma substância química nova em Moçambique.

“Uma epidemia de cólera, que começou como esta, tem que durar meses e atingir vastas áreas, sobretudo numa região onde as condições de higiene e profilaxia são muito más”, disse Slavcho Rajkov Slavov, o cirurgião húngaro que trabalhava no hospital da Frelimo Américo Boavida, em Ntawara, Tanzânia, e que testemunhou perante a comissão da ONU. “As nossas enfermeiras que trabalhavam na zona mandaram-nos um telegrama no qual diziam que mais de mil pessoas tinham morrido, entre soldados e civis, em Manica e Sofala, mas quando os nossos camaradas lá chegaram para investigar e organizar o combate à doença não encontraram nenhum caso de cólera”.

Todos estes dados juntos sugerem, repete a comissão, que houve, da parte das tropas portuguesas, um acto intencional de envenenar a água que se sabia ser consumida na região, por militares e civis.


O genocídio

As tropas portuguesas, sobretudo os Grupos Especiais, os Grupos Especiais de Pára-quedistas, as companhias de comandos, os Flechas, um corpo auxiliar da polícia secreta, a Direcção Geral de Segurança (antiga PIDE), torturaram e mataram arbitrariamente milhares de moçambicanos civis, homens, mulheres e crianças, em diferentes províncias do país até Abril de 1974.

Segundo este Relatório da ONU, durante a ditadura as violações dos direitos humanos em Moçambique eram comuns, frequentes e generalizadas. a tal ponto que, contrariando a ideia de que o famoso massacre de Wiriamu, a 16 de Dezembro de 1972, foi uma acção quase isolada, o relatório dedica algumas páginas à volta de uma pergunta perturbante: Portugal tinha como política planeada eliminar o povo moçambicano?

A palavra genocídio aparece pela primeira vez na página 27. A comissão começa por dizer que a definição de genocídio no artigo II da Convenção sobre a Prevenção e Castigo do Crime de Genocídio de 9 de Dezembro de 1948 “é uma definição difícil”, que “fala de actos cometidos com o intento de destruir, no todo ou em parte, um grupa nacional, étnico, racial ou religioso”. A seguir a comissão diz “que não há provas fortes de que as autoridades portuguesas tivessem intenção de dizimar a população nativa de Moçambique. Há uma diferença entre os actos portugueses e o protótipo de genocídio, a exterminação dos judeus pelos nazis”.

“Mas - escreva a ONU - as acções portugueses satisfazem o critério em relação á parte da definição geral “ de genocídio. “Consequentemente, a comissão de inquérito considera que, se o massacre das populações das aldeias não constitui genocídio tal como ele é definido no artigo II da Convenção sobre Genocídio, está muito perto dela”.

São dezenas os factores que levaram a comissão a pensar em genocídio. A misteriosa epidemia em Vila Perry é uma delas, a que se juntam os vários massacres, algumas vezes de mais de 500 pessoas, como na aldeia de Mueda, no distrito de Cabo Delgado, a 16 de Junho de 1960, ou no caso da aldeia de Mutanga, onde 59 pessoas, incluindo mulheres e crianças foram queimadas vivas em Janeiro de 1965. Só num dia, a 16 de Março de 1972, tropas portuguesas e do sul da Rodésia mataram 78 pessoas na aldeia de Zambeze, 30 em Mponda, 38 em Deveteve e 38 em Chimandabue. “Numa área de 20 a 25 quilómetros, ficou tudo destruído”.

“Outro massacre foi cometido na aldeia de Chinyerere em Setembro de 1973. De uma população total de 58 pessoas, 31 foram mortas”. Noventa foram mortas em Chiuaio, na área de Angonia. A lista é longa. Em Cambeue, perto de Moatize, em Tete,  300 pessoas foram mortas em Setembro-Outubro de 1971. Depois foi Wiriamu, que desapareceu do mapa e o Governo de Marcelo Caetano disse na altura que a aldeia nunca existira. “Uns dias antes do massacre, um vendedor de gado português informou os aldeões de que haveria uma feira de animais em Wiriamu em 16 de Dezembro. Por isso, várias pessoas juntaram-se na ladeia com o seu gado. O vendedor de gado não apareceu. Em vez disso, os aldeões foram cercados por tropas comandadas por agentes da DGS”, relata a comissão. “Os massacres mais recentes sobre os quais a comissão ouviu testemunhos ocorreram á volta de Inhaminga, no distrito da Beira, em março de 1974, e custaram a vida a mais de 200 pessoas.”

Os massacres foram da responsabilidade do Governo português, e eram parte integrante da política colonial. Havia uma cadeia de responsabilidade dos escalões mais baixos, os que perpetravam os massacres, até ao topo. Mas em última instância, a responsabilidade é do Governo português”, escreve a comissão, que concede ser “plausível uma certa medida de iniciativa local” por parte das tropas. “Mas é claro que as políticas emanadas de níveis superiores criaram um clima geral que tolerava e até encorajava o desrespeito pelos direitos humanos”.


O silêncio

Esta era a época em que Portugal estava à margem de dezenas de convenções internacionais, como a acima citada ou a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação racial, de Dezembro de 1965. Mas, sublinha o relatório, Portugal já assinara e ratificara a convenção sobre a Protecção das Pessoas Civis em tempo de Guerra, de 12 de agosto de 1949. De acordo com o artigo 146º desta convenção, “as pessoas responsáveis por ‘graves infracções’ devem ser trazidas perante a justiça e o Estado responsável deve pagar uma compensação ás vítimas ou aos seus sucessores”.

Foi uma coisa que nunca aconteceu, e o temor de que acontecesse talvez tenha estado na origem do facto de o relatório não ter sido tornado público em Portugal, como era intenção das Nações Unidas. Salim A. Salim, antigo primeiro-ministro da Tanzânia e actual presidente da OUA, foi a Lisboa no Verão de 1975 com a missão específica de ler o relatório, mas foi persuadido pelo então presidente português, Costa Gomes, a mantê-lo em segredo (ver texto nestas páginas).

 


As provas

Na introdução, a comissão escreveu: “Este relatório pretende, o mais clara e concisamente possível, chamar a atenção da comunidade internacional para as atrocidades” cometidas em Moçambique. Mais: a comissão encontrou provas de “vários tipos de violência perpetrados contra a população do território”, provas que “indicam um certo padrão de tropas coloniais”, “violência que varia desde a prática frequente de tortura a massacres envolvendo a eliminação de populações inteiras de certas aldeias”. Entre os tipos de violência descrita encontram-se vários assassinatos, homicídios em massa e destruição da propriedade, frequentemente acompanhados por outros tipos de atrocidades como a violação ou o abrir as barrigas a mulheres grávidas.”

Os objectos de tortura mais comuns eram os cavalo-marinho (um chicote feito de pele de hipopótamo), a palmatória, e os chicotes feitos com pneus de bicicletas. Algumas sessões de tortura incluíam também o uso de agulhas e choques eléctricos.

A maioria das sessões de tortura tinha por objectivo obter confissões ou informações sobre a Frelimo. Ocorriam nas prisões, nos escritórios do governo, nas aldeias ou atrás de arbustos à saída das aldeias. Muitas vezes as vítimas eram torturadas arbitrariamente e forçadas a dizer se tinham alguma familiar da Frelimo.

Isso aconteceu, por exemplo, na aldeia de Chingao, perto de Mucumbura. “Outro missionário contou à Comissão de Inquérito a história de um homem que foi espancado durante cinco dias, uma hora por dia. Quando o missionário foi autorizado a ajudá-lo, o homem estava perturbado mentalmente e incapaz de se mexer. Tinha sido torturado porque tinha ido de férias a cerca de 25 quilómetros da fábrica, em Tete, onde trabalhava, e a polícia pensou que ele tinha ido  contactar a Frelimo.”

Mais à frente: “Um missionário que trabalhava na área de Cabora Bassa deu o seguinte testemunho escrito: ‘A polícia prendia pessoas pela mais leve razão para tentar saber se tinham qualquer ligação aos guerrilheiros e torturava-os. Pendurava-os pelos pés, de cabeça para baixo, por exemplo, e batia-lhes até eles confessarem. Às vezes a tortura com choques eléctricos era usada nos órgãos genitais. Por vezes as pessoas morriam durante a tortura.”

Há também a história dos “quatro jovens africanos que foram presos em Junho de 1972 pela polícia portuguesa quando tentavam fugir para o Malawi. Foram torturados durante cinco meses. Um deles foi forçado a bater nos companheiros até eles confessarem às autoridades coloniais o que elas queriam ouvir sobre as actividades dos missionários católicos de Vila Perry, Murraça e Inhangoma. Os relatos obtidos durante as torturas foram usados como base do interrogatório de três missionários”.,

Outro caso é o do “professor africano numa missão católica que foi preso e esteve nove dias na prisão sem praticamente nada para comer. Não foi autorizado a lavar-se e recebeu choques eléctricos”. O motivo da sua prisão foi “uma carta que recebera de um dos seus estudantes. De acordo com a testemunha (um missionário católico) este tipo de tortura era comum e frequente”.

 

Os aldeamentos

Bonifácio Bomba, um agricultor da aldeia de Kanyenze, ponto de Mungale, em Manica e Sofala, disse à Comissão que na aldeia de Kuedza, “as tropas portuguesas prenderam algumas pessoas, espancaram-nas e cortaram-lhes as costas. A seguir as pessoas foram enviadas para um aldeamento”.

Aldeamento era o nome dado as aldeias fortificadas com arame farpado, para onde as pessoas, civis, geralmente trazidos de localidades diferentes, eram levados à força de modo a evitar possíveis contactos com a Frelimo. Em Agosto de 1973, quase um milhão de moçambicanos estavam concentrados nos 895 aldeamentos construídos nos distritos de Cabo Delgado, Niassa e Tete. Mais tarde foram construídos mais 200 nos distritos de Vila Perry e Beira, pelo que, em Dezembro de 1973 um milhão e 300 mil moçambicanos, ou seja, 15 por cento do total da população.

“Alguns missionários católicos que tinham a impressão de que  as autoridades portuguesas desejavam deixar morrer o maior número possível de pessoas” nestes locais descritos como campos de concentração.

Os relatos das atrocidades sucedem-se ao longo das 40 páginas do relatório. “Alguns dos assassinatos foram cometidos da forma mais bárbara. As pessoas eram mortas por serem suspeitas de cooperarem com a Frelimo ou porque resistiam a ir para os aldeamentos.”

Ntenga Mumwilo, um homem idoso da aldeia de Malunzu, na área de Nangade, em Manica e Sofala, disse à Comissão que em 1964 as tropas portuguesas foram à sua aldeia e mataram os seus três filhos. “As tropas ordenaram-lhe que escavasse um buraco para enterrar os filhos, e obrigaram-no a deitar-se dentro do buraco enquanto se riam dele e lhe encostavam os canos das espingardas contra o seu peito. A seguir foi obrigado a ir buscar os corpos e a enterrá-los.”

Numa aldeia em Cabo Delgado “11 crianças foram metralhadas a partir de um helicóptero a caminho da escola perto de uma escola da Frelimo em Mantabalala, a 10 de Outubro d 1973, quando corriam para um abrigo com homens da Frelimo.”

Em Mchkadela, dez mulheres foram degoladas, e a seguir os soldados arrancaram as entranhas de três delas, que estavam grávidas, abriram-lhes as barrigas, tiraram os fetos e cozinharam-nos em brasas espetados em paus. Aconteceu o mesmo em Nankutu pouco depois. Neste relatório não são os números que impressionam. A aldeia de Wiriamu tinha 200 pessoas e era considerada um grande centro populacional.

 

Em Portugal, graças a Costa Gomes

 

Relatório silenciado durante vinte anos

Entre 12 e 18 de Junho de 1975, Lisboa acolhe a 1000 ª reunião da Comissão de Descolonização das Nações Unidas, também conhecida por Comité dos 24 pelo número de países que a integram.

Presidida por Salim Ahmed Salim, antigo primeiro-ministro da Tanzânia e actual presidente da OUA, e com a participação do subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Políticos e para a Descolonização, o chinês Tang Ming-Chao, representantes do PNUD (Programa das Nações Unidas para os Refugiados), OMS, FAO, UNHCR e outras organizações das Nações Unidas, a Comissão vai debater a situação nos territórios ainda sob administração portuguesa e as questões da Namíbia e da Rodésia do Sul.

A política de descolonização aplicada por Portugal após o 25 de Abril  é saudada por todos os intervenientes e o representante da Indonésia garante não ter Jacarta ambições territoriais, mas que acolherá Timor-Leste como parte integrante da república “desde que essa seja a vontade da população”. As preocupações vão para a situação em Angola, onde os focos do conflito armado se multiplicam, prenunciando a guerra civil. Em declarações à imprensa, Salim A. Salim afasta a hipótese de intervenção militar da ONU em Angola e exprime confiança na mediação do Governo português e nas conversações que Agostinho Neto, Holden Roberto e Jonas Savimbi vão travar, dias depois, em Nakuru, Quénia, com a intenção anunciada de salvar o moribundo Acordo de Alvor.

No entanto o modo consensual como decorre a reunião, onde não é difícil encontrar proximidade de posições nas grandes questões, podia ter sido profundamente agitado. Bastava para isso que Salim tivesse levado por diante a intenção que o animava ao desembarcar em Lisboa de proceder à leitura do relatório encomendado, em 12 de Dezembro de 1973 sobre os Massacres em Moçambique.

O relatório, revelado agora pelo Público, vinte anos depois de ter sido silenciado em Portugal, teria provocado certamente, em Junho de 1975, um tremendo choque na opinião pública portuguesa e internacional. A escassos dias da independência de Moçambique, é fácil imaginar o impacto causado junto dos movimentos de libertação com a revelação dos massacres que, segundo a Comissão de Inquérito, indicam uma prática política “muito perto” de definição oficial de genocídio, e do emprego de armas químicas e bacteriológicas pelas Forças Armadas portuguesas sobre as povoações de Wiriyamu, Chawola, Juwau, Nehaminga, João e Vila Perry, com a última acção referida no relatório datada de Março de 1974.

 

Costa Gomes convence Salim A. Salim

O documento fica na bagagem do presidente do Comité dos 24 devido à intervenção do general Costa Gomes. Quando Salim A. Salim lhe comunica, logo à chegada a Lisboa, o propósito de revelar o relatório, o Presidente a República tem consciência do efeito arrasador que a denúncia dos massacres causará à reputação das Forças Armadas portuguesas e teme as consequências políticas, imprevisíveis, que daí poderão advir.

Recorda o marechal Costa Gomes: “Eu era amigo de Salim e quando soube da sua intenção de ler o relatório percebi que ele ia estragar tudo o que estávamos a fazer na descolonização, que o documento estava fora do contexto, Ele concordou e não o leu. E a reunião decorreu de maneira muito diferente daquela como poderia ter decorrido.”

Convencido Salim A. Salim, Costa Gomes parte, a 13 de Junho, para uma visita oficial de três dias à Roménia. Regressa a Portugal ainda a tempo de encerrar a reunião do Comité dos 24.

O relatório elaborado pela Comissão de Inquérito sobre os Massacres em Moçambique é considerado pelo antigo Presidente da república de “grande importância histórica”. Lembra-se das referências que contém ao “emprego de armas químicas ou bacteriológicas sobre as águas da região de Vila Perry” e confirma que as Forças Armadas portuguesas “utilizaram muito os desfolhantes como arma de guerra em Angola e Moçambique”.

“Não tínhamos desfolhantes para as florestas como os americanos no Vietname. Os desfolhantes que lançávamos para destruir as sementeiras só davam nas culturas de baixo porte, como a dos cereais.” Além dos desfolhantes, o marechal Costa Gomes não tem reservas em afirmar que as Forças Armadas portuguesas recorreram com frequência ao napalm nas três frentes da guerra colonial.

Porém, assegura nunca o ter utilizado enquanto chefiou as Forças Armadas em Angola, em Fevereiro de 1970 a Setembro de 1972. “Quando fui nomeado comandante-chefe para Angola, todo o napalm armazenado foi posto à disposição da Defesa Nacional e seguiu para a Guiné e Moçambique.”

Sobre a polémica desencadeada por afirmações  suas na conferência no Martinho da Arcada em Abril último, segundo as quais na fase mais crítica da guerra colonial teria sido discutido o recurso a uma “arma definitiva”, o marechal garante nunca ter falado de “arma invencível”, “absoluta”, “demolidora” ou “final”, mas sim em “armas colectivas” e “outro tipo de armas” que estiveram na “mente dos altos comandos portugueses”.

 

Na pista de Wiriyamu

A Comissão das Nações Unidas que produziu este relatório foi criada para investigar o massacre de Wiriyamu, em Tete, mas acabou por descobrir muito mais. Recolheu informações de violações dos direitos humanos sobretudo entre os anos de 1971 e 1973, mas também muitas outras de anos anteriores, que revelam um mesmo padrão. para a elaboração do relatório, a comissão recolheu informações da Amnistia Internacional; do Comité de Angola em Amsterdão; da Casa di Animazione Missionaria em Roma; do Comité dos Desertores Portugueses em Malmo, Paris, Grenoble, Amsterdão e Arhus; do Comité para a Libertação de Moçambique, Angola e Guiné, em Londres; dos Padres de Verona em Roma; do Instituto Espanhol de Missões Estrangeiras em Madrid, e do Fundo de Ajuda e Defesa Internacional em Haia.                                                                                             

Além destas instituições, a comissão entrevistou 69 pessoas, entre as quais três menores, cujos nomes são transcritos no relatório. Marcelino dos Santos e Joaquim Ribeiro de Carvalho, então dirigentes da Frelimo, entre outros, testemunharam como peritos. a maioria das testemunhas foram padres missionários, quase todos católicos, ou moçambicanos que viviam nas aldeias atacadas.

A comissão de inquérito foi criada e aprovada na Assembleia Geral da ONU de 12 de Dezembro de 1973. Motivos: a assembleia estava “profundamente perturbada” e “convencida da necessidade urgente de uma investigação internacional”.

Por votação, Shailendra Kumar Upadhyay, do Nepal, foi escolhido para presidir à comissão, constituída por Guenter Mauersberger, da então RDA, Roberto Martinez Ordonez, das Honduras, Blaise Rabetafika, de Madagascar, e Sverre J. Bergh Johansen, da Noruega. Foi decidido que as reuniões seriam realizadas à porta fechada. A Comissão de Inquérito reuniu-se sete vezes na sede da ONU, em Nova Iorque, entre Abril e Maio de 74, durante as quais organizou o trabalho e planeou as viagens de campo, concretizadas entre 10 de maio e 16 de Junho (31 encontros: cinco em Londres, seis em Madrid, cinco em Roma, e 15 em Dar es Salaam, Tanzânia). Mais tarde, de regresso aos EUA, a comissão voltou a reunir-se dez vezes para analisar e escrever o relatório.

 

Jornal Público, 10 de Setembro 1995

https://sites.google.com/site/pequenashistorietas/historia-de-portugal/massacre-de-wiriamu

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dr. Rischbieter 1980 procurou o barbudo Lula sindicalista

Os orgulhosos padrinhos do PT foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira. O general Golbery revelou que ia projetar o sindicalista Lula para ser o anti-Brizola. Golbery precisava trazer o Brizola comunista para o Brasil, porque ele estava se tornando um mito muito forte fora do país. Achou ser melhor ele voltar e disputar eleição, porque assim perderia o prestigio político.
A estratégia de Golbery era estimular a imprensa para projetar o Luiz Inácio da Silva, o Lula, um grande líder metalúrgico de São Paulo como uma liderança inteligente expressiva, para ser preparado como o anti-Brizola. Contudo,Lula foi a peça sindical na estratégia de distensão tramada pelo Golbery.  Golbery "temia Lula no sindicato" e "queria que ele fosse para a área política, porque achava que lá ele iria se esfacelar". (Golbery não prestou atenção na armação dos sionistas globalistas)  

'Dr. Rischbieter,ministro da Fazenda em 1979', "Eu costumava manifestar minhas opiniões ao ministro Golbery. Insistia que naquele momento o governo deveria abrir alguns canais de negociações com a sociedade, principalmente com os sindicatos dos trabalhadores que já se organizavam em São Paulo." Pois foi num desses despachos de rotina que o "bruxo" - como era conhecido Golbery por sua condição de alquimista do regime militar - o surpreendeu com uma proposta, no mínimo, inusitada. "Ele me olhou com aqueles olhos ao mesmo tempo sérios e irônicos e perguntou: 'Dr. Rischbieter, o senhor, que às vezes tem umas idéias estranhas, não se disporia a bater um papo com este tal de Lula para saber as suas opiniões?'."Em 9 de janeiro de 1980, entregou pessoalmente o documento ao general Figueiredo, ocasião em que fez um breve resumo do conteúdo. "O presidente me disse que era 'isso mesmo' e pediu que entregasse ao ministro Golbery, o que fiz prontamente. Viajei para Curitiba convencido de que seria o meu último final de semana como ministro." Na segunda-feira, num despacho de rotina com Golbery, foi informado de que seu relatório fora considerado "muito pessimista" pelo governo - "ao que respondi com meu pedido de demissão". Não havia mais condições, nem mesmo ambiente, para permanecer no governo; - "eu encerrava um período de 70 meses em Brasília." "Nosso encontro foi engraçado", recorda o ex-ministro, com um ar nostálgico. "Lembro do Lula com uma barba muito grande, assustado. Afinal, eu ainda era ministro da Fazenda de um governo militar. Quando chegou, parecia desconfiado. Mas foi uma conversa agradável, tranquila, falamos longamente sobre o desemprego, a necessidade de sindicatos fortes e comentamos sobre o papel de Lech Valeska  na Polônia. Senti nele desprendimento e disposição.
Dr. Rischbieter em sua última entrevista após lançar seu livro disse: Todos eram anti-Lula. Por puro desprezo. Justificavam com argumentos do tipo 'ele não sabe falar, erra o português...'. Eu costumo responder que o Lula é o Brasil. Aliás, ele tem a cara deste país, com todos os seus defeitos e virtudes." Reconhece nele um líder carismático, um homem com visão estratégica, porém, lamenta não existir no seu governo a figura de um "confiável'  "primeiro-ministro".
Dr.Rischbieter." Critica a postura da oposição no Congresso por se portar de forma raivosa e se prender a coisas pequenas, assim como as instituições do setor privado. "A Fiesp e os bancos estão sempre contra o governo, acham tudo ruim, mas continuam ganhando rios de dinheiro", diz. Como parlamentarista, credita boa parte da corrupção ao sistema presidencialista, uma vez que os partidos só aceitam alianças políticas ou aprovam as medidas do governo, mediante verbas ou cargos.

As multinacionais supridas de seguros contra Lucros Suspensos apoiavam a greve pressionando o governo pela redução dos impostos.

Em 1978, Lula e a diretoria do sindicato é colhida de surpresa por um movimento espontâneo, liderado pelo então sindicalista Gilson Menezes, que entra na fábrica de caminhões Scania, em São Bernardo e cruza os braços. O movimento chama a atenção de toda a imprensa, do país e do exterior de vez que as greves estavam terminantemente proibidas pelo regime militar, ou obedeciam ordens?.

PAULO EGYDIO  "O  BANQUEIRO DO BANCO NACIONAL QUE FICOU MILIONÁRIO"
Os entendimentos do Governador  do Est. de São Paulo Paulo Egydio prosseguem com Lula,  e  faz a doação de um grande terreno, em São Bernardo, para construção na sede do sindicato dos metalúrgicos. Lula toma posse como presidente.

O restante do ano de 1978 e o começo de 1979 são dedicados à preparação daquela que seria conhecida como a principal greve do movimento trabalhista do país: a dos metalúrgicos de São Bernardo e Diadema que reuniu multidões no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo, rodeando o apadrinhado do "bruxo".

O estádio de futebol foi cedido pelo prefeito Tito Costa, do PMDB, a pedido de Lula,
Uma decisão corajosa de Tito Costa que afrontava a “linha dura” do regime militar, mas que acabou consentida pelo presidente Geisel.
Foi do palanque armado pela Prefeitura na Vila Euclides que Lula projetou-se para o Brasil e para o mundo. Naquela época, a imprensa internacional dava destaque a dois personagens: Lech Valeska e o seu sindicato solidariedade liderando uma greve no estaleiro de Gdansk, Polônia e ao pernambucano Lula da Silva, em São Bernardo.

A greve de 1979 durou 14 dias. No final, metalúrgicos e Fiesp assinaram um acordo que rendeu significativo aumento salarial aos trabalhadores e reverteu a demissão dos líderes. Um movimento vitorioso: para os trabalhadores que conseguiram seus objetivos – embora muitos desejassem mais – e para criação do caldo de cultura da greve de 1980, que durou 41 dias. Este último, um movimento predominantemente político. Que provocou intervenção no sindicato, "prisão de luxo do Lula", dos diretores da entidade e serviu para ampliar a visibilidade de Lula e para a formação do Partido dos Trabalhadores que tanto interessava a Golbery e ao pessoal da “Sorbonne”.

O "BRUXO ALQUIMISTA"
Golbery-poder da chibata.
O “bruxo alquimista” conseguiu matar dois coelhos com uma só cajadada: criou o pluripartidarismo, dividiu as oposições até então encasteladas no Movimento Democrático Brasileiro, MDB e construiu o principal obstáculo para impedir a chegada de Leonel Brizola – o principal inimigo da “revolução” (isto porque Golbery não "pretendeu"  " e não olhou"  para os lados) - ao comando da República. Dez anos depois, em 1989, Lula o comunista - e não Brizola o comunista, que ficaria em terceiro lugar no primeiro turno - disputaria o segundo-turno das eleições presidenciais.

O primeiro de maio de 1979, comemorado no Paço Municipal de São Bernardo do Campo, com a presença de Lula, Don.Cláudio Hummes, Vinicius de Moraes, artistas, intelectuais, estudantes e trabalhadores foi, sem que soubéssemos, um marco exponencial da distensão lenta, segura e gradual do presidente Ernesto Geisel, resultante da fantástica maquinação de seu “bruxo” Golbery do Couto e Silva, "a serviço de quem Golbery?"


Da esquerda. para a direita: Vinicius de Moraes; prefeito Tito Costa (MDB); Lula; deputado Mário Ladeia (MDB); Eduardo Matarazzo Suplicy (futuro senador[.] pelo PT) e o jornalista Édison Motta [Quem escreveu texto postado acima]. 1º de Maio de 1979 no Paço Municipal de São Bernardo do Campo.

A FRÁGIL REPÚBLICA...
Setubal descobriu, QUE O CAPITAL INTERNACIONAL NÃO ERA TÃO RUIM ASSIM...
Em decorrência, devemos reforçar apontando aqueles que aproveitando-se da fragilidade da República contribuíram com as forças invisíveis dos globalistas sionistas nas estratégias já esquematizadas, no desmonte do Patrimônio Brasileiro: o patrão do Lula Indústrias Villares  aonde trabalhava  Lula como metalúrgico; os Villares "Jorge Dumont Villares"sobrinho de Santos Dumont,  herdeiro de uma próspera dinastia de café de São Paulo, e WL Reeves Blakeley que desempenhavam papéis importantes, [.] recebeu gratuitamente do governo terras no Amazonas e vendeu a preços $cifrados a Henry Ford para que este  alí construisse a "frustada e roubada" Fordlândia;

Werner Jessen, Presidente da Mercedes-Benz no Brasil, Mário Henrique Simonsen (o mestre dos economistas expropriador e corrupto), Sarney (o comunista e materialista disfarçado em pacificador),  Celso Lafer, Israel Klabin, Israel Singer Joseph Safra, Osvaldo Aranha, (a serviço das oligarquias judaicas sionistas) Geisel, Médici,(agiam como os portugueses no descobrimento do Brasil não enxergavam o inimigo comunista à frente no comando do "bruxo") Olavo Setúbal, (um dos mega-empresário que mais lucrou, o fundador do banco Nacional e disse: e descobrimos que o capital financeiro internacional não era tão ruim assim), Paulo Egydio Martins, general Dilermando Monteiro II Exército, Delfin Neto, FHC, Serra, Henry Kissinger, Joe Walach , Roberto Marinho, Auro de Moura Andrade, Adhemar de Barros, Antonieta Pellegrini, Alunos do Colégio Mackenzie, O Clero,  Rubem Fonseca, Raquel de Queiroz, Gilberto Freire, Jean Manzon (Canal 100), Manuel Bandeira,— Júlio de Mesquita Filho, Alberto Bighton Jr, Herbert Levy, Gastão Eduardo Bueno Filho, José Ermírio de Morais (que não assume ser judeu), Heinning Boilenssen,— Antonio Carlos Magalhães, Amaral Neto, Gustavo Capanema, Plínio Salgado, Padre Arruda Câmara, Saturnino Braga, Mário Covas, Cunha Bueno, Antônio Kandir (a maldita lei Kandir que isentou o ICM s/exportações favorecendo aos globalistas sionistas)), Gilbert Huber Jr., e outros

Não há “paz” ou “bem da humanidade” que se possam fazer à custa de nosso desaparecimento ou nosso definhamento como unidade política soberana.

— Entre os militares, a Escola Superior de Guerra (ESG) aparece como a principal instituição de doutrinação política pró-EUA. Oficiais estadunidenses permaneceram no quadro de diretores da Escola Superior de Guerra até 1960 e os EUA mantiveram um oficial de ligação com o corpo docente da escola até pelo menos 1970. Pessoal da “Sorbonne” - 
— A ESG havia instruído quase 3 mil militares e civis até 1975 e sua associação de ex-alunos difundiu sua doutrina entre mais de 25 mil pessoas.

Finalidade: Tornar o Brasil  quintal dos Estados Unidos tendo no comando os globalistas sionistas internacionais,  assessorado pelo então Secretário de Estado Norte-Americano o judeu sionista Henry Kissinger.

— O embaixador dos EUA no Brasil reconheceu tais esforços.  — Para ele, o Programa de Assistência Militar foi "um fator altamente importante (para) influenciar os militares (brasileiros) a serem favoráveis aos Estados Unidos". Assessorado pelo então Secretário de Estado Norte-Americano o sionista  Henry Kissinger (criminoso de guerra).

Utilizando os ensinamentos e a proteção  do "bruxo Golbery, Lula em 1990 fundou com o sionista Fidel Castro, FARC... o Foro que batizaram de São Paulo, iniciando a lavagem cerebral no povo brasileiro através do marxismo cultural. Contaram com ajuda dos militantes guerrilheiros comunistas que desde os anos 60, aprenderam na escola da guerrilha cubana dos Castros lições da guerrilha, expropriação, materialismo. Estas experiencias serviram para o partido dos trabalhadores, tendo como líder o Barba Lula,  apadrinhado do militar "bruxo" Golbery, seguir para a conquista do poder, tendo como meta  a desnacionalização do Brasil, adotando a ditadura comunista, disfarçada de socialismo. 


Lula eleito presidente da Republica do Brasil, seu primeiro ato foi procurar o globalista sionista Rothschild acabando por entregar o Brasil e os brasileiros e as privatizações criminosas e inconstitucionais.