Até hoje, 2016, não vimos nenhum político ser julgado, e o erário desviado retornar aos cofres públicos.
Por Redação O Estado Do Paraná - 18/08/2004 - 01:00
São
Paulo ? A Polícia
Federal deflagrou às 5 horas da manhã de 17/08/2004, a Operação Faroleiro –
conhecida também como Operação Polvo e Farol da Colina. São mais de 800 homens
distribuídos em oito estados brasileiros, a maioria em São Paulo e Rio de
Janeiro. Só em São Paulo, foram alocados num hotel no centro da cidade cerca de
230 agentes federais de Brasília. O doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o
Toninho da Barcelona, foi preso.
- Na CPI Delcídio do Amaral não permitiu a declaração do doleiro Toninho da Barcelona!!! Motivo do Pacto entre FHC e Lula. Que hoje se dê continuação das investigações.
A Operação Faroleiro leva este nome em
decorrência do banco Beacon Hill, cuja tradução literal é “farol”. O Beacon
Hill é apontado como um dos maiores lavadores de dinheiro no esquema do
Banestado de Foz do Iguaçu, agência acusada de ter lavado em 4 anos, junto com
o Banestado de Nova York, cerca de US$ 30 bilhões.
A Operação Faroleiro visou buscar
computadores e documentos dos investigados por lavagem de dinheiro. A Beacon
Hill Service Corporation foi indiciada pelo do promotor distrital (district
attorney) de Manhattan, Robert Morgenthal. É acusada de ser intermediária na
abertura de contas em paraísos fiscais e em esquemas de lavagem de dinheiro.
Segundo o MP americano, entre 2001 e 2002 a Beacon Hill teria movimentado
remessas num total de US$ 3,2 bilhões – em apenas 40 contas que tiveram quebra
de sigilo pelas autoridades americanas.
A Beacon Hill foi a responsável pela
abertura da conta camuflada “Tucano” (número 310035), no banco J.P. Morgan
Chase, que recebia transferências ilegais de dinheiro. Segundo a CPI mista do
Banestado saiam remessas, em nome da Beacon Hill, para contas de políticos
brasileiros, como Ricardo Sérgio Oliveira – ex-caixa da campanha do PSDB, e
João Bosco Costa – ex-diretor do Previ.
Morgenthal cita também como investigado
o ex-governador Paulo Maluf. A Beacon Hill também é acusada de ter agenciado 18
remessas para contas em paraísos fiscais feitas pelo presidente da Ponte Preta
de Campinas, Sérgio Carnielli, que somam US$ 615 mil. Na conta Tucano, segundo
a CPI, a Beacon Hill teria movimentado cerca de US$ 28 milhões, entre 1996 e
1998.
O senador Antero Paes de Barros
(PSDB-MT), presidente da CPI Mista do Banestado, afirmou que já foram feitas
diligências em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e São José do Rio Preto
(SP), no Brasil. “De Washington e Nova York, nos Estados Unidos, trouxemos imenso
volume de documentos sobre empresas off shore, entre elas a Beacon Hill,
considerada a holding dos doleiros sul-americanos, em cujas contas circularam
cerca de US$ 10 bilhões retirados ilegalmente do Brasil.
Um golpe na lavagem de dólares
Brasília – Todos os mandados foram
expedidos pelo juiz Sérgio Moro, da 2ª Vara Federal Criminal de Curitiba, que
já julgou processo contra ex-dirigentes do Banestado. Em Belo Horizonte estava
previsto o cumprimento de 17 mandados de prisão; em Curitiba, cinco mandados;
em Recife (cinco mandados); João Pessoa (dois mandados); Belém (oito mandados);
Manaus (quatro); Rio de Janeiro e Niterói (28 mandados); e São Paulo. Até o
começo da noite de ontem foram presos 63 doleiros.
Entre os empresários com mandado de
prisão estão Raul Davis, que tem um escritório no Leblon, área nobre do Rio,
que também está sendo vasculhado pela PF; Armando Santome e Dario Messer, que
teria uma casa de câmbio em Copacabana. Na Ilha do governador, os policiais
tentaram prender o dono da Royal Turismo, Agostinho Rameiro, mas, segundo seu
genro, que não se identificou, ele estaria viajando. A PF levou para a
superintendência o genro de Rameiro. O delegado Paulo Lacerda, diretor da PF,
orientou os policiais a fazer uma operação com “precisão cirúrgica”, para
evitar problemas como os ocorridos na ação de busca e apreensão na Caixa
Econômica, semana passada.
Dez horas após deflagrada pela PF, a
Operação, Farol da Colina contabilizou somente em São Paulo, 24 prisões, dentre
elas a do doleiro Antônio Oliveira da Claramunt, o Toninho da Barcelona. “A
operação está sendo um sucesso e para nós (PF) não existe prazer maior do que a
prisão do Toninho da Barcelona”, afirmou o porta voz da Superintendência da PF,
delegado Wagner Castilho.
A primeira pessoa presa em São Paulo
pela operação foi o doleiro Toninho da Barcelona. Ele foi preso na madrugada,
quando circulava com um parente pela Avenida Sumaré, Zona Oeste da capital.
“Era uma questão de honra para a Polícia Federal prender esse doleiro”,
reiterou o delegado Wagner Castilho.
Segundo Castilho, a movimentação num
sistema chamado de “dólar a cabo”, uma transação na qual empresários e
comerciantes indicavam, via doleiros, contas no exterior para receber recursos
sem recolhimento de impostos ou declarações à receita federal. Os envolvidos
estão sendo enquadrados nos seguintes crimes: evasão de divisas, sonegação
fiscal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
http://www.tribunapr.com.br/noticias/brasil/pf-caca-envolvidos-no-caso-banestado-em-todo-o-brasil/
Conta tucano
Investigações revelam que o ex-caixa de campanha do PSDB movimentou US$ 56 milhões por intermédio de contas no Banestado dos EUA
Documentos
a que ISTOÉ teve acesso começam a esclarecer por que o laudo de exame
financeiro nº 675/2002, elaborado pelos peritos criminais da PF Renato
Rodrigues Barbosa, Eurico Montenegro e Emanuel Coelho, ficou engavetado nos
últimos seis meses do governo FHC, quando a instituição era comandada por
Agílio Monteiro e Itanor Carneiro. Nas 1.057 páginas que detalham todas as
remessas feitas por doleiros por intermédio da agência do banco Banestado em
Nova York está documentado o caminho que o caixa de campanha de FHC e do então
candidato José Serra, Ricardo Sérgio Oliveira, usou para enviar US$ 56 milhões ao Exterior entre 1996 e 1997. O laudo dos peritos mostra que, nas suas operações, o tesoureiro utilizava
o doleiro Alberto Youssef, também contratado por Fernandinho Beira- Mar para remeter dinheiro sujo do narcotráfico para o Exterior. Os peritos descobriram que todo o dinheiro enviado por Ricardo Sérgio ia parar na camuflada conta número 310035, no banco Chase Manhattan também em Nova York (hoje JP Morgan Chase), batizada com o intrigante nome “Tucano”. De acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, em apenas dois dias – 15 e 16 de outubro de 1996 – a Tucano recebeu US$ 1,5 milhão. A papelada reunida pelos peritos indica que o nome dado à conta não é uma casualidade.
o doleiro Alberto Youssef, também contratado por Fernandinho Beira- Mar para remeter dinheiro sujo do narcotráfico para o Exterior. Os peritos descobriram que todo o dinheiro enviado por Ricardo Sérgio ia parar na camuflada conta número 310035, no banco Chase Manhattan também em Nova York (hoje JP Morgan Chase), batizada com o intrigante nome “Tucano”. De acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, em apenas dois dias – 15 e 16 de outubro de 1996 – a Tucano recebeu US$ 1,5 milhão. A papelada reunida pelos peritos indica que o nome dado à conta não é uma casualidade.
Os dois responsáveis pela
administração da dinheirama, segundo a perícia, são figurinhas carimbadas nos
principais escândalos envolvendo o processo de privatização das teles e
auxiliares diretos de Ricardo Sérgio: João Bosco Madeiro da Costa, ex-diretor
da Previ (o fundo de pensão do Banco do Brasil) e ex-assessor do caixa tucano
na diretoria internacional do BB, e o advogado americano David Spencer. A
perícia revela ainda que Spencer é procurador de Ricardo Sérgio em vários
paraísos fiscais. Ao perseguir a trilha do dinheiro, os peritos descobriram que
os milhões de Ricardo Sérgio deixavam o País por intermédio de uma rede de
laranjas paraguaios e uruguaios contratados por Youssef e eram depositados na
conta 1461-9, na agência do Banestado em Nova York antes de pousar na emplumada
Tucano, que contava com uma proteção especial para dificultar sua localização.
Ela estava registrada dentro de outra conta no Chase em nome da empresa Beacon
Hill Service Corporation. De lá, o dinheiro era distribuído para contas de
Ricardo Sérgio e de João Bosco em paraísos fiscais no Caribe.
A perícia traz outras provas
contundentes. A PF conseguiu comprovar que parte do dinheiro enviado por
intermédio do Banestado retornou ao Brasil para concretizar negócios desse
mesmo grupo. Segundo o laudo, o dinheiro voltava embarcado em uma conta-ônibus
junto com recursos de várias offshores (empresas em paraísos fiscais com
proprietários sigilosos) operada pelo próprio João Bosco. Os peritos
conseguiram, por exemplo, identificar o retorno de US$ 2 milhões utilizados
para comprar um apartamento de luxo no Rio de Janeiro em nome da Rio Trading,
uma empresa instalada nas Ilhas Virgens Britânicas. Foram rastreados também
imóveis em nome da Antar, sediada no mesmo paraíso, em nome de Ronaldo de
Souza, que, segundo a PF, é sócio, procurador e testa-de-ferro de Ricardo
Sérgio. Pelas características dos depósitos, que eram frequentes, suspeita-se
que, por esse mesmo duto de lavagem, também passaram contribuições de campanha.
Além disso, Youssef tinha em sua carteira principalmente dois tipos de
clientes: narcotraficantes e políticos. O laudo concluiu ainda que Ricardo
Sérgio, enquanto ocupava o cargo de diretor internacional do BB, ajudou a
montar o esquema bancário que operava com dinheiro de doleiros na fronteira,
depois transferido para a agência nova-iorquina do Banestado.
Os documentos anexados ao laudo
provam o envolvimento do advogado e procurador de Ricardo Sérgio, David
Spencer, na abertura e movimentação da conta 1461-9, em nome da empresa June International
Corporation. Um ofício do gerente do Banestado, Ercio Santos, encaminhado ao
doleiro Youssef em 20 de agosto de 1996, atribui a Spencer a responsabilidade
pela abertura da conta. “Segue cópia dos documentos referentes à abertura da June, em 8 de agosto de 1996. Recebemos hoje do David Spencer”, diz a primeira linha da
correspondência na qual Ercio informa Youssef a respeito dos procedimentos para
movimentação da conta. Na carta, Youssef é tratado intimamente por “Beto” e, ao se despedir, o gerente manda“um grande abraço”. Ercio Santos sabia que mexia com dinheiro sujo. Informa, no
documento, que preferiu não enviar selo da June por malote para não chamar a
atenção. O selo, uma espécie de carimbo metálico, traz a identificação da
empresa no paraíso fiscal onde foi instalada. A perícia comprovou também que,
além do dinheiro do tucanato, Spencer ajudou a lavar recursos desviados do
Banco Noroeste e do Nacional. Casado com uma brasileira, o americano conheceu
Ricardo Sérgio no Brasil quando o ex-diretor do BB ocupava um cargo de direção
no Citibank. Por falar português fluentemente, tornou-se advogado
de banqueiros brasileiros no Exterior.
de banqueiros brasileiros no Exterior.
Como procurador de Ricardo
Sérgio, conforme o relatório, Spencer abriu em 1989 a empresa Andover
International Corporation nas Ilhas Virgens Britânicas. Spencer – que era
também tabelião em Nova York – tinha respaldo legal para fechar as compras de
imóveis no Brasil em nome das empresas offshore de Ricardo Sérgio e sua turma,
mantendo os nomes dos verdadeiros donos em sigilo. Em uma dessas operações em
1989, por exemplo, Spencer lavrou uma procuração em nome do engenheiro Roberto
Visneviski, outro sócio do tesoureiro tucano, para representar a empresa Andover
na compra de um conjunto de salas na avenida Paulista, avaliado em R$ 1 milhão.
Para especialistas em lavagem de dinheiro, a operação é suspeita porque
Visneviski assina duas vezes a transação: como vendedor e como comprador.
“Obviamente, a Andover é do próprio Ricardo Sérgio. Foi uma operação clássica
de internação de dinheiro”, avalia o jurista Heleno Torres, um especialista na
investigação de operações de lavagem. Essa é apenas uma das 137 contas que já
estão periciadas nos inquéritos. Por elas trafegaram US$ 30 bilhões. A polícia
calcula que mais de 90% dessa montanha de dinheiro é ilegal, mais da metade
resultado de sonegação de impostos através de caixa 2.
Reação – As
denúncias publicadas na última edição de ISTOÉ que revelaram a sangria via
Banestado caíram como uma bomba dentro do governo. Já no sábado 1º, um assessor
direto do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, procurou o diretor-geral
da Polícia Federal, Paulo Lacerda, pedindo informações sobre o laudo. Depois de
conversar com o delegado Antônio Carlos Carvalho de Souza, atual responsável
pelo caso, e com os peritos que trabalharam no escândalo, Lacerda comandou o
reagrupamento de todos os policiais que já participaram da operação. Na
quinta-feira 6, o chefe da PF reuniu a equipe e determinou a criação de uma
força-tarefa da PF em parceria com o Ministério Público e com a Justiça. Além
de Carvalho, o delegado José Francisco Castilho Neto e os peritos Eurico
Montenegro e Renato Rodrigues, que buscaram junto ao FBI e organizaram toda a
documentação existente hoje no Brasil, estão de volta às investigações. Os três
haviam sido colocados na geladeira durante a administração tucana na PF. “É o
maior caso de evasão de divisas que eu conheço”, admitiu Lacerda na
quinta-feira 6. “Vamos investigar tudo e não cederemos a pressões de qualquer
natureza”, adverte o ministro Márcio Thomaz Bastos, antecipando-se a eventuais
novos nomes que o dossiê-bomba da PF venha a revelar.
O grupo, reforçado por dois
escrivãos, voltará aos EUA nas próximas semanas para buscar os documentos que
trazem as movimentações bancárias no biênio 1998-1999. Até agora, o trabalho
dos peritos foi um exercício de abnegação. “O número de peritos é pequeno para
o volume de informações que está sendo investigado”, diz o presidente da Associação
Nacional dos Peritos Criminais Federais, Roosevelt Júnior. A divulgação do
laudo também provocou uma corrida de procuradores que investigam separadamente
casos de lavagem em vários Estados. O procurador Guilherme Schelb, que apura
outros casos de lavagem, pediu o bloqueio das três contas suíças do
contrabandista e traficante foragido João Arcanjo Ribeiro. O procurador Luís
Francisco de Souza, que rastreia os passos de Ricardo Sérgio, também quer ter
acesso aos laudos produzidos pela PF. O cearense José Gerin não perdeu tempo.
Desembarcou em Foz do Iguaçu esta semana para buscar detalhes sobre a quadrilha
de doleiros que opera na região Nordeste, entre eles Wilson Roberto Landim,
preso há duas semanas, que, pelos documentos, remeteu para o Exterior quase US$
1 milhão em apenas seis meses.
OS BONS COMPANHEIROS
NOMERicardo Sérgio de Oliveira
PROFISSÃO/CARGOEconomista e ex-diretor da área internacional do banco do brasil no governo FHC, ex-tesoureiro de campanhas tucanas
PROFISSÃO/CARGOEconomista e ex-diretor da área internacional do banco do brasil no governo FHC, ex-tesoureiro de campanhas tucanas
Principal articulador da
formação dos consórcios que disputaram o leilão das empresas de telecomunicações, o ex-diretor da área internacional
do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, saiu
das sombras do tucanato ao ser captado num grampo do BNDES em que dizia ao ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros que iria conceder uma carta de fiança ao consórcio coordenado pelo
Banco Opportunity. “Estamos agindo no limite da irresponsabilidade”, disse Ricardo Sérgio no grampo.
das sombras do tucanato ao ser captado num grampo do BNDES em que dizia ao ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros que iria conceder uma carta de fiança ao consórcio coordenado pelo
Banco Opportunity. “Estamos agindo no limite da irresponsabilidade”, disse Ricardo Sérgio no grampo.
Depois da revelação, Ricardo
Sérgio passou a sofrer uma série de investigações no MP e na PF. Acusado de
receber propina de empresas que participaram da privatização, Ricardo Sérgio
está sendo investigado também por enriquecimento ilícito.
Ao assumir o cargo em 1994,
convidou para chefe de gabinete o seu fiel escudeiro João Bosco Madeiro da
Costa. Por indicação do ex-diretor do BB, Madeiro foi posteriormente para o
cargo de diretor de investimentos da Previ, o milionário fundo de pensão do BB
que participa do controle acionário da maior parte das teles privatizadas.
Relatórios da Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da
Previdência, revelaram que Madeiro centralizava todo o poder de negociação do
fundo com grandes empresas. Segundo o Ministério Público, Madeiro também é
suspeito de enriquecimento ilícito.
http://istoe.com.br/17020_CONTA+TUCANO/