Se o mensalão não tivesse existido, ou se não fosse
descoberto, ou se Roberto Jefferson não o denunciasse, muito
provavelmente não seria Dilma, mas Zé Dirceu o ocupante do Palácio da
Alvorada, de onde certamente nunca mais sairia. Roberto tem todos os
motivos para exigir seu crédito e nossa eterna gratidão por seu feito
heróico: "Eu salvei o Brasil do Zé Dirceu".
Em 2005, Dirceu dominava o governo e o PT, tinha Lula na mão, era o
candidato natural à sua sucessão. E passaria como um trator sobre quem
ousasse se opor à sua missão histórica. Sua companheira de armas Dilma
Rousseff poderia ser, no máximo, sua chefa da Casa Civil, ou
presidenta da Petrobrás.
Com uma campanha milionária comandada por João Santana, bancada por
montanhas de recursos não contabilizados arrecadados pelo nosso
Delúbio, e Lula com 85% de popularidade animando os palanques,
massacraria Serra no primeiro turno e subiria a rampa do Planalto nos
braços do povo, com o grito de guerra ecoando na esplanada: "Dirceu
guerreiro/ do povo brasileiro". Ufa!
A Jefferson também devemos a criação do termo "mensalão". Ele sabia
que os pagamentos não eram mensais, mas a periodicidade era
irrelevante. O importante era o dinheirão. Foi o seu instinto
marqueteiro que o levou a cunhar o histórico apelido que popularizou a
Ação Penal 470 e gerou a aviltante condição de "mensaleiro", que
perseguirá para sempre até os eventuais absolvidos.
O que poderia expressar melhor a ideia de uma conspiração para
controlar o Estado com uma base parlamentar comprada com dinheiro
público e sujo? Nem Nizan Guanaes, Duda Mendonça e Washington Olivetto
juntos criariam uma marca mais forte e eficiente.
Mas, antes de qualquer motivação política, a explosão do maior
escândalo do Brasil moderno é fruto de um confronto pessoal, movido
pelos instintos mais primitivos, entre Jefferson e Dirceu. É a história de uma
vingança suicida, umametáfora da luta do mal contra o mal, num choque de
titãs em que seconfundem o épico e o patético, o trágico e o cômico, a
coragem e a vilania. Feitos um para o outro.
ESTADÃO O GLOBO - http://oglobo.globo.com/pais/moreno/posts/2012/08/10/nina-carminha-em-brasilia-459634.asp
descoberto, ou se Roberto Jefferson não o denunciasse, muito
provavelmente não seria Dilma, mas Zé Dirceu o ocupante do Palácio da
Alvorada, de onde certamente nunca mais sairia. Roberto tem todos os
motivos para exigir seu crédito e nossa eterna gratidão por seu feito
heróico: "Eu salvei o Brasil do Zé Dirceu".
Em 2005, Dirceu dominava o governo e o PT, tinha Lula na mão, era o
candidato natural à sua sucessão. E passaria como um trator sobre quem
ousasse se opor à sua missão histórica. Sua companheira de armas Dilma
Rousseff poderia ser, no máximo, sua chefa da Casa Civil, ou
presidenta da Petrobrás.
Com uma campanha milionária comandada por João Santana, bancada por
montanhas de recursos não contabilizados arrecadados pelo nosso
Delúbio, e Lula com 85% de popularidade animando os palanques,
massacraria Serra no primeiro turno e subiria a rampa do Planalto nos
braços do povo, com o grito de guerra ecoando na esplanada: "Dirceu
guerreiro/ do povo brasileiro". Ufa!
A Jefferson também devemos a criação do termo "mensalão". Ele sabia
que os pagamentos não eram mensais, mas a periodicidade era
irrelevante. O importante era o dinheirão. Foi o seu instinto
marqueteiro que o levou a cunhar o histórico apelido que popularizou a
Ação Penal 470 e gerou a aviltante condição de "mensaleiro", que
perseguirá para sempre até os eventuais absolvidos.
O que poderia expressar melhor a ideia de uma conspiração para
controlar o Estado com uma base parlamentar comprada com dinheiro
público e sujo? Nem Nizan Guanaes, Duda Mendonça e Washington Olivetto
juntos criariam uma marca mais forte e eficiente.
Mas, antes de qualquer motivação política, a explosão do maior
escândalo do Brasil moderno é fruto de um confronto pessoal, movido
pelos instintos mais primitivos, entre Jefferson e Dirceu. É a história de uma
vingança suicida, umametáfora da luta do mal contra o mal, num choque de
titãs em que seconfundem o épico e o patético, o trágico e o cômico, a
coragem e a vilania. Feitos um para o outro.
ESTADÃO O GLOBO -