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terça-feira, 15 de maio de 2012

BRASIL-ARGENTINA E AS MAÇÃS

Maçãs Argentinas
DECODIFICANDO O DISCURSO:
  Profa. Guilhermina L. Coimbra*

Decodificar o discurso significa trabalhar em benefício de todos, tentando fazer compreender os discursos competentes de autoridades nacionais e internacionais. Decodificar o discurso significa tentar esclarecer em linguagem didática, fornecendo argumentos para que, devidamente esclarecida, a população brasileira, possa mudar o curso das políticas que os “discursantes” pretendem para o Brasil e para a America do Sul, o Continente no qual se encontram os países nos quais residem, os sul-americanos.
Assim como os Norte-Americanos e os europeus - não há nenhuma duvida que todos nós somos na essência nacionalistas, com muito orgulho e satisfação, não há nenhum desdouro nisso, muito pelo contrário. No que concerne a Argentina e ao Brasil, somos todos nacionalistas, amigos, inclusivos e de modo algum xenófobos.
Entretanto, temos uma vontade muito normal e natural, porque não se trata de vontade obsessiva - de ver nossos bens públicos voltarem a fazer parte de nossos respectivos patrimônios públicos. Dasempresas privatizadaso que vai para as Caixas dos Tesouros Nacionais de cada Estado Sul-Americano serão, ou, não, os tributos. Das empresas estatizadas o que vai para a Caixa dos Tesouros Nacionais de cada Estado Sul-Americano serão os lucros. Mas, concordamos, o momento não é oportuno, há que se pesarem os custos-benefícios, as perdas e os ganhos.
Os brasileiros, argentinos e sul-americanos de um modo geral, já perceberam que, como de costume, as “forças estranhas” aguardam ansiosamente que algum Governo de país sul americano tome atitudes nacionalistas extremas, para fundamentarem as razoes de colocarem as tropas deles, no território da America do Sul - o grande objeto do desejo deles.
As táticas e estratégias das forças de fora do Continente Sul-Americano são sempre as mesmas - quando se trata de invadir e apoderar-se de territórios alheios com subsolos férteis de minerais transformáveis em combustível.
(De passagem, observamos que o Tribunal Penal Internacional foi criado especialmente para julgar e condenar governantes, cujo único crime é o de ser nacionalista, com o apoio de suas respectivas forças armadas. As forças armadas desses Estados, exatamente como as forças armadas dos demais Estados, nada mais fazem do que cumprir com seus deveres e obrigações, todas expressas nas respectivas Constituições - razão de suas existências e razão pelas quais são mantidas).  
Com o pretexto de que no país em questão, “não há democracia” (porque, o governo recusa-se a democratizar os bens públicos nacionais com os não residentes no país); que a população esta insatisfeita com o governo nacional (insatisfação, produzida e promovida pelos interessados); com muita propaganda enganosa e mais ridículas ameaças veladas etc. - repetem as mentiras, aguardando que tais mentiras se tornem verdades - nas mentes ausentes de saber por falta de informação, imaginadas por eles, mera massa de manobra acéfala.
Mas, a percepção de brasileiros, argentinos e sul-americanos sempre foi bastante arguta. E nem dá para se dizer que tal argúcia, seja por questão de inteligência, porque, na verdade, a questão é de sobrevivência.
As Pequenas e Médias Empresas Exportadoras da Argentina e do Brasil, ao planejarem a internacionalização de seus produtos, não podem ignorar nem desconsiderar que o MERCOSUL é um mercado imenso de potencial inigualável. É, portanto, alternativa válida, bastante atraente e lucrativa para o investimento.
O mercado exportador argentino e brasileiro é enorme relativamente aos tradicionais mercados de destino (fora do Continente Sul Americano). Apesar de no MERCOSUL coexistirem contextos e realidades diversificadas, a proximidade geográfica entre os seus Estados-membros é fator mais do que favorável.
Os empresários argentinos e brasileiros inteligentemente devem saber utilizar, tanto a proximidade cultural, aproveitando a fácil comunicação, através do idioma (português e espanhol bastante similar) quanto os novos fatores de competitividade, “design”, matéria-prima, minerais energéticos, tecnologia, qualidade e preço. Inteligentemente devem entender que a competitividade aconselha a partilha e as parcerias, para facilitar a abordagem aos demais mercados.
Importante entender bem que o inimigo comum das empresas brasileiras, argentinas e sul-americanas que fazem ou pretendem fazer bons negócios, não são as empresas argentinas nem as brasileiras e nem as empresas vizinhas, estabelecidas nos territórios dos Estados-Membros do MERCOSUL. 
As empresas argentinas e brasileiras focadas na internacionalização têm no MERCOSUL um fator poderoso de diversificação de mercados e de incremento das exportações.
A União Européia tem alicerçado bases para futuro acordo de diálogo político, de cooperação e livre comércio com o MERCOSUL. Assim como as demais tentativas de livre comércio (NAFTA) certamente tais intenções são difíceis e, mesmo, impossíveis de se concretizarem – haja vista as discrepâncias e disparates de objetivos no que se refere à reciprocidade de comércio livre entre as partes.
Para poderem negociar a reciprocidade, inteligente e necessariamente, o objetivo principal do Brasil, Argentina e da América do Sul tem que ser o de fortalecer o comercio entre eles, quer seja via MERCOSUL como um todo, quer seja de forma integrada entre os Sul-Americanos (apesar de tanto no Brasil quanto na Argentina, aparentemente, existirem maiores oportunidades para as respectivas empresas fora do Continente Sul-Americano).
As empresas estabelecidas nos territórios dos Estados-membros do MERCOSUL são as grandes e importantes aliadas e como tais têm que ser vistas, admiradas e respeitadas.  Não faria sentido empresas brasileiras e argentinas competirem entre si.  Fora de cogitação competir com as empresas estabelecidas, na área abrangida pelo MERCOSUL.
Por uma questão de lógica - ausente o menor sentimento de descriminação, porque, tradicionalmente, Brasil e Argentina são amigos e inclusivos - os interessados em minarem as boas parcerias entre as empresas argentinas e brasileiras (e entre as empresas dos Estados-Membros do MERCOSUL) são e serão, sempre, as empresas estabelecidas em outros Continentes.
Assim, deve ficar fora de cogitação desrespeitar atitudes tomadas por governos sul-americanos em beneficio de suas respectivas empresas.  A autonomia dos Governos Sul-Americanos tem que ser compreendida e respeitada.
É momento de estreitar laços e parcerias, nas relações empresariais Argentina-Brasil-MERCOSUL, em um momento sensível, tanto na economia dos dois países quanto no ambiente internacional.
Estranho, portanto, informação de que o “Brasil começa a retaliar a Argentina” (O Globo, 15.5.2012, p.6). Perguntas que não querem calar: para agradar a quem? Fazendo média, com quem? Fazendo o “dever de casa”, mandado por quem?
Brasil e Argentina são amigos.  Amigos não se “retaliam” entre si.
Positivamente, senhores, não desagradem os brasileiros consumidores, que compram  produtos argentinos, sim! E não desagradem os consumidores do Brasil que querem consumir as maçãs argentinas,já!
Por favor, Senhores, nem tentem desrespeitar essa amizade tradicional: Brasil e Argentina merecem respeito!
* Curriculum Lattes; Mestrado/PUC-RJ; Doutorado UGFº.-RJ;Membro da CPDConstitucional e Internacioaldo Instituto dos Advogados Brasileiros/IAB;Presidente do Instituto Brasileiro de Integração das Nações-IBIN; Coimbra@ibin.com.br