quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Quem é Ricardo Nunes prefeito de SP(MDB) escolhido por João Dória(PSDB) como vice de Bruno Covas

Ricardo Nunes vice do prefeito de SP Bruno Covas indicado por Doria, na Sobei-Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos Loja Fé, Equilíbrio e Luz N.270

De acordo com as informações Câmara Municipal de São Paulo, Ricardo Nunes iniciou sua carreira profissional como empreendedor,  fundou o jornal de bairro Santo Amaro “Hora de Ação” e depois, em 1997, a empresa Nikkey Serviços. Após filiar-se ao PMDB (antigo nome do partido MDB), em 2012 foi eleito vereador em SP por dois mandatos. 

Bruno Covas adotou uma linha “paz e amor” em sua campanha eleitoral. Fez críticas à direita bolsonarista e, ao mesmo tempo,  um discurso contra a esquerda. Porém, será que seu centrismo resiste a um olhar mais detido sobre seu candidato a vice prefeito, Ricardo Nunes? Nunes foi emplacado como vice na chapa do PSDB por pressão de João Doria, que mira sua candidatura em 2022 contra Bolsonaro e quer disputar, desde já como presidenciável, a coligação do seu partido com o MDB e o “centrão”. O vice de Covas indicado por Doria é parte da “bancada da Bíblia”  Numa pesquisa rápida, logo se vê que não. Ricardo Nunes é um conservador da bancada religiosa da Câmara Municipal, tem no currículo a campanha permanente contra os direitos das mulheres e das LGBTQIA+ e, pelo que tudo indica, é líder de um grave esquema de corrupção: a máfia das creches.

Ricardo Nunes como vereador em SP, ficou marcado por fazer lobby para anistiar e regularizar templos religiosos irregulares na lei de zoneamento em 2016. É próximo de entidades gestoras de creches terceirizadas e de donos de empresas locadoras dos imóveis onde funcionam as escolas ligadas a essas instituições. Tem laços com donos de empresas que faturam com aluguel. 

Ricardo Nunes e Regina Carnovale. (Foto: Reprodução/Facebook)

Em 2011. Nunes foi acusado pela esposa  Regina Carnovale de violência doméstica, ameaça e injúria. Segundo o boletim de ocorrência, obtido pelos jornalistas da Folha de São Paulo, foi registrado em 18 de fevereiro na 6ª Delegacia da Mulher, em Santo Amaro.  Segundo informações da Folha de S. Paulo, a vítima relatava no B.O que o marido não a deixava em paz, após a separação do casal. Ainda, foram feitas publicações nas redes sociais, há cinco anos, Regina  relatando que os dois tinham brigado por pensão alimentícia. Nos comentários, ela disse que tinha provas de ter sido agredida por ele, e do mau caráter de Nunes.  - A acusação não chegou a virar processo e, em nota à Folha, o vereador alegou que “no período ela estava emocionalmente abalada, e sem controle das ações e sentimentos, o que a levou falar coisas que não aconteceram. 

Esquema:

Outro escândalo com o nome do candidato, envolve creches conveniadas à Prefeitura. As unidades em questão são controladas pela Associação Amigos da Criança e do Adolescente (Acria) que, por sua vez, tem Eliana Targino como presidente, que já foi funcionária do parlamentar, e José Cleanto Martins, o vice-presidente e pai de uma assessora do vereador. 

No esquema investigado pela polícia, a organização social Associação de Moradores Jacinto Paz, que recebe dinheiro da Prefeitura para administrar creches na zona sul de São Paulo, fez pagamentos a duas empresas: uma construtora, WMR, e uma distribuidora de material escolar, Águia. Os repasses somam R$ 1,5 milhão. O montante chamou a atenção do Coaf porque ambas são registradas como empresas de pequeno porte. Entre 2019 e 2020, período da investigação, a associação Jacinto Paz recebeu R$ 20,6 milhões da Prefeitura para atender cinco creches em Santo Amaro, reduto eleitoral do prefeito. A entidade é presidida pelo casal Andrea Miranda e Gilson dos Santos. Ela trabalhou na campanha que reelegeu Nunes na Câmara Municipal, em 2016. O Estadão identificou que Andrea consta na prestação de contas entregue pelo prefeito à Justiça Eleitoral. Os pagamentos foram registrados como "despesas com pessoal".

Os repasses da associação comandada por Andrea e o marido às duas empresas foram feitos sem licitação, uma vez que entidades dessa natureza são dispensadas da obrigação de fazer processos licitatórios. - O Coaf, no entanto, apontou que tanto a WMR quanto a Águia também fizeram transferências consideradas suspeitas em suas contas. Além de saques em espécie e compensações de cheques, que dificultam o rastreamento do dinheiro, o órgão de controle identificou uma série de pagamentos para a conta de uma outra empresa de Gilson dos Santos (o administrador da associação Jacinto Paz e marido de Andréa), que depois foram parar na conta pessoal dele.

A investigação da Polícia Civil sobre lavagem de dinheiro desviado de creches de São Paulo envolve também a Associação Amigos da Criança e do Adolescente (Acria), outra entidade contratada pela Secretaria Municipal de Educação da capital ligada ao prefeito Ricardo Nunes (MDB). -  O Coaf identificou que as empresas WMR e Águia, suspeitas de simular transações comerciais para limpar dinheiro ilícito, fizeram 29 repasses para a entidade, que somam R$ 974 mil, entre dezembro de 2018 e setembro de 2020.

Chamou a atenção dos investigadores que apenas um desses pagamentos somou R$ 122 mil. A investigação apura as razões dessas transferências, uma vez que a entidade, sem fins lucrativos, não presta serviços senão a gestão de creches para a Prefeitura de São Paulo, segundo informações de seu próprio site. - A presidente da Acria, Elaine Targino, também trabalhou com o prefeito. Ela foi funcionária de uma das empresas de Nunes entre 2005 e 2008 e, desde que ele virou vereador, passou a pedir votos para Nunes nas redes sociais, além de manter fotos no Facebook com ele, a quem chama de "chefe". Nas eleições passadas ela também fez campanha para o candidato a vereador que era apoiado por Nunes, Marcelo Messias (MDB), que foi eleito.

A Acria contratou a empresa da família do prefeito, a dedetizadora Nikkey, por R$ 50 mil ao longo de 2019. Esses repasses não estão na relação de transações sob investigação. - O prefeito disse à época que a empresa de sua família foi contratada para oferecer o serviço de dedetização às creches administradas pela associação, e que cobrou valores abaixo do preço de mercado porque conhecia o trabalho da entidade.  A reportagem procurou a Acria, a Jacinto Paz, a WMR e a Distribuidora Águia, além de seus representantes, em 14 telefones diferentes, ao longo das duas últimas semanas. Nenhum deles foi localizado para comentar o inquérito.

 A 1.ª Delegacia de Polícia de Crimes contra a Administração e Lavagem de Dinheiro, que cuida do caso, e a Promotoria de Crimes Tributários, Organizações Criminosas e Lavagem de Dinheiro, que estão encarregadas do caso, informaram à reportagem que a investigação está sob sigilo e não fizeram comentários. -  A Prefeitura de São Paulo negou que haja uma investigação policial contra o prefeito Ricardo Nunes e informou, por nota, que o prefeito não tem relações nem proximidade com as pessoas citadas no inquérito por lavagem de dinheiro do qual ele é alvo. A nota afirma que a Prefeitura "repudia veementemente as reiteradas tentativas de colocar em dúvida a reputação do prefeito".

O inquérito está sob sigilo e, segundo o Estadão apurou, a defesa do prefeito ainda não foi procurada para prestar esclarecimentos à polícia. De acordo com a nota, enviada pela Secretaria Especial de Comunicação, Nunes "está à disposição das autoridades competentes para prestar eventuais esclarecimentos, como já o fez em outras apurações já encerradas por não comprovarem irregularidades". "O prefeito sempre se pautou pela lisura e legalidade em suas atividades privadas e na sua vida pública."

Na nota, Nunes negou que Andrea Miranda tenha prestado serviços a ele. "Nunca foi funcionária", diz. Segundo o próprio prefeito declarou na prestação de contas da campanha de 2016, quando disputou a reeleição como vereador, porém, pagamentos a Andrea foram registrados como "despesa com pessoal". Sobre Elaine Targino, o prefeito admitiu que ela trabalhou em sua empresa e informou que ela "faz serviço social na região sul", mas afirmou que "não há proximidade" com a ex-funcionária nem com os demais citados.

Diante do questionamento sobre os alertas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras a respeito de depósitos em espécie na conta da empresa, o prefeito informou que "não há depósito sem origem" nas contas, sem mais comentários sobre as transações financeiras. A Prefeitura informou ainda que a entidade Associação Moradores Jacinto Paz, apontada como origem da série de transferências sob investigação, "foi descredenciada e teve os contratos com a Prefeitura cancelados em 14 de janeiro de 2021". A nota não esclarece o motivo do descredenciamento.

A Bancada Feminista do PSOL protocolou uma representação no Ministério Público Estadual solicitando a investigação de possíveis benefícios a Ricardo Nunes na “máfia das creches”. O candidato tem um patrimônio de R$ 4,8 milhões declarados à Justiça Eleitoral.

NOTAS:

1.https://www.dci.com.br/politica/eleicoes-2020/ricardo-nunes-saiba-quem-e-o-vice-de-bruno-covas/45655/

2.https://www.cartacapital.com.br/politica/quem-e-ricardo-nunes-o-novo-prefeito-de-sao-paulo/

3.https://noticias.r7.com/sao-paulo/ricardo-nunes-e-investigado-por-lavagem-de-dinheiro-em-sp-24052021

4.https://midianinja.org/bancadafeministapsol/quem-e-ricardo-nunes-o-vice-de-bruno-covas/ - Fontes: Folha de São Paulo, Yahoo Notícias e Agência Lupa

5.https://toninhovespoli.com.br/ricardo-nunes-e-um-desservico-a-cidade/

6.https://redecolmeia.com.br/2021/05/18/o-macom-ricardo-nunes-e-o-54-o-prefeito-de-sao-paulo/

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