Vídeo mostra pessoas revirando lixo em busca de comida [1]
A classe dominante brasileira é uma das mais longevas
do mundo, porque competente na preservação do mando político-econômico, o mesmo desde a colônia, imune como se mostra
a transformações sociais, políticas e econômicas. Seu poder foi regado no
escravismo e sobreviveria com a abolição e o trabalho assalariado, mediante as
mais variadas formas de exploração; projeção dos interesses reinóis, sobrevive
na independência, e no império transitou do domínio português para o serviço do colonialismo britânico. Hoje é
agente subalterno dos EUA.
Em 500 anos de
construção histórica, nada ameaçou a classe dominante, impávida, insensível, intocada, reproduzindo o mando da velha casa-grande, na colônia e na
república, o poder da terra e do capital concentrado, financeirizado, globalizado;
o governador mineiro Antonio Carlos de Andrada, proclamava: “Façamos a
revolução antes que o povo a faça”.
Para essa burguesia, o povo é um incômodo e qualquer sorte de projeto nacional um anacronismo. A entrevista concedida ao Estadão (16/10/2021) pelo presidente do conglomerado controlador do banco Itaú Sr. Setubal e uma série de outras empresas, REFLETE o pensamento da atrasada classe dominante brasileira. O banqueiro pede mais reforma trabalhista; não está satisfeito com os direitos já surrupiados dos trabalhadores. Quer mais abertura econômica, mais privatizações, defende o aumento de juros, embora saiba que não sofremos de inflação de demanda. É calorosamente contra o impeachment de Bolsonaro. Com o mesmo entusiasmo se diz eleitor de João Doria, que considera “um grande gestor público”, injustiçado pela avaliação popular. A entrevista é longa. Nenhuma palavra lhe ocorreu, porém, sobre o desemprego, que atinge 14,7% da população ativa do país. Nada sobre a carestia que maltrata a população brasileira: a cesta básica passa de 60% do salário mínimo, e 50% da população brasileira com mais de 16 anos mora em residência cuja receita não ultrapassa um salário-mínimo. O endividamento das pessoas representa 59,9% da renda média nacional, o pior resultado desde 2005, quando o indicador começou a ser apurado. Pelo menos 110 milhões de brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar (dados de 2020). Nenhuma palavra sobre as mais de 603 mil vidas levadas pela pandemia[2]
NOTAS:
2. Artigo de Roberto Amaral <contato@ramaral.org>
3. https://www.cartacapital.com.
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