terça-feira, 19 de outubro de 2021

“Por que o Brasil ainda não deu certo?” “Por que, mais uma vez, a classe dominante nos vencia?” (à vitória do golpe de 1964). O povo passa fome mas os bancos...

Vídeo mostra pessoas revirando lixo em busca de comida  [1]


Fortaleza-Ceará bairro Cocó, área nobre da cidade.

https://www.youtube.com/watch?v=6I_OWEVj04Y

Cuiabá - MT
https://www.youtube.com/watch?v=IcSWHRXsIHQ

O atraso da classe dominante brasileira  Por: Roberto Amaral

A classe dominante brasileira é uma das mais longevas do mundo, porque competente na preservação do mando político-econômico,  o mesmo desde a colônia, imune como se mostra a transformações sociais, políticas e econômicas. Seu poder foi regado no escravismo e sobreviveria com a abolição e o trabalho assalariado, mediante as mais variadas formas de exploração; projeção dos interesses reinóis, sobrevive na independência, e no império transitou do domínio português para  o serviço do colonialismo britânico. Hoje é agente subalterno dos EUA. O país  caminha do agrarismo à industrialização no século 20, da vida rural ao urbanismo; conhece insurgências de toda ordem, e em todas elas o povo é massacrado; desfaz-se da monarquia anacrônica, a última do continente, e adota a peculiar forma republicana de governo sem povo, de democracia juncada de golpes de Estado e ditaduras. Os antagonismos se resolvem na conciliação, sob o comando da classe dominante, que não permite reformas de fato. Seu objetivo, lembrava José Honório Rodrigues, foi sempre acomodar as divergências dos grupos hegemônicos e jamais conceder benefícios ao povo, posto de lado, capado e recapado de seu papel de sujeito histórico, como escreveu Capistrano de Abreu.  

Em  500 anos de construção histórica, nada ameaçou a classe dominante,  impávida, insensível,  intocada, reproduzindo  o mando da velha casa-grande, na colônia e na república, o poder da terra e do capital concentrado, financeirizado,  globalizado;  o governador mineiro Antonio Carlos de Andrada, proclamava: “Façamos a revolução antes que o povo a faça”.

Para essa burguesia, o povo é um incômodo e qualquer sorte de projeto nacional um anacronismo. A entrevista concedida ao Estadão (16/10/2021) pelo presidente do conglomerado controlador do banco Itaú Sr. Setubal  e uma série de outras empresas, REFLETE o pensamento da atrasada classe dominante brasileira.  O banqueiro pede mais reforma trabalhista; não está satisfeito com os  direitos já surrupiados dos trabalhadores. Quer mais abertura econômica, mais privatizações, defende o aumento de juros, embora saiba que não sofremos de inflação de demanda. É calorosamente contra o impeachment de Bolsonaro. Com o mesmo entusiasmo se diz eleitor de João Doria, que considera “um grande gestor público”, injustiçado pela avaliação popular. A entrevista é longa. Nenhuma palavra lhe ocorreu, porém, sobre o desemprego, que atinge 14,7% da população ativa do país. Nada sobre a carestia que maltrata a população brasileira: a cesta básica passa de 60% do salário mínimo, e 50% da população brasileira com mais de 16 anos mora em residência cuja receita não ultrapassa um salário-mínimo. O endividamento das pessoas representa 59,9% da renda média nacional, o pior resultado desde 2005, quando o indicador começou a ser apurado. Pelo menos 110 milhões de brasileiros convivem com algum grau de insegurança alimentar (dados de 2020). Nenhuma palavra sobre as mais de 603 mil vidas levadas pela pandemia[2]


NOTAS:

1.https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/metro/video-pessoas-procuram-comida-em-caminhao-de-lixo-em-bairro-nobre-de-fortaleza-1.3149124

2. Artigo de Roberto Amaral <contato@ramaral.org>

3. https://www.cartacapital.com.br/opiniao/o-atraso-da-classe-dominante-brasileira/


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