segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Hoje 2021, estamos vendo o democídio torturante, cleoptocrata dos de dentro aliados aos de fora se repetir dentro do Brasil.

...a burguesia para manter seus privilégios econômicos, redescobre sua afinidade com o fascismo, para manter a propriedade recorrem a medidas de exceção, estados de sítio e às ditaduras militares que aplicam a tortura e as execuções sumárias em escala genocida. No Brasil, a Escola Superior de Guerra, a Sociedade de Estudos Internacionais, a Fundação Aliança para o Progresso e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática organização (think tank)-IBAD colaboraram com órgãos congêneres dos Estados Unidos como o Councie ou Foreing Relations, Agency for Internacional Development, Councie for Latim América e a CIA (...). O golpe militar de 1964 não foi mero reflexo de uma administração desastrosa, mas o triunfo da ordem internacional e das forças conservadoras. Os EUA apoiaram essas ações ao desenvolver a política de “fascismo exterior”: liberdade no seu país e opressão nos outros.

O Brasil é o país das alianças, do continuísmo, no qual as rupturas não se completaram. As elites conservadoras têm uma grande capacidade de conciliação na permanência do poder. Em 1964 tiveram na Escola Superior de Guerra (ESG) uma das instituições responsáveis pela preparação política e ideológica do golpe, somada a uma rede de organizações como o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD). Diante do receio de que as massas se organizassem em função de um projeto alternativo ao capitalismo, os militares assumiram os objetivos burgueses de defesa da sociedade capitalista. René Dreifuss (1981) defendia que a coalizão vitoriosa, em 1964, articulada em torno do complexo do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), organizou os interesses sociopolíticos do capital multinacional e associado – implantado, fortemente, já durante os anos Juscelino Kubitschek (1956-1960), sendo o golpe “civil-militar” ou “empresarial-militar”,  o resultado da união dessas classes sociais: empresários e militares; -  existiu não apenas a participação de militares, mas também de “civis” no golpe; fundamentalmente, que existia um projeto de classe inscrito no golpe e na ditadura. “O complexo IPES/IBAD é apresentado como o verdadeiro partido da burguesia – no sentido gramsciano – seu Estado Maior para a ação ideológica, política e militar”,  que procurava manipular a opinião pública e doutrinar as forças sociais e empresariais, modelando esses interesses em uma classe “para si”. Além disso, ele estava envolvido em uma abrangente campanha que visava impedir a solidariedade das classes trabalhadoras, conter a sindicalização e mobilização dos camponeses, apoiar as clivagens ideológicas de direita na estrutura eclesiástica, desagregar o movimento estudantil e bloquear as forças nacionais - reformistas no Congresso e, ao mesmo tempo, mobilizar as classes médias como a “massa de manobra” da própria elite orgânica. Ainda, as manobras táticas faziam-se necessárias por uma outra razão fundamental: conduzir a estrutura social a um ponto de crise onde as Forças Armadas, cujo apoio fora simultaneamente e intensivamente aliciados, seriam levadas a intervir sob uma liderança coordenada. Em Juazeiro do Norte, quatro grandes manifestações foram organizadas e o padre Murilo de Sá Barreto (Pároco da cidade que coordenava as romarias do Pe. Cícero), no limite, utilizou a força moral da igreja para trazer um exército de marchadeiras às ruas da maior cidade caririense...se juntou ao prefeito, Humberto Bezerra, para colocar nas ruas um número incontável de mulheres com terços nas mãos, rezando o rosário para, uma vez mais, execrar o comunismo e se confraternizar com a quartelada. São Paulo e Rio de Janeiro, elas se reverberaram em todos os rincões do país. O amplo trabalho ideológico e político realizado pelo complexo IPES/IBAD objetivava a contenção da mobilização popular e a desorganização da incipiente consciência e militância de classe que as massas trabalhadoras, aos poucos, adquiriam. Tais ações no meio dos trabalhadores enfatizavam a “função social do capital”, com ideias de favorecimento do sistema econômico, participação nos lucros, corresponsabilidade administrativa, boa imagem. Com o explícito apoio dos Estados Unidos, o regime militar instalado em abril de 1964 eliminou a democracia, perseguiu, torturou e assassinou democratas, nacionalistas e progressistas, impôs a censura e desmantelou as organizações populares, que vinham impulsionando as mudanças. da empresa privada. A ação entre os militares do complexo IPES/IBAD visava envolver o maior número de oficiais na mobilização contra o governo. René Dreifuss observou pelo menos três movimentos político- -militares: 1) o grupo IPES/ESG, do qual fizeram parte o gen. Golbery e o tecnoempresário Roberto Campos; 2) o extremista de direita, que envolveu elementos civis como Júlio de Mesquita Filho, proprietário do jornal O Estado de São Paulo, o empresário Paulo Egydio Martins e o brigadeiro Burnier; e 3) o tradicionalista, que envolvia nomes como os generais Antônio Carlos da Silva Muricy, Amaury Kruel e Olympio Mourão Filho. O complexo IPES/IBAD estava no centro dos acontecimentos, com homens de ligação, organizadores do movimento “civil-militar”. A tomada do poder do Estado foi precedida de uma bem orquestrada política de desestabilização que envolveu corporações multinacionais, o capital brasileiro associado dependente, o governo dos Estados Unidos e militares brasileiros – em especial o grupo de oficiais da Escola Superior de Guerra (ESG.  A ESG foi fundada no Brasil, em 1949, com o apoio dos governos norte-americano e francês. O inimigo a ser vencido não era a ameaça externa de invasão do país, mas sim dos “inimigos internos” influenciados pelas ideias comunistas(criada por Kissinger em guerra fria). Em nome do anticomunismo, a Doutrina de Segurança Nacional, com sua ênfase no tema segurança interna, levou inexoravelmente ao abuso do poder, às prisões arbitrarias, à tortura e à supressão de toda liberdade de expressão. O Exército, a Marinha e a Aeronáutica foram mobilizados, segundo técnicas predeterminadas de contraofensiva, para levar a efeito operações em larga escala de “varredura com pente-fino”. Ruas inteiras eram bloqueadas e cada casa era submetida à busca para detenção de pessoas cujos nomes constavam em listas previamente preparadas. O objetivo era “varrer” todos os que estivessem ligados ao governo anterior, a partidos políticos considerados comunistas, ou altamente infiltrados por comunistas, e a movimentos sociais do período anterior a 1964. Eram especialmente visados líderes sindicais e estudantis, intelectuais, professores, estudantes e organizadores leigos dos movimentos católicos nas universidades e no campo. Com o explícito apoio dos Estados Unidos, o regime militar instalado em abril de 1964 eliminou a democracia, perseguiu, torturou e assassinou democratas, nacionalistas e progressistas, impôs a censura e desmantelou as organizações populares, que vinham impulsionando as mudanças. 2021, TUDO isso está se repetindo.

(CASTRO e SILVA, 1970).

(DREIFUSS, 2000, p. 298)

(DREIFUSS, 2006, p. 315-382-419)

(FARIAS, 2007, p. 48)

(QUEIROZ, 2010, p. 123, 124)

(ALVES, 1984, p. 59)

(Apud TIMÓTEO, 2013, p. 150)

(QUARTIM DE MORAES, 1999, p. 18)

(COUTO, 1994, p. 41)

Alfred Stepan (1975)

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