Por Bloomberg
12/07/2020 - 19:03
globo globalização
mundo tecnologia
Na metade de um ano
dominado pela pandemia, as autoridades enfrentam uma crise de saúde, uma crise
econômica e uma crise de legitimidade institucional
(Imagem:
Pixabay/TheDigitalArtist)
Em julho de 1945, no
final da Segunda Guerra Mundial, os líderes dos EUA, Grã-Bretanha e União
Soviética se reuniram em um palácio real da Prússia em Potsdam, cidade vizinha
a Berlim, para desenhar uma nova ordem global. Ali foram plantadas as sementes
da Guerra Fria.
Enquanto visitantes
com máscaras circulam pela nova exposição que marca os 75 anos daquela
conferência, o mapa geopolítico mundial está sendo novamente redesenhado
Desta vez, o motivo é
o coronavírus, que a chanceler alemã, Angela Merkel, descreveu como o maior
desafio do pós-guerra.
Na metade de um ano
dominado pela pandemia, as autoridades enfrentam uma crise de saúde, uma crise
econômica e uma crise de legitimidade institucional — e tudo isso em um momento
de maior rivalidade geopolítica.
Como essas mudanças
tectônicas se consolidarão nos próximos seis meses ajudará a determinar a
configuração da era pós-vírus.
Tendências que já
eram visíveis antes da Covid-19 se intensificaram e ganharam velocidade. Como
potência em rápida ascensão, a China está mais assertiva e se envolvendo em
conflitos do Canadá à Austrália.
Os EUA, que se
mantiveram como superpotência desde o encontro em Potsdam, estão cada vez mais
voltados para dentro, enquanto o vírus massacra sua população e sua economia
antes da eleição presidencial em novembro.
“Muitos problemas
estruturais na ordem internacional ficaram bem mais aparentes”, disse Rory
Medcalf, diretor da Faculdade de Segurança Nacional da Universidade Nacional
Australiana.
Com a convergência de
diversos pontos de pressão, desde falhas de liderança à falta de confiança na
veracidade das informações, “isso resulta em uma espécie de tempestade
perfeita”, acrescentou. “O grande teste é realmente se poderemos atravessar os
próximos seis a 18 meses sem a eclosão dessas crises.”
Em Potsdam, a
principal dinâmica foi a luta ideológica entre os sistemas comunista e
capitalista conforme adotados por Moscou e Washington.
A União Soviética de
Josef Stalin saiu da guerra como uma superpotência, enquanto o presidente
americano Harry Truman demonstrou a superioridade tecnológica e militar dos EUA
quando deu ordem na conferência para jogar as bombas atômicas sobre Hiroshima e
Nagasaki.
O impasse atual entre
os EUA de Donald Trump e a China de Xi Jinping foi comparado ao “sopé” de uma
nova Guerra Fria pelo ex-secretário de Estado americano, Henry Kissinger, em
novembro.
Para o historiador
Niall Ferguson, essa previsão já se concretizou. A eventual chegada de Joe
Biden à Casa Branca dificilmente reverterá a deterioração nas relações entre
EUA e China, segundo a maioria das análises.
Para Medcalf, autor
de um livro sobre rivalidade estratégica intitulado “Império Indo-Pacífico” (tradução
livre), a questão central agora não é apenas como os EUA respondem ao desafio
da ascensão da China, mas se “jogadores intermediários”, incluindo Índia,
Austrália, Japão e Europa se dispõem a correr riscos para defender a ordem
internacional e a trabalhar em conjunto nesse sentido.
O problema é que não
há um fórum óbvio para debater o mundo pós-pandemia. O Grupo dos Sete está no
limbo enquanto o anfitrião deste ano, Trump, questiona quem deve integrá-lo.
Uma cúpula entre
líderes da União Europeia e Xi que estava marcada para setembro foi adiada
indefinidamente. Não se sabe se acontecerá a reunião do Grupo dos 20, marcada
para novembro, sob o comando da Arábia Saudita.
A Organização das
Nações Unidas (ONU) foi formada em 1945 para impedir novas guerras, mas se
mostra disfuncional. Rússia e China, que estão entre os cinco países com poder
de veto, bloquearam outra resolução nesta semana, desta vez envolvendo a Síria.
Enquanto isso, as
fontes de conflito com Pequim súbita e desconcertantemente aparecem em todos os
lugares.
https://www.moneytimes.com.br/nova-ordem-mundial-vai-se-formando-na-era-do-coronavirus/
Um comentário:
Caro editor,
Observei que há um link nesse blog referente ao Memorial 31 de Março de 1964, uma seleção de artigos que fiz em 2014.
Ocorre que um hacker apagou os links no site Usina de Letras.
Tive que refazer o trabalho, pesquisando na Internet, e aproveitei para ampliar o trabalho.
Assim, solicito que publique esse Memorial atualizado, para ampla divulgação.
O link é http://felixmaier1950.blogspot.com/2020/09/memorial-31-de-marco-de-1964-textos.html.
Atenciosamente,
Félix Maier
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