Nota minha: O Dr. Ives Gandra Martins Professor Emérito da Universidade Mackenzie, da Universidade Paulista e da Escola de Comando do Estado Maior do Exército; defendeu nos dias de 2020, a constitucionalidade da Intervenção Militar no Brasil. Até que ponto a Universidade Mackenzie, apoia a ditadura no Brasil, que CONTINUA usar a farsa do comunismo como usou os Estados Unidos para legitimar financiando a ditadura de 1964 no Brasil, com APOIO do Instituto Mackenzie que se aliavam a fascista que na calada da noite roubavam o sono dos honestos, o sonho de liberdade e o futuro democrático de nosso país. ENQUANTO,,,,,, “Dormia A nossa pátria mãe tão distraída, Sem perceber que era subtraída, Em tenebrosas transações”.
O Instituto
Presbiteriano Mackenzie iniciou suas atividades em 1870. Mas a história com o
nome e a localização que conhecemos hoje só começou em 1890, após o casal de missionários presbiterianos George e Mary Ann Annesley Chamberlain comprarem uma chácara em higienópolis da dona Maria Antonia da Silva Ramos
e receberem uma doação do advogado americano John Theron Mackenzie para a
construção de uma escola de engenharia. Deste então, a universidade se localiza
e se chama onde e como sabemos hoje. Mas uma história que foi esquecida, talvez
até propositalmente por alguns, seja a batalha da Maria Antonia, que ocorreu em
1968. Quando Marilena Chauí realizou uma palestra no Mackenzie, fez questão de
lembrar deste conflito e do estudante morto neste dia, José Guimarães.
A batalha na Maria Antonia começou no dia 2 de outubro de 1968,
enquanto estudantes da Usp arrecadavam dinheiro (com a conhecida prática do
pedágio) para a União Nacional do Estudante, extinta durante o período de
regime militar. Tudo ocorria normalmente até que alunos da universidade
Mackenzie atiraram ovos contra os alunos da Usp. As duas universidades estavam
localizadas uma em frente da outra, separadas pela Rua Maria Antonia. O ovo
lançado contra os alunos não foi um evento isolado, desde 1964, estudantes do
Mackenzie ligados ao CCC (Comando de Caça aos Comunistas) já vinham invadindo,
destruindo e perseguindo os alunos da Usp. Em 1964, 1966 e 1967, invadiram a
faculdade de filosofia, quebrando móveis e vidraças e espancando alunos. Ou
seja, 1968 foi a gota d’água para os alunos de filosofia que não agüentavam
mais a repressão de alunos ligados à extrema direita e se utilizavam de medidas
violentas para fazer prevalecer sua opinião.
Após o lançamento do ovo, a
tensão se elevou rapidamente, as ruas se esvaziaram e barricadas foram
levantadas. Cada qual gritava de dentro de seus muros ofensas para o outro lado
da rua. Os mackenzistas diziam “guerrilheiros fajutos”, e os uspianos
respondiam “nazistas, gorilas”. O número de estudantes aumentava conforme os alunos
do período da tarde chegavam. Por volta das 14hs, a reitora do Mackenzie,
Esther Figueiredo Ferraz ligou para a polícia e solicitou a presença da tropa
de choque para a proteção do patrimônio do Mackenzie. Quando a polícia chegou o
clima arrefeceu. Mas ainda não havia terminado, a noite e o dia seguinte ainda
reservavam eventos que entrariam para a história.
Durante o período da noite,
assembleias foram realizadas para decidir que atitude tomar. Os dois lados se
decidiram por não atacar a não ser que fossem atacados. Entretanto, no dia
seguinte a provocação partiu novamente do Mackenzie quando os alunos saíram dos
portões para arrancar uma faixa na Usp com os dizeres “CCC, FAC e MAC =
Repressão – Filosofia e Mackenzie contra a Ditadura”. Os alunos da Usp não
aceitaram tal afronta e iniciou-se a batalha. Paus, pedras, tijolos, coquetéis
molotov, barras de metal, rojões, armas, até mesmo vidros cheios de ácido
sulfúrico foram jogados. Os alunos se enfrentaram durante um período de
aproximadamente 4 horas. Lutavam com o que tinham e como podiam. Nenhum dos
dois lados tinha guerrilheiros ou combatentes treinados. Era antes de mais nada
uma luta política, várias questões foram se acumulando e explodiram no dia 3 de
outubro.
A polícia foi novamente chamada pela reitoria do Mackenzie para
proteger a instituição e pôr fim ao tumulto, desta vez com cassetetes,
metralhadoras e fuzis. Houve a tentativa vã de dispersar a multidão, mas tiros
para o alto eram inúteis. A Rua Maria Antonia já se parecia com uma zona de guerra,
ao som constante de rojões sendo atirados de um lado contra o outro podia-se
ver estilhaços de vidro e pedras pelo chão, dezenas de janelas quebradas,
carros virados e incendiados, até mesmo a fachada do prédio da Usp havia sido
queimada, sem contar outros focos de incêndio e vários feridos. Foi então que,
no fim da tarde, José Guimarães era carregado com a camisa ensopada de sangue.
Ele era aluno do terceiro colegial do colégio Maria Cintra e estava na Maria
Antonia ajudando a recolher pedras para os alunos da USP. Ele morreu com um
tiro na cabeça vindo de cima para baixo e acertando o lado superior da orelha
direita. A autópsia concluiu que a bala era de calibre 38 ou de fuzil; apesar
das suspeitas, até hoje não se tem certeza de quem matou o estudante.
Após este evento, os alunos da Usp decidiram sair às ruas para denunciar
a morte de José Guimarães, houveram passeatas, mais tumulto e violência. Eles
se dirigiram ao Largo São Francisco onde se localiza a faculdade de direito da
Usp. Por volta das 20:30, ao voltarem para a Maria Antônia, se depararam com
duzentos e quarenta soldados da Força Pública, cem cavalarianos, dois tanques e
cinqüenta cães adestrados que estavam lá para terminar com o motim e ocupar as
duas universidades. Na mesma noite, enquanto os estudantes da Usp se reuniram e
reconheceram que já não havia mais como dividirem a rua com os alunos do
Mackenzie. Naquele mesmo ano, a faculdade de filosofia foi transferida para o
campus da Cidade Universitária. Enquanto naquela noite, a reitora Esther
Figueiredo felicitava os alunos do CCC e estes bebiam e comemoravam sua
“vitória” nos bares ao redor.
O Comando de Caça aos Comunistas já existia antes do período
militar, mas por razões óbvias ganhou força depois do Golpe; além deles também
havia três grupos de direita reconhecidos publicamente, a Associação
Anticomunista Brasileira (AAB), a Frente Anticomunista (FAC) e
o Movimento Anticomunista (MAC), dois deles também citados na faixa que
havia sido arrancada da fachada da Usp. Lutando contra a ideologia de esquerda
e claramente apoiando o golpe, o CCC procurava manter a “ordem e progresso” do
país caçando estudantes que defendiam os ideais comunistas e muitas vezes se
utilizando da violência para conseguir seus objetivos. Dentre algumas de suas
atitudes podemos citar a invasão e depredação do teatro Ruth Escobar e o
espancamento do elenco da peça “Roda Viva” de Chico Buarque (18/07/68). A bomba
atirada no teatro Opinião no Rio de Janeiro (02/12/68). Além do seqüestro e
morte do padre Antônio Henrique Pereira Neto, da arquidiocese de Olinda e
Recife. Mas a sua maior atuação foi realmente na Batalha da Maria Antonia.
Não estamos dizendo que todos os
mackenzistas eram membros do CCC, isto seria absurdo afinal nenhuma das duas
universidade possuía uma vertente ideológica homogênea. Mas está claro que os
alunos do Mackenzie, de classe mais favorecida, tinham uma visão política (ou a
falta dela) que permitia a atuação destes grupos dentro da Universidade. Talvez
porque seus alunos se incomodavam menos ou eram menos afetados pelo chamado
regime de exceção.
Vemos a conservação desta postura
nos tempos atuais. Hoje o Mackenzie se parece com um enorme shopping center:
praças de alimentação com preços exorbitantes, câmeras por todo lado,
proibições estúpidas (como não sentar no chão ou deitar nos bancos), meninas
andando com seus cabelos oxigenados e seus Iphones, e meninos com suas
abercrombies e hollisters. A qualidade de ensino ainda é alta (assim como as
mensalidades), principalmente para os cursos renomados, e a pesquisa é
direcionada para áreas de interesse próprio. O objetivo do Mackenzie é
formar homens à imagem e semelhança de Deus, mas Graças a Deus, ou ao Diabo,
eles também estão bem longe disso; grande parte dos alunos só quer o diploma
para manter sua posição social, colam em todas as provas, estudam por slides e
passam as respostas dos testes uns aos outros por celular. Além disso, ainda
vemos alguns alunos que entram pelo PróUni serem discriminados.
A consciência política é quase
nula. Contudo, sempre vejo grandes mobilizações para organização de festas.
Posso falar mais, os alunos (e infelizmente alguns professores) não têm a menor
vertente política durante as aulas, mas isso já daria um outro texto só para
falar sobre o assunto. Ainda assim, a conclusão é clara e inequívoca:
enquanto estudantes lutavam pelo fim da ditadura, enquanto pessoas se
mobilizavam pelo fim da opressão e do regime militar, outros se aliavam a
fascista que na calada da noite roubavam o sono dos honestos, o sonho de liberdade
e o futuro democrático de nosso país.
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