segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

O apoio de Elizabeth Guedes à transferência na educação pretendida por Bolsonaro escancara o grupo que ela representa.

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O parentesco, portanto, é incrivelmente conveniente para os privatistas do ensino.


A vice-presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas (Anup) chamou a atenção recentemente por dois motivos. O apoio de Elizabeth Guedes à transferência pretendida por Bolsonaro escancara o que sempre ficou claro em relação ao grupo que ela representa: 
O primeiro:  ser irmã de Paulo Guedes, ministro da Economia e assessor econômico do PSL durante toda a campanha presidencial e defensor de uma espécie de privatização ampla, geral e irrestrita.
O segundo: apoiar publicamente a transferência das universidades, já anunciada por Bolsonaro, da responsabilidade do Ministério da Educação para o de Ciência e Tecnologia. Confrontar o posicionamento de Elizabeth Guedes noticiado agora com as matérias compartilhadas no Portal da Contee — publicadas, respectivamente, em 2013, 2014 e 2015
De um lado, a sanha privatista por mais e mais verbas públicas para ampliar seus lucros; de outro, o papel, no golpe de 2016, dos grandes oligopólios educacionais representados pela diretora da Anup, como a Kroton Educacional S/A, a Anhanguera Educacional Participações S/A (incorporada, em 2014, à Kroton) e a Estácio Participações S/A — empresas que, diga-se de passagem, cresceram substancialmente durante os governos Lula e Dilma, mas que não hesitaram em se aliar aos golpistas à medida que o governo passou a não corresponder mais a seus interesses. Não é à toa que Bolsonaro defende Educação Fundamental a distância e que no dia 8 de novembro o CNE aprovou a BNCC do Ensino Médio com a possibilidade de 30 % da carga a distância. O apoio de Elizabeth Guedes à transferência pretendida por Bolsonaro escancara o que sempre ficou claro em relação ao grupo que ela representa: Com as escolas de Ensino Fundamental e Médio, o que a retirada do Ensino Superior do MEC faz hoje é liberar recursos para a Educação Básica, setor que esses grandes conglomerados privatistas têm tentado cada vez mais abocanhar. E esse desejo se torna ainda mais factível — e lucrativo — com as propostas de Bolsonaro e do outro irmão Guedes de implementar Ensino Básico a distância e distribuição de vouchers para a educação.

O parentesco, portanto, é incrivelmente conveniente para os privatistas do ensino. Paulo Guedes, que nem sabia o orçamento que deve ser aprovado pelo Congresso, vai ser ministro para servir ao mercado financeiro, para aumentar seus lucros e, com sua irmã e parceira, para privatizar a educação superior brasileira e agradar, com ganhos certos, as grandes corporações internacionais de capital aberto que atuam no Brasil no domínio de instituições públicas e privadas. Essa é a parceria do fim da educação como direito e como dever do Estado; parceria do fim dos direitos trabalhistas e previdenciários; parceria em favor do grande capital especulativo; parceria contra a soberania nacional e em prol de entrega de nossas riquezas; parceria da colocação do Brasil, no campo da educação, na lógica do mercado, e não da formação com qualidade de nossas crianças e jovens.
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(Madalena Guasco Peixoto é coordenadora da Secretaria-Geral da Contee e diretora da Faculdade de Educação da PUC-SP)

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