O parentesco, portanto, é incrivelmente conveniente para os privatistas do ensino.
Conselho Nacional de Educação
libera EAD no Ensino Médio
Estudo contesta eficiência de medidas de Bolsonaro na educação
Estudo contesta eficiência de medidas de Bolsonaro na educação
A
vice-presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas (Anup) chamou
a atenção recentemente por dois motivos. O apoio
de Elizabeth Guedes à transferência pretendida por Bolsonaro escancara o que
sempre ficou claro em relação ao grupo que ela representa:
O
primeiro: ser irmã de Paulo Guedes, ministro da Economia e assessor
econômico do PSL durante toda a campanha presidencial e defensor de uma espécie
de privatização ampla, geral e irrestrita.
O segundo: apoiar publicamente a transferência das
universidades, já anunciada por Bolsonaro, da responsabilidade do Ministério da
Educação para o de Ciência e Tecnologia. Confrontar
o posicionamento de Elizabeth Guedes noticiado agora com as matérias
compartilhadas no Portal da Contee — publicadas, respectivamente, em 2013, 2014
e 2015.
De um lado, a sanha privatista por mais e mais verbas públicas
para ampliar seus lucros; de outro, o papel, no golpe de 2016, dos grandes
oligopólios educacionais representados pela diretora da Anup, como a Kroton
Educacional S/A, a Anhanguera Educacional Participações S/A (incorporada, em
2014, à Kroton) e a Estácio Participações S/A — empresas que, diga-se de passagem, cresceram
substancialmente durante os governos Lula e Dilma, mas que não hesitaram em se
aliar aos golpistas à medida que o governo passou a não corresponder mais a
seus interesses. Não é à toa que Bolsonaro defende Educação Fundamental
a distância e que no dia 8 de novembro o CNE aprovou a BNCC do Ensino Médio com
a possibilidade de 30 % da carga a distância. O apoio de Elizabeth
Guedes à transferência pretendida por Bolsonaro escancara o que sempre ficou
claro em relação ao grupo que ela representa: Com as escolas de Ensino Fundamental e Médio, o que a retirada do Ensino Superior do MEC faz hoje é
liberar recursos para a Educação Básica, setor que esses grandes conglomerados
privatistas têm tentado cada vez mais abocanhar. E esse desejo se torna ainda
mais factível — e lucrativo — com as propostas de Bolsonaro e do outro irmão
Guedes de implementar Ensino Básico a distância e distribuição de vouchers para
a educação.
O parentesco, portanto, é incrivelmente conveniente para os privatistas do ensino. Paulo Guedes, que nem sabia o orçamento que deve ser
aprovado pelo Congresso, vai ser ministro para servir ao mercado financeiro,
para aumentar seus lucros e, com sua irmã e parceira, para privatizar a
educação superior brasileira e agradar, com ganhos certos, as grandes
corporações internacionais de capital aberto que atuam no Brasil no domínio de
instituições públicas e privadas. Essa é a parceria do fim da educação como
direito e como dever do Estado; parceria do fim dos direitos trabalhistas e
previdenciários; parceria em favor do grande capital especulativo; parceria
contra a soberania nacional e em prol de entrega de nossas riquezas; parceria
da colocação do Brasil, no campo da educação, na lógica do mercado, e não da
formação com qualidade de nossas crianças e jovens.
(Madalena Guasco Peixoto é
coordenadora da Secretaria-Geral da Contee e diretora da Faculdade de Educação
da PUC-SP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário