Você acredita que esse novo programa de privatizações, com
início em suposta investigação de corrupção, com apoio da mídia, a queda de
governos corruptos que são substituídos por outros mais corruptos que vendem o
país... Você acredita que isso é um plano para a hegemonia neoliberal na América Latina posto
em prática em todo o mundo, não apenas no Brasil, para a derrubada de governos
que não são simpáticos aos globalistas internacionais? Devemos notar e pesquisar, que a doutrina Ludwig voon Mises institute acompanhados das frases: inimigos do
estado, privatização total, imposto é roubo, manipulando jovens e
universitários para o “liberal” sem que esses jovens saiba realmente que esses “liberais” são privatistas, dinheiristas, entreguistas. Se contrapõe a Doutrina Monroe que desde o fim do Império, se colocou como defensores das nações recém
emancipadas, por trás, o interesse em garantir os princípios
republicanos adotados por todo continente.[1]
Todos têm acompanhado as notícias sobre o programa de privatização da Eletrobrás, uma empresa holding com várias subsidiárias, entre elas a Eletronuclear, que lida com o urânio.
Como a sua exploração é monopólio da União, para que a Eletrobras seja privatizada, é preciso que a Eletronuclear se desvincule dela. E esse modelo de como ficará a empresa não está claro. Fim do monopólio do urânio atende a interesses externos.
O TEMA É DE INTERESSE PORQUE MOVIMENTA UMA FORTUNA GERADA PELOS
CONTRIBUINTES – DE DIREITO E DE FATO – DO BRASIL.
|
Retiram o
Brasil do Clube Nuclear
Publicado 27/02/2018.
Do Boletim Conexão UFRJ, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro:
QUEREM
O BRASIL COMO MERO FORNECEDOR DE URÂNIO –MATÉRIA PRIMA NUCLEAR GERADORA DA
ENERGIA DO SÉCULO!
É
A ENERGIA DO SÉCULO PORQUE É A ENERGIA QUE ABASTECE A EUROPA, EUA E TODOS OS
ESTADOS DESENVOLVIDOS DO MUNDO.
Ao lado dos Estados
Unidos e da Rússia, o Brasil faz parte do seleto grupo de nações que domina o
ciclo do combustível nuclear, de modo autossuficiente, para a geração de
energia elétrica.
Os demais países ou têm a
tecnologia ou a matéria-prima, mas não as duas juntas. Além dos três citados,
somente mais oito Estados nacionais completaram o ciclo tecnológico do
enriquecimento do urânio – mas estes dependem da importação do minério.
Por
pressão dos Estados que pretendem o Brasil como mero fornecedor de
matéria-prima urânio in natura, toda a atenção é preciso para que o Brasil não seja expelido do topo
dessa lista e assista ao completo abandono do seu programa nuclear, que
enfrenta uma dramática crise de financiamento há cerca de três anos.
“Esse desmonte só interessa aos países centrais. O Brasil estava na
crista da onda há seis anos e era reconhecido internacionalmente. Hoje, isso
mudou completamente com a paralisia dos investimentos no setor nuclear”, afirma
Aquilino Senra, professor de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ.
A situação financeira da ELETRONUCLEAR é crítica
devido à falta de renovação do seu empréstimo junto ao BNDES para a construção
da usina de Angra 3, como atesta em carta pública a
Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN).
O Banco/BNDES está exigindo
que a empresa assuma encargos da ordem de R$ 30 milhões por mês antes de a
própria usina gerar receita, comprometendo o fluxo de caixa da ELETRONUCLEAR e o pagamento a
fornecedores.
Visão geral da Usina Nuclear de Angra 3 em construção. Foto:
Eletronuclear
A ABEN alerta que a paralisação das obras de Angra 3, com o consequente risco
de que não entre em operação, poderá agravar a crise do setor elétrico
brasileiro. A usina poderia agregar quase 1.500 MW à oferta de energia num
momento em que se registram baixos níveis de armazenamento nos reservatórios
das hidrelétricas.
Brasil abdica do mercado global
Aquilino Senra lembra que o Brasil tem a sétima maior reserva de urânio
do mundo, com potencial para ser o primeiro desse ranking. Com minério de
sobra, o país fez, a partir do fim da década de 1970, um notável esforço
tecnológico de enriquecimento do urânio, por meio de centrífugas, que
surpreendeu o mundo (acesse a palestra do
pesquisador e saiba mais sobre o ciclo do combustível nuclear e a estrutura do
setor no Brasil).
“Foi um projeto coordenado pela Marinha, sob a liderança do Almirante Othon
Pinheiro, com a parceria das Universidades e
dos Institutos de Pesquisa. O Brasil passou a dominar essa tecnologia
sensível e anunciou, na metade da década de 1980, a sua capacidade de
enriquecer urânio”, frisa.
Portanto, o Brasil tem matéria-prima e tecnologia para galgar a posição de
player no mercado global, segundo o pesquisador. São mais de 400 usinas
nucleares no mundo com necessidade de manutenção e abastecimento de urânio.
Aquilino Senra, pesquisador e ex-presidente da Indústrias Nucleares do
Brasil (INB). Foto: Raphael Pizzino (CoordCOM / UFRJ)
“É um mercado que movimenta mais de U$ 20 bilhões, restrito a cerca de cinco
países, e que envolve o fornecimento de componentes e de matéria-prima para as
usinas. Só que o Brasil ainda não entrou neste mercado global e nem querem que
entre”, aponta.
Ex-presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa que exerce o
monopólio da produção e comercialização de materiais nucleares, Senra defende a
venda do minério enriquecido, ou seja, com valor agregado, e não do
urânio in natura.
Submarino nuclear e soberania.
Mas, além das vantagens econômicas
que pode proporcionar ao Brasil, o programa nuclear tem outro viés, relacionado
à defesa do Estado e da soberania nacional. O submarino nuclear tem uma
importância geopolítica estratégica, já que o país tem uma costa extensa, onde
há petróleo e minerais valiosos que podem ser explorados.
“Essa extensão de mar ao longo da costa é uma área a ser defendida. O submarino
nuclear é uma peça estratégica dentro do arranjo de defesa do território, já
que permanece mais tempo submerso e não pode ser detectado por satélites ou
sonares dos navios”, explica.
Para evitar confusões, o professor da Coppe/UFRJ lembra que o Brasil é o único
país do mundo que tem um artigo na Constituição que proíbe o uso da energia
nuclear para fins militares. Portanto, o submarino é movido a propulsão
nuclear, não uma arma nuclear.
Além do submarino nuclear – que deverá ficar pronto em breve, com atraso de
quatro anos devido à falta de recursos –, o programa prevê a construção de mais
quatro submarinos convencionais, devendo o primeiro deles ser lançado no início
do ano que vem.
Réplica do submarino nuclear brasileiro. Foto: Vladimir Platonow (Ag.
Brasil)
Hoje, segundo o docente, a tecnologia voltada para o submarino nuclear, com
enriquecimento de 20% do urânio, está sendo desenvolvida no Centro Experimental
Aramar, em São Paulo. “Na parte civil, o enriquecimento está limitado a 5%
exatamente para que ele não possa ser desviado para a construção de artefatos
nucleares. E o enriquecimento de 20% se destina a submarinos nucleares ou a
reatores para pesquisa”, esclarece.
Senra afirma que o almirante Othon Pinheiro – engenheiro naval, com mestrado na
área nuclear no Massachusetts Institute of Technology (MIT) – teve papel
essencial no desenvolvimento do ciclo do combustível nuclear. E critica a
condenação e a prisão ruidosa do ex-presidente da Eletronuclear no âmbito da
Operação Lava Jato.
“Foi uma operação feita de maneira espetaculosa. Não havia a necessidade de
filmarem a prisão do presidente da Eletronuclear, às seis da manhã. A prisão
preventiva durou mais de um ano e meio até vir uma condenação em primeira
instância, com uma pena de 43 anos [hoje o almirante cumpre prisão domiciliar].
Além disso, não foi apontado nenhum ato de ofício de Othon Pereira em benefício
de empreiteiras”, afirma..
O almirante era um integrador das atividades de todo o setor, segundo o
professor, e tinha voz ativa na definição da política nuclear do país, com uma
visão autônoma e nacionalista. “Era um cientista que incomodava os interesses
econômicos das outras nações”, ressalta.
Outras aplicações da energia nuclear
Aquilino Senra salienta ainda que a sociedade, de modo geral, ouve falar
em energia nuclear apenas quando ocorrem grandes acidentes em reatores de
usinas, mas desconhece o seu uso em áreas como a indústria, a medicina e a
agricultura, entre outras. São aplicações do dia a dia estabelecidas e
socialmente aceitas, mas a principal delas é mesmo a geração de energia
elétrica – “hoje, 16% da energia elétrica gerada no mundo vêm das usinas
nucleares”.
Ele aponta que outra aplicação importante, mas ainda incipiente, relaciona-se à
dessalinização da água do mar, a partir do calor produzido nas usinas, para
torná-la potável e também para produzir energia. Por fim, Senra cita o hidrogênio
como a bola da vez na área de produção de energia, com capacidade até mesmo de
se tornar o substituto do petróleo no futuro. E, para o necessário processo de
separação do hidrogênio da água, uma das possibilidades em estudo é o uso do
calor dos reatores nucleares. (...)
Fim do monopólio do urânio atende a
interesses externos
Conexão UFRJ – Como o senhor avalia a possibilidade de fim do monopólio da
exploração do urânio?
Aquilino Senra – Durante os três anos em que presidi a INB, entre 2013 e 2016,
eu me manifestei no Congresso Nacional contra a quebra do monopólio do urânio,
que está previsto na Constituição. E hoje existe uma conversa no governo para
quebrar o monopólio e temos que nos posicionar contra isso porque o que querem
é vender o minério in natura. Todos têm acompanhado as notícias sobre o
programa de privatização da Eletrobrás, uma empresa holding com várias
subsidiárias, entre elas a Eletronuclear, que lida com o urânio.
Como a sua exploração é monopólio da União, para que a Eletrobras seja
privatizada, é preciso que a Eletronuclear se desvincule dela. E esse modelo de
como ficará a empresa não está claro.
Conexão UFRJ – Como as empresas brasileiras têm sido afetadas pela
Operação Lava Jato?
Aquilino Senra – Em relação à Eletronuclear, desde a prisão do almirante
Othon Pinheiro, todo o processo de construção de Angra 3 foi interrompido. Nada
era assinado, nada podia ser feito e as empreiteiras que estavam construindo a
usina estão tentando terminar um acordo de leniência, numa briga entre o
Ministério Público e o Tribunal de Contas da União que não se consegue
resolver. O que está acontecendo é que, sob o argumento de combater a
corrupção, a Lava Jato está destruindo as empresas brasileiras. A Engenharia
Nacional foi desmontada em função desse processo. Em outros países do mundo
democrático, nunca se fez combate à corrupção sem se observarem os aspectos
estratégicos envolvidos na atividade das empresas. Durante a 2ª Guerra Mundial,
grandes empresas alemãs fizeram uso de mão de obra escrava judia. Com o fim da
Guerra, os dirigentes das empresas foram a julgamento, mas as empresas se
mantiveram intactas. No Brasil, não há uma preocupação dos órgãos de controle
da Justiça brasileira em separar a atividade primordial das empresas do processo
de combate à corrupção, seja por incapacidade ou por outras razões menos
nobres.
Conexão UFRJ – A quem interessa esse desmonte das empresas brasileiras e
do programa nuclear?
Aquilino Senra – Só interessa aos países centrais. E é evidente que há
interesses internacionais por trás disso, não confessados, mas há. Primeiro,
são interesses comerciais. Esse mercado do uso da tecnologia nuclear para
geração de energia elétrica e produção de radiofármacos para aplicações
industriais é extremamente valioso, que se renova anualmente. E os players são
poucos, em torno de cinco. A alguns países centrais não interessa que tenhamos
essa capacidade tecnológica para que possam tentar vender serviços e tecnologia
ao próprio Brasil. E mais, o urânio também interessa fortemente aos países
centrais que fazem uso da energia nuclear. Sem ele, a usina não gera
energia.
Conexão UFRJ – Com a paralisação das obras e o agravamento da crise do
setor elétrico, há risco de novo apagão no país no futuro?
Aquilino Senra – Sem dúvida nenhuma. A paralisação de Angra 3 não teve
ainda as consequências que poderia ter porque a economia brasileira entrou em
colapso. Se ela continuasse crescendo a uma média razoável de 3% ao ano, seria
necessário agregar esse mesmo percentual ao ano, pelo menos, em nova geração de
energia. Se houver um descompasso, não teremos energia, que foi o que aconteceu
em 1999, no apagão, quando o Brasil teve que colocar para funcionar geradores a
diesel.
Conexão UFRJ – O papel da UFRJ no desenvolvimento da pesquisa e da
tecnologia nuclear vem sendo afetado pela crise econômica e queda dos recursos
de financiamento?
Aquilino Senra – Boa parte dos engenheiros que trabalha no setor nuclear
começou a sua vida profissional nas décadas de 1970 e 1980. A maioria já se
aposentou ou está em vias de se aposentar. Então, seria preciso uma renovação
de quadros. Por outro lado, há uma perspectiva de se ampliar a matriz
energética com um percentual maior da nuclear, e seriam necessários técnicos
para isso. Não adianta pensar apenas em investimento em tecnologia, é preciso
fazer investimento também em formação de pessoal. Por isso, a UFRJ, há cerca de
sete anos, criou o primeiro curso de graduação de Engenharia Nuclear do país,
numa parceria entre a Escola Politécnica e o Programa de Engenharia Nuclear da
Coppe. Já formamos duas turmas com profissionais extremamente
qualificados.
Conexão UFRJ – E eles estão conseguindo se inserir no mercado?
Aquilino Senra – Esses profissionais estão sendo contratados por empresas
estrangeiras, pela Marinha ou pela empresa a ela associada, a Amazul. Outros
estão indo para a vida acadêmica. Portanto, é importante que se defina
rapidamente qual é a dimensão do programa nuclear brasileiro para que não
continuemos a colocar jovens no mercado sem uma perspectiva de emprego. Mas a
vantagem do profissional da área nuclear é que ele é um engenheiro de sistemas,
tem uma formação que permite a ele trabalhar em outras áreas. A verdade, no
entanto, é que hoje está muito mais difícil para os estudantes conseguirem
oportunidades na área de pesquisa e de desenvolvimento de tecnologia, com os
cortes nas bolsas feitos pelo governo. Os editais para pesquisa também são cada
vez mais raros e, quando saem, muitas vezes os recursos não são liberados. Ou
seja, está havendo também um desmonte da área de ciência e tecnologia no país.
"'Guilhermina' coimbra@ibin
[1] https://www.todamateria.com.br/doutrina-monroe/
Nenhum comentário:
Postar um comentário