Nota minha: Durante muito tempo, eu, critiquei os militares por chamarem
o povo brasileiros de burros, diziam sempre em seus discursos de militares, que
o povo brasileiro teria que sofrer mais um pouco, para aprender. Aprender o
que, SENHORES MILITARES? O que os militares jamais fizeram? Dizer NÃO! Para a elite do crime organizado que invadiu o Brasil deixando o povo brasileiro impensante?
As imensas dificuldades que temos para lidar com valores
democráticos aqui nessas terras. Carregamos marcas em nossa legislação e ainda
vivemos sob normas produzidas em contextos de exceção. Nelson Rodrigues, o
autor mais censurado da história literária brasileira. Nelson Rodrigues era um
anticomunista assumido e proclamado, Nelson escrevia, no auge da Guerra Fria; defensor
da liberdade, moralista e pervertido, defendia abertamente o regime militar; - chegou
a interceder junto aos militares para auxiliar na libertação de amigos presos,
e sempre se colocando contra a censura – mesmo quando imposta a obras de
esquerda, de cuja ideologia tanto discordava. – “Dou-lhe minha palavra de
honra que não se tortura”, teria respondido Médici. – Mas em 1972, quando por ocasião da
prisão Nelsinho Rodrigues (que somente
seria localizado pela família após oito dias de procura), pergunta ao filho se
fora torturado, ouve a resposta: “Muito”.
Pelos sete anos que se seguem e em que o filho de Nelson
Rodrigues é mantido preso, Nelson deixa
de escrever suas peças, e faz apelos pessoais aos militares no poder, por meio
de cartas publicadas nos jornais:
- “O recado é para o Presidente da República, que eu chamarei de você – porque ele é um homem simples, carioca como eu, mais moço do que eu, pai como eu. Escuta aqui, Figueiredo. Muitos presidentes realizaram obras maravilhosas, faraônicas. Construíram estradas, acabaram com a inflação – o diabo. Mas nenhum deles teve a chance que você tem. A bondade está acima das leis. A generosidade, a clemência, a misericórdia são os mais belos sentimentos que um ser humano pode ter. Deixe o petróleo pra lá. A inflação que se dane. Um país não pode viver dividido. Você estendeu a mão. Como podem apertá-la os brasileiros que estão detidos? Solte esses rapazes, Figueiredo. Meia dúzia de obras gigantescas não colocam um presidente na História. Você é o único brasileiro que tem essa oportunidade na mão. Solte esses moços, Figueiredo. Por favor, Figueiredo, solte meu filho.”
Nelsinho foi solto em 1979. Seu pai Nelson Rodrigues
morreria em 1980.
A tortura pior, não encerrou em 1985, fico a me perguntar insistentemente, POR QUE, OS MILITARES JAMAIS, NUNCA, DISSERAM NÃO! PARA A ELITE DO CRIME ORGANIZADO QUE INVADIU O PAÍS? ACREDITO QUE ALGO MUITO PIOR ESTÁ PARA ACONTECER COM O FUTURO DO BRASIL E DOS BRASILEIROS, PLANEJADOS LÁ! DESDE A FARSA DA GUERRA FRIA.
NOTA:
1. Nesse tempo, lembra Nelsinho, o mundo estava dividido entre a influência dos EUA e a influência da URSS. Os EUA para influenciar dentro do Brasil, dava em tudo, a desculpa do “comunismo” E no começo, “um monte de gente ficou a favor do golpe”. Os militares disseram que iam fazer eleições. Depois é que começaram as marchas de protesto, contemporâneas da guerra do Vietnam. Nelson falou ao filho: – “‘Nelsinho, nos Estados Unidos acontece de tudo. Na União Soviética, o cara que é contra o governo vai para a Sibéria. Então, porque não estão contra a União Soviética? Porque não houve uma grita contra a invasão da Hungria, da Checoslováquia?’ O velho dizia que preferia a liberdade ao pão.” Nelsinho começou a entrar nos protestos contra o regime, em 1968 formou-se e em 1969. – Quando foi preso, em 1972, tinha 27 processos abertos contra mim, alguns inventados.” Vivia na clandestinidade, mas chegou a ligar ao pai de telefones públicos por causa de alguma crónica. Um dia, “estava na rua, passou um carro, abriu a porta e era um cara assim…” Imita uma metralhadora. A prisão começou com “três dias de barra pesada de tortura”, resume Nelsinho, sem detalhes. Não há nele nada de vítima. Mas quando a repórter pergunta, responde diretamente: “Choques eléctricos nas zonas genitais, afogamentos, espancamentos.” Os interrogadores perceberam que era o filho de Nelson Rodrigues ao verem-no nu: tinha o peito afundado, defeito de nascença. Quando o filho foi preso, Nelson Rodrigues avisara os militares: “Olha, o Nelsinho tem o peito afundado.” Tentou “de tudo o que é jeito” intervir e logo que o deixaram foi ver Nelsinho. “Me perguntou: ‘Você foi torturado?’ Eu disse: ‘Barbaramente.’ – A cara do velho. Aí caiu a ficha. A partir do momento em que soube, não deixou de escrever a favor da ditadura, não podia ‘chutar o balde’, até para me proteger, mas mudou em ênfase.” Isso deu frutos. “Ao fim de dois anos conseguiu que eu saísse do Brasil: eles me botavam num avião. Mas eu disse que não.” Mais uma vez não entra em detalhes, é a repórter que pergunta porquê. “Só sairia quando saísse todo o mundo. Eu era um preso muito importante por ser filho do velho. Não dá para você sair por proteção. – A gente está junto numa briga. Esse coletivo de presos foi muito forte. Tanto é que a gente fez a greve de fome pela amnistia em 1979.” Mas já antes da prisão do filho, Nelson Rodrigues lutara contra o delito de opinião: “Quando o Caetano Veloso foi preso [em 1968], Nelson Rodrigues escreveu várias colunas dizendo que ele não podia ser preso por falar e cantar, que o artista tem de ter liberdade de expressão.”
2. https://www.terra.com.br/diversao/infograficos/nelson-rodrigues/obra.htm
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