a Fé Bahá'í - uma das religiões monoteístas mais novas (e que mais cresce) no mundo. A figura é Bahá'u'lláh, o profeta iraniano que, segundo os bahá'ís, previu a globalização e a internet, entre outros adventos contemporâneos. O texto original saiu em fevereiro de 2010, na Folha de Londrina.
Está em curso, no Irã, um julgamento que vem sendo acompanhado com atenção pelos EUA, a União Européia, a ONU e diversos grupos defensores dos direitos humanos. Sete líderes da Fé Bahá'í, uma das mais significativas minorias religiosas daquele país, podem ser punidos com a pena capital caso sejam condenados. Eles são acusados pelos crimes de corrupção, blasfêmia contra o Islã, conspiração e espionagem para Israel.
Até o presidente Lula interveio a favor dos bahá'ís durante seu último encontro com o chefe do governo iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Mas os apelos foram em vão. Se condenados, os líderes vão engrossar o número de fiéis mortos desde 1979, quando a Revolução Islâmica reforçou a perseguição - que já existia - aos membros da chamada ''seita desviada''.[6]
Uma das religiões monoteístas mais novas, a Fé Bahá'í surgiu no fim do século 19, na Pérsia (onde hoje é o Irã). Espalhou-se rapidamente pelo mundo e atualmente conta com cerca de 7 milhões de seguidores em 240 países. Inclusive no Brasil, onde 50 mil pessoas - descendentes de iranianos ou não - declaram-se bahá'ís.
Os adeptos crêem que o fundador do movimento, Bahá'u'lláh (1817-1892), foi um mestre divino como Buda, Moisés, Maomé, Krishna, Jesus Cristo etc. Em 1863, ele declarou ser o portador de uma mensagem que defendia a unidade das religiões e a igualdade entre os sexos, entre várias outras propostas inovadoras para a época. Logo passou a ser perseguido e terminou seus dias preso na região da Palestina Otomana, atual Estado de Israel.
Aliás, a Casa Universal da Justiça, sede mundial da Fé, fica na cidade de Haifa, em território israelense. É o suficiente para que o governo iraniano acredite que os bahá'ís sejam espiões em defesa do sionismo. O que os impede de se aposentar, ingressar num curso superior, trabalhar como funcionários públicos - enfim, de exercer uma cidadania plena.
UNIFICAÇÃO PLANETÁRIA
Bahá'u'llhá ainda anunciou o advento de uma nova era, baseada na unificação dos homens e do planeta. Em uma série de cartas que enviou aos principais governantes mundiais de seu tempo, ele sugeriu a criação de um tribunal internacional moderador, a implantação de uma língua auxiliar comum a todos os povos, a obrigatoriedade da educação e a redução drástica dos gastos militares.[7]
Para os fiéis, a globalização, como conhecemos, é o início de uma fase de ''maturidade'' da humanidade, baseada na paz universal e no desenvolvimento das potencialidades do indivíduo. Eles também acreditam que o profeta previu a criação da internet (''a base comum para a comunicação dos povos'').
Essa busca por unidade é justamente o principal alvo das críticas contra o bahaísmo, muitas delas feitas em tom de teoria conspiratória. Textos disponíveis na web, especialmente em sites de denominações evangélicas, acusam os líderes de tramar o estabelecimento de uma nova ordem mundial que vai apagar todos os traços culturais e religiosos das nações. E mais: o plano de dominação começa pela infiltração em pontos estratégicos das Nações Unidas.
A Fé Bahá'í tem mesmo fortes laços com a ONU, onde possui ''status consultivo não-governamental'' no Conselho Econômico e Social. Mas os seguidores se defendem alegando que essa ligação tem como objetivo impulsionar os mais de 300 projetos de educação mantidos pela comunidade mundo afora. No mais, os bahá'ís garantem que o surgimento de uma civilização única não significa a eliminação de valores anteriores. A justificativa está em um de seus motes - ''unidade na diversidade''.
NO BRASIL
Entre o fim dos anos 50 e o início dos 60, milhares de bahá'ís se espalharam pelo mundo numa espécie de cruzada religiosa incentivada pela liderança mundial. Parte deles veio para o Brasil, como os pais do empresário Omid Afnan, 49 anos, membro do corpo administrativo da assembleia de Curitiba. ''Os próprios fiéis são o elo de divulgação da Fé. Por isso não temos um canal de televisão, não falamos para multidões'', afirma.
Omid explica que não existe um clero na comunidade, tampouco sacerdotes remunerados. Sendo assim, os seguidores devem estudar e se capacitar para ensinar outras pessoas. Os encontros mais frequentes acontecem nas festas dos 19 dias, ocasiões em que os bahá'ís se socializam, rezam e tratam de assuntos administrativos. Em tempo: o calendário do bahaísmo é organizado em 19 meses de 19 dias, que somados dão 361 dias - os quatro restantes são destinados à caridade.
Também não há dogmas rígidos, somentes princípios semelhantes aos de outras religiões. Os fiéis devem fazer contribuições financeiras (sem valor estipulado) e respeitar a castidade até o casamento, que deve ser aprovado pelas duas famílias envolvidas. O divórcio, o consumo de substância entorpecentes e o homossexualismo são condenados.
O bancário Adib Shaikhzadeh, 26, jamais colocou uma gota de álcool na boca. E por ser solteiro, ainda não iniciou sua vida sexual. ''Bahá'u'lláh escreveu que o homem e a mulher formam um pássaro. Eles devem bater as asas juntos, com a mesma força'', diz o rapaz, de família iraniana, que passou o ano de 2003 em Israel, fazendo trabalhos voluntários na Casa Universal da Justiça.
Mas ninguém será excomungado se infringir uma dessas regras. Omid, por exemplo, é separado e tem um filho com a segunda mulher. Mesmo os gays não podem ser segregados, pois Bahá'u'lláh não admitia o preconceito.
"RELIGIÃO ATUAL"
Em meados de janeiro, bahá'ís de todo o Brasil se reuniram em Curitiba para três dias de estudos intensivos. O encontro, ao contrário do que se possa pensar, não contou apenas com descendentes de iranianos. ''Esta é a religião mais atual que existe'', orgulha-se o engenheiro Everson Poletto, 50, um ex-católico de origem italiana. ''Conheci a Fé há 15 anos, e nem por isso preciso esquecer que fui cristão'', emenda.
O publicitário Gabriel Marques, 52, veio de Salvador especialmente para o evento. Lá, ele conta, o caráter ecumênico do bahaísmo é ainda mais forte. ''Nossa comunidade é composta por 80% de baianos nativos. Então é comum que as reuniões tenham elementos do cristianismo e até mesmo tambores do candomblé'', revela.
Nascido numa família de católicos convictos e praticantes, Gabriel conheceu a Fé nos anos 70, quando se encantou com a ''forma aberta de conversar'' dos seguidores. Ele não usa o termo ''conversão'', e sim ''aceitação''. ''É que você não deixa uma coisa para entrar na outra'', diz, reafirmando o conceito bahá'í de que religião é continuidade.
Quanto à ideia de uma civilização mundial (que para muitos representa uma ameaça à diversidade), o publicitário acredita que este é um caminho natural na evolução da humanidade. ''Primeiro veio o indivíduo, depois a família, a tribo, a nação... O próximo passo é a planetização'', afirma.
Isso significa que o apocalipse, tão anunciado por outros credos, não está próximo? ''Com certeza, não. Nesse sentido, a Fé é a única religião que tem uma visão positiva do futuro'', conclui.
RELATO DE UMA REFUGIADA
Há 22 anos, a situação dos bahá'ís iranianos já beirava o insuportável. Suas sedes e escolas foram fechadas ou transformadas em ''bens islâmicos''. Proibidos de ingressar no serviço público, os fiéis também não podiam manter negócios próprios. Para o governo, seu dinheiro era ''impuro''.
Foi nesse cenário que a família de Rouhangiz Hamidi, hoje com 50 anos, começou a alimentar a ideia de deixar do país. Ou melhor: fugir, pois os fiéis da minoria religiosa estavam impedidos de tirar passaporte. O plano era viajar de Teerã até a fronteira com o Paquistão e, de lá, buscar asilo num escritório da ONU.
Para isso, os Hamidi deram o carro e a casa que tinham em troca de ajuda na fuga. Com apenas uma bolsa de roupas como babagem, ela, o marido e os dois filhos pequenos literalmente correram durante oito horas na região entre os países. Detalhe: a criança mais velha tinha dois anos e a caçula, apenas 40 dias. ''Dormi na areia, com o bebê deitado no meu peito'', lembra.
Já no Paquistão, a família encarou mais dois dias dentro de um trem, ainda sob o risco de ser descoberta, até chegar ao posto das Nações Unidas. Na época, o governo brasileiro era um dos que mais acolhia bahá'ís refugiados, e foi para cá que eles vieram.
Conseguiram empregos e se adaptaram rapidamente, mas muitos de seus parentes ainda sofrem no Irã. ''Desde então, não vi mais a minha mãe. E meu pai morreu quando já estávamos aqui'', conta Rouhangiz, para quem o sucesso na fuga foi um milagre.
FONTES:
[1]https://www.bahai.org.br/a-fe- bahai/origens
FONTES:
[1]https://www.bahai.org.br/a-fe-
Um comentário:
Jordana Araújo jordana.araujo@bahai.org.br
7 nov (2 dias atrás)
para mim
Querida Marilda,
Aqui é a Jordana Araújo, sou assessora de comunicação da Comunidade Bahá'í do Brasil.
Pesquisei aqui na internet alguma divulgação sobre o Aniversário de Bahá'u'l´ah e encontrei a matéria que você divulgou ano passado em seu blog ( (http://mudancaedivergencia.blogspot.com.br/2011/11/bahaullha-ainda-anunciou-o-advento-de.html) decorrente da publicação da Folha Web Londrina. Gostaria de solicitá-la uma nova matéria sobre o tema, já que o 12 de novembro está chegando. Segue em anexo o artigo de Edvaldo Andrade, economista graduado pela Universidade Federal de Salvador.
Outra observação que tenho a você é referente ao uso da imagem de Bahá'u'lláh na internet. Como forma de reverência e até mesmo tendo por finalidade a preservação da autenticidade da foto, a Comunidade Bahá'í não divulga nenhuma imagem de Seu Fundador. O retratro de Bahá'u'lláh só está acessível aos seus seguidores mediante peregrinação realizada no Centro Mundial Bahá'í e o ambiente é totalmente propício para esse encontro espiritual. Dessa forma, solicitamos a sua compreensão e pedimos a exclusão da imagem em seu blog.
Com amorosas saudações,
Jordana
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