quinta-feira, 22 de abril de 2021

Os rincões da família AMaggi

 

A história de Maggi é assombrada por acusações de corrupção, e por sua associação com a bancada ruralista, vinculada à grilagem e ao desmatamento na Amazônia.

Seu cargo no governo Temer — na liderança do agronegócio brasileiro, que há muito tem cobiçado a Amazônia — lhe deu extraordinária influência sobre o futuro da floresta tropical.

Getúlio Vargas propôs uma política de ocupação da área que atendesse aos interesses dos capitalistas e colonizadores do Rio Grande do Sul. De certa forma, a idéia de criar o Território do Iguaçu, em 1943.  Em 29 de Janeiro de 1961, foi criado o Município de São Miguel do Iguaçu e o primeiro prefeito foi Abel Bez Batti, de modo a abrir caminho à expansão do capital e da colonização gaúcha na região.

André Maggi foi eleito vereador pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), com o maior número de votos e, logo em seguida promovido a Presidente da Câmara Municipal. São Miguel do Iguaçu localizava-se em área de segurança nacional.

No ano de 1948, a Colonizadora Gaúcha Ltda, empresa organizada pela Pinho e Terras Ltda, dos empresários Luiz e Alberto Dalcanale e Alfredo Ruaro, iniciou um projeto de fundação de uma nova cidade no oeste paranaense, a partir da compra de uma área que pertencia à Pinho e Terras. Em 1951 foi fundado o povoado de Gaúcha, Muitas famílias gaúchas deixaram o Rio Grande do Sul em busca de terras e trabalho nessa região escassamente povoada. Os colonos vinham principalmente de Bento Gonçalves, Farroupilha, Guaporé, Criciúma, Missões, São Borja, Santo Angelo, etc. Além da Colonizadora Gaúcha, atuavam na região outras colonizadoras, tais como a Cacique, Laranjeiras Matte e Pinho e Terras. Muitas das terras em poder das colonizadoras eram oriundas da antiga estrada de ferro São Paulo-Rio Grande. Uma dessas famílias a se dirigir para o povoado de Gaúcha foi a de André Antônio Maggi, que chegou ao povoado, em 1955. André A. Maggi, filho de imigrante de origem italiana, nasceu em 30 de janeiro de 1927 , no distrito de Morro Azul, no município de Torres (RS). Até os 25 anos de  idade morava na casa dos avós. Depois que eles morreram, começou a trabalhar com seu tio, João André Maggi. O migrante que possuísse 1 hectare de terra no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina conseguia comprar 5 hectares em Gaúcha. André Maggi projetou-se na política de emancipação. A luta pela emancipação de Gaúcha foi ainda favorecida pela política do Estado Nacional de promover maior fragmentação territorial dos municípios do oeste paranaense. Desse modo, em 29 de Janeiro de 1961, foi criado o Município de São Miguel doIguaçu e o primeiro prefeito foi Abel Bez Batti. André Maggi foi eleito vereador pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), com o maior número de votos e, logo em seguida promovido a Presidente da Câmara Municipal.

De acordo com Ferdinando Pagot, primeiro prefeito nomeado como interventor, durante o governo militar, São Miguel do Iguaçu chegou a ter mais de 20 serrarias na década de 60.

Em 1968, época do AI-5, foi indicado um interventor para o município, Ferdinando Felice Pagot, amigo de André Maggi Muitas das reuniões do prefeito com membros do Batalhão de Segurança e da Marinha, a fim de pôr em prática as determinações do governo militar, eram acompanhadas da presença de André Maggi. André Maggi não encontrou grandes dificuldades para expandir seu próprio negócio. André Maggi, além de construir armazéns para comercialização de grãos e produção de sementes, fundou, em 1976, a empresa Sementes Maggi, com capital originário do Banco do Brasil S/A, instalando, na época, a maior unidade de produção de sementes do Estado do Paraná. De 1976 a 1979, a dinâmica de reprodução ampliada do capital da empresa limitava-se ao Paraná, sobretudo o oeste do Estado.

Pai de Blairo Maggi escravizou trabalhadores nos anos 80, diz relatório da PF “Confidencial”

André Antônio Maggi, pai do ex-ministro Blairo Maggi (PP), sempre foi visto como um benfeitor, um líder no campo, um verdadeiro herói mato-grossense. Seu nome está registrado em avenidas, ruas, terminais rodoviários e outras instalações públicas em Mato Grosso. Para exaltar sua figura, em abril de 2019 foi lançada a primeira biografia sobre sua história, durante um evento de gala em um shopping de Cuiabá. Amaggi, multinacional liderada pelo filho do pioneiro, não registra um episódio da vida do “Seo André” que, até aqui, havia passado batido. No início de maio de 1988, exatamente cem anos após a abolição da escravidão, André Antônio Maggi esteve à frente de um episódio de escravidão moderna no município de Aripuanã, no noroeste de Mato Grosso, a 949 quilômetros da capital. Moisés Leonel Franco, que tinha 4 anos na época da denúncia.

“Minha mãe me contou que meu pai fez denúncias a respeito de várias pessoas na época, inclusive eles tiveram que se esconder para não serem mortos”, explicou Moisés. “Naquele período todo mundo matava todo mundo”.

Esse modelo de exploração, conforme argumenta o pesquisador, vem do período colonial, quando poucas pessoas tinham enorme quantidade de terras, poder sobre as comunidades locais e sobre o aparato de polícia. O fenômeno se repetiu durante a ditadura de 1964, quando a exploração da Amazônia era provocada e incentivada pelo governo:

— Quando estas pessoas [pioneiros] vieram para cá, precisavam de mão de obra. Essa mão de obra veio do Nordeste, estes trabalhadores foram usados nas frentes de trabalho, no desmatamento, na formação de pasto e em outras atividades. O local onde há mais registros de escravidão é no Araguaia, mas você encontra casos do tipo em toda faixa de Amazônia do estado, de São Félix do Araguaia, que está no leste, até Rondolândia, no oeste.

https://racismoambiental.net.br/2020/01/13/pai-de-blairo-maggi-escravizou-trabalhadores-nos-anos-80-diz-relatorio-da-pf/

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