A história de Maggi é assombrada por acusações de corrupção, e por sua associação com a bancada ruralista, vinculada à grilagem e ao desmatamento na Amazônia.
Seu
cargo no governo Temer — na liderança do agronegócio brasileiro, que há muito
tem cobiçado a Amazônia — lhe deu extraordinária influência sobre o futuro da
floresta tropical.
Getúlio
Vargas propôs uma política de ocupação da área que atendesse aos interesses dos
capitalistas e colonizadores do Rio Grande do Sul. De certa forma, a idéia de
criar o Território do Iguaçu, em 1943. Em
29 de Janeiro de 1961, foi criado o Município de São Miguel do Iguaçu e o
primeiro prefeito foi Abel Bez Batti, de modo a abrir caminho à expansão do
capital e da colonização gaúcha na região.
André
Maggi foi eleito vereador pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), com o
maior número de votos e, logo em seguida promovido a Presidente da Câmara
Municipal. São Miguel do Iguaçu localizava-se em área de segurança nacional.
No ano
de 1948, a Colonizadora Gaúcha Ltda, empresa organizada pela Pinho e Terras
Ltda, dos empresários Luiz e Alberto Dalcanale e Alfredo Ruaro, iniciou um
projeto de fundação de uma nova cidade no oeste paranaense, a partir da compra
de uma área que pertencia à Pinho e Terras. Em 1951 foi fundado o povoado de
Gaúcha, Muitas famílias gaúchas deixaram o Rio Grande do Sul em busca de terras
e trabalho nessa região escassamente povoada. Os colonos vinham principalmente
de Bento Gonçalves, Farroupilha, Guaporé, Criciúma, Missões, São Borja, Santo
Angelo, etc. Além da Colonizadora Gaúcha, atuavam na região outras
colonizadoras, tais como a Cacique, Laranjeiras Matte e Pinho e Terras. Muitas
das terras em poder das colonizadoras eram oriundas da antiga estrada de ferro
São Paulo-Rio Grande. Uma dessas famílias a se dirigir para o povoado de Gaúcha
foi a de André Antônio Maggi, que chegou ao povoado, em 1955. André A. Maggi,
filho de imigrante de origem italiana, nasceu em 30 de janeiro de 1927 , no
distrito de Morro Azul, no município de Torres (RS). Até os 25 anos de idade morava na casa dos avós. Depois que
eles morreram, começou a trabalhar com seu tio, João André Maggi. O migrante
que possuísse 1 hectare de terra no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina
conseguia comprar 5 hectares em Gaúcha. André Maggi projetou-se na política de
emancipação. A luta pela emancipação de Gaúcha foi ainda favorecida pela
política do Estado Nacional de promover maior fragmentação territorial dos
municípios do oeste paranaense. Desse modo, em 29 de Janeiro de 1961, foi
criado o Município de São Miguel doIguaçu e o primeiro prefeito foi Abel Bez
Batti. André Maggi foi eleito vereador pelo PTB (Partido Trabalhista
Brasileiro), com o maior número de votos e, logo em seguida promovido a
Presidente da Câmara Municipal.
De
acordo com Ferdinando Pagot, primeiro prefeito nomeado como interventor,
durante o governo militar, São Miguel do Iguaçu chegou a ter mais de 20
serrarias na década de 60.
Em 1968, época do AI-5, foi indicado um interventor para o município, Ferdinando Felice Pagot, amigo de André Maggi Muitas das reuniões do prefeito com membros do Batalhão de Segurança e da Marinha, a fim de pôr em prática as determinações do governo militar, eram acompanhadas da presença de André Maggi. André Maggi não encontrou grandes dificuldades para expandir seu próprio negócio. André Maggi, além de construir armazéns para comercialização de grãos e produção de sementes, fundou, em 1976, a empresa Sementes Maggi, com capital originário do Banco do Brasil S/A, instalando, na época, a maior unidade de produção de sementes do Estado do Paraná. De 1976 a 1979, a dinâmica de reprodução ampliada do capital da empresa limitava-se ao Paraná, sobretudo o oeste do Estado.
Pai de
Blairo Maggi escravizou trabalhadores nos anos 80, diz relatório da PF “Confidencial”
André
Antônio Maggi, pai do ex-ministro Blairo Maggi (PP), sempre foi visto como um
benfeitor, um líder no campo, um verdadeiro herói mato-grossense. Seu nome está
registrado em avenidas, ruas, terminais rodoviários e outras instalações
públicas em Mato Grosso. Para exaltar sua figura, em abril de 2019 foi lançada
a primeira biografia sobre sua história, durante um evento de gala em um
shopping de Cuiabá. Amaggi, multinacional liderada pelo filho do pioneiro, não
registra um episódio da vida do “Seo André” que, até aqui, havia passado
batido. No início de maio de 1988, exatamente cem anos após a abolição da
escravidão, André Antônio Maggi esteve à frente de um episódio de escravidão
moderna no município de Aripuanã, no noroeste de Mato Grosso, a 949 quilômetros
da capital. Moisés
Leonel Franco, que tinha 4 anos na época da denúncia.
“Minha
mãe me contou que meu pai fez denúncias a respeito de várias pessoas na época,
inclusive eles tiveram que se esconder para não serem mortos”, explicou Moisés.
“Naquele período todo mundo matava todo mundo”.
Esse
modelo de exploração, conforme argumenta o pesquisador, vem do período
colonial, quando poucas pessoas tinham enorme quantidade de terras, poder sobre
as comunidades locais e sobre o aparato de polícia. O fenômeno se repetiu
durante a ditadura de 1964, quando a exploração da Amazônia era provocada e
incentivada pelo governo:
—
Quando estas pessoas [pioneiros] vieram para cá, precisavam de mão de obra.
Essa mão de obra veio do Nordeste, estes trabalhadores foram usados nas frentes
de trabalho, no desmatamento, na formação de pasto e em outras atividades. O
local onde há mais registros de escravidão é no Araguaia, mas você encontra
casos do tipo em toda faixa de Amazônia do estado, de São Félix do Araguaia,
que está no leste, até Rondolândia, no oeste.
https://racismoambiental.net.br/2020/01/13/pai-de-blairo-maggi-escravizou-trabalhadores-nos-anos-80-diz-relatorio-da-pf/
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