O pecuarista José Carlos Bumlai intermediou operação para comprar o
silêncio do empresário de transportes Ronan Maria Pinto. Segundo Marcos Valério na CPI do mensalão, Ronan
ameaçou envolver o ex-presidente Lula, e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto
Carvalho no assassinato do então prefeito de Santo André Celso Daniel. o pecuarista José Carlos Marques Bumlai, amigo do ex-presidente
Lula, obteve em outubro de 2004 um empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco
Schahin.
- Para a PF, o contrato entre Valério e Ronan teria servido para simular o repasse de metade dos recursos obtidos por Bumlai, com o objetivo de ocultar sua origem. A PF desconfia que o restante do empréstimo, os outros R$ 6 milhões, possa ter sido embolsado por Bumlai, retornado para o grupo Schahin ou ido parar na conta de uma terceira pessoa. Outra opção é que o dinheiro também tenha ido para Ronan, que adquiriu inicialmente 50% do “Diário do Grande ABC”, mas depois comprou os 50% restantes.
- Para a PF, o contrato entre Valério e Ronan teria servido para simular o repasse de metade dos recursos obtidos por Bumlai, com o objetivo de ocultar sua origem. A PF desconfia que o restante do empréstimo, os outros R$ 6 milhões, possa ter sido embolsado por Bumlai, retornado para o grupo Schahin ou ido parar na conta de uma terceira pessoa. Outra opção é que o dinheiro também tenha ido para Ronan, que adquiriu inicialmente 50% do “Diário do Grande ABC”, mas depois comprou os 50% restantes.
************* "o barba"
Um dos maiores pecuaristas do Estado, José Carlos Bumlai, ganhou direito
a tratamento Vip em Brasília. O próprio presidente Lula mandou distribuir
à segurança um cartaz, com direito à foto de diferentes ângulos, para que o
amigo tenha acesso livre dentro do Palácio do Planalto. O empresário foi apresentado em 2002 ao ex-presidente Lula
pelo ex-governador de Mato Grosso do Sul Zeca do PT.
Dono de mais de 200 mil cabeças de gado, ele é um dos patrocinadores
preferenciais de campanhas petistas. Além do ex-governador Zeca do PT, em Campo
Grande a vereadora Thaís Helena é uma das agraciadas da família Bumlai.
O pecuarista tem lugar cativo no comitê de empresários pró-Lula e foi um
dos primeiros nomes cotados para assumir um ministério no governo Lula, o de
Agricultura.
Durante a campanha, o petista gravou na fazenda do sul-mato-grossense
propagandas durante disputa à presidência. Para desvincular a imagem do PT a do
MST, Bumlai deu inclusive depoimento de apoio ao petista, direto de uma de suas
fazendas, a Santa Inês.
Alguns momentos importantes também tiveram as propriedade dele como
cenário. Laerte Demarchi, um dos amigos tradicionais de Lula, inventou o termo
"Lulinha Paz e Amor", por exemplo, quando pescava com Bumlai no
Pantanal.
Durante o governo Zeca também hospedou governadores em visita ao estado
em outra propriedade, a Morro do Azeite. Articulado em diferentes setores, ele
mantinha contado com empreiteiras e integrava o Conselho Estadual de
Desenvolvimento Econômico e Social.
Por ocasião da polêmica sobre usinas no Pantanal, Bumlai foi voz
favorável ao projeto apresentado pelo governo Zeca do PT, por ter interesse na
exploração do setor.
O empresário chegou a acompanhar Zeca do PT em diferentes reuniões com
ministros e diretores de estatais, entre outros temas, para a implantação do
pólo gás-quí¬mico binacional Brasil-Bolívia, em Corumbá e Puerto Suárez [1].
Empresário José Carlos Bumlai sempre
negou o empréstimo de R$ 12 milhões
Documento do BC comprova que
José Carlos Bumlai contraiu um empréstimo irregular de R$ 12 milhões junto ao
banco da construtora Schahin. Em troca, a empreiteira ganhou contratos com a
Petrobras. Parte do dinheiro teria sido usada para comprar o silêncio. Relatório inédito do Banco Central
anexado a um inquérito da Polícia Federal, obtido com exclusividade por ISTOÉ,
revela que o pecuarista José Carlos Marques Bumlai, amigo do ex-presidente
Lula, obteve em outubro de 2004 um empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco
Schahin. O documento desmonta a versão de Bumlai de que nunca havia contraído
financiamento do banco e reforça denúncia do publicitário Marcos Valério feita
em 2012.
Naquele ano, em depoimento ao
Ministério Público Federal, o operador do mensalão afirmou que o pecuarista
intermediou uma operação para comprar o silêncio do empresário de transportes
Ronan Maria Pinto. Segundo Valério, Ronan ameaçou envolver o ex-presidente
Lula, e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho no assassinato do então
prefeito de Santo André Celso Daniel. Valério tentava um acordo de delação
premiada e disse ainda que, como contrapartida ao empréstimo a Bumlai, a
Schahin foi recompensada com contratos bilionários de arrendamento de sondas
para a Petrobras. Os contratos estão na mira da Operação Lava Jato, que incluiu
a Schahin no inquérito aberto para apurar o esquema de pagamento de propina e
desvios na Petrobras, conforme antecipou ISTOÉ em sua última edição.
Surge
a prova
No documento do BC, datado de 7 de agosto de 2008, Bumlai aparece numa
lista de 24 devedores do Banco Schahin beneficiados com empréstimos concedidos
de forma irregular, “sem a utilização de critérios consistentes e verificáveis”.
Para liberar a bolada, o Banco Schahin burlou normas e incorreu em seis tipos
de infrações diferentes. Desconsiderou, por exemplo, a apresentação pelo
cliente de dados cadastrais completos e atualizados, não procedeu qualquer
análise da capacidade financeira de Bumlai ou mesmo de seus avalistas. Em
outras palavras, o empréstimo milionário ao amigo de Lula foi liberado sem as
garantias exigidas de qualquer cidadão comum.
As primeiras revelações
Operador
do mensalão, Marcos Valério contou ao Ministério Público
que o
empréstimo foi necessário para proteger Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho
Ainda assim, quando Valério
revelou a operação, Bumlai poderia ter admitido o empréstimo e alegado outro
destino para o dinheiro. Mas preferiu dizer que nunca teve nada a ver com o
Banco Schahin. Todos os citados por Valério adotaram a mesma estratégia.
Questionado novamente, Bumlai, por meio de seu advogado, negou “qualquer
envolvimento com os fatos objeto de depoimento de Marcos Valério”. E o grupo
Schahin classificou o caso como “uma rematada mentira que jamais foi
comprovada”. Não bastasse a inobservância das regras para a concessão do
empréstimo a Bumlai, o Banco Schahin, segundo o documento do Banco Central,
maquiou o nível de risco da operação, classificando-a como “B”, quando na
verdade era “E”, de acordo com a análise do BC.
O ranking de risco do mercado
financeiro obedece a uma escala crescente de nove níveis, começando em AA,
praticamente nulo, e depois seguindo de A até H, o pior. Ao classificar o
empréstimo com nível de risco inadequado, o Schahin “constituiu provisão
insuficiente para fazer face às perdas prováveis”, informou o Banco Central. Além
de apontar inúmeras deficiências nos controles internos da área de crédito
bancário, o BC ainda determinou um ajuste contábil de R$ 108,7 milhões. Não à
toa Bumlai foi escolhido, segundo Marcos Valério, para ser um dos pontas de
lança da operação. Pecuarista oriundo da região Centro-Oeste, o empresário foi
apresentado ao ex-presidente Lula pelo ex-governador de Mato Grosso do Sul Zeca
do PT.
A afinidade foi tanta que uma
das fazendas de Bumlai serviu de palco para um dos programas da campanha de
Lula em 2002. Com a ascensão de Lula à Presidência, Bumlai passou a desfrutar
de acesso livre no Palácio do Planalto. Era recebido sem marcar hora e
tornou-se um conselheiro de Lula para o agronegócio. Por indicação do
ex-presidente, integrou o chamado Conselhão do governo – Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social. Bumlai arrolou como “garantidores” do
empréstimo o filho Maurício de Barros Bumlai e a nora Cristiane Barbosa Dodero
Bumlai. Estes, por sua vez, lançaram mão de empresas e terceiros para sustentar
a operação, sem contudo demonstrar capacidade financeira para honrar o
compromisso.
Nas palavras do então chefe do
Departamento Fiscal do BC, Alvir Hoffmann, verificou-se que algumas operações
foram “garantidas por avais, tanto de controladores das empresas tomadoras de
recursos quanto de terceiros, dos quais não se encontrou a análise da
capacidade de honrar eventuais obrigações”. “Dessa forma, a mensuração do nível
de segurança oferecido pelas garantias restou prejudicada”, escreveu Hoffmann.
No relatório do BC não há registro de que o pecuarista tenha quitado o referido
empréstimo ou seus avalistas. Como se sabe, o Banco Schahin, antes de quebrar e
ser vendido ao BMG em 2011, notabilizou-se por não reaver deliberadamente seu
patrimônio.
O mesmo aconteceu com um
depósito de mais de US$ 100 milhões feito numa conta do Banco Clariden na
Suíça, montante este que, segundo revelou ISTOÉ na última edição, serviu para
alavancar outro empréstimo no Deutsche Bank para a construção dos primeiros
navios-sondas que foram arrendados à Petrobras É justamente esse contrato, no
valor de US$ 1,2 bilhão, que Marcos Valério disse ter sido entregue ao grupo
Schahin como recompensa ao empréstimo a Bumlai naquele momento tão delicado.
Nos últimos dias, a Operação
Lava Jato lançou luz sobre essas contratações, uma vez que a Schahin passou a
integrar o inquérito sobre os desvios na Petrobras. No depoimento ao MPF, o
publicitário mineiro deu os detalhes sobre os negócios do grupo, grafado
erroneamente como “Chahin”. Segundo disse aos procuradores, depois que o “caso
do mensalão veio à tona”, ele soube que o banco tinha uma construtora chamada
Schahin, “que essa construtora comprou umas sondas de petróleo que foram
alugadas pela Petrobras, por intermédio do seu diretor Guilherme Estrella, como
uma forma de viabilizar o pagamento da dívida”, registra o depoimento ao MPF em
2012.
Depois da operação cala-boca em
Santo André, o negócio das sondas avançou. Em agosto de 2006, a Schahin
Engenharia, construtora do grupo, fez sua estreia no clube das empreiteiras
fornecedoras da Petrobras. A estatal encomendou-lhe duas sondas de perfuração
offshore de um lote de seis por um total de US$ 4,8 bilhões. Além da Schahin,
ganharam o negócio a Queiroz Galvão, a Odebrecht e a Petroserv. Como nenhuma dessas
empresas tinha expertise nem capacidade para a construção das sondas, foram
buscar no exterior os fornecedores tradicionais do setor, atuando como agentes
intermediários. A Schahin, por exemplo, firmou parceria com a Modec,
subsidiária da japonesa Mitsui.
A PF desconfia que o
restante do empréstimo, os outros R$ 6 milhões, possa ter sido
embolsado pelo próprio
Ronan Pinto, que adquiriu o jornal Diário do Grande ABC
Até hoje, a Petrobras não
explica por que não contratou diretamente os fornecedores. Na ocasião da
celebração desses contratos, Estrella era diretor de exploração e produção e
foi o arquiteto do modelo de exploração do pré-sal. Ele dizia que os negócios
com as empresas nacionais gerariam uma economia de 25% em relação ao mercado
internacional, mas não contou que essas mesmas empreiteiras tinham que comprar
as sondas no exterior. O que se vê hoje é que a estatal pagou muito mais do que
deveria em contratos superfaturados que serviram para o pagamento de propinas a
executivos e políticos. Como já foi revelado por ISTOÉ em sua última edição, o
grupo Schahin cresceu ainda mais dentro da Petrobras nos anos seguintes,
negociando o arrendamento e a operação de mais oito navios-sonda e navios FPSO,
sigla para definir embarcação de produção, armazenamento e descarregamento de
petróleo e gás.
Questionada, a estatal não
revela o valor total dos contratos com a Schahin, mas estima-se que cheguem
facilmente aos R$ 15 bilhões. Os pagamentos são feitos em mais de 50 offshores
abertas em uma dezena de paraísos fiscais diferentes. Nas contas da PF,
existiriam em nome de empresas de fachada do grupo Schahin mais de uma centena
de contas bancárias no exterior, que os investigadores suspeitam terem sido
usadas para distribuição da propina. Além de offshores, o grupo Schahin mantém
empresas de fachada no Brasil. Todas localizadas no mesmo endereço: na Vila
Mariana, em São Paulo. Uma delas é a 2S Participações Ltda., que, segundo a PF,
seria uma espécie de “empresa espelho” da S2 Participações Ltda., de Marcos
Valério. Várias empresas do grupo Schahin são identificadas pelos dois “S”, em
referência aos irmãos Salim e Milton Schahin.
No ano passado, a PF apreendeu
no escritório de Meire Poza, contadora do doleiro Alberto Youssef, um contrato
de empréstimo no valor de R$ 6 milhões, firmado entre a 2S Participações e a
Expresso Nova Santo André, de Ronan Maria Pinto, o chantagista do caso Celso
Daniel. Durante o processo do mensalão, descobriu-se que a 2S serviu de
entreposto para repasses de diversas outras empresas, inclusive a corretora
Bônbus Banval, de Enivaldo Quadrado, mensaleiro condenado e que está também
envolvido na operação Lava Jato. Para a PF, o contrato entre Valério e Ronan
teria servido para simular o repasse de metade dos recursos obtidos por Bumlai,
com o objetivo de ocultar sua origem. A PF desconfia que o restante do
empréstimo, os outros R$ 6 milhões, possa ter sido embolsado por Bumlai,
retornado para o grupo Schahin ou ido parar na conta de uma terceira pessoa.
Outra opção é que o dinheiro também tenha ido para Ronan, que adquiriu
inicialmente 50% do “Diário do Grande ABC”, mas depois comprou os 50% restantes.
Mencionado por Marcos Valério,
o ex-ministro José Dirceu, que cumpre prisão domiciliar, sempre negou qualquer
envolvimento no episódio do assassinato de Celso Daniel
A força-tarefa da Lava Jato
deve requisitar nos próximos dias cópia do inquérito que corre na
Superintendência do Distrito Federal. Para delegados que investigam o Petrolão,
são cada vez maiores os indícios de que o grupo Schahin integrou o clube de
fornecedores da Petrobras que superfaturou contratos e desviou recursos
públicos para o pagamento de propina a políticos do PT, PMDB e PP. Em
depoimento recente, o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto
Costa citou a ligação de Bumlai com o PT, além do vínculo estreito do
pecuarista com o lobista Fernando Baiano, ligado à cúpula do PMDB. Bumlai,
segundo Costa, é quem teria garantido a Baiano o livre trânsito na estatal.
Descobriu-se também que, entre
2010 e 2011, o pecuarista negociou diretamente com a estatal. Foi sócio de uma
fornecedora de equipamentos e peças para grandes obras chamada Immbrax, numa
parceria com o grupo Bertin. O empresário conta que só se associou à Immbrax
para importar equipamentos para uma de suas fazendas. Na delação premiada que
serviu de base para a deflagração da nona fase da operação Lava Jato, na semana
passada, o ex-gerente de engenharia Pedro Barusco reforçou a versão de que a
Schahin participou do esquema de corrupção. Apontou Mario Goes como o operador
do grupo e de outras empreiteiras. Segundo Barusco, Goes guardava o dinheiro em
seu apartamento em São Conrado, no Rio. E fazia entregas de mochila. Segundo
investigações preliminares, Goes seria Mario Frederico de Mendonça Goes, dono
da Mago Consultoria, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia Naval
e membro do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
Fontes:
[2] http://fronteirams.com/revista-istoe-expoe-emprestimo-irregular-feito-a-pecuarista-e-amigo-de-lula/
[3] http://mudancaedivergencia.blogspot.com.br/2015/08/polo-gas-quimico-binacional-brasil.html
[3] http://mudancaedivergencia.blogspot.com.br/2015/08/polo-gas-quimico-binacional-brasil.html
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