Como não é possível resistir militarmente à cobiça
internacional, a colonização seria a melhor maneira de proteger as regiões da
Amazônia que são ricas em recursos naturais. A opinião é do coronel Gelio
Fregapani, que defendeu, em palestra intitulada “A divisão do povo brasileiro
em etnias hostis”, a ocupação das serras localizadas nas fronteiras com a
Venezuela e Guianas, ricas em minério, ouro, diamantes e outros minerais.
“Os estrangeiros não querem tomar a Amazônia, que é muito
grande, mas sim as serras entre Brasil e Venezuela. Mas não temos como
defendê-las, pois não há como levar nenhum batalhão e o inimigo tem supremacia
aérea. Além disso, os índios ficarão do lado deles”.
De acordo com o palestrante, falta apenas um passo para que
nem juridicamente seja possível evitar uma secessão no território nacional, que
resultaria no surgimento de uma nação yanomami independente, com aprovação da
Organização das Nações Unidas (ONU): a homologação, pelo Congresso Nacional, da
convenção sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
Para evitar uma possível secessão em terras brasileiras e
diante da impossibilidade de qualquer resistência militar, as colônias de
povoamento auto-suficientes defendidas por Fregapani teriam diversos
protagonistas, totalizando dois milhões de pessoas, com destaque para
garimpeiros, militares e camponeses, inclusive integrantes do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Os bandeirantes eram garimpeiros”,
lembrou o palestrante.
Para o coronel, os índios e boa parte dos movimentos
ambientalistas estão sendo usados por interesses estrangeiros e a demarcação de
algumas reservas indígenas, como Raposa-Serra do Sol, em Roraima, foi submetida
a tais interesses. “O jogo é bruto e envolve assassinatos, massacres a
expedições, quedas misteriosas de aviões”, disse, acrescentando que a reserva
de estanho de Pitanga foi vendida para a Vale, que em seguida, declarou que a
usina estava esgotada. “Creio que ainda haja reservas de estanho para mais 300
anos”, contabilizou.
Entre as alternativas propostas por Fregapani, estão o fim
das Organizações não Governamentais (ONGs), “como foi feito na Rússia”; a
revisão das “gigantescas” reservas indígenas, afastando-as das fronteiras; além
das já citadas exploração das jazidas e a ocupação das fronteiras.
Etnias hostis
O coronel alertou a platéia do seminário “A problemática
indígena: grave ameaça à soberania brasileira”, realizado no Rio nos dias 18 e
19 de setembro, para o perigo da divisão do povo brasileiro em etnias hostis e
chamou a atenção para uma guerra psicológica que estaria sendo promovida,
sobretudo, por ingleses e norte-americanos. “A manobra anglo-americana tem como
objetivo convencer os indivíduos a valorizarem mais as expectativas de grupos
de interesses do que aquelas alinhadas com os objetivos nacionais”, afirmou.
No caso brasileiro, ele vê as divisões étnicas e “a nova
moda das duplas nacionalidades” como forte ameaça, já que, em geral, acabam por
criar quistos e guetos, na visão de Fregapani. “No Japão, até descendentes de
japoneses são chamados de estrangeiros. Os muçulmanos estão vindo para o Brasil
e poderão causar problemas no futuro. Já os judeus são mais culturais do que
étnicos. Amam o Brasil, mas também a seu grupo étnico-cultural”, ponderou.
Miscigenação: a grande vantagem
Neste sentido, o coronel vê a miscigenação como uma grande
vantagem. Lembrando que há etnias diferentes entre índios e entre os negros
(bantos e sudaneses) ele registrou que os movimentos negros no Brasil teriam
forte influência norte-americana e os quilombos, por sua vez, inspiração
comunista, “com risco de preconceitos e hostilidades.”
Com relação aos índios, ele considera que atualmente, além
da atuação de britânicos, norte-americanos, ONGS, são prejudiciais ao interesse
nacional a influência do “Clube de Bilderberg”.
O grupo foi criado em 1954 e reúne anualmente políticos,
empresários, banqueiros e personalidades tão poderosas que formariam, segundo o
coronel, a uma espécie de governo mundial, chefiado pelo setor financeiro, que
já controlaria o minério da Serra da Raposa.
“Os americanos são mais vítimas do que nós do Clube de Bilderberg”,
comentou.
Adesão esquerdista
Nesse contexto, o palestrante identifica uma “adesão
esquerdista” ao ambientalismo e ao indigenismo como um risco adicional à
soberania do Brasil sobre seus cobiçados recursos naturais. “Existe associação
entre o governo mundial e socialistas. Sem a bandeira comunista para se opor ao
capitalismo, restou à esquerda unir-se ao ambientalismo e ao indigenismo,
formando um movimento contrário a qualquer projeto desenvolvimentista”,
afirmou.
Na Calha Norte (região localizada ao norte da calha do Rio
Solimões e do Rio Amazonas) o coronel acusa as reservas indígenas de estarem
localizadas sobre as principais jazidas minerais e reservas hídricas da
Amazônia. São estas que se localizam na fronteira com Venezuela e Guianas.
Já na Calha Sul do Rio Amazonas estariam áreas estratégicas,
que além de recursos naturais seriam potenciais corredores de exportação. “Com
forte interferência, multinacionais avançam continuamente sobre as áreas
produtivas e em direção à fronteira”, denuncia.
Em vista disso, ele vê perigo de violência em diversos
estados da Federação, principalmente Mato Grosso do Sul. “Entre as hipóteses de
crise estão a insurreição em áreas indígenas com ajuda de mercenários ou uma
guerra de independência com apoio dos EUA e da Otan”, sublinha, acrescentando
que após a possível demarcação das terras yanomamis “juridicamente, nada impedirá
a criação de uma nação independente”.
BOX
Manobra anglo-americana
Fregapani identificou cada passo do que classificou “manobra
anglo-americana” para o desmembramento dos territórios brasileiro e
venezuelano, que poderia culminar com a independência da uma nação yanomami,
inclusive com referendo da ONU.
- Identificação das jazidas - já feito;
- Aproveitar ou juntar índios sobre elas – já feito;
- Providenciar laudos antropológicos falsos – já feito;
- Financiar as demarcações e homologações – já feito;
- Emendar a Constituição sobre convenções, e assinar a
convenção sobre os Direitos dos Povos Indígenas (autonomia)- já feito, restando
apenas a homologação da convenção pelo Congresso Nacional.
Coronel Gelio Fregapani, entrevista ao Monitor Mercantil
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