Profa. Guilhermina Coimbra*.
Absurdo dos absurdos, deixar os recém-formados (mal recém-formados, segundo o próprio CREMERJ) trabalharem de acordo com ensinamentos não aprendidos, nem compreendidos, nas Faculdades de Medicina. E o cúmulo de todos os absurdos - sem a supervisão de profissionais médicos.
O estágio no SUS do Brasil deve ser - isto sim - uma condição sine qua non para que os recém formados na teoria e na doutrina das Faculdades de Medicina - recebam a autorização para clinicar sob a supervisão do profissional médico e possam, enfim, exercer a profíssão de médico.
O estágio no SUS do Brasil deve ser entendido e realizado como uma espécie de prova final (tipo prova da OAB) um teste para comprovar a prática do acadêmico de medicina sempre, mas, indiscutivelmente, sempre,supervisionado por PROFISSIONAL MÉDICO brasileiro.
Idéia perversa e completamente ausente de inteligência é a de permitir que os estudantes de Medicina, sem a supervisão de um profissional médico, pratiquem a inabilidade, a ineficiência e a ignorância da Medicina, nos pacientes do SUS, já tão carentes, sofridos e penalizados por todas as mazelas inerentes a um Sistema, que vem se provando desde a respectiva implantação - um sistema desordenado, desorganizado, incontrolável e carente de todos os recursos humanos e materiais.
Esta deve ter sido mais uma das "idéias geniais" dos profissionais da área médica internacional - os quais, há muitos anos vêm tentando tomar conta desse imensurável mercado que é a prestação dos serviços de saúde, no Brasil.
Os médicos brasileiros formados há mais de 10, 20, 30 anos nunca ficaram a dever face aos médicos estrangeiros. Comum verificar a perplexidade e admiração deles - médicos estrangeiros - quando convidados, assistiam cirurgias no Brasil, face à carência (crônica) de condições materiais (raríssimamente, os médicos brasileiros podiam contar com instrumentadoras etc., aparelhagem apropriada etc.): não conseguiam entender como os colegas brasileiros se saiam tão bem.
Pacientes ricos que enfrentam viagens aéreas para se internarem em hospitais estrangeiros são unânimes em afirmar que os melhores, médicos, enfermagem, hospitais etc. estão em São Paulo/Capital, Campinas/SP, Ribeirão Preto/SP, Curitiba/Paraná, Londrina/Paraná e na maioria das Casas de Saúde do Rio de Janeiro.
Os médicos do Brasil estão recebendo quatro mil e quinhentos reais de salário do SUS. Este salário de fome os obriga a trabalhar em mais de um hospital, casa de saúde e consultórios para complementar o mínimo minimorum do dispendiosíssimo status de médico, adquirido a duras penas porque os Cursos de Medicina são os mais caros de todos os Cursos universitários.
Perguntas que não querem calar: como esses profissionais médicos estrangeiros, a serem contratados, se reportarão aos CONSELHOS REGIONAIS DE MEDICINA, que são os órgãos de fiscalização da Medicina no Brasil?
Esses profissionais estrangeiros atuarão sem qualquer fiscalização, sem terem que se reportar a nenhum dos CONSELHOS REGIONAIS DE MEDICINA?
Há que se fiscalizar o ensino médico no Brasil; há que se distribuir e fiscalizar a aplicação das verbas públicas direcionadas à área da saúde no Brasil; há que se pagar decentemente o profissional médico do Brasil. E, por favor, lembrem-se dos desvios de verbas, dos "mensalões" e outros do mesmo tipo e nem venham com a desculpa indecente de que não há verbas - porque o que há é a má distribuição e a má fiscalização da aplicação das verbas públicas do Brasil.
Sentindo muito por contrariar os "ideólogos" - fábrica de produção incessante de ideias "brilhantes que somente brilham para os ignorantes - os pacientes do Brasil pensam, os profissionais médicos do Brasil pensam, os brasileiros pensam e repudiam, todas as ideias esdrúxulas, pensadas perseverantemente, anos após ano, de invadir o mercado da área da saúde no Brasil.
As soluções para a problemática do Brasil, no Brasil se encontram: nem venham com exemplos de outros países, ridículos exemplos, face às características dos exemplificados em comparação com as características (geográficas, demográficas) sui generis do Brasil . Principalmente, face à uma peculiar característica, da maior importância: não existe país no mundo, que tendo o tamanho e a auto-suficiência do Brasil - venha sofrendo sistemática, perseverante e incansavelmente de pressões externas do tipo que o Brasil vem suportando há anos - sem se fechar, como se fecharam, a Índia e a China, por exemplo.
O Brasil não se deixa governar de fora para dentro - nem, muito menos, na Medicina, sorry, sorry, Sirs.
O Brasil merece respeito.
Guilhermina Coimbra.
*Curriculum Lattes.
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