quarta-feira, 18 de setembro de 2019

A Dívida Pública brasileira não é auditada no Brasil, desde 1932.

Desconfie sempre de todos aqueles que, com palavras emotivas e brilhos nos olhos, prometem reinventar a roda em matéria econômica, quase sempre recorrendo a meras frases de efeito. "os políticos não podem enriquecer as sociedades; mas podem, facilmente, empobrecê-las". O vitimismo dos militares durante todo o tempo, mesmo após 1985,  que hoje no poder, se revelam os carrascos da extrema-esquerda.

  • POR QUE, DESDE 1932 A  EXTREMA ESQUERDA QUE TOMOU DE ASSALTO O BRASIL, NÃO PERMITIU A AUDITORIA DA DÍVIDA PÚBLICA?  Eliminaram, calaram, Getúlio, JK, Jango, Tancredo, U.Guimarães, Enéas, Bauptista Vidal, Benayon,... para manter o caminho livre?

Em 1932, Getúlio Vargas foi o primeiro presidente do país a enfrentar a questão da dívida pública. Através de uma AUDITORIA DA DÍVIDA enfrentou o poderoso capital internacional reduziu consideravelmente a dívida externa comprovando irregularidades e cláusulas abusivas que constituíam crimes de lesa-pátria, realizando, para isso, uma auditoria da dívida pública brasileira reafirmando os compromissos soberanos do nosso país.

Getúlio teve a coragem de mandar executar a auditoria da dívida pública expondo as mentiras da clã Rothschild dentro do Brasil MAS, pecou por manter os regimes autoritários com militares tiranos, entreguistas no comando desde o RGS, no entanto, fez valer a CLT - Consolidapção das Leis trabalhistas, estatizou a Petrobrás, a VRD, a Eletrobrás.

Em sua CARTA-TESTAMENTE  sem o apoio dos militares  que desde 1889 sufocam a  falsa República para conseguirem libertar para os de fora do Brasil, a Eletrobrás e todo o urânio que existe no solo e no sub solo brasileiro, escreveu:

"Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa.

Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto.

Depois de decênios de domínio e espoliação dos GRUPOS ECONÔMICOS e FINANCEIROS INTERNACIONAIS fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.

A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre". (Getúlio Vargas)

Oswaldo Aranha e Getúlio Vargas

Oswaldo Aranha:

A Dívida externa do Brasil em 1934-1

Exposição de Motivos do senhor Ministro da Fazenda, N.° 56 —

Gabinete, de 3 de fevereiro de 1934, referente ao assunto que deu

motivo à expedição do decreto n? 23.829, de 5 de fevereiro de 1934 (Esquema Oswaldo Aranha).

Excelentíssimo Senhor Chefe do Governo:

As dívidas estaduais e municipais estavam com seus serviços suspensos, comprometendo o nosso crédito no exterior. A solução a ser procurada devia, pois, ser compreendida de toda a dívida brasileira, sem exclusões prejudiciais ao nosso bom nome internacional. O Brasil queria sair da situação do terceiro "funding", não para outra operação similar. Não nos era possível continuar a usar desse expediente, acrescendo as nossas dívidas com a emissão de novos títulos, vencendo juros para pagar juros vencidos. Não era, também, possível fazer qualquer acordo, além das nossas possibilidades reais. Daí a ideia de entrar em entendimento claro com os nossos credores  dentro das linhas gerais, agora consagradas pelo novo esquema. O Brasil nunca pagou seus empréstimos com seus próprios recursos sempre novos empréstimos para manter os antigos.  Não tinha o Brasil para atender a essas dívidas senão os saldos de sua balança comercial, que vinham, menos do que os demais países, mas, mesmo assim, decrescendo vertiginosamente. Os saldos de 1931/1932 e 1933 foram aproveitados  para corrigir a situação deixada em 1930, de vultosos descobertos e atrasados, para manter os serviços dos "fundings", dos empréstimos paulistas de café, o de alguns Estados e as despesas governamentais no exterior.  Tomamos de empréstimos £ 431.418.254, pagamos £ 179.951.871 e devemos, ainda, £251 .466.383, capital em circulação.

A realidade é que, pagando dívidas com novas dívidas, a nossa política fez aumentar essas dívidas, ao invés de diminuí-las. Os próprios ''fundings'' não são senão expedientes, artifícios usados para postergar pagamentos com emissão de títulos, que passam a constituir, praticamente novos empréstimos. O esquema, que é objeto do decreto que tenho a honra de submeter à aprovação de Vossa Excelência, contrariando essas normas, importa na redução virtual do capital pela redução real dos juros e na incorporação ao país de vultosa importância que deveria ser paga aos nossos credores. [8  

A Casa Rothschild, informada de que sua colaboração no lançamento de um empréstimo brasileiro não seria vista com bons olhos pelo Sir Austen Chamberlain, Secretário de Estado no Foreign Office, insistiu em que a posição deveria ser reconsiderada, pois era provável que seus associados norte-americanos concedessem o empréstimo sozinhos, o que seria prejudicial aos interesses britânicos no Brasil. [1]

Regime Militar:

Fotografia integrante do acervo do DOPS 
custodiado pelo Arquivo Público da Cidade do Rio de Janeiro, 
mostra estudantes enfileirados detidos no ano de 1968.

Em 1964 a dívida externa brasileira somava US$ 3,294 bilhões e, em 1985 totalizava US$ 105,171 bilhões, ou seja, cresceu 32 vezes durante os governos militares, com apoio dos veículos de comunicação e sob o escudo da falta de transparência. Os jovens estudantes, intelectuais, que procuravam protestar contra a corrupção e demais atrocidades do regime corriam o risco de serem sequestrados, torturados e mortos. Os crimes cometidos pelos militares podem ser comprovados por diversos documentos (uma sugestão é conhecer o projeto Memórias Reveladas). Sem dúvida, a dívida pública está entre uma das piores heranças que recebemos da ditadura militar.  Os contratos firmados pelos militares com bancos, principalmente norte-americanos, possibilitaram o ingresso no Brasil de dólares sem lastro devido à quebra do acordo de paridade do dólar com o ouro em 1971, de forma unilateral pelo presidente dos EUA e ainda a cobrança de juros flutuantes. Essa prática é considerada crime por acordos internacionais como a Convenção de Viena de 1969. O aumento das taxas de juros desses contratos de cerca de 5% para mais de 20% no final dos anos 1970 impactou a crise de diversos países nos anos 1980, inclusive do Brasil.[2]

Na década de 80 sob o regime militar, ficou conhecida como “década perdida”. O Banco Central passou a pagar por uma dívida que nunca havia recebido, extraindo recursos que provocaram impressionante retrocesso socioeconômico devido ao sangramento de recursos orçamentários destinados ao pagamento do serviço da dívida externa. O Brasil se transformou em exportador de capitais, ao mesmo tempo em que aprofundaram-se as desigualdades sociais, o desemprego, a paralisação da economia real e a completa subserviência aos interesses financeiros privados que ignoram flagrantemente a soberania nacional, sob a regência do FMI, que passou a reger todas as decisões econômicas do país de forma explícita.  parte da dívida “externa” foi transformada em dívida “interna”, década de 90, transformação realizada em Luxemburgo (Plano Brady), dos quais uma parte foi utilizada como “moeda” na compra de empresas privatizadas, outra parte foi transformada em dívida interna no início do Plano Real, quando se praticava juros exorbitantes “para controlar a inflação”, e outros seguiram sendo reciclados em outros títulos da dívida externa e interna. Embora existam diversos indícios de ilegalidades e até fraudes nas negociações da dívida externa com bancos privados internacionais e na dívida interna gerada por mecanismos sem contrapartida alguma à sociedade que paga a conta, a auditoria oficial nunca foi realizada da “Securitização de Créditos”, é a nova modalidade de geração de dívida pública disfarçada, a qual é paga por fora, com recursos arrecadados de contribuintes, desviados durante o seu percurso pela rede arrecadadora, de tal forma que sequer alcançarão os cofres públicos.  Tal esquema possibilita que o mercado (NEOLIBERALISMO DOS MILITARES: TUDO PARA O MERCADO, NADA PARA O ESTADO) se aproprie diretamente do fluxo de arrecadação tributária, antes que os recursos alcancem o orçamento público, o que fere a Constituição e toda a legislação de finanças do país, que é estruturada no princípio do orçamento único. [3,4,5]

Fraude na Constituição de 1988:

"o constituinte chefe"

Em 1988 os constituintes burlaram, fraudaram o Art. 166 pela qual não era mais necessário indicar fontes de receita nas emendas destinadas ao pagamento do “serviço da dívida”,  sem o crivo do Congresso, a folha deveria ter a rubrica de todos os 14 líderes partidários. Mas continha apenas as dos líderes do PMDB e do PTB, Nelson Jobim e Gastone Righi. [6]

Em 1988 os constituintes burlaram, fraudaram, ao art. 167, inciso III, da Constituição, conhecido como “regra de ouro”, que proíbe a emissão de títulos da dívida pública para o pagamento de despesas correntes, tais como juros, salários e gastos para a manutenção do Estado. O pagamento dos juros abusivos pagos pelo governo brasileiro tem sido possibilitado mediante a emissão de novos títulos da dívida, que são contabilizados como se fosse amortização. Dessa forma, o volume de amortizações anual é de centenas de bilhões de reais e a dívida cresce na mesma proporção! 

A Proposta de Emenda à Constituição – PEC 241/2016 viabilizará a destinação de recursos livremente, sem qualquer teto, limite ou restrição, a gastos com juros e amortizações da chamada dívida pública, burlando-se AINDA MAIS, o disposto no art. 167, III, da Constituição, o que irá ampliar ainda mais os recursos a essa dívida que já consome, anualmente, quase a metade do orçamento federal, enquanto tantos direitos sociais são negados à população. [7]

A Emenda Constituição EC-95/2016 deixou fora do teto os gastos com a dívida pública, que poderão crescer sem controle ou limite, e também as despesas com o aumento de capital das “empresas estatais não dependentes”, dentre as quais sobressaem as que estão operando o fraudulento esquema.

Fattorelli:

Maria Lucia Fattorelli auditora da Receita,  desde 1982,  coordenadora do movimento Auditoria Cidadã da Dívida, filiada ao PSOL Partido Socialismo e Liberdade,obtendo em 2014 6.558 votos como Deputada Federal,  ponte entre o Brasil e as novas experiências políticas da esquerda socialista europeia como no Equador e Grécia.

Fattorelli  representou o Brasil no Equador, Rafael Correa criou uma comissão para realizar auditoria da dívida interna e externa equatoriana, nomeando diversos membros nacionais e 6 internacionais, como resultado,  o presidente Rafael Correa decidiu pela anulação de 70% da dívida que emperrava o investimento público. “Pela primeira vez na história inverteu-se a equação: os gastos sociais superaram os gastos com a dívida”, só restou a Rafael Correa “dar o calote” numa dívida irreal, o risco-país caiu e o acesso ao crédito passou a custar menos.

Fattorelli  representou o Brasil na Grécia endividada e fragilizada, pelos acordos muito prejudiciais com o FMI e a União Europeia. A outrora obediente Grécia se viu invadida por instituições financeiras internacionais, grandes corporações e, por consequência, pela agenda neoliberal: desmantelamento dos direitos sociais e privatização das empresas públicas mais lucrativas, A Troika (comitê de bancos, FMI e Banco Central Europeu) contra os países, demonstra uma grande assimetria entre as partes, um claro indício de ilegitimidade”,  lembra Fattorelli, que o FMI é uma agência especializada da ONU, como a OIT e a FAO. Deveria, portanto, atuar segundo os objetivos da Carta da ONU e da Declaração Universal dos Direitos Humanos - e não segundo os interesses do mercado financeiro.  – O  governo grego, sob o comando do partido de extrema-esquerda Alexis Syriza, deixou vazar um plano de implantar um profundo corte das aposentadorias: em alguns casos, os cortes chegam a 35%. Os novos aposentados que iriam receber mais de 750 euros mensais terão uma redução de 15%.  Pensões acima de 2.000 euros serão reduzidas em 30%.  E quaisquer pensões acima de 3.000 euros serão reduzidas para 2.200 euros. Trata-se de uma notável tesourada que também irá afetar os atuais aposentados que recebem uma pensão inferior a 1.000 euros mensais, até o momento, o governo grego já elevou a idade de aposentadoria e já extinguiu vários benefícios conseguidos por aposentadorias precoces, estratégias idênticas, genocidas,  está sendo aplicada pelo governo brasileiro de hoje.

Fattorelli representou na CPI da dívida pública em 2009, encabeçada por Ivan Valente PSOL, e o relator, deputado Pedro Novais (PMDB-MA) deveria investigar os beneficiários que ganham dinheiro com os títulos da dívida brasileira e qual o impacto das limitações impostas pelo pagamento da dívida sobre as políticas sociais brasileiras. "Mas o relatório não toca no assunto, e por isso não cumpriu o requerimento de criação da CPI". O texto coloca a política de juros altos como principal culpada pela elevação da dívida brasileira nos últimos anos e sugere medidas para tornar mais transparentes as informações sobre a dívida prestadas pelo governo. A conclusão também é de que há problemas na forma como a dívida dos estados foi renegociada com a União. O grande problema é conseguir documentos e informações do senado, à partir da última auditoria realizada em 1932, quando a clã Rothschild teve que responder por dualidade de contratos, a CPI teve dificuldades nessa área, “NÃO CONSEGUINDO”, analisar  todos os documentos durante o período da ditadura. ASSIM, até hoje, o assunto AUDITORIA  da dívida pública, caiu no esquecimento das autoridades políticas no Brasil.

NOTAS:

[1] 16 Sir Victor Wellesley, minuta, 19.4.26, F.O. 371:11115, A2075/G. - https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901974000400001

[2]https://auditoriacidada.org.br/conteudo/corrupcao-e-divida-publica-no-periodo-militar-1964-1985/

[3]https://www.camara.leg.br/noticias/140450-cpi-encerra-trabalhos-e-descarta-auditoria-na-divida-publica/

[4]https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Maria-Lucia-Fattorelli-a-brasileira-que-audita-a-economia-grega-para-o-Syriza/7/33158

[5]https://auditoriacidada.org.br/conteudo/acd-30-anos-de-descumprimento-da-cf/

[6] https://mudancaedivergencia.blogspot.com/2014/05/anatomia-de-uma-fraude-constituicao.html

[7] https://auditoriacidada.org.br/conteudo/pec-241-ira-burlar-regra-de-ouro-da-constituicao/

[8]No período republicano, quatro missões estrangeiras de cunho econômico visitaram o Brasil e produziram relatórios e recomendações sobre a economia e a administração: duas inglesas e duas americanas. Sintomaticamente, as duas primeiras foram inglesas, a de Lorde Montagu e a de Sir Otto Niemayer.em 1924 e 1931,e as duas últimas americanas, conhecidas como Missão Cooke, a de 1942 e Missão Abbink, a de 1948. Isto mostra, de certa maneira, a transferência da preeminência econômica inglesa no Brasil para a preponderância americana, operada no período anterior à Segunda Guerra Mundial, quando a Inglaterra era a principal supridora de fundos, empréstimos e investimentos no país, e a fase que se seguiu ao fim do conflito, em 1945, quando se acentuou a presença e a influência americanas, não apenas no Brasil, mas virtualmente em todo o mundo ocidental. O relatório de Sir Otto Niemayer, de que resultou o chamado "esquema Oswaldo Aranha", de 1934, para a retomada do pagamento do serviço da dívida externa, suspenso em 1931 e o da Missão Abbink, publicado em julho de 1949, são mais conhecidos e citados por economistas e historiadores, talvez por serem mais polêmicos e terem produzido maiores reações, quando divulgados. Os outros dois, no entanto, por não se referirem a épocas de crise aguda na economia, ficaram quase no esquecimento, sendo raramente citados pelos especialistas. - 2. Atribui a fiscalização do serviço dos empréstimos externos dos Estados e Municipalidades à Seção Técnica da Comissão de Estudos Financeiros e Econômicos dos Estados e Municípios, criada pelo Decreto n° 20.631, de9 de novembro de 1931, e dá outras providências.(Oswaldo Aranha)  https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:tQ180ovRHXUJ:https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/viewFile/2276/1191+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

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