sábado, 21 de abril de 2018

Lição dada pelo General Lúcio Wandeck ao Comandante Militar do Sul Pujol

Bela e oportuna lição dada ao general Pujol pelo veteraníssimo coronel reformado Lúcio Wandeck. Espero que o Pujol aprenda a lição.

Eu Lício Wandeck era primeiro-tenente em 1964, havia tomado parte ativa na conspiração de que resultou a contrarrevolução de 1964 (fiz parte do grupo de sublevados que na Escola Anne Frank preparavam-se para repelir as tropas comandadas pelo Alte Aragão, que, se supunha, iriam nos atacar. Comigo estavam, dentre tantos oficiais das FFAA, os irmãos Etchegoyen, pai e tio do atual Gen Etchegoyen). Fui a capitão em 1968, major em 1972, e daí por diante. 

Exmo Sr General de Exército Edson Leal Pujol
DD Comandante do Comando Militar do Sul

Saudações

Vale a pergunta: quem estará mais habilitado a discorrer, daqui a 40 anos, sobre o momento atual, seremos nós que estamos, de certa forma, participando da ou acompanhando a história, ou os jovens que só nascerão daqui a 20 anos, e conhecerão a história de hoje por ouvir falar ou por ler livros didáticos de história, como os que são distribuídos pelo MEC, com acentuado viés esquerdopata? Esses livros, há alguns anos foram distribuídos pelo MEC a todas as escolas públicas e ao Colégio Militar do Rio de Janeiro. No CM, o Comandante mandou devolvê-los e só adotou livros editados pela Fundação Trompowsky, do Exército, que leva o nome do patrono do ensino militar. Hoje os livros são pré-examinados pela DEPA. 

Em 1964 o senhor era um menino de nove anos.
Nos anos precedentes e nos seguintes, os mais turbulentos daquela época, ainda era criança ou adolescente, portanto incapaz, fisiologicamente, mormente quando ainda não havia sido criada a internet, de se interessar, assimilar e compreender mais do que superficialmente os momentos políticos internacional e nacional então vigentes.  

Eu era primeiro-tenente em 1964, havia tomado parte ativa na conspiração de que resultou a contrarrevolução de 1964 (fiz parte do grupo de sublevados que na Escola Anne Frank preparavam-se para repelir as tropas comandadas pelo Alte Aragão, que, se supunha, iriam nos atacar. Comigo estavam, dentre tantos oficiais das FFAA, os irmãos Etchegoyen, pai e tio do atual Gen Etchegoyen). Fui a capitão em 1968, major em 1972, e daí por diante. 

Posso assegurar-lhe que a Guerra Fria em nada motivou diretamente o que se passava no Brasil, e que as instituições nacionais estavam em pleno vigor, a despeito da intenção dos comunistas, sempre muito ativos naquela ocasião como estão até hoje, mirando a conquista do poder.

A fala de que as instituições hoje estão consolidadas, mais maduras do que em 1964, constitui equívoco.
A instituição casamento realizava-se entre homem e mulher, hoje entre gays, lésbicas e transgêneros.
A família constituía-se de pai, mãe, filhos, avós, netos, irmãos e primos. Hoje o conceito de família está mais para o local onde se reúnem pessoas que tem a chave da mesma casa.
As instituições políticas incluíam os órgãos e um reduzido grupo de partidos políticos. Hoje nem é preciso ser mais explícito.
O parlamento era mais confiável do que hoje.
Antes o exemplo mais conhecido era o da corrupção no varejo com o suborno do guarda de trânsito para relevar a multa, hoje impera a corrupção no atacado envolvendo altas autoridades.
Ontem o futebol, instituição nacional, tinha torcedores nos estádios. Hoje os torcedores dos times opostos cometem assassinatos televisionados.
Ontem as novelas, outra instituição nacional, podiam ser assistidas por crianças. Hoje exaltam a destruição da família e toda a sorte de mal caratismo. 
Ontem nas escolas e universidades ensinavam-se ofícios, ciências, humanidades. Hoje algumas faculdades são um balcão de negócios para a venda de diplomas com um professor no meio para atrapalhar a negociação. 
Ontem, em 1964, estudei Direito Romano no primeiro ano da faculdade. Hoje um ministro da Corte Suprema atreveu-se a comparar o nosso glorioso Exército às Guardas Pretorianas.
Ontem o nosso glorioso Exército não precisou ser engajado em operações de segurança pública porque as polícias davam conta da missão institucional que a elas competia, tanto que ontem, no vazio da Lapa, no máximo o criminoso sacava da solingen e abria uma avenida no peito do adversário. Hoje, munidos de AK-47, os bandidos matam, ao vivo e em cores, até mesmo crianças. 

A bala perdida, hoje, sim, é uma instituição nacional!

A instituição Estado carece dos meios necessários na quantidade suficiente para impedir a entrada de armas de guerra no território.    

As instituições estão falidas, senhor General.

Ontem as Forças Militares puseram cobro à tentativa de implantar o comunismo no nosso querido Brasil.

Hoje, por ordem superior, não se fazem presentes em solenidades cívicas para relembrar ao povo o papel histórico que lhes coube na derrocada da Intentona Comunista de 1935 e no restabelecimento da plena democracia em 31 de março de 1964.

Mas nem tudo está perdido.

Continuam a ser a instituição mais acreditada no Brasil

Talvez mesmo, a única.

Sem dúvida o deputado Jair Bolsonaro não é candidato do Exército, como não poderia sê-lo, porque as FFAA não podem e não devem ter candidatos, entretanto, tomo a liberdade de afiançar-lhe que eu, se provocado pela pergunta, responderia que ele não é um candidato militar desde que os regulamentos militares proíbem que as FFAA optem por A ou por B. 
Para o leigo que faz a pergunta, principalmente para jornalista à cata de notícias sensacionalistas, a resposta crua assume mais a conotação de rejeição ao nome do ilustre capitão reformado do que de obediência a preceitos regulamentares.

Concordo plenamente com os termos da declaração do Cmt do Exército tornada pública recentemente antes de reunião plenária do STF.

Discordo frontalmente da interpretação que a ela deu, extemporaneamente, fora do escopo da reunião do STF, o Ministro Celso de Mello, comparando o Exército às Guardas Pretorianas, que ensejou pronta resposta de desagravo da Comissão Interclubes Militares, assinada por todos o seus membros, dentre os quais eu.

Respeitosamente, assino-me, na condição de coparticipante ativo da história, e na de que a minha longevidade (84 anos) me confere.

Atenciosa e respeitosamente,

Lucio Wandeck   

PS - Da mesma forma que as suas declarações foram publicamente exteriorizadas em ambiente civil e divulgadas na internet, tornarei pública esta carta e-mail resposta, cuja única intenção é a de repor a verdade histórica, assim contribuindo para que a jovem oficialidade não a assimile erroneamente. 

"Bolsonaro não representa o Exército" diz general Comandante Militar do Sul

Débora Cademartori / Agencia RBS

General Edson Leal Pujol participou de homenagem ao Dia do Exército na Assembleia Legislativa
Débora Cademartori / Agencia RBS
O general também minimizou as afirmações feitas pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que se manifestou, na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apontando que a instituição “compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade (...), bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.
Para Pujol, o entendimento de setores políticos de que a afirmação de Villas Bôas foi uma tentativa de pressão sobre o STF não procede. (Esse é um verdadeiro traidor da pátria!)

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