domingo, 14 de junho de 2020

Dívida Interna Federal: Detentores de Títulos

Quando se defende a auditoria, estamos exatamente querendo saber quem são os credores, pois nem mesmo o governo sabe quem são. E a partir daí, poderíamos saber quem seriam realmente os pequenos aplicadores, para que estes possam ser preservados. Mas isto somente poderíamos saber após fazermos a auditoria.
A dívida pública não precisa ser auditada, pois o TCU e outros órgãos já fazem esta auditoria, e não existem ilegalidades.
Compilado: Gráficos de Pizza do Orçamento Geral da União ...
O TCU não analisa a dívida com um todo, mas apenas faz estudos pontuais sobre aspectos muito específicos. A CPI identificou sérios e vários indícios de ilegalidades do endividamento externo e interno, tais como:
— Boa parte da dívida atual decorre da obscura e questionável dívida da ditadura (ou seja, um governo ilegítimo), com clausulas ilegais e sem documentação;
— Utilização de juros flutuantes, ilegais segundo o Direito Internacional; Bancos nacionais e estrangeiros 47,24% Investidores Estrangeiros 11,32% Seguradoras 3,13% Fundos de Investimento 17,77% FGTS, FAT e outros fundos administrados pelo governo 4,58% Outros 3,12% Fundos de Pensão 12,84% Beneficiários da Dívida Interna (jul/2013)
— a aplicação de juros sobre juros (“anatocismo”, vedado pela Súmula 121 do STF);
— o pagamento antecipado de parcelas da dívida externa com ágio de até 70%;
— a realização, pelo Banco Central, de reuniões trimestrais com representantes de bancos e outros  rentistas,  para a estimar variáveis como juros e inflação, que depois são utilizadas pelo COPOM para a definição das taxas de juros (ou seja, é “colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”);
— Ausência de contratos e documentos; ausência de conciliação de cifras; 
— A grande destinação dos recursos orçamentários para o pagamento da dívida viola os direitos humanos e sociais.

Detentores de Títulos da Dívida Interna Federal – Fevereiro de 2018
dívida do Banco Central com os bancos
quando analisamos a distribuição dos tipos de detentores de títulos da dívida interna federal, verifica-se que os bancos, investidores estrangeiros e as seguradoras (que possuem grande ligação com bancos) já respondem pela maioria do estoque da dívida “interna”.
Freqüentemente,  a imprensa (principalmente a comissionada pelo governo)  e o governo também divulgam o dado de que a dívida federal estaria em cerca de R$ .!. trilhões, NÃO INCLUINDO NO MONTANTE APRESENTADO   os títulos do Tesouro em poder do Banco Central (ou seja, a dívida do Tesouro com o Banco Central),   Segundo o Tesouro Nacional, o governo federal gastou R$.!. trilhões com juros e amortizações da dívida interna e externa, o que representou 40,3% do orçamento federal, o que é absurdo.
—A  recente CPI da Dívida realizada na Câmara dos Deputados revelou que grande parte desta “rolagem” ou “refinanciamento” contabilizada pelo governo não representa pagamento de principal, mas sim, o pagamento de juros. Portanto, a capacidade de endividamento do país está sendo utilizada para pagar juros e encher o bolso dos bancos, ao invés de, por exemplo, financiar a melhoria da saúde, educação, transportes, etc.  O Brasil continua praticando as políticas recomendadas pelo FMI, tais como o “superávit primário” (ou seja, o corte de gastos sociais para o pagamento da dívida), as reformas da Previdência, as privatizações, dentre outras;
—Os principais beneficiários da dívida interna são os bancos (nacionais e estrangeiros) e investidores estrangeiros, que junto com as seguradoras (que também pertencem principalmente aos grandes bancos) detêm 62% do estoque da dívida;
—Grande parte dos valores investidos pelos bancos em títulos da dívida pública são o capital do próprio banco. Além do mais, os correntistas recebem ZERO de remuneração, enquanto os bancos recebem TODO o rendimento de seus títulos públicos;
—Os Fundos de Investimento detêm 18% da dívida, e também beneficiam grandes investidores;
—A recente CPI da Dívida na Câmara dos Deputados requereu ao governo dados sobre a distribuição dos grandes e pequenos aplicadores de Fundos de Investimento, sendo que o Banco Central respondeu que não possui tais informações. Recentemente, a Auditoria Cidadã da Dívida solicitou ao Tesouro Nacional o nome dos detentores de títulos da dívida interna, com o valor detido por cada um. O Tesouro Nacional se negou a responder, alegando que tais informações estariam protegidas por “Sigilo Bancário” !!!;
—O governo afirma que não possui – ou não pode fornecer – tais informações, é inadmissível que qualquer pessoa venha a afirmar que a dívida pública beneficie principalmente o povo brasileiro como um todo, por meio dos “Fundos de Investimento”. Aliás, quando alguém da classe média faz um investimento nestes fundos, paga elevadíssimas taxas de administração para os bancos.  – Os Fundos de Pensão detêm apenas 13% da dívida interna, razão pela qual não são os principais beneficiários da dívida.
Notas:
Créditos - Maria Lúcia Fattorelli

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