terça-feira, 16 de setembro de 2014

Transferências de recursos feitas pelo Tesouro ao BNDES que começaram em 2008.

Transferências de recursos feitas pelo Tesouro ao BNDES que começaram em 2008  aumentaram excessivamente a dívida pública, tornando o Brasil insustentável:  “A nossa indústria de tecnologia de ponta foi destruída nos  últimos anos. Não houve nenhuma política que incentivasse o seu desenvolvimento.  Não se desenvolve, no curto prazo, um setor que foi destruído. A China levou vinte  anos para ter a sua indústria tecnológica. A Índia, quinze anos. Essa é uma prioridade,  mas é preciso formar engenheiros, cientistas.”

A primeira transferência do Tesouro para o banco, no valor de 100 bilhões de reais, foi  tomada como uma saída para evitar a estagnação. As fontes de crédito haviam secado  e o BNDES foi uma das poucas instituições a continuar emprestando. Os ataques  começaram quando o governo liberou, com a aprovação do Congresso, mais um  aporte de 80 bilhões de reais para o banco. Como os recursos não foram obtidos por meio do aumento de arrecadação, ou da  redução de gastos, o Banco Central emitiu títulos da dívida pública, pagando juros de  14,5% pelos papéis. Os reais levantados com a venda dos títulos foram repassados ao  BNDES, que os emprestou às empresas a juros de 5% ao ano. Ou seja: o governo  pegou dinheiro caro no curto prazo para emprestar barato às empresas, que os saldam  em prazos longos. No final de setembro, o Tesouro transferiu mais 25 bilhões de reais  ao banco. “O Brasil não está gastando mais porque está arrecadando mais, e sim porque está  aumentando a sua dívida” disse Armando Castelar, ex-chefe do departamento  econômico do BNDES e agora sócio da Gávea Investimentos, administradora de  recursos de Armínio Fraga. “Esse é um modelo muito arriscado porque joga o  problema para o futuro. Em algum momento, a conta terá que ser paga.” No começo de julho, Henrique Meirelles reclamou publicamente que o nível recorde  de empréstimos do BNDES freava a redução da dívida pública. Segundo ele, o  excesso de dinheiro na economia obrigava o Banco Central a elevar os juros para  evitar o aumento do consumo e, consequentemente, dos preços. Foi uma das poucas  vezes que Luciano Coutinho (Cebrap) reagiu: afirmou que os créditos concedidos ajudavam a  aumentar o investimento.

Arno Agustin, secretário do Tesouro Nacional, é um gaúcho de olhos claros e barba  eriçada no estilo dirigente sindical da década de 80. No Ministério da Fazenda, ele é o  responsável final pela liberação dos recursos para o BNDES. “Quando veio a crise,  tínhamos que sustentar o nível de investimento porque teríamos enormes dificuldades  de retomá-los”, disse Agustin. “O aporte era a única forma de impedirmos que o  Brasil voltasse à velha situação de crescer um pouquinho, interromper o crescimento e  a produção, ter mais inflação, obrigando o Banco Central a dar uma porrada na  política monetária, aumentando novamente os juros, para conter os preços.” http://mansueto.files.wordpress.com/2010/10/revista-piaui-o-desenvolvimentista.pdf

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