terça-feira, 29 de outubro de 2013

Riscos climáticos de explorar petróleo e gás de xisto de areias betuminosas

Xisto Betuminoso e Pirobetuminoso.

O que é xisto?
As rochas oleíferas, no Brasil, são comumente chamadas de xisto. Entretanto, de acordo com a correta nomenclatura geológica, trata-se de uma impropriedade. Geologicamente, xisto é uma das principais rochas metamórficas de origem sedimentar, de textura foliácea e de lâminas muito delgadas.
O termo mais exato para as rochas oleíferas seria "folhelhos", os quais conforme possam produzir óleo mediante o emprego de solventes ou por destilação destrutiva (pirólise) são classificados respectivamente, em "folhelhos betuminosos" ou "folhelhos pirobetuminosos".
Existem dois tipos de xisto, o xisto betuminoso e o pirobetuminoso, cujas diferenças são as seguintes: no xisto betuminoso, a matéria orgânica (betume) disseminada em seu meio é quase fluida, sendo facilmente extraída; no xisto pirobetuminoso, a matéria orgânica (querogênio), que depois será transformada em betume, é sólida à temperatura ambiente.
O óleo de xisto refinado é idêntico ao petróleo de poço, sendo um combustível muito valorizado.
Os EUA detêm a maior reserva mundial de xisto, seguidos pelo Brasil – cujo principal depósito fica no Paraná, na formação Irati
Os folhelhos são rochas resultantes da decomposição de matérias minerais e orgânicas no fundo de grandes lagos ou mares interiores. Agentes químicos e micro-organismos transformam, ao longo de milhões de anos, a matéria orgânica em um complexo orgânico de composição indefinida, denominado querogênio (gerador de cera), que, quando convenientemente aquecido, produz um óleo semelhante ao petróleo.
Estimativa em bilhões de bbl de óleo
Se fosse possível minerar todo o xisto existente no Brasil, seriam recuperados cerca de 800 bilhões de barris de óleo.
Os números com os quais a PETROBRÁS trabalha são, entretanto, muito mais modestos e dizem respeito, somente, a nove áreas muito bem conhecidas do ponto de vista do potencial geológico.
Estas áreas se distribuem pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, existindo xisto suficiente para a produção de 2,8 bilhões de barris de óleo, 19,7 milhões de toneladas de gás liqüefeito de xisto (GLP), 95,8 milhões de metros cúbicos de gás combustível e 43,6 milhões de toneladas de enxofre.
Fonte: Instituto de Física da USP - CEPA (Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada)
Gás de folhelho
IPT - INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS
Estudo de pré-viabilidade busca analisar potencialidade e impacto do insumo no Estado de São Paulo
Pesquisadores do Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental (Labgeo) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) estão realizando um estudo sobre as ocorrências de gás de folhelho (shale gas) em duas bacias geológicas no Estado de São Paulo.
O gás de folhelho, encontrado em áreas de permeabilidade relativa e também chamado de “gás de xisto”, é um dos três tipos de gases não-convencionais cuja ocorrência não está associada a bolsões de gás armazenados a partir das camadas de petróleo.
Estas produzem o gás fóssil convencional, encontrado na plataforma continental e outras regiões do País. Os demais gases não-convencionais são o confinado (tight gas), com ocorrência em rochas impermeáveis ou de baixa permeabilidade, e o metano associado a camadas de carvão.
Segundo a pesquisadora do Labgeo e coordenadora do projeto Vilma Alves Campanha é incorreto chamar o gás de folhelho de gás de xisto:
“O xisto é uma rocha metamórfica que sofreu grandes transformações geológicas, não possibilitando a geração de gás; o folhelho, por sua vez, é uma rocha sedimentar com grande quantidade de matéria orgânica que dá origem ao gás”.
O estudo do IPT é focado nas bacias sedimentares do Paraná e de Taubaté no território paulista e está sendo feito com base em dados conhecidos para a pesquisa geológica e de hidrocarbonetos, vários deles gerados pelo próprio IPT.
“O estudo é apoiado especialmente em fontes secundárias”, afirma o pesquisador Omar Yazbek Bitar, que participa do projeto, esclarecendo que somente depois desse trabalho é que serão feitos ou não projetos específicos que eventualmente contemplem novos levantamentos de campo.
“Há várias ocorrências de folhelho; mas é necessário saber se podem conter gás suficiente para o aproveitamento em face de tecnologias extrativas recentemente desenvolvidas no exterior e quais seriam as consequências ao ambiente”, diz..Essas tecnologias combinam a perfuração direcional com o fraturamento hidráulico do folhelho presente no subsolo, liberando o gás gerado.
Não existe ainda nenhum poço em operação plena no Brasil, mas algumas estimativas apontam que o País parece representar a segunda reserva mundial de folhelhos, podendo ser o segundo produtor desse gás nas Américas. Há notícias de que as técnicas de fraturamento hidráulico (fracking, em inglês) serão em breve testadas nos Estados de Minas Gerais e na Bahia e acompanhadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), com vistas à prevenção de eventuais danos ambientais levantados no cenário internacional.
Uma fonte de energia polêmica nos Estados Unidos e proibida em países como a França e a Bulgária está prestes a começar a ser explorada no Brasil: o gás de xisto, também chamado de gás não convencional.
Segundo a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, as reservas de gás em terra podem ultrapassar as do pré-sal. Projeções da ANP indicam potencial de reservas de 500 TFC (trilhões de pés cúbicos), o dobro dos 226 TFCs conhecidos até hoje.
Entre as áreas ofertadas há algumas com potencial para extração de gás não convencional, que não está livre nos reservatórios subterrâneos como o gás comum. Para extraí-lo é preciso "explodir" as rochas, injetando no subsolo grandes quantidades de água, areia e produtos químicos. Esse método gera questionamentos sobre os seus impactos ambientais.
Não por acaso, a exploração do gás de xisto sofre fortes restrições na França, na Bulgária e em alguns Estados norte-americanos. Há cientistas que alertam até para a influência do sistema de fraturamento em eventos sismológicos. Outros lembram que, no processo, ocorre a liberação de gás metano, 21 vezes mais problemático na atmosfera que o dióxido de carbono (embora por menos tempo) -, o que leva também a restrições do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
A descoberta de grandes reservas nos EUA levou a uma queda significativa no preço do insumo, atraindo a instalação de novas indústrias.
Enquanto no Brasil o preço do gás convencional gira em torno de US$ 12 o milhão de BTU (medida britânica de energia), nos EUA ele custa em torno de U$ 3.




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