quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Nelson e Nelsinho Rodrigues, e a influência dos EUA no Brasil desde a farsa da guerra fria

 Nelson Rodrigues e seu filho Nelsinho
Ditadura militar 1964 até 1985

Nota minha: Durante muito tempo, eu, critiquei os militares por chamarem o povo brasileiros de burros, diziam sempre em seus discursos de militares, que o povo brasileiro teria que sofrer mais um pouco, para aprender. Aprender o que, SENHORES MILITARES? O que os militares jamais fizeram? Dizer NÃO! Para a elite  do crime organizado que invadiu  o Brasil deixando o povo brasileiro impensante?

As imensas dificuldades que temos para lidar com valores democráticos aqui nessas terras. Carregamos marcas em nossa legislação e ainda vivemos sob normas produzidas em contextos de exceção. Nelson Rodrigues, o autor mais censurado da história literária brasileira. Nelson Rodrigues era um anticomunista assumido e proclamado, Nelson escrevia, no auge da Guerra Fria; defensor da liberdade, moralista e pervertido, defendia abertamente o regime militar; - chegou a interceder junto aos militares para auxiliar na libertação de amigos presos, e sempre se colocando contra a censura – mesmo quando imposta a obras de esquerda, de cuja ideologia tanto discordava. “Dou-lhe minha palavra de honra que não se tortura”, teria respondido Médici.   Mas em 1972, quando por ocasião da prisão Nelsinho Rodrigues  (que somente seria localizado pela família após oito dias de procura), pergunta ao filho se fora torturado, ouve a resposta: “Muito”.

Pelos sete anos que se seguem e em que o filho de Nelson Rodrigues  é mantido preso, Nelson deixa de escrever suas peças, e faz apelos pessoais aos militares no poder, por meio de cartas publicadas nos jornais:

  • “O recado é para o Presidente da República, que eu chamarei de você – porque ele é um homem simples, carioca como eu, mais moço do que eu, pai como eu. Escuta aqui, Figueiredo. Muitos presidentes realizaram obras maravilhosas, faraônicas. Construíram estradas, acabaram com a inflação – o diabo. Mas nenhum deles teve a chance que você tem. A bondade está acima das leis. A generosidade, a clemência, a misericórdia são os mais belos sentimentos que um ser humano pode ter. Deixe o petróleo pra lá. A inflação que se dane. Um país não pode viver dividido. Você estendeu a mão. Como podem apertá-la os brasileiros que estão detidos? Solte esses rapazes, Figueiredo. Meia dúzia de obras gigantescas não colocam um presidente na História. Você é o único brasileiro que tem essa oportunidade na mão. Solte esses moços, Figueiredo. Por favor, Figueiredo, solte meu filho.”

Nelsinho foi solto em 1979. Seu pai Nelson Rodrigues morreria em 1980.

A tortura pior, não encerrou em 1985, fico a me perguntar insistentemente, POR QUE, OS MILITARES JAMAIS, NUNCA, DISSERAM NÃO! PARA A ELITE DO CRIME ORGANIZADO QUE INVADIU O PAÍS? ACREDITO QUE ALGO MUITO PIOR ESTÁ PARA ACONTECER COM O FUTURO DO BRASIL E DOS BRASILEIROS, PLANEJADOS LÁ! DESDE A FARSA DA GUERRA FRIA. 

NOTA:

1. Nesse tempo, lembra Nelsinho, o mundo estava dividido entre a influência dos EUA e a influência da URSS. Os EUA para influenciar dentro do Brasil, dava em tudo, a desculpa do “comunismo” E no começo, “um monte de gente ficou a favor do golpe”. Os militares disseram que iam fazer eleições. Depois é que começaram as marchas de protesto, contemporâneas da guerra do Vietnam. Nelson falou ao filho: – “‘Nelsinho, nos Estados Unidos acontece de tudo. Na União Soviética, o cara que é contra o governo vai para a Sibéria. Então, porque não estão contra a União Soviética? Porque não houve uma grita contra a invasão da Hungria, da Checoslováquia?’ O velho dizia que preferia a liberdade ao pão.”  Nelsinho começou a entrar nos protestos contra o regime, em 1968 formou-se e em 1969.  –  Quando foi preso, em 1972, tinha 27 processos abertos contra mim, alguns inventados.” Vivia na clandestinidade, mas chegou a ligar ao pai de telefones públicos por causa de alguma crónica. Um dia, “estava na rua, passou um carro, abriu a porta e era um cara assim…” Imita uma metralhadora. A prisão começou com “três dias de barra pesada de tortura”, resume Nelsinho, sem detalhes. Não há nele nada de vítima. Mas quando a repórter pergunta, responde diretamente: “Choques eléctricos nas zonas genitais, afogamentos, espancamentos.” Os interrogadores perceberam que era o filho de Nelson Rodrigues ao verem-no nu: tinha o peito afundado, defeito de nascença. Quando o filho foi preso, Nelson Rodrigues avisara os militares: “Olha, o Nelsinho tem o peito afundado.” Tentou “de tudo o que é jeito” intervir e logo que o deixaram foi ver Nelsinho. “Me perguntou: ‘Você foi torturado?’ Eu disse: ‘Barbaramente.’ –  A cara do velho. Aí caiu a ficha. A partir do momento em que soube, não deixou de escrever a favor da ditadura, não podia ‘chutar o balde’, até para me proteger, mas mudou em ênfase.” Isso deu frutos. “Ao fim de dois anos conseguiu que eu saísse do Brasil: eles me botavam num avião. Mas eu disse que não.” Mais uma vez não entra em detalhes, é a repórter que pergunta porquê. “Só sairia quando saísse todo o mundo. Eu era um preso muito importante por ser filho do velho. Não dá para você sair por proteção.   A gente está junto numa briga. Esse coletivo de presos foi muito forte. Tanto é que a gente fez a greve de fome pela amnistia em 1979.” Mas já antes da prisão do filho, Nelson Rodrigues lutara contra o delito de opinião: “Quando o Caetano Veloso foi preso [em 1968], Nelson Rodrigues escreveu várias colunas dizendo que ele não podia ser preso por falar e cantar, que o artista tem de ter liberdade de expressão.”

2. https://www.terra.com.br/diversao/infograficos/nelson-rodrigues/obra.htm

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