sábado, 20 de agosto de 2011


Desde que o escândalo do Mensalão explodiu na cara da cúpula do PT, o discurso ensaiado e repetido inúmeras vezes, como se fosse uma tentativa desesperada de transformar uma mentira descarada em verdade incontestável, era o mesmo: O Mensalão não existiu e é tudo intriga da oposição.
O Presidente Lula chegou a afirmar textualmente que empenharia seus esforços pós-mandato na causa “nobre” de provar que o maior escândalo de corrupção da história do Brasil jamais ocorrera.
Infelizmente (ou felizmente) a Polícia Federal não deu ouvidos aos caciques petistas e resolveu jogar uma luz definitiva sobre as sombras e a lama que envolvem esse período da política nacional. As provas são devastadoras e irrefutáveis: o trabalho magistral da PF revelou a origem, o percurso e o destino final de todo o dinheiro envolvido na maracutaia.
O relatório também mostrou que a oposição pífia, feita ao governo Lula durante todos os anos de negociatas, mamatas e escândalos pode ser explicada pelo fato de que figuras importantes da oposição também estavam imbuídas do objetivo de mamar nas tetas do Tesouro Nacional e se locupletaram do Mensalão.
Vergonhosamente, como uma quadrilha pega “no flagra”, o Palácio do Planalto já se mobiliza para abafar o escândalo. As lideranças do governo passaram os últimos dias enviando comunicados aos partidos aliados avisando que os cortes nas emendas parlamentares serão revistos e os cargos dos escalões inferiores distribuídos com maior celeridade. Mais uma vez, assim como Lula fez, o PT usa a tática de socializar a mamata para se manter no poder. Aprendeu muito bem as lições deixadas pela gestão de Collor – que perdeu o mandato por tentar privatizar as negociatas, restringindo-as apenas ao seu grupo – já que só entregando o Brasil (e seus cofres) aos abutres que o circundam, o PT garantirá mais quatro anos de bonança para si e para seus dirigentes, amigos e colaboradores.
Inexplicável também é o silêncio estarrecedor da “grande imprensa” sobre o fato. Inúmeros órgãos de imprensa sequer mencionaram o relatório da PF ou, se o fizeram, relegaram suas revelações a pequenas notas de “pé de página” em cadernos interiores. Tudo, é claro, sob o beneplácito da dependência das polpudas verbas publicitárias das estatais e do próprio governo. Poucas foram as publicações que destinaram o devido destaque para as revelações do relatório que poriam fim ao governo do presidente Lula – se este ainda estivesse no cargo – dando jus a um processo de impedimento que destruiria de vez a imagem de “salvador da pátria” nutrida por ele e pela cúpula petista.
Da mesma forma, o relatório da PF leva às claras os motivos pelos quais o filho de Lula deixa seu humilde cargo de estagiário num zoológico para, em apenas oito anos, se transformar num dos maiores milionários do país, através das operações que levaram à fusão da Brasil Telecom com a Oi.
Infelizmente, sabemos que nenhuma providência será tomada. Nenhuma manifestação indignada será promovida. Nenhum pedido de explicações à Lula será feito. Nenhuma autoridade será obrigada a devolver o dinheiro que roubou de nós. E, o mais triste de tudo, ninguém será punido por um dos maiores escândalos da história da República.
Isso porque os crimes cometidos começam a prescrever agora em agosto e nossa justiça é feita para privilegiar ladrões, escroques e criminosos de todos os naipes.
Mas, o triste mesmo, será aturar a cúpula petista – em especial José Dirceu – dizendo para os quatro cantos do mundo que “provou a sua inocência”.
Enquanto isso, o povo segue bovino… de cabeça baixa… feliz com a sua TV de plasma comprada a perder de vista e com o crédito do Bolsa Família “na conta” . Escravos dos novos senhores de uma senzala chamada Brasil.
Pense nisso.
*Arthurius Maximus é colunista do Perspectiva Política às segundas e editor do blog Visão Panorâmica. Também no Twitter em@arthurius_maxim.18/04/2011 

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