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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Se ao invés de falarem “o meu rouba, mas o seu também” e se voltassem para engrossar o coro daqueles que clamam por uma política mais ética e mais voltada para os interesses da nação (e não dos parlamentares), essa militância poria para fora da política uma corja enorme de bandidos que hoje repousa placidamente embalada em seus braços.

DEMÓSTENES, CACHOEIRA E O PAU DE GALINHEIRO


A divulgação de mais informações do caso envolvendo o senador Demóstenes Torres – agora sem partido – e o bicheiro Carlinhos Cachoeira vem fazendo a alegria dos militantes petistas e da turma da mamata que vê nisso uma incrível oportunidade de “dar o troco” no senador. Mas, incrivelmente parecido com o escândalo provocado pelo caso Daniel Dantas, as revelações do envolvimento de Demóstenes com Carlinhos Cachoeira prometem ser apenas uma ínfima ponta de um gigantesco iceberg de corrupção.
Aos poucos, com a pressão da imprensa e de alguns setores da sociedade, a armação montada para levar “para o túmulo” toda a investigação – notadamente pelo pífio desempenho do Procurador Geral da República que engavetava o inquérito desde 2009 – vem sedo desbaratada.
Mesmo diante da alegria provocada, nas hordas petistas e peemedebistas, pela ruína de Demóstenes; cabe ressaltar que aqueles capazes de imaginar que Cachoeira mantinha “amizades” apenas com o senador oposicionista e alguns deputados “borra-botas” estão profundamente enganados.
Ninguém chega tão perto da Presidência da República – afinal Cachoeira era íntimo do assessor mais próximo de José Dirceu – sem que suas relações (ou tentáculos) se estendam por vastas quantidades de picaretas. Como qualquer pessoa sabe, a corrupção no Brasil é suprapartidária e é a única coisa capaz de unir interesses tão diversos.
Da mesma forma que se descobriu que Lula e o PT se serviram fartamente de Cachoeira na época do Mensalão; a alegria do pessoal inocente que pensa ser apenas Demóstenes o envolvido nesse mar de lama imundo tende a acabar com alguma rapidez.

O envolvimento recém-descoberto de membros da imprensa – plantando notícias e fabricando escândalos – é mostra de que Carlinhos Cachoeira tem relações extensas e diversas nos círculos brasilienses e pelo Brasil a fora. Já se sabe, por exemplo, que o contraventor tem todas as suas negociatas gravadas, em uma verdadeira caixa preta da corrupção, mantida muito bem guardada em um de suas propriedades.
Da mesma forma que Daniel Dantas anunciou, ao ser preso, que optaria pela delação premiada – sendo rapidamente contemplado com um Habeas Corpus “The Flash” por Gilmar Mendes – Cachoeira já avisou a todos que sua prisão não custará barato, caso seus “amigos” resolvam abandoná-lo também recorrerá ao benefício. Com isso, manda o recado claro de que não vai cair sozinho e, pelo que dizem “as más línguas” de Brasília, se ele abrir o baú (e a boca) a capital federal pode virar um deserto.
Assim, enquanto militantes idiotas batem palmas para uma das maiores desilusões políticas dos últimos tempos para o eleitorado brasileiro (a primeira foi Lula) e para um dos mais duros golpes recebidos pela tentativa de levar mais ética para a política nacional, a derrocada de Demóstenes apenas confirmou que os políticos brasileiros são mais sujos do que pau de galinheiro e que suas palavras e discursos pomposos valem menos do que um pedaço de papel higiênico usado.
Enquanto imbecis apontam os dedos sujos para Demóstenes e comemoram o fato de que o “Paladino da Moralidade” era, na verdade, um “Quinta Coluna” da falta de ética infiltrado no poder, a estranha prática de justificar um crime pelo cometimento de outro continua sendo adotada e aceita pelos militantes descerebrados e incapazes de perceber o mal que causam ao país. Se ao invés de falarem “o meu rouba, mas o seu também” e se voltassem para engrossar o coro daqueles que clamam por uma política mais ética e mais voltada para os interesses da nação (e não dos parlamentares), essa militância poria para fora da política uma corja enorme de bandidos que hoje repousa placidamente embalada em seus braços.
Aprender que corrupção é corrupção e seja ela “de direita”; “de esquerda” ou “de centro” não pode ser tolerada, incentivada ou protegida é fundamental para que tenhamos uma política mais ética e um país livre dos grilhões que hoje nos mantém presos ao atraso, ao clientelismo e a miséria.
Pense nisso.Arthurius Maximus