EUGENIA EM ISRAEL: OS JUDEUS TAMBÉM TENTARAM "MELHORAR" A RAÇA HUMANA?

Por Yotam Feldman - 15/05/2009

Do jornal israelense HAARETZ

Em 1944, o psiquiatra judeu Kurt Levinstein deu uma palestra em Tel Aviv, Israel, na qual ele defendeu que pessoas com vários problemas mentais ou neurológicos (como alcoolismo, mania, depressão e epilepsia) fossem impedidas de ter filhos.

Os meios proposto por ele para tanto - proibição de casamento, contracepção, aborto eugênico e esterilização - eram considerados aceitáveis na Europa e nos EUA nas primeiras décadas do século 20, no contexto do movimento eugênico: a ciência voltada ao objetivo de aperfeiçoar geneticamente a raça humana.

Na década de 30 do século 20 os nazistas usaram esses mesmos métodos nos estágios iniciais de seu projeto para fortalecer a raça ariana. O Dr. Levinstein sabia disso, é claro. Sabia das conotações políticas dúbias implícitas em suas recomendações eugênicas mas acreditava que os princípios sólidos e salutares da eugenia podiam ser isoladas de seu uso pelos nazistas.

Estudos recentes da historiadora Rakefet Zalashik sobre a história da psiquiatria na Palestina durante o período do Mandato e posteriormente à fundação do Estado de Israel mostra que o Dr. Levinstein não era uma voz solitária. Na verdade, Zalashik afirma em seu livro de 2008 ""Ad Nefesh: Refugiados, Imigrantes, Recém Chegados e o Establishment Psiquiátrico Israelense" (Hakibbutz Hameuchad; em hebreu) que o conceito eugênico de "engenharia social" era parte integrante do discurso oficial psiquiátrico judeu da década de 30 até os anos 50.

Psiquiatras judeus em Israel não eram os únicos a tentar distinguir entre a ciência da eugenia - que elas achavam ser útil - e a aplicação nazista dela. O que distinguia os especialistas locais israelenses era que eles na verdade TINHAM ESTUDADO OS PRINCÍPIOS DA TEORIA EUGÊNICA NA ALEMANHA ANTES DE MIGRAREM PARA A PALESTINA. E TINHAM ESTUDADO EUGENIA DIRETAMENTE COM CIENTISTAS ALEMÃES que usavam a eugenia para defender a esterilização forçada de alemães com problemas mentais ou deficiências físicas - e subsequentemente para defender e justificar o assassinato dessas pessoas [eugenia]. Dentro de poucos anos, os cientistas alemães começariam a usar a mesma justificativa para a matança de judeus.

Muitos desses psiquiatras judeus ACEITAVAM A IDÉIA DE SEUS COLEGAS ALEMÃES DE QUE OS JUDEUS ERAM UMA RAÇA, apoiando-se na teoria que foi desenvolvida na Europa, afirma Zalashik. No entanto, ao chegarem na Palestina, eles se depararam com judeus de diferentes tipos e começaram a distinguir entre a raça dos judeus europeus e a dos judeus sefarditas e mizrahi (do Oriente Médio e de origem norte-africana).

Assim, o psiquiatra Avraham Rabinovich, por exemplo, que trabalhou no hospital Ezrat Nashim em Jerusalém e depois dirigiu um manicômio em Bnei Brak, fazia uma distinção em seus relatórios sobre pacientes entre 1921 e 1928. Ele distinguia a população geral de judeus [askenazim] dos outros judeus de ascendência persa, georgiana ou bukharan, os quais ele descrevia como "RAÇAS PRIMITIVAS".

Ocorre que aparentemente esses últimos eram menos afetados por doenças mentais [do que os judeus askenazim de origem alemã]; o Dr. Rabinovich tentava explicar isso da seguinte maneira:

"A consciência desses indivíduos, com seu conteúdo primitivo, não tem muitas expectativas da vida, e servilmente se submete às condições exteriores. Por esse motivo não entra em conflito e é por isso que há tão pequena percentagem de doenças funcionais no sistema nervoso e doença mental nessa população"

Os pontos de vistas desses psiquiatras COINCIDIAM COM OS OBJETIVOS DO MOVIMENTO SIONISTA, que naquele período propunha uma política de migração seletiva.

"Eugenia era parte da FILOSOFIA NACIONAL da maior parte dos psiquiatras israelenses", escreve Zalashik. "A teoria era de que uma nação saudável era uma necessidade para realizar o sonho sionista em Israel. Havia também uma questão econômica: a idéia de que era preciso evitar o nascimento de pessoas vistas como um fardo para a sociedade. E HOMOSSEXUAIS e MULHERES FRÍGIDAS também entravam nessa categoria.

O psiquiatra Kochinsky, por exemplo, afirmou em 1938 no jornal Harefuah que os resultados de um censo sobre doença mental na Palestina deveriam servir como base para um "MÉTODO PARA MELHORAR A RAÇA".

Zalashik afirma que tais pontos de vista, bem como outras teorias errôneas e perigosas nas quais se baseava a psiquiatria israelense naqueles anos, levou à adoção de forma de tratamento inapropriados e às vezes cruéis, cujos efeitos no sistema de saúde do país ainda estão sendo sentidos até hoje.

Em seu novo livro, Zalashik documenta a história da comunidade psiquiátrica, que começou a se formar na década de 30 com a chegada de vários psiquiatras judeus vindos de países de língua alemã após a ascensão nazista. (...) Esses psiquiatras foram influenciados pelas hipóteses e resultados de extensa pesquisa levada a cabo nos seus países de origem [de língua alemã] sobre problemas mentais que eram peculiares aos judeus. ESSA PESQUISA ERA PARTE DA TENTATIVA ALEMÃ DE EXPLICAR O "PROBLEMA JUDAICO" EM TERMOS BIOLÓGICOS E MÉDICOS.

"Tanto médicos não-judeus quanto médicos judeus tendiam a pensar que os judeus tinham uma maior tendência a desenvolver problemas mentais do que outros povos", afirma Zalashik. "O debate era se isso se devia à raça ou a fatores ambientais: os judeus afirmavam que o povo judeu sofria de problemas mentais devido às dificuldades e pogroms, e por viverem em áreas urbanas, onde há mais estresse do que na área rural. Os não-judeus chegavam à mesma conclusão mas a baseavam no argumento de que judeus eram diferentes biologicamente e geneticamente.(...)

Ao migrarem para Israel, os psiquiatras judeus não abandonaram as teorias que haviam aprendido [na Alemanha nazista], e sim as adaptaram à sua nova situação.

Escreve Zalashik: "Se na Europa a tendência era ver as doenças mentais típicas dos judeus como uma prova da inferioridade judaica, na Palestina os médicos judeus achavam que ela pela contrário mostrava a superioridade dos pioneiros judeus em comparação com os velhos Yishuv (a comunidade judaica local anterior à fundação de Israel): os psiquiatras afirmavam que os pioneiros judeus migrantes vinham da civilização, e que povos civilizados sofrem mais de problemas mentais do que povos do velho Yishuv, que viviam num simples ambiente rural."

Os psiquiatras iam mais longe e afirmavam que os pioneiros também podiam desenvolver problemas mentais devido ao estresse envolvido no processo migratório e devido à sua idade jovem (entre 20 e 30 anos), conhecida como um período de maior incidência de problemas psíquicos

Uma das principais soluções propostas por esses psiquiatras era a engenharia social da população judaica em geral, chamada por eles de "higiene mental". (...)

Psiquiatras não eram os únicos seduzidos pela eugenia; outros médicos no país, incluindo autoridades de saúde também tentaram adotar seus métodos. Entre os mais influentes durante o Mandato estava o Dr. Yosef Meir, que serviu por 30 anos como diretor da organização de saúde Clalit (o hospital Kfar Sava Meir tem seu nome em homenagem a ele). Em 1934, em um artigo de primeira página no "Ha'em Vehayeled" ("Mãe e filho"), um guia para pais divulgado pela OMS, o Dr. Meir escreveu o seguinte:

"QUEM TEM O DIREITO DE TER FILHOS? A busca pela resposta correta é preocupação da eugenia, a ciência que busca melhorar a raça humana e protegê-la da degeneração. (...) "Para nós, eugenistas em geral, e principalmente aqueles encarregados de proteger a nação contra a transmissão de doenças hereditárias, A EUGENIA EM ISRAEL TEM MAIS ALTO VALOR DO QUE EM OUTRAS NAÇÕES! (...)

COMITÊS DE SELEÇÃO

Os psiquiatras judeu-alemães em Israel TINHAM CONSCIÊNDIA DE QUE SUAS RECOMENDAÇÕES SE ASSEMELHAVAM À POLÍTICA NAZISTA que estava sendo implementada naquela mesma época.

Kurt Levinstein chegou a concluir uma palestra em 1944 COM UMA CITAÇÃO DO PSIQUIATRA E GENETICISTA ALEMÃO [nazista] HANS LUXENBURGER, que estava participando do processo legislativo de criação de leis eugênicas raciais no Terceiro Reich (...)

A política [racista e eugênica] de migração seletiva só foi terminada oficialmente em Israel em 1950 com a Lei do Retorno (...) porém Zalashik lembra que resquícios do ponto de vista eugênico ainda podem ser encontradas no sistema médico israelense até hoje.

[Faz alguns anos que trabalhadores chineses foram forçados a assinar um contrato para não manter, sob hipótese alguma, relações sexuais - incluindo prostitutas - nem casar-se com mulheres judias. Além disso, suspeitos de não terem ascendência judaica são obrigados a fazer humilhantes testes de DNA para provarem de fato que são judeus racialmente.]

FONTE:

http://www.haaretz.com/hasen/spages/1085596.html

ARTIGOS RELACIONADOS:

"TESTE RACIAL EM ISRAEL":

 https://secure.haaretz.co.il/hasen/spages/1045035.html

"TRABALHADORES CHINESES ASSINAM CONTRATO DE NÃO-SEXO EM ISRAEL":

 http://www.guardian.co.uk/world/2003/dec/24/israel1

"ISRAEL SUBMETE IMIGRANTES A TESTE DE DNA PARA PROVARAM QUE SÃO JUDEUS":

 http://community.seattletimes.nwsource.com/archive/?date=19980703&slug=2759279

JABOTINSKY - O JUDEU NAZI-FASCISTA:

 http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/01/438146.shtml

 http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2002/05/26312.shtml

 URL:: http://www.haaretz.com/hasen/spages/1085596.html

http://brasil.indymedia.org/pt/blue/2009/06/448137.shtml

https://omouro.weebly.com/blog/histria-negra-antigo-egito